A Ortodoxia

 


Conteúdo: A Ortodoxia. Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. A Sagrada Escritura e a Santa Tradição. As diferenças doutrinais entre a Igreja Ortodoxa e a Romana. O que significa ser ortodoxo. A fundação da Igreja Ortodoxa. A separação das Igrejas Ortodoxa e Romana. A fidelidade Ortodoxa e a salvaguarda incólume da Fé.


 

 

A Ortodoxia

É a autêntica religião cristã pregada pelo Nosso Senhor Jesus Cristo, transmitida pelos Apóstolos aos seus sucessores e aos fiéis e preservada zelosamente na sua pureza pela Igreja Ortodoxa através dos séculos.

É a doutrina certa e justa, compreendida, sem reduções nem acréscimos, nas Sagradas Escrituras, na Tradição e nos Sete Concílios Ecuménicos.

É a doutrina ensinada e pregada pela Igreja Ortodoxa para glorificar a Deus e salvar as almas, segundo a vontade de Cristo.

Chama-se ORTODOXIA a doutrina que observa os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, reverenciados e transmitidos pela Igreja Ortodoxa.

Igreja Una, Santa,

Católica e Apostólica

A Igreja Ortodoxa é a sociedade, baseada na fé dos doze Apóstolos, dos fiéis cristãos que obedecem aos pastores canónicos e vivem unidos pelos elos da Doutrina, das Leis de Deus, da Hierarquia divinamente instituída e da prática dos Sacramentos.

A Igreja Ortodoxa professa a Doutrina autêntica de Nosso Senhor Jesus Cristo, tal e qual nos foi revelada e exercida pelos Apóstolos no primeiro século da era cristã, na Palestina e nas cidades de Jerusalém, Damasco e Antioquia. Esta doutrina obedece aos mandamentos, procede de acordo com a vida da Graça que Cristo nos legou por Sua morte e edificou pelos sacramentos; crê na vida eterna, observa os ensinamentos dos Sete Concílios Ecuménicos e persiste estreitamente unida aos seus pastores, bispos e demais sacerdotes ortodoxos, continuadores em linha recta da obra dos Apóstolos. Reconhece como Chefe Único da Igreja, sem representantes ou legatários, Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos dirige, ensina e eleva. É depositária da Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo e prossegue em todo o mundo a Sua obra de amor e Salvação. Ensina as verdades nas quais devemos crer firmemente, os deveres que havemos de cumprir e os meios a aplicar para nos moralizar e santificar.

A Igreja Ortodoxa Oriental reúne as quatro características que distinguem a Verdadeira Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica. Durante vinte séculos, manteve inalteráveis os sacramentos, as próprias doutrinas e os mesmos pastores que são sucessores dos Apóstolos. A designação Ortodoxa procede do facto de ela crer e ensinar correctamente a doutrina do Cristo. Conservou-se exemplarmente na doutrina, desde a pregação de Nosso Senhor Jesus Cristo, até aos dias de hoje. A primazia de honra da Igreja é desempenhada pelo Patriarca Ecuménico de Constantinopla.

Deus prometeu à Sua Igreja a assistência do Espírito Santo e a Sua união com ela até a consumação dos séculos, a fim de não cair no erro nem falhar nos seus ensinamentos.

A Sagrada Escritura

e a Santa Tradição

As fontes de onde se extrai a Fé Ortodoxa são: a Sagrada Escritura e a Santa Tradição.

A Sagrada Escritura é a Doutrina de Deus revelada ao género humano por intermédio dos patriarcas, dos profetas e dos apóstolos, e está consignada no Antigo e no Novo Testamentos.

Ao lermos a Sagrada Escritura, as palavras dos profetas e dos apóstolos penetram nos nossos corações como se fossem verdades proferidas pelos próprios lábios desses santos homens, apesar dos séculos e milénios decorridos desde a data do registro dessas obras divinas.

O mais antigo meio de divulgação da Revelação Divina foi a Santa Tradição. Desde os tempos do primeiro homem, Adão, até Moisés, não havia nenhuma Sagrada Escritura. Nosso Senhor Jesus Cristo, o próprio Salvador, transmitiu aos Apóstolos os seus divinos ensinamentos através de sermões e parábolas, e não por meio de livros. Assim, no começo, procederam os Santos Apóstolos que divulgaram, oralmente, as Verdades Divinas, edificando deste modo as bases da Santa Igreja. A razão do registro da Sagrada Escritura foi para conservar, de maneira precisa e inalterável, a Revelação Divina.

A Santa Tradição é o conjunto de verdades reveladas por Deus, mas não consignadas na Sagrada Escritura; são transmitidas oralmente de geração em geração. Hoje, encontramo-la divulgada, por escrito ou por símbolos, nos concílios, liturgias, costumes, monumentos, pinturas, leis eclesiásticas, bem como através de sentenças e epístolas ensinadas pelos Santos Pais da Igreja.

Em resumo, a Tradição Apostólica encontra-se manifestada:

a) nos Sete Concílios Ecuménicos;

b) nas Obras Cristãs dos Santos Pais da Igreja

c) no Símbolo dos Apóstolos;

d) no Símbolo Niceno-Constantinopolitano;

e) no Símbolo de Santo Anastácio;

f) na Liturgia da Igreja;

g) nos monumentos, pinturas e arqueologia cristãos;

h) nos livros simbólicos da Ortodoxia:

1 - a confissão ortodoxa de Pedro Moghila;
2 - a confissão ortodoxa de Dositeu, Patriarca de Jerusalém, 1672; e
3 - o catecismo de Filareto de Moscovo.

i) no magistério permanente da Igreja;

j) na legislação eclesiástica; e

l) nos costumes e usos cristãos.

Mesmo que tenhamos a Sagrada Escritura, devemos seguir a Santa Tradição, que está directamente ligada a ela e unida à Revelação Divina. A própria Sagrada Escritura no-lo ensina: "Então, irmãos, sede firmes e conservai as tradições que lhes foram ensinadas, seja por palavras, seja por epístolas" (Tes 2:15).

As diferenças Doutrinais

entre a Igreja Ortodoxa e a Romana

A diferença fundamental é a questão da infalibilidade papal e a pretensa supremacia universal da jurisdição de Roma, que a Igreja Ortodoxa não admite, pois ferem frontalmente a Sagrada Escritura e a Santa Tradição.

Existem, ainda, outras distinções, abaixo relacionadas em dois grupos básicos:

a) diferenças gerais; e

b) diferenças especiais.

Para termos uma ideia dessas diferenças, vejamos o seguinte esquema, de cuja leitura se infere uma possibilidade de superação, quando pairar acima das paixões o espírito de fraternidade que anima o trabalho dos verdadeiros cristãos.

Diferenças Gerais:

São dogmáticas, litúrgicas e disciplinares.

Diferenças especiais:

Além disso, subsistem algumas diferenças disciplinares ou litúrgicas que não transferem dogma à doutrina. São, nomeadamente, as seguintes:

Os Dez Mandamentos

A Santa Igreja Católica Apostólica Ortodoxa conservou os dez mandamentos da Lei de Deus na sua forma original, sem a menor alteração. O mesmo não sucedeu com o texto adoptado pela Igreja Católica Apostólica Romana, no qual os dez mandamentos foram arbitrariamente alterados, tendo sido totalmente eliminado o segundo mandamento e o último dividido em duas partes, formando dois mandamentos distintos. Esta alteração da Verdade constitui um dos maiores erros teológicos desde que a Igreja Romana cindiu a união da Santa Igreja Ortodoxa no século XI. Esta modificação nos dez mandamentos, introduzidos pelos papas romanos, foi motivada pelo Renascimento das artes. Os célebres escultores daquela época tiveram um amplo leque de actividades artísticas, originando obras de grande valor. Não obstante, as esculturas representando Deus, a Santíssima Virgem Maria, os santos e os anjos estavam em completo desacordo com o segundo mandamento de Deus. Havia, pois, duas alternativas, ou impedir a criação de estátuas ou suprimir o segundo mandamento. Os papas escolheram esta última solução, caindo em grave erro.

O que significa ser Ortodoxo

A fundação

da Igreja Ortodoxa

Fundada por Cristo sobre a fé de seus doze Apóstolos, a Igreja Ortodoxa nasceu no ano 33 da era cristã, dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo apareceu aos Apóstolos reunidos no Cenáculo como línguas de fogo. A Igreja Cristã Ortodoxa nasceu com Cristo e seus Apóstolos e não com Fócio no ano 858, nem com Miguel Cerulário, em 1054, como equivocada e erroneamente alguns propagam.

A Igreja Ortodoxa surgiu na Palestina com Jesus Cristo, expandiu-se com os Apóstolos e edificou-se sobre o sangue dos mártires. Não teve a sua origem na Grécia ou noutra região ou país que não seja a Palestina. Ela não morre, porque vive e descansa em Cristo e tem a promessa divina de que existirá até o fim dos séculos. Em vão os seus inimigos e todos os corifeus da impiedade tentaram destruí-la, negá-la, perseguí-la. À semelhança de seu Divino Mestre e fundador Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja Ortodoxa, desde o seu nascimento, tem padecido e sofrido terríveis perseguições debaixo do jugo do Império romano, passando pelo muçulmano e turco, até nossos dias. O sangue de uma infinidade de mártires tem selado e provado ao mundo a sublimidade do seu amor, a perfeição e a veracidade da sua doutrina divina. Apesar de todas as campanhas, sempre subsistiu e triunfou. Vive e viverá eternamente em Cristo e, confiante, seguirá com Suas palavras: "Eu estarei convosco até a consumação dos séculos, e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela."

Foi na cidade de Antioquia onde os primeiros crentes em Jesus Cristo começaram a chamar-se, pela primeira vez, Cristãos, denominação que usamos até hoje (At XI,26). Logo após, a prédica cristã chegou até Roma, capital do Império Romano, onde o Apóstolo São Paulo formou a primeira comunidade cristã, constituída por várias famílias que ele enumera e saúda na sua Epístola aos Romanos, Capítulo XVI. Da cidade de Roma, o Evangelho foi propagado por todo o Ocidente e outras partes do mundo.

Os bispos exerciam a administração dos cristãos; aquele que mais autoridade tinha na sua região usava o título de Patriarca. Eram cinco os Patriarcas que o mundo cristão tinha nos primeiros séculos: o de Roma, o de Constantinopla, o de Alexandria, o de Antioquia e Jerusalém. Todos eles, com iguais direitos, eram independentes na administração das suas respectivas regiões e, iguais entre si, considerando-se o

primeiro entre iguais "primus inter pares," o Patriarca de Roma, pela condição de ser a capital do Império (I Concílio Ecuménico, art. 6; II Concílio Ecuménico, art. 3; IV Concílio Ecuménico, art. 28; VI Concílio Ecuménico, art.36). A mais alta autoridade da Igreja Cristã era, e ainda continua a sê-lo, o Concílio Ecuménico, cujas decisões são obrigatórias para toda a Igreja.

O triunfo do Cristianismo teve lugar no terceiro século após a morte de Cristo, motivado pela paz decretada por Constantino, Imperador de Roma. Até então, o Cristianismo vivia nas catacumbas, locais onde eram celebrados todos os actos religiosos e se aprendia a religião de Cristo (Actos dos Apóstolos). Desde aquela era, a Igreja segue o seu caminho através do mundo, pregando a doutrina de Jesus Cristo.

A separação das Igrejas

Ortodoxa e Romana

Em primeiro lugar devemos realçar que a Igreja Ortodoxa nunca se separou de nenhuma outra Igreja. Ela permanece em linha recta desde Nosso Senhor Jesus Cristo e seus Apóstolos. Jamais se afastou, através dos séculos, da autêntica e verdadeira doutrina ensinada pelo Divino Mestre. Dela separaram-se outras Igrejas, mas ela não se afastou nunca de ninguém ou da linha recta traçada por Jesus Cristo. A Igreja Ortodoxa é una, ontem, hoje e amanhã - é sempre a mesma. Cristo assinalou-lhe o caminho a seguir, e ela observou-o e cumpriu-o sem se afastar nunca do mandato de Cristo.

Triste e doloroso acontecimento na Igreja de Cristo foi a separação das Igrejas Ortodoxa e Romana, que por mil anos permaneceram unidas. São múltiplas e complexas as causas; psicológicas, políticas, culturais, disciplinares, litúrgicas e, até dogmáticas. Todavia, é bem certo e historicamente demonstrado que a separação definitiva não se processou com o Patriarca Fócio, no século IX, nem com o Patriarca Miguel Celurário, no século XI (1054). Apesar das divergências havidas entre ambas as Igrejas, principalmente a questão do Filioque e dos Búlgaros, a unidade foi mantida. Os Patriarcas Orientais e Ocidental permaneceram em comunhão, pelo menos parcial e, mesmo em Constantinopla, as Igrejas e mosteiros latinos continuaram a existir.

A divisão foi efectuada durante vários séculos. A origem desse facto histórico teve como verdadeira causa a pretensão de Carlos Magno (século VIII - ano 792) de contrair casamento com a Princesa Irene de Bizâncio e não conseguir seu objectivo. Ressentindo-se com a recusa, atacou os orientais, atribuindo-lhes erros que não tinham, nos livros chamados Carolinos, apoiado pelos teólogos da corte de Aix-la-Chapelle. Essa atitude prejudicou profundamente a vida entre ambas as Igrejas, não obstante haver o próprio Papa desaprovado a ocorrência.

A ruptura definitiva e verdadeira produziu-se na época das Cruzadas, que foram totalmente nefastas para as relações entre as duas partes da Cristandade. Os bispos orientais foram substituídos por latinos. O golpe de graça nos vestígios de unidade que ainda existiam foi dado, principalmente, pela famosa Quarta Cruzada, em 1198. A armada veneziana, que transportava os Cruzados para a Terra Santa, desviou-se até Constantinopla, e cercou a "Cidade Guardada por Deus." Relíquias, museus, obras de arte, e tesouros bizantinos, saqueados pelos Cruzados para a Terra Santa, enriqueceram, inteiramente, todo o Ocidente. Até um patriarca veneziano, Tomás Marosini, se apossou do assento de Fócio, de acordo com o Papa Inocêncio III.

A mentalidade do século XX, mesmo no Ocidente, não pode deixar de recordar-se com profunda revolta e indignação, dos actos dos cruzados contra os fiéis da Ortodoxia neste infeliz Oriente, mormente em Constantinopla, no ano de 1204, quando lançaram o Imperador Alexe V do cume do Monte Touros, matando-o. Destituíram o Patriarca legalmente escolhido, João e, no seu lugar, colocaram um cidadão de nome Tomás Marosini. Em Antioquia, no ano de 1098, despojaram o Patriarca legítimo, João e, no seu lugar, colocaram um de nome Bernard. Em Jerusalém, compeliram o Patriarca legal, Simão, a afastar-se da Sé e substituíram-no por um chamado Dimper.

Os abusos dos cruzados devem ser considerados, no mínimo, actos de inimizade, além de violação do direito. Vieram ao Oriente, alegando a "salvação dos lugares santos das mãos dos muçulmanos árabes," mas o objectivo era bem outro. Quando passaram por Constantinopla e a ocuparam na terça-feira, 13 de abril de 1204, depois de um cerco mortífero que durou sete meses, ficaram deslumbrados com sua civilização e riquezas, atacaram os seus habitantes, assaltaram os seus museus e lojas, roubaram os seus palácios e igrejas, destruíram a nobre cidade do Bósforo e incendiaram-na, depois de praticarem actos de rapina e pilhagem, não deixando nenhum objecto de valor ou utensílio de utilidade doméstica.

Os cruzados permaneceram em Constantinopla de 1204 a 1261, quando foram obrigados a evacuá-la, no dia 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora, pelo General Alexe Estratigopolos, sob o governo do Imperador Miguel Paleólogos, que reconquistou a Capital. Depois, os cruzados foram definitivamente aniquilados na Palestina em 1291.

O cisma estava consumado e, apesar dos desejos e dos esforços conjugados nesse sentido, não houve nenhuma possibilidade de sanar a ruptura até ao dia de hoje. A esperança de união não conseguiu converter-se em feliz realidade, como todos apelavam. Essa ânsia motivou três concílios: de Bai, Apúlia, em 1098; de Leão, em 1274; e de Florença, entre 1438 e 1439. Infelizmente, porém, não se conseguiu, em nenhum deles, a ansiada união de todos os cristãos numa única Igreja, debaixo de uma só autoridade: Cristo. Somente Deus e as orações farão possível a união de ambas as Igrejas. Todos os esforços que se realizam actualmente em todo o mundo serão em vão e condenados ao fracasso se não se apoiarem na oração e no sacrifício. É necessário, inicialmente, que se eliminem e desapareçam totalmente os ataques, as pregações condenatórias e o tratamento de hereges e cismáticos prodigalizados, abundantemente, pela Igreja de Roma contra a Igreja Ortodoxa. (Após o último Concílio Ecuménico de Roma, cessaram os ataques contra a Igreja Ortodoxa e aos demais cristãos). É absolutamente imprescindível reconhecer que a Igreja Ortodoxa não é uma ovelha desgarrada que vive no erro e nas trevas. Pedimos a Deus para que as palavras de Cristo, "um só rebanho guiado por um só pastor," sejam um dia, uma feliz realidade.

A Fidelidade Ortodoxa

e a salvaguarda incólume da Fé

 

A Igreja Ortodoxa manteve sem acréscimos nem reduções a Lei que lhe foi confiada. Em três ocasiões, São Paulo recomendou ao discípulo Timóteo que mantivesse a fé, incólume e imaculada, tal como a recebera, dizendo-lhe:

"Eu te exorto diante de Deus... que guardes este mandamento sem mácula nem repreensão até a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo" (I: VI-13 e 14).
"Timóteo! Guarda o que te foi confiado, evitando conversas vãs e profanas e objecções da falsa ciência, a qual tendo alguns professado, se desviaram da fé" (I: VI-20 e 21).
"Conserva o modelo de sãs palavras que de mim ouviste na fé e no amor que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo que habita em nós" (II: I-13 e 14).

Um comentador das Epístolas apresentou o seguinte conceito:

Quem recebe um depósito, cumpre restituí-lo à pessoa que lho confiou. Um depósito não é propriedade do depositário; este deve repô-lo, completo, sem reduções nem modificações. O depósito, que é a fé, é muito precioso por constituir o direito de Deus, revelado à humanidade. Cabe a todo crente e, especialmente, aos mestres, que sejam fiéis na guarda desse depósito e transmiti-lo incólume e sem alterações àqueles que lhes sucederão.

Timóteo, o discípulo dilecto do Apóstolo São Paulo que o sagrou Bispo de Éfeso, cidade situada no coração fervilhante da Anatólia, era igual aos primazes orientais, guardiães dos conselhos dos mestres, que os transmitiram aos sucessores sem nenhuma alteração. Os estudiosos da história do Oriente e os pesquisadores da verdade reconhecem que os homens do Oriente zelam com todo o rigor pelo que se lhes confia, mormente quando o objecto confiado é uma questão de fé, relacionada com o que representa as contas a serem prestadas no Dia do Julgamento.

Éfeso, que teve em Timóteo o seu primeiro bispo, permaneceu durante longo tempo como a vanguarda do cristianismo. Nela se realizou o VI Concílio Ecuménico. Os seus numerosos bispos contribuíram para a grandeza da Igreja, que deles se orgulha através dos séculos. O Bispo Marcos, um dos seus sábios prelados, de atitudes nobres e corajosas na defesa do cristianismo, compareceu ao Concílio de Florença, em 1439, batendo-se quase sozinho, sem medo e sem vacilação, com a maioria constituída de antagonistas, em defesa da fé confiada pelos seus antecessores.

O bispo Marcos não era, no Oriente, o único prelado íntegro e leal, zeloso pela pureza da fé; Como ele existiram numerosas e nobres personalidades. Assim, todas as deliberações dos Concílios Ecuménicos, arquivadas pela Igreja Ortodoxa, sem acréscimos ou reduções, foram a maior prova e o mais santo testemunho da conservação da fé, sã e intacta, na Igreja do Oriente.

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Holy Protection Russian Orthodox Church

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Editor: Bishop Alexander (Mileant)

(A_Ortodoxia.doc, 02-21-99)