Indicação

do Caminho

para o Reino do Céu

 

Santo Inocêncio, Bispo do Alasca

Traduzido por Noviça Vasilisa (Lesna)/ Natalia J. Martynenko

 


Conteúdo: Prefácio. Introdução. Os Benefícios que o Senhor Jesus Cristo nos concedeu. Como viveu Jesus Cristo aqui na terra e o que sofreu por nós. O Caminho para o Reino do Céu. Como Jesus Cristo nos ajuda a caminhar ao longo do caminho da Salvação. Conclusão.


 

Prefácio

Em várias ocasiões, tentei escrever um artigo sobre a vida Cristã, que falasse sobre a essência do que um Cristão deve saber e fazer de uma forma compacta, mas que ao mesmo tempo seja completa e inspiracional. Apesar de muitas partes deste tópico terem sido previamente pensadas e desenvolvidas, a maneira de como eu poderia consolidar tudo isto em um curto formato me iludiu. Foi daí que encontrei um livrinho chamado "Indicação do Caminho para o Reino do Céu," escrito pelo "Apóstolo do Alasca" - Santo Inocêncio Veniaminov. Após lê-lo, entendi que eu não poderia escrever nada melhor. Tudo neste livrinho é excelente: o conteúdo, o estilo e a forma de apresentação. Portanto, é com muita alegria que eu reimprimi o sermão dele, fazendo mínimas mudanças.

O Bispo Inocêncio ( Ivan Popov-Veniaminov), nasceu em 1797 na vila de Achinsk, na província de Irkutsk na Sibéria . Ainda na infância, tendo perdido o seu pai, ele cresceu sob o cuidado de Deus. Ele mesmo aprendeu a ler e a escrever, e quando completou sete anos já lia os Salmos e as Epístolas. Os paroquianos da igreja convenceram a suamãe para que ele fosse à escola, e Inocêncio foi admitido para fazer o seminário em Irkutsk, pago pelo governo, se formando com excelência. Quando casou em 1821, foi ordenado padre. Em 1823 foi enviado a ser um missionário no Alasca, onde foi com sua esposa. Foi lá que com grande abnegação e sucesso, pregou os ensinamentos de Cristo entre os nativos das ilhas Aleútes. Ele compilou o primeiro alfabeto e gramática da língua dos Alútes e traduziu também a Sagrada Escritura, sermões e os serviços religiosos .Após muitos anos vividos na América, Inocêncio viajou a São Petersburgo para obter assistência ao seu trabalho missionário, do Sínodo. Enquanto estava lá, foi informado da morte de sua esposa, depois do que, ele seguiu a vida monástica. Em 1840, foi sagrado bispo e designado a exercer suas funções (de bispo) nas regiões da Kamchatka, Kuril e Aleúte e o seu trabalho missionário se expandiu bastante. Vinte e oito anos depois, ele foi transferido para a Sé de Moscou como Metropolita. Faleceu em 1879. Em fevereiro de 1994, Metropolita Inocencio(Veniaminov) foi canonizado (como um Santo), na Catedral da Alegria dos que Sofrem, em São Francisco na Califórnia, juntamente com o Arcebispo Nicolau, o Apóstolo do Japão.

Bispo Alexandre (Mileant).

Introdução

As pessoas não foram feitas para viver somente aqui na terra como os animais que desaparecem depois da morte, mas unicamente para viver com Deus, e não foram feitas para viver cem ou mil anos, mas para viver eternamente.

Qualquer pessoa tem o instinto de se esforçar para ser feliz. Esse desejo foi implantado na pessoa pelo próprio Criador, por isso não é pecado. Contudo, é preciso saber que nesta vida temporária é impossível encontrar a perfeita felicidade porque ela encontra-se apenas em Deus, e sem Ele não pode ser atingida.

O que diz respeito aos bens materiais, eles nunca nos podem satisfazer totalmente. Realmente sabemos por experiência que quando desejamos algo isso só nos agrada enquanto não o possuímos e que quando o recebemos, rapidamente nos fartamos. O exemplo mais notável disso é o rei Salomão. Ele era tão rico que todos os utensílios domésticos nos seus palácios eram de puro ouro. E era tão sábio que outros reis e pessoas de terras longínquas vinham para o ouví-lo. Tinha tanta glória que os seus inimigos tremiam a mera menção do seu nome. Ele podia satisfazer facilmente qualquer um dos seus desejos e parecia não haver nada que não possuísse ou que não tivesse possibilidade de obter. Mas apesar de tudo até ao fim da sua vida ele não conseguiu achar a total felicidade. Essas suas buscas de felicidade e as inconstantes interruptas decepções, ele descreveu no livro Eclesiastes, que começa com as seguintes palavras: "Vaidade de vaidades tudo é vaidade'' (Ecl.1:2).

Muitas outras pessoas sábias e que tiveram sucesso na vida, chegaram a mesma conclusão. Provavelmente, na profundidade do nosso subconsciente, algo nos quer lembrar que nós estamos aqui na terra apenas de passagem e, que a nossa verdadeira felicidade não está aqui, mas lá no outro mundo melhor que nos é conhecido como paraíso ou Reino dos Céus. Mesmo que uma pessoa possua todo este mundo e tudo o que há nele, isso só o entreterá temporariamente, e que a sua alma imortal tendo sede de uma verdadeira comunicação com Deus continuará insatisfeita. Jesus Cristo veio a este mundo para nos devolver a vida eterna que perdemos e, a genuína felicidade. Ele revelou às pessoas que todo o nosso mal vem dos nossos pecados e que nunca ninguém com o seu próprio esforço conseguirá superar o mal que tem em si e obter a comunhão com Deus. O pecado que está enraizado em nossa natureza é como se fosse uma alta parede que se encontra entre nós e Deus. Se o Filho de Deus pela Sua misericórdia não tivesse descido a terra, assumindo a natureza humana e, com a Sua morte não tivesse vencido o pecado, toda a humanidade estaria perdida para sempre! Porém, graças a Ele, quem quiser pode livrar-se do mal, voltar a Deus e obter a felicidade no Reino dos Céus. É disso que nós vamos falar agora mais detalhadamente, e veremos:

1.Que benefícios nos concedeu Nosso Senhor Jesus Cristo.

2.Como viveu Jesus Cristo aqui na terra e o que sofreu por nós.

3.Qual é o caminho que nos leva ao Reino dos Céus.

4.Como Jesus Cristo nos ajuda a caminhar ao longo do caminho da Salvação.

Os Benefícios que Nos Concedeu

Nosso Senhor Jesus Cristo

Para avaliar os bens concedidos por nosso Senhor Jesus Cristo, lembremos as bênçãos que tinha o primeiro homem, Adão, antes de ter pecado e as desgraças que ele teve que sofrer em conseqüência do pecado.

O primeiro homem, tendo sido criado pela imagem e conforme a semelhança do seu Criador, tinha a mais vital e intima relação com Ele, e por isso desfrutava de uma total felicidade. Sendo imortal, Deus concedeu a Adão essa imortalidade; sendo Todo-puro Deus fez Adão puro e sem pecado; sendo eternamente feliz, Deus criou Adão feliz e essa felicidade ou beatitude deveria aumentar a cada dia.

Como nos diz o livro de Gênesis, Adão vivia num maravilhoso jardim (chamado Eden ou paraíso), plantado por Deus. Aí ele desfrutava de todas as bênçãos da vida, não conhecia doenças nem sofrimento e não tinha medo de ninguém, todos os animais lhe obedeciam como ao seu mestre. Adão não sentia frio nem calor e, quando trabalhava, tratando das plantas do paraíso, fazia isso com prazer. A sua alma tinha consciência da presença de Deus e de amor a Ele, ele estava sempre tranqüilo e feliz, não conhecia desgraças nem preocupações. Todos os seus desejos eram puros e íntegros. A sua memória, mente e todas as outras capacidades de sua alma eram perfeitas. Sendo inocente e puro ele permanecia sempre com Deus e conversava com Ele como com o seu próprio Pai, e Deus amava-o como a seu próprio filho. Resumindo, Adão estava no paraíso e o paraíso estava dentro de Adão.

Se Adão não tivesse pecado, ele continuaria santificado para sempre, e os seus descendentes teriam desfrutado a felicidade. Foi para isso que o Senhor criou o homem. Porém dando ouvidos ao tentador-diabo, Adão transgrediu a lei do Criador, e provou do fruto proibido. Quando Adão pecou, apareceu-lhe Deus, mas ele em vez de se arrepender e prometer obediência, colocou a culpa na sua mulher. A mulher colocou a culpa na serpente. Mas o pior não era a transgressão da lei, mas sim o fato de que o pecado afetou profundamente a natureza humana. Em conseqüência disso não se podia manter mais a anterior comunicação vital com o Criador e juntamente com isso desapareceu a felicidade. Perdendo o paraíso que tinha em si, Adão não merecia mais o paraíso que o rodeava e por isso foi expulso dele.

Depois do pecado, a alma de Adão escureceu, os seus pensamentos e desejos ficaram confusos, sua memória e imaginação começaram a nublar. Em vez de sentir alegria e paz na alma ele começou a sentir tristeza, preocupações e outros sentimentos desagradáveis. Ele teve que conhecer o trabalho duro, a pobreza, a fome e a sede, e depois de muitos anos de dificuldades insuperadas a idade e a doença começou a oprimi-lo e a morte se aproximou. Mas o pior de tudo é que o perpetuador de todo o mal, através do pecado tornou-se hábil de influenciar Adão e afasta-lo de Deus.

Os elementos da natureza: o ar, o fogo, e os outros, que serviam anteriormente a Adão como meios para a sua satisfação, tornaram-se hostis. Adão e os seus descendentes começaram a sofrer de frio, de calor, da mudança dos ventos e do mau tempo. Os animais tornaram-se ferozes com os homens e começaram a olhar para eles como para os seus inimigos ou presas. Os descendentes de Adão começaram também a sofrer de doenças que com o tempo se tornavam mais numerosas e mais severas. As pessoas esqueceram-se de que eram próximas e começaram a lutar entre si, odiar, mentir, atacar, martirizar e a matar uns aos outros. Por fim, depois de muito trabalho e tribulações, deveriam morrer e sendo pecadoras, deveriam ir para o inferno e aí sofrer eternamente.

Nenhuma pessoa, nem mesmo a mais genial e poderosa, nem a humanidade toda junta, poderia, nem pode restabelecer o que Adão perdeu quando pecou no Eden. O que seria de nós e de toda a humanidade se pela Sua misericórdia Jesus Cristo não tivesse vindo para nos salvar? O nosso Pai Celeste que tem piedade de nós e ama-nos muito mais do que somos capazes de amar a nós próprios, mandou-nos o Seu Filho Jesus Cristo para nos livrar do poder do diabo e nos guiar ao Reino do Céu.

Com o Seu ensinamento Jesus Cristo dispersou a escuridão da ignorância e das ilusões iluminando todo o mundo com a luz do Evangelho. Agora quem quiser pode saber a vontade de Deus e o caminho para o Reino do Céu. Pelo seu modo de vida, Cristo nos mostrou como viver para obter a Salvação. E com o Seu mais puro sangue lavou os nossos pecados, livrando-nos da escravatura do diabo e das paixões e nos tornou filhos de Deus. O martírio que nos esperava pela transgressão da lei de Deus, Ele suportou por nós e com a Sua morte livrou-nos da morte eterna.

Jesus Cristo com a Sua ressurreição destruiu o inferno, tirando a satanás do poder e, vencendo a morte abriu para todos as portas do paraíso. Por isso a partir desse momento a morte deixou de ser algo trágico, pelo contrário, para as pessoas que têm fé a morte passou a ser uma passagem de uma vida de vaidades e tristeza para uma vida de luz e felicidade. Com a Sua ascensão aos céus, Jesus Cristo glorificou a natureza humana concedendo-lhe a imortalidade. É impossível descrever todos os bens que Ele nos preparou, podemos apenas dizer que quem seguir os Seus mandamentos será digno de viver no paraíso, com os anjos, os santos e os justos e de ver Deus. Sentirá uma pura alegria, sem preocupações, sem cansaço e nem tristeza.

Esses bens não são dados apenas a alguns escolhidos mas sim a todos que os queiram receber. O caminho para a salvação foi indicado, organizado, limpo e nivelado o melhor possível. Mais que isso, Jesus Cristo ajuda-nos durante o caminho, podemos até dizer que Ele nos leva pela mão. A única coisa que nos resta fazer, é entregarmo-nos à Sua vontade sem nos opormos. Vejam como nos ama Jesus Cristo e que grandes benefícios nos dá! Imaginem agora Jesus aparecendo na nossa frente e nos perguntando: "Meus filhos, será que vocês Me amam por tudo que fiz por vós, e será que vocês dão valor aos bens que Eu vos dou?" Quem entre nós não lhe responderia: "Sim, meu Deus eu Te amo e Te agradeço!" Por isso, se realmente amamos Jesus Cristo, se isso não é só da boca para fora, devemos fazer o que Ele nos ordena. Porque quando uma pessoa ama realmente o seu benfeitor, demonstra a sua gratidão fazendo tudo o que lhe agrada.

Como viveu Jesus Cristo aqui

na terra e o que sofreu por nós

A base da vida é o amor: "e amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, e com todo o teu entendimento... amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Marcos 12:30-31). Porém, devido ao fato da natureza humana estar manchada pelo pecado, ainda não houve pessoa que fosse capaz de amar da maneira perfeita como amou Jesus Cristo.

O Seu infinito amor pode ser visto em cada palavra e em cada gesto. Sendo o Filho do Criador e o verdadeiro Deus, Jesus Cristo, com piedade de nós desceu dos Céus e tomou em Si o corpo e a alma humana, tornando-se em tudo semelhante a nós excluindo o pecado. Sendo o Senhor do universo, perante quem temem os anjos, tornou-se uma simples pessoa. Possuindo todos os tesouros do mundo, Ele nasceu em condições de pobreza e Se deitou na manjedoura de uma gruta escura e úmida. Sendo o Legislador Supremo Jesus Cristo durante toda a Sua vida terrestre cumpria humildemente a lei de Moisés. Assim, no oitavo dia, Ele Se submeteu a circuncisão e no quadragésimo dia a Sua Mãe O trouxe ao templo e lá pagou por Ele, o Resgatador do mundo, a taxa de redenção.

Desde criança Ele ajudava o Seu dito pai, e sendo adulto Ele tinha respeito aos anciãos e líderes judeus, e aos governadores romanos, e pagava os impostos exigidos. Ele viveu em pobreza de livre vontade e quando pregava não tinha sequer lugar onde encostar a cabeça. Jesus Cristo, a quem toda a criação obedece, servia as pessoas e até lavou os pés aos seus discípulos que eram simplesmente pescadores.

Jesus Cristo rezava constantemente ao Seu Pai Celeste, e até à noite quando as outras pessoas dormiam. Aos Sábados, Ele tomava partido das orações comunais e da leitura da Bíblia numa sinagoga da sua região. Nas grandes festas, Ele ia ao templo de Jerusalém.

Jesus Cristo cumpria com todo amor e dedicação a missão para a qual fora enviado pelo Seu Pai Celeste e dedicava tudo à glória de Deus. Ele sentia piedade de todas as pessoas, nunca recusou ajuda e estava disposto a suportar tudo para aliviar os que sofriam. Ele agüentava todo o tipo de insultos e ofensas da multidão com a maior mansidão e paciência, nunca se irritava com aqueles que o humilhavam e armavam intrigas contra Ele. Alguns chamavam-No de pecador e transgressor da lei, outros diziam que Ele, sendo filho de um carpinteiro, era uma pessoa vazia, outros ainda diziam que Ele era camarada dos bêbados e das pessoas vis e pecadoras. Várias vezes, tentavam apedrejá-Lo ou lança-Lo do topo de uma montanha. Os escribas judeus diziam que o Seu divino ensinamento era falso, e quando Ele curava doentes, ressuscitava mortos ou expulsava demônios, explicavam esses milagres como a ação do espírito do mal. Alguns diziam abertamente que Ele estava possuído pelo demônio. Sendo Deus e Todo-Poderoso, Jesus Cristo poderia destruir a todos com uma única palavra, mas Ele tinha pena deles, desejava o bem e rezava pela sua salvação.

Resumindo: desde que nasceu até sua morte, Jesus Cristo serviu as pessoas fazendo- lhes o bem. Porém, ao invés de receber gratidão, suportava freqüentemente angústia e dor. Ele era especialmente odiado pelos anciãos judeus, sacerdotes e escribas, que eram aqueles que tinham como missão ensinar o bem e guiar as pessoas à fé. Pelo contrário, tentavam impedir as pessoas de acreditar em Jesus Cristo, modificando o sentido das profecias que falavam a respeito da vinda do messias. Todas as palavras e atos Dele, explicavam às pessoas num sentido negativo. Porém, Jesus Cristo não se afligia tanto pelo fato deles malquistarem contra Ele mas sim pelo fato de se apressarem cegamente para a perdição e arrastarem o povo consigo.

Pouco antes da Sua morte, Jesus Cristo fez um grande milagre: Ressuscitou Lázaro que estivera sepultado durante quatro dias e já tinha começado a se decompor. Esse milagre aconteceu perante a família de Lázaro e uma grande multidão. Isso teve um grande efeito no povo e muitos dos que não confiavam em Cristo acreditaram que Ele era o Messias. Mas os sacerdotes e escribas tiveram inveja da Sua glória e juntando-se resolveram, sem demora, matar Cristo e Lázaro que Ele ressuscitou.

Sabendo que os seus dias de vida na terra estavam contados, Jesus Cristo juntou os Seus discípulos num quarto perto do monte Cião para uma ceia misteriosa que se chamou a última ceia, onde Ele instituiu o Mistério da Santa Comunhão e se despediu deles. Depois disso, acompanhado pelos discípulos, Jesus Cristo foi para o jardim de Getsêmani, onde suportou o Seu pior martírio interior. Sua angústia era tão grande que o Seu suor parecia como gotas de sangue caindo sobre a terra. Nesse tempo a alma do nosso Salvador esteve emergida numa tremenda escuridão pelo insuportável peso dos nossos pecados que Ele tomava em Si para os lavar com o Seu mais puro sangue, - pela enorme quantidade de crimes de bilhões de pessoas, começando por Adão e incluindo todas as gerações futuras. Oprimido com o peso do mal de todo o mundo Jesus Cristo exclamou: "Minha alma está numa tristeza mortal" (Mat.26:38).

Ninguém é capaz de compreender o que sentiu realmente a pura alma do Deus-homem no jardim de Getsêmani. Podemos apenas imaginar que perante a Sua visão interior se revelou toda a infamidade dos pecados humanos. Cristo sabia que apenas uma pequena parte das pessoas daria valor ao Seu sofrimento e ao Seu infinito amor e, que a maioria se afastaria indiferentemente, muitos teriam ódio ao Seu ensinamento e perseguiriam cruelmente os que crerem Nele, sabia que entre aqueles que O seguissem ia haveria hipócritas que iriam transformar a religião num meio para ter lucro, sabia que iam aparecer falsos professores que iriam distorcer a verdade do Seu ensinamento e devido à cobiça e ao orgulho iriam arrastar muitos crentes para seitas, sabia também que iriam aparecer falsos pastores que pela sua ambição criariam revoltas e separações na igreja. Cristo disse que muitos dos cristãos, em vez de amarem Deus se entregariam a crimes e vícios ao ponto de se tornarem piores que pagãos pelos seus pecados, e que em conseqüência disso a religião cristã seria rebaixada.

Por um lado, durante esse difícil sofrimento, o sentimento de justiça e lealdade a Deus Pai, exigia que Jesus Cristo destruísse a ingrata e pecadora humanidade; mas por outro lado a piedade pelas pessoas perdidas despertavam Nele a necessidade de sofrer por nós, livrando-nos do poder do mal e da maldição eterna.

Enquanto Jesus ainda estava rezando, entrou no jardim uma multidão com paus e tochas acompanhada de soldados que foram enviados pelos anciãos judeus. Eles amarraram Jesus Cristo como se Ele fosse um malfeitor, e O levaram para ser julgado. Entretanto, os Seus amados apóstolos que Ele tinha tornado tão próximos de si, deixaram- No covardemente e fugiram. Os anciãos judeus juntamente com todo o sinédrio na casa do sumo sacerdote, levantaram muitas acusações ridículas contra Jesus Cristo. Contudo nenhuma delas era suficiente para condená-Lo à pena de morte. O sumo sacerdote exigiu que Jesus respondesse se Ele era o prometido Messias, o Filho de Deus. Após Jesus ter afirmado que era Ele, o sinédrio O acusou de blasfêmia e O condenou à morte. Em seguida, os membros do conselho, incapazes de segurar mais o ódio por Jesus, rodearam-no e com muitos insultos O espancaram. Como o Sinédrio tinha sido privado pelos romanos do poder de se condenar, na manhã seguinte, Sexta-feira, na véspera da Páscoa, os anciãos judeus levaram Jesus Cristo para um novo julgamento, ao governador romano Pilatos, com o objetivo de que ele assegurasse a decisão deles. Pilatos compreendeu que Jesus Cristo estava sendo acusado por inveja, e queria soltá-Lo mas os sacerdotes ameaçaram fazer queixa dele ao imperador romano. Não querendo por em perigo a sua carreira, Pilatos resolveu dirigir-se ao povo que se tinha juntado lá, lembrando-lhes que na véspera da Páscoa se havia o costume de soltar um dos prisioneiros. Ele perguntou qual dos dois deveria soltar: Barrabás ou Cristo, (Barrabás estava preso por ter cometido um crime). Enquanto as pessoas se decidiam entre si, os anciãos convenceram a maioria a pedir que soltassem Barrabás e que Jesus Cristo fosse crucificado. As pessoas esqueceram-se das inúmeras bênçãos de Cristo; de quantos Ele expulsou demônios, quantos livrou da lepra, cegueira, paralisia e outras doenças incuráveis, quantos Ele converteu para o bom caminho e a quantos desesperados Ele devolveu a esperança.

Entretanto, os soldados romanos bateram cruelmente em Jesus Cristo, gozaram Dele e por fim vestiram-Lhe um manto púrpuro e colocaram na cabeça Dele uma coroa de espinhos. Quando Ele foi posto todo ferido perante o povo, as pessoas começaram a gritar exaltadamente "Crucifica! Crucifica-O!" Aí Pilatos lavou covardemente as mãos como sinal de não estar metido na acusação de um homem inocente, e soltando Barrabás entregou Jesus Cristo a disposição dos anciãos judeus.

Os soldados deram a Jesus Cristo a cruz de madeira na qual Ele seria crucificado, e O obrigaram a carregá-la até ao lugar da execução que se chamava gólgota (lugar da caveira). Aí eles tiraram a roupa exterior de Cristo e O prenderam na cruz, crucificando com Ele dois ladrões. Assim, num lugar vergonhoso, como se fosse um malfeitor, foi crucificado aquele que dispersou a escuridão dos erros humanos com a luz do Seu divino ensinamento, e que com o amor destruía a maldade. Meu Deus! Quão cegas e cruéis podem ser as pessoas.

Apesar de tudo, os inimigos de Cristo não conseguiram saciar a sua maldade. Insultavam o sofredor já agonizante e zombando pediam-lhe um milagre. Quando Dele teve sede e lhes pediu água, deram-lhe uma esponja ensopada em vinagre. Assim, abandonado por todos, coberto de feridas, se esvaindo em sangue e sentindo uma sede insuportável, Aquele que outrora expirou a vida no primeiro homem tem agora a mais cruel das mortes. Mesmo a insensível natureza se estarreceu com um tamanho crime: o sol escureceu e a terra tremeu.

Por quem, então sofreu dessa maneira o Salvador do mundo? Ele sofreu por todas as pessoas, pelos Seus inimigos e atormentadores, por aqueles que tendo recebido dele inúmeras bênçãos se esqueceram de Lhe agradecer. Ele sofreu por cada um de nós, pecadores e obstinados, que diariamente O ofendemos com a nossa indiferença, ingratidão, ódio, mentiras e com todas as ações impuras. Dessa maneira é como se O crucificássemos novamente.

Para sentirmos mais profundamente o amor ilimitado de Jesus Cristo e termos realmente a consciência de quão grande foi o Seu sacrifício por nós, devemos tentar compreender quão grande é o Seu poder, e quanta é a nossa insignificância. Jesus Cristo é o verdadeiro Deus igualmente ao Deus Pai e ao Espírito Santo. Ele permanece numa luz inacessível, é o Criador do universo, o Rei imortal perante Quem permanecem tremendo legiões de anjos. Ele é a fonte da vida eterna, é o Senhor de todos os seres visíveis e invisíveis e o tremendo Juiz dos vivos e dos mortos. Foi esse mesmo Jesus Cristo que sofreu por nós, criaturas pecadoras e ingratas. Quem poderá entender o mistério do amor de Deus e Lhe dar o digno valor?

O caminho

para o Reino do Céu

O caminho para o Reino do Céu foi feito pelo nosso Senhor Jesus Cristo, apenas aquele que O segue chegará ao Reino do Céu. Qual é então a maneira de O seguir? - Vejamos o que diz acerca disso o próprio Salvador: "Se alguém me quer seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Marcos 8:34).

As palavras "quem quer" significam que Jesus Cristo não obriga ninguém a segui-Lo. Ele não quer involuntários, mas quer que cada pessoa decida livremente se quer ou não seguir pelo Seu caminho, e estar com Ele. Lógicamente, no Reino do Céu só entrarão aqueles que escolheram livremente seguir o caminho que nos foi indicado pelo Salvador.

Cristão! Salvação ou perdição, isso está inteiramente nas tuas mãos. O Senhor pela Sua misericórdia te dá a liberdade de escolher, e jamais te vai tirar essa liberdade. Por isso se quiseres ir após Jesus Cristo, Ele vai te mostrar o caminho e em cada passo vai te ajudar. Se não quiseres a escolha é tua, mas toma cuidado para não desprezares a misericórdia de Deus. Jesus Cristo bate na porta do teu coração durante muito tempo, com pena de ti, para que tu enfim te queiras salvar. Mas ai de ti se Ele cansado de esperar, te deixe como fruto da perdição. Nessa situação, ninguém, nem santo, nem mesmo um anjo terão possibilidade de te ajudar!

Por isso é muito importante criares dentro de ti o desejo necessário e tomares a decisão definida de seguir o caminho da salvação. Para que esse desejo apareça e a decisão se torne firme, temos que aprender onde nos leva o caminho indicado por Cristo e como se deve caminhar por ele. Essa questão é tão importante que é necessário discuti-la em detalhes.

1. Em primeiro lugar, um cristão tem que estudar as origens da religião Cristã. Para isso é preciso começar a ler regularmente os livros da Bíblia Sagrada, especialmente o Evangelho e as Epístolas dos apóstolos. Não chega saber apenas o seu conteúdo, é preciso desenvolver o interesse em saber sua origem e por quem e quando foram escritos, como foram preservados até chegarem aos nossos dias, e por que é que se chamam Divinos e Sagrados. Tens que estudar os livros sagrados com simplicidade de coração, sem preconceito e sem demasiada curiosidade, sem te esforçares por compreender aquilo que é mistério de Deus, mas dando atenção a aquilo que diz respeito a nossa salvação. Tudo o que é necessário sabermos a cerca da nossa salvação, está revelado na Escritura muito claramente e em detalhes.

Também é importante para um cristão estudar bem a religião cristã, porque quem não conhece a sua religião, torna-se frio relativamente a ela e pode cair facilmente no ensinamento de alguma heresia ou de outra religião. É tão grande o número de cristãos que se perdem apenas pelo fato de não se interessarem pelo conteúdo da sua religião. Tendo acesso à luz eles vagam na escuridão.

O estudo da religião deve se conformar também com a mentalidade e as capacidades de cada pessoa. Por exemplo, uma pessoa erudita deveria tomar conhecimento das obras dos pais santos da igreja, e também de outros livros históricos e teológicos escritos por autores ortodoxos. Esses livros vão lhe dar possibilidade de conhecer melhor e mais profundamente a sua religião, o que na sua altura lhe dará a possibilidade de assegurar religiosamente outras pessoas que não têm acesso aos livros.

2. Tendo a certeza de que a nossa religião se baseia na Sagrada Escritura e não nas invenções das pessoas, e de que a Sagrada Escritura é a verdadeira palavra de Deus que nos foi transmitida pelo Espírito Santo através dos profetas e dos apóstolos, recebe-a com confiança de todo o coração. Crê sem teres dúvidas nem dês lugar a invenções em relação ao que diz a Sagrada Escritura, e não dês ouvidos as explicações heréticas. Se receberes humildemente a verdade de Cristo, a tua fé ficará forte e te conduzirá a salvação.

3. Por fim, tenta nutrir em ti o zelo de seguir aquilo que nos diz a Sagrada Escritura. Se não encontras em ti esse zelo, dirige-te ao nosso Salvador Jesus Cristo e numa sincera oração pede-lhe que te doe um desejo zeloso de viver segundo os Seus mandamentos. Quando a benção de Deus te começar a conduzir pelo caminho da salvação, segue-a dedicadamente, repelindo as armadilhas do diabo que se esforça por te desviar desse caminho.

O que aqui foi dito sobre o caminho para o Reino do Céu, podemos ilustrar com o seguinte exemplo: imagina que, de repente, és o único herdeiro de um parente teu muito rico. Esse parente antes de morrer, deixou-te uma mansão magnífica no topo de uma montanha. Como ele gostava de solidão, não fez nenhuma estrada para a sua mansão, ele próprio chegava lá por uma trilha. Para te ajudar a tomar posse da mansão, ele deixou-te o mapa da montanha onde marcou a trilha certa. A montanha tem muitas outras trilhas que não vão chegar na mansão, mas acabam em becos sem saída ou em precipícios. Por isso, para alcançares a mansão, tens que seguir exatamente a trilha que te marcou no mapa o teu amado parente.

A tua prudência diz que antes de começar a viagem, deves compreender bem o mapa da montanha, te abasteceres de tudo que pode ser necessário para a escalada e até para passares lá a noite. Deves perguntar a um guarda florestal com o que deves tomar cuidado e que sinais te ajudarão a não perderes a trilha correta. É certo que qualquer pessoa que tem bom senso tome todas as providências antes de começar um novo caminho.

Algo semelhante espera-nos, caso queiramos chegar ao Reino que nosso Senhor Jesus Cristo nos preparou no céu. Devemos ver bem qual é o caminho que vai lá dar, com o que devemos tomar cuidado para não nos perdermos, e etc. O nosso mapa é a Sagrada Escritura e a literatura ortodoxa; os guardas florestais são os pastores da igreja cujo dever é ajudar os crentes e guiá-los em direção ao paraíso, as provisões são as bênçãos de Deus que nos reforçam espiritualmente. É possível que a trilha que nos leva ao Céu em certas partes se torne estreita, cheia de arbustos e difícil de passar, enquanto outros parecerão mais largos e cômodos. Porém, é melhor não confiar nas aparências. Nosso Senhor Jesus Cristo e os Seus apóstolos avisaram-nos mais do que uma vez que apenas aquele caminho que está revelado no Evangelho, nos leva ao Reino do Céu. Todos os outros caminhos não vão dar em lugar nenhum, enquanto que o caminho largo e cômodo vai dar na perdição.

Agora vamos rever com mais atenção o caminho que nos indicou Jesus Cristo. Ele disse: Quem deseja vir comigo precisa:

1. Negar a si mesmo

2. Pegar a sua cruz

3. Seguir-me

Dessa forma, quem segue Jesus Cristo, tem que começar a negar a si mesmo. Isso quer dizer que devemos deixar todos os maus costumes, livrar o nosso coração da afetuosidade a todas as coisas materiais, (dinheiro, luxo, fama, poder, etc). não desenvolver em si desejos impuros, silenciar os maus pensamentos, evitar as situações que levem a pecar, não fazer nada por teimosia ou amor próprio, mas fazer tudo pelo amor a Deus e em glória do Seu Santíssimo nome. Resumindo, segundo as palavras do apóstolo Paulo, negar-se quer dizer - estar morto para o pecado e vivo para Deus (Rom. 6:11).

Daí, o discípulo que segue Jesus Cristo deve pegar a sua cruz. Como cruz entende-se aqui, todas as dificuldades e tristezas que estão relacionadas com a vida cristã. As cruzes podem ser internas ou externas. Tomar a cruz quer dizer, suportar tudo sem se lamentar, por mais desagradável que seja. Por isso se alguém te faz mal, se ri de ti, aborrece-te, ou tu ajudaste alguém, e ele em vez de te agradecer inventou intrigas contra ti, ou por exemplo queres fazer uma boa ação e não consegues. Se te acontecer alguma desgraça ou alguém da tua família ficar doente, ou depois de muito esforço e trabalho sofreres fracasso, ou alguma outra coisa te oprime - deves suportar tudo isso com paciência não penses que sendo castigado injustamente mas agüenta tudo com uma confiante esperança em Deus.

Carregar a cruz, não significa apenas, suportar as dificuldades que não dependem de nós, mas é também, esforçar-se para a perfeição espiritual, como as Escrituras nos ensinam. Por exemplo, podemos e devemos fazer algo útil para o próximo como: ajudar na igreja, visitar quem está doente ou preso, ajudar os pobres, juntar recursos para os ajudar, contribuir para a divulgação do esclarecimento espiritual. Ou seja, devemos procurar ocasiões que contribuam para a salvação e o bem do próximo e depois fazer esforço nesse sentido com paciência e amabilidade através das ações, das palavras, das orações ou de conselhos.

Se te surgir o pensamento orgulhoso de que tu és melhor e mais inteligente que os outros, expulsa-o rapidamente, porque esse pensamento vai estragar todas as tuas virtudes. Abençoado é aquele que leva a sua cruz com prudência e humildade, porque o Senhor não deixará que ele se perca, e lhe dará o Espírito Santo que o vai ajudar e fortalecer.

Seguindo Jesus Cristo não é suficiente levar a sua cruz externa. Não são só os cristãos que carregam essas cruzes, porque no mundo não há pessoa que não esteja a sofrer por algum problema. Quem quer ser um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, deve carregar também a sua cruz interna.

A cruz interna pode se encontrar mais rapidamente do que a externa, basta olhares para a tua alma com um sentimento de arrependimento, e observando-a bem, verás muitas cruzes. Por exemplo: pensa, como é que vieste a este mundo, e para que é que aqui estás? Será que vives segundo o ensinamento da religião cristã? Pensa bem nisso e vais perceber que foste criado por Deus para multiplicar o bem, glorificando assim o Seu Santo nome. Porém, em vez de dares glória, tu ofendes a Deus com os teus pecados. Pensa também naquilo que te espera para além da morte, e em que lado ficarás na hora do último julgamento, com os santos ou com os pecadores? Refletindo acerca disso, vais chegar a conclusão de que poderias ter evitado muito daquilo que fizeste ou disseste, vais ter vergonha e arrependimento, isso será o princípio da tua cruz interior. Se observares a tua alma ainda com mais atenção, vais imaginar o horror do inferno, no qual raramente pensavas e com indiferença, e vais ver como é realmente o Paraíso que o Senhor te preparou no qual pensavas apenas de passagem, ou seja, vais ver o lugar da pura e eterna alegria, da qual te privas com a tua indiferença e com os teus pecados.

Contudo, apesar de estares a sofrer no interior com esses pensamentos, se resolveres decididamente te arrepender e te corrigires, em vez de te distraíres com as satisfações da vida, e se rezares pela tua salvação entregando-te totalmente a vontade de Deus, o Senhor vai te mostrar mais claramente o teu estado interior, para que fiques inteiramente curado. O fato é que a nossa doença interna se encontra escondida por baixo de uma grossa camada de amor-próprio e de paixões; aquilo que às vezes, graças a nossa consciência vemos, são as maiores e as mais visíveis feridas. O diabo, inimigo da nossa salvação, sabe que é saudável saber o estado da nossa doença moral, por isso utiliza todos os meios para nos impedir de vê-la e fazer-nos pensar de que está tudo em ordem.

Quando o diabo vê que a pessoa está realmente preocupada em se corrigir, e que com a ajuda de Deus já começa a melhorar um pouco, ele utiliza um meio ainda mais cruel, ele mostra a nossa doença interior numa situação tão pavorosa e desesperada, que uma pessoa se desorienta e fica tão aterrorizada, que perde qualquer esperança de recuperação. Se o Senhor deixasse o diabo utilizar este último meio, poucos de nós resistiriam perante o desespero. O Senhor é um médico experiente, e mostra-nos as feridas da alma aos poucos, encorajando-nos conforme a recuperação.

Assim, quando o Senhor começar a iluminar a tua visão espiritual, vais começar a perceber mais claramente que o teu coração está abalado e que as paixões te impedem a aproximação de Deus. Vais também começar a perceber que até o pouco que tens de bom está afetado pela tua vaidade e pelo orgulho. Aí ficarás abatido, o temor e a tristeza se vão apoderar de ti. Temor, do perigo de te perderes para sempre; Tristeza, por teres desviado durante tanto tempo o teu ouvido da amável voz do Senhor que te chamava para o Reino do Céu e por teres feito tão pouco de bom.

Contudo, mesmo que a tua cruz interior pareça difícil, não te desesperes, e não penses que o Senhor te deixou. Não! Ele está sempre contigo e invisivelmente te dá forças, mesmo quando te esqueces Dele. Ele não mandará tentações para além das tuas forças. Não tenhas medo de nada, mas agüenta e reza com toda a fidelidade, porque Ele é o mais bondoso Pai que alguém pode desejar. Mesmo que às vezes Ele deixe cair em tentação aquele que lhe é fiel, é apenas para lhe mostrar a sua fraqueza, limpando completamente o coração onde Ele quer habitar, juntamente com o Filho e o Espírito Santo.

Quando estás triste não procures consolação nas pessoas. A maioria das pessoas não são experientes em problemas espirituais, por isso não são bons conselheiros. O Senhor que seja o teu ajudante, tutor e consolador, deves procurar ajuda unicamente Nele. As pessoas para quem o Senhor manda mágoas são centuplicadamente abençoadas, porque elas curam; ou seja - as mágoas são uma especial misericórdia de Deus, são um sinal da Sua preocupação com a salvação da pessoa.

Se tu levares a tua cruz com fidelidade à vontade do Senhor, e não procurares outra consolação para além Dele, pela Sua misericórdia o Senhor nunca vai te deixar sem consolação, mas vai te tocar no fundo do coração comunicando os dons do Espírito Santo. Aí vais sentir uma inexplicável doçura, uma paz maravilhosa e uma alegria que nunca sentiste, vais também, sentir uma afluência de forças espirituais, a tua oração ficará mais leve, a tua fé mais forte e o teu coração vai se encher de amor a Deus e ao próximo. Tudo isso são dons do Espírito Santo.

Se o Senhor te conceder esse dom, não o consideres como uma recompensa pelo teu esforço, nem penses que atingiste a perfeição. Essas idéias nascem do orgulho que entrou bem fundo na nossa alma, e que pode aparecer mesmo quando a pessoa está apta a fazer milagres. Essas consolações não são recompensa, mas sim misericórdia. O Senhor dá-te a provar as bênçãos que Ele preparou aos que o amam, e são para que tu procures mais zelosamente o Reino do Céu.

Enfim, um discípulo de Jesus Cristo deve segui-lo. Isso quer dizer que em todas as tuas tarefas e ações, deves tentar agir como Ele agia. Devemos viver da mesma maneira que viveu Jesus Cristo. Por exemplo: Jesus Cristo agradecia freqüentemente a Seu Pai e sempre Lhe rezava. Nós também, devemos fazer o mesmo, em qualquer situação da vida, próspera ou difícil devemos agradecer a Deus e rezar-Lhe. Jesus Cristo honrava a Sua Santíssima Mãe, e obedecia as autoridades. Por isso nós devemos honrar os nossos pais e educadores, devemos ter respeito as nossas autoridades e obedecer a lei em assuntos que não se opõem a lei de Deus.

Jesus Cristo realizava com amor e dedicação a missão para a qual Ele veio ao mundo. Da mesma maneira, devemos realizar as obrigações que nos são impostas por Deus e pelas autoridades civis.

Jesus Cristo amava e benfazia a todos, nós também, devemos amar ao nosso próximo e fazer o bem através de ações, palavras e de pensamentos. Jesus Cristo dava todas as Suas forças para a salvação das pessoas, por isso para fazermos bem ao próximo, não devemos poupar o nosso esforço e nem a nossa saúde.

Jesus Cristo sofreu voluntariamente e morreu por nós. Por isso não devemos nos queixar quando temos problemas, devemos aguentá-los com humildade e fidelidade à Deus. Jesus Cristo perdoava tudo aos Seus inimigos e desejava-lhes o bem, nós também, devemos perdoar aos nossos inimigos, fazer coisas boas a quem nos fizer mal e abençoar a quem nos ofende.

Jesus Cristo, o Rei do Céu e da terra, viveu em pobreza, e trabalhando ganhava o essencial para a vida. Nós também, devemos ser trabalhadores e nos contentar com o que Deus nos mandou. Não devemos ter intenção de enriquecer, porque segundo as palavras do Senhor, "É mais fácil passar um camelo pelo fundo de um agulha, que entrar um rico no Reino dos Céus" (Mat.19:24).

Jesus Cristo era sereno e humilde de coração, por isso não se esforçava para ser elogiado e direcionava tudo para a glória de Deus. Seguindo o Seu exemplo, não devemos nos colocar a frente dos outros. Se ajudas ao próximo, dás esmola aos pobres ou tens uma vida mais pia do que os que te rodeiam; se és mais inteligente do que os teus conhecidos; ou em qualquer outra qualidade és melhor do que os outros, - não te orgulhes disso, nem na frente das pessoas, nem perante ti mesmo, porque tudo o que tu tens de bom e que pode merecer, se for elogiado não te pertence, é um dom de Deus. Teus, são apenas os pecados e as fraquezas.

Seguir Jesus Cristo quer dizer: receber com fé e realizar tudo o que Jesus Cristo disse com simplicidade de coração e sem duvidar de nada. Quem atende as palavras de Jesus Cristo é Seu discípulo, e quem realiza tudo o que foi dito por Ele com a total devoção, é o Seu verdadeiro e amado seguidor.

É isto que quer dizer negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir Jesus Cristo. Este é o único caminho direto ao Reino dos Céus. Foi por este caminho que passou Jesus Cristo e é por este caminho que devemos seguir! Nunca houve nem haverá outro caminho além deste. Ao princípio ele parece muito estreito e difícil, contudo, não é por ele ser assim realmente, mas é porque a nossa noção de benção e felicidade está distorcida. Recebemos o que é amargo como se fosse doce, e o que é doce como se fosse amargo. Porém, conforme a nossa aproximação de Deus, muito do que antes nos parecia difícil se torna fácil e agradável, e o que antes nos divertia, vai nos parecer aborrecido e prejudicial.

É claro que haverá momentos difíceis, quando o caminho de ascensão vai te parecer realmente custoso. Nesse caso, devemos ter em mente que por cada passo que fazemos nos são preparadas milhares de recompensas. Os sofrimentos durante este caminho são momentâneos, enquanto que a recompensa por eles será eterna. Não tenhas medo do caminho de Cristo, porque o caminho liso e largo conduz ao inferno, enquanto que, o caminho estreito e espinhoso conduz ao Céu.

Contudo, porque é que Deus não fez o caminho para o Reino dos Céus fácil e agradável? - Deus é infinitamente sábio e sabe o que é melhor para nós. Estando aqui em baixo, vemos só uma pequena parte da nossa vida, enquanto Ele lá de cima vê toda a nossa vida numa perspectiva de eternidade. Além disso devemos considerar o seguinte:

1. O Reino dos Céus - é a mais alta felicidade e é uma riqueza inesgotável. Se aqui na terra, para receber um pouco de riqueza é necessário muito esforço e trabalho, como seria possível sem nenhum esforço próprio receber um tamanho tesouro?

2. O Reino dos Céus é a recompensa mais desejada. Onde é que as recompensas são dadas por nada? Se nós devemos nos esforçar para receber uma recompensa temporária, mais esforço será preciso para receber a recompensa eterna.

3. Devemos levar a nossa cruz, porque queremos estar com Cristo e participar na Sua glória. Se Jesus Cristo, o nosso Professor e Mestre obteve a glória divina sofrendo, não seria vergonhoso compartilhar da Sua glória, tendo evitado covardemente qualquer esforço ou tristeza.

4. A cruz da vida não é uma ventura apenas dos cristãos. Cada pessoa possui a sua cruz, tanto quem é cristão como quem não é, e tanto um crente como um pagão. A diferença é que para um, a cruz serve para receber o Reino dos Céus, mas para o outro não tem valor algum. Para o cristão, de tempo em tempo a cruz torna-se mais leve e alegre, mas para o outro a cruz torna-se cada vez mais pesada e penosa. Por que é assim? Porque uma pessoa leva a cruz com fé e devoção a Deus, enquanto a outra a leva com murmuração e aborrecimento.

Por isso, cristão, não chega apenas não evitar a cruz, tens que agradecer a Jesus Cristo por Ele te ter dado a oportunidade de O seguires. Se Jesus Cristo não tivesse sofrido e não morresse, nenhum de nós, por mais que sofresse, poderia entrar no Reino dos Céus. Porque deveríamos sofrer desesperadamente como transgressores da vontade de Deus, mas agora sofremos pela nossa salvação. Ó Senhor misericordioso! Quão grande é o amor que tens por nós! O próprio mal, Tu transformas para o nosso bem e para a nossa salvação.

Cristão, apenas a gratidão ao teu benfeitor Jesus Cristo, obriga-te a segui-Lo. Foi por ti que Jesus Cristo, desceu na terra. será que vais preferir algo deste mundo a Ele? Jesus Cristo bebeu o cálice cheio de sofrimento, Será que vais recusar de sofrer um pouco por Ele?

5. Jesus Cristo resgatou-nos com a Sua morte, por isso, pertencemos-Lhe pelo direito de redenção e temos que realizar tudo o que Ele ordena. A única coisa que Jesus Cristo deseja é que atinjamos o Reino dos Céus.

6. Enfim, não podemos evitar esse estreito caminho para o Reino dos Céus, porque em cada pessoa existe pecado, e o pecado é uma ferida que por si mesma sem remédios fortes não se pode curar. O sofrimento - é o remédio com o qual Deus cura as nossas almas. Quando uma pessoa está doente, onde quer que se encontre, mesmo que esteja no mais maravilhoso palácio, vai sofrer. Da mesma maneira um pecador, onde quer que o instales, até se for no paraíso, ele vai sofrer porque tem o inferno dentro de si. Porém, uma pessoa justa sente-se feliz tanto numa casa pobre como num palácio. O fato é que: quando o coração de uma pessoa está preenchido pelo Espírito Santo, onde quer que ela se encontre vai haver alegria, porque o paraíso está dentro dela.

Por isso irmãos, se queremos atingir a salvação, não há maneira de evitarmos o caminho que Jesus Cristo seguiu e que seguiram com Ele os profetas, os apóstolos, os mártires, os santos e os inúmeros justos e não existe outro.

Alguns podem contestar dizendo: como é que nós fracos e pecadores podemos imitar os santos? Vivemos em sociedade, temos família e diferentes obrigações ...Ó irmãos! Isso é um maldoso pretexto, e é uma ofensa ao nosso Criador. Justificar dessa maneira a sua própria negligência significa reprochar o Criador, de que Ele não nos soube fazer. Os santos, ao princípio, não estavam livres do pecado, ocupavam-se com assuntos sociais, tinham diferentes obrigações e tinham família. Mas apesar de tudo, eles não esqueciam o mais importante, e vivendo nas mesmas condições que nós, direcionavam o seu caminho ao Reino dos Céus. Portanto, se nós realmente quisermos, podemos ser bons cidadãos, esposos fiéis, pais amáveis e, ao mesmo tempo, sermos verdadeiros cristãos. A nossa fé não vai nos incomodar, pelo contrário, vai nos ajudar a ter sucesso em cada bom começo. A essência do cristianismo - é o amor puro e generoso, que nos é dado pelo Espírito Santo.

Por isso, irmãos, se vocês querem chegar o Reino dos Céus, sigam o caminho de Jesus Cristo. É o único caminho a seguir.

Como Jesus Cristo nos ajuda

a caminhar ao longo do caminho da salvação

Seguindo o caminho de Cristo, não podemos confiar apenas nas nossas forças. Se o nosso benfeitor Jesus Cristo não nos ajudasse em cada passo, ninguém poderia atingir a salvação. Até os Apóstolos quando se viram sozinhos não conseguiram ir atrás de Jesus Cristo e se dispersaram covardemente. Porém, no dia de Pentecostes eles receberam ajuda das alturas e seguiram o caminho de Cristo com alegria, sem nenhum problema ou dificuldade e nem mesmo a morte os assustava.

Em que consiste a ajuda de Jesus Cristo aos que o seguem? Essa ajuda é - a Graça do Espírito Santo. A graça de Deus rodeia- nos e através dela o Senhor nos atrai para si. Quem quiser pode receber essa ajuda divina e se fortificar com ela. O Espírito Santo, sendo Deus igualmente ao Pai e ao Filho, dá vida e força a tudo; e dá aos crentes sabedoria, paz interna e inspiração, pela bondade de Jesus Cristo, sem corresponder aos nossos méritos. Em que, concretamente nos ajuda o Espírito Santo e como podemos atrair a Sua benção, explicaremos em seguida, baseando-nos na palavra de Deus.

1. Quando o Espírito Santo entra na pessoa, dá-lhe e luz. Sem o Espírito Santo, ninguém pode ter uma fé verdadeira e vital e sem a sua iluminação, até o mais instruído em coisas divinas, é cego. Por outro lado, o Espírito Santo pode tornar sábio o indivíduo mais simples e revelar-lhe os grandes mistérios de Deus.

2. O Espírito Santo, entrando na pessoa traz-lhe o verdadeiro amor e aquece o seu coração. Esse amor inspira a pessoa a fazer boas ações, de modo a que nada para ela é difícil ou assustador; os mandamentos de Deus que antes lhe pareciam difíceis, tornam-se fáceis. A fé e o amor, doados pelo Espírito Santo, são meios tão fortes, que quem os possui pode seguir o caminho que seguiu Jesus Cristo, facilmente e com alegria.

3. O Espírito Santo corrige o ponto de vista da pessoa e a sua relação ao mundo de maneira que a pessoa deixa de ser subjulgada aos bens temporários. Utilizando com agradecimento aquilo que Deus concedeu, o coração de um cristão não se prende a nada, sente-se estranho neste mundo, e mais que tudo deseja comunicar-se com Deus. Enquanto que, a pessoa que não tem Espírito Santo, apesar da sua sabedoria e capacidade , continua a ser adoradora do mundo e escrava do seu corpo.

4. O Espírito Santo concede à pessoa sabedoria. Como exemplo mais evidente disso temos os apóstolos. Eles eram de baixa posição social e por isso não eram instruídos, mas quando o Espírito Santo, no dia de Pentecostes desceu sobre eles, surgiu uma sabedoria que nem mesmo os filósofos nem os retóricos lhes conseguiam resistir. O Espírito Santo ensina a pessoa: quando, como e o que deve fazer. Por exemplo, um indivíduo que possui o Espírito Santo, vai encontrar sempre tempo e meios para a salvação da sua alma. Mesmo no meio da confusão do mundo e mesmo estando muito ocupado, ele conseguirá conservar a organização interior, aprofundar-se dentro de si rezando a Deus; ao mesmo tempo que um indivíduo não espiritual, nem mesmo na igreja se consegue concentrar e rezar sinceramente.

5. O Espírito Santo dá a verdadeira alegria, e dá uma paz firme. Sem o Espírito Santo, ninguém consegue alegrar-se verdadeiramente nem sentir paz na alma. Quando uma pessoa se diverte, esses momentos são vazios, lamentáveis, e por vezes até pecadores. Após o divertimento, a pessoa sente um tédio ainda mais perturbador, de um modo semelhante quando uma pessoa não espiritual sente tranqüilidade, isso não é a verdadeira paz espiritual mas sim uma certa forma de sonolência ou apatia. Desgraçada é a pessoa que não acorda a tempo e não começa a se preocupar com a salvação da sua alma.

6. O Espírito Santo dá a verdadeira humildade. Nem mesmo a pessoa mais sábia do mundo se pode conhecer suficientemente bem, porque a doença interior e a pobreza de espírito estão escondidas dela. Quando a pessoa pratica o bem ou age honestamente, torna-se arrogante, começa a olhar de alto para os outros e até julgar aqueles, que na sua opinião, são inferiores. Muitos daqueles que se julgavam honestos não pediram orientação e força ao Espírito Santo e por isso se perderam. O Espírito Santo atende sempre a quem lhe pede orientação e fortalecimento. Quando um raio solar entra num quarto escuro torna visível ao pormenor tudo o que aí se encontra; o Espírito Santo quando entra na alma de uma pessoa, mostra-lhe toda a sua fraqueza e miséria. Iluminada pela luz divina a pessoa não repara nas suas pequenas virtudes, pois a sua alma necessita de cura para inúmeras feridas. Considerando-se a pior de todas, uma pessoa torna-se humilde, começa a se arrepender dos seus pecados e decide viver com mais cuidado. Em relação às ações de caridade, a pessoa deixa de confiar nas suas próprias forças e pede ajuda a Deus.

7. O Espírito Santo dá uma oração fervorosa e sincera. Sem receber o Espírito Santo, ninguém consegue rezar de um modo que agrade realmente a Deus, porque os pensamentos se desconcentram e se dispersam para todos os lados, mas recebendo o Espirito Santo a pessoa sente vivamente a presença de Deus, a sua oração flui calmamente e ela sabe como é que deve pedir a Deus. Encontrando-se nesse estado, uma pessoa pode pedir a Deus até o que segundo as medidas humanas parece impossível.

Aqui está uma curta lista das bênçãos do Espírito Santo. Deste modo, podemos ver que sem a Sua ajuda , além de ser simplesmente impossível de entrar no Reino do Céu, é impossível até de chegar perto dele. Por isso temos que implorar ao Espírito Santo que permaneça em nós e que nos ajude tal como Ele ajudava os apóstolos. Para que o EspíritoSanto tenha piedade de nós e para que desça sobre nós, é importante sabermos o que O atrai e o que O afasta de nós. É sobre isso que vamos falar agora.

Jesus Cristo disse que o Espírito Santo sopra onde quer, e tú ouves a Sua voz, mas não sabes donde Ele vem, nem para onde vai (João 3:8). Isto quer dizer, que a pessoa é capaz de sentir a presença do Espírito Santo no seu coração, mas não pode adivinhar o tempo em que isso acontecerá. Sabemos, por exemplo, do livro dos Atos que os apóstolos e outros cristãos recebiam bênçãos do Espírito Santo inesperadamente. O Espírito Santo não desce sobre os que clamam quando esses o querem, mas sendo Deus, o Espírito Santo desce sobre a pessoa quando considera isso conveniente. Ou seja, ninguém se atreve a predizer quando e que bênçãos receberá, nem mesmo se vai receber alguma, pois ninguém ousa considerar-se merecedor! A benção do Espírito Santo é um dom da sua infinita misericórdia! As doações são dadas quando o doador quer e são aquilo que ele quer. Ele estabeleceu na igreja meios para distribuir esses dons, que são os Sacramentos, e os ofícios divinos. Portanto, quando aqueles que não são cristãos ortodoxos afirmarem que podem receber o Espírito Santo por meios que lhes são conhecidos, (que são também usados em sessões de espiritualismo pagãs), estão a cometer um grande erro, e aqueles que inventam esses meios e se atrevem a utilizá-los, além de não receberem suas bênçãos, cometem um grande pecado contra o Espírito Santo.

Cada pessoa que tem a intenção de pedir a benção do Espírito Santo deve levar em conta que esses dons estão destinados para aqueles que possuem a verdadeira fé. Realmente, vemos que o Senhor iluminou os apóstolos, primeiro com o verdadeiro ensinamento e depois lhes doou o Espírito Santo. De um modo semelhante, os apóstolos não davam essas bênçãos imediatamente aos recém-batizados, mas os colocavam a prova durante um determinado tempo para que esses se estabilizassem com a verdadeira fé.

É esta a razão pela qual o Senhor chamou ao Espírito Santo, o Espírito da verdade, e a igreja, a comunidade abençoada de crentes, que deve ser a coluna e a firmeza da verdade.

Assim, quem recebe a religião cristã em toda a sua pureza, com humildade e obediência, sem emendas nem calúnias, aqui tem os meios que o Senhor lhe deixou para receber os dons do Espírito Santo:

1. Pureza de coração

2. Humildade.

3. Escuta à voz de Deus.

4. Oração.

5. Abnegação.

6. Leitura da Sagrada Escritura.

7. Os Sacramentos da Igreja, em especial a Santa Comunhão.

Para receber as bênçãos do Espírito Santo, em primeiro lugar é necessário purificar o coração, livrando-o dos pecados do amor próprio e do orgulho. O Espírito Santo que nos rodeia, sempre deseja preencher o nosso coração, mas o mal que está dentro de nós é como se fosse uma parede que Lhe impede a passagem. Qualquer pecado afasta o Espírito Santo, mas o que mais O desagrada é a impureza do corpo e o orgulho. Por isso, se queremos que o Espírito Santo que recebemos durante o batismo, não se afaste de nós, ou caso O tenhamos afastado levando uma vida cheia de pecados e queremos que Ele volte, devemos:

1. Purificar o coração através do arrependimento e tendo confessado sinceramente devemos evitar os desejos e pensamentos impuros. Devido a uma horrível devassidão da sociedade atual, um cristão deve se proteger de tudo que pode macular a sua alma, e não pode permitir que o seu corpo cometa adultério. O nosso corpo foi criado para ser o templo do Espírito Santo. Quando a pessoa está pura interior e exteriormente, o Espírito Santo entra nela. Possuindo castidade, a única coisa que pode impedir a presença do Espírito Santo na pessoa, é se ela se orgulha da sua honestidade considerando os dons do Espírito Santo como uma recompensa correspondente aos seus méritos. Contudo, se por algum azar te maculares, pare logo de pecar e tome penitência. Arrepende-te de coração quebrantado, pois ofendeste a Deus, o teu amoroso Pai, e comece a viver com a maior atenção. Assim, poderás receber o Espírito Santo.

2. Um dos meios mais seguros para chamar o Espírito Santo, é a humildade. Mesmo que tu sejas justo, bondoso, honesto e misericordioso, em uma palavra, mesmo que possuas muitas virtudes, continua a te considerar um péssimo e desmerecedor servo de Deus.

De fato, se observarmos com atenção as nossas boas ações, vemos que nenhuma está ausente de repreensão. Por exemplo, ao darmos esmola ou ao ajudarmos ao próximo, juntamos sentimentos de vanglória, lamentação, reprovação e outros sentimentos impuros. É lógico que uma boa ação será sempre boa, por isso continue a praticar e aumentar as tuas ações de caridade. Porque o ouro, mesmo sem ser tratado, tem algum valor. Basta entregá-lo nas mãos de um artesão experiente e ele recebe o seu valor completo. Da mesma maneira, deves confiar as tuas boas ações ao teu Mestre celeste e, Ele as tornará preciosas. Portanto, se desejas que as tuas virtudes agradem a Deus, não te gabes delas. Tú não és o mestre, és só um aprendiz. Tal como habilidade dá valor ao ouro, o puro e generoso amor cristão dá valor as virtudes da pessoa. Tudo o que é feito sem o amor cristão ou seja, sem o Espírito Santo, não se pode considerar uma virtude absoluta. Por isso, sem o Espírito Santo, uma pessoa, apesar de possuir todas as suas virtudes, continua pobre e miserável.

Além de conhecer a sua indignidade, a humildade consiste ainda em suportares com paciência e sem te queixares todas as tristezas e desgraças da vida, considerando que as mereces e que foram enviadas para o teu bem. Nunca digas: "Como eu sou infeliz." mas diz: "Eu mereço um castigo ainda maior pelos meus pecados!" e não peças a Deus que Ele te livre dos problemas, pede antes que Ele te dê paciência e força para os superar.

3. Podese receber o Espírito Santo, atendendo a voz de Deus. O Senhor fala-nos através da voz da nossa consciência e através das circunstâncias da vida. É muito importante desenvolver a capacidade de ouvir claramente tudo o que Deus nos insinua. Como Ele é o mais amoroso Pai, Ele se preocupa contigo. Todos os dias Ele te chama, avisa e te dá sabedoria. Por exemplo, se estás triste, oprimido, se te aconteceu alguma desgraça ou estás doente - podes ouvir nisso a voz de Deus, que te chama para teres penitência e te tornares melhor. Nos momentos de tristeza, em vez de procurar ajuda nas pessoas e te consolares com diferentes diversões, direciona-te a Deus e pede-lhe ajuda.

Suponhamos que estás em prosperidade, não te falta nada e a vida flui suavemente. Nisso também podes considerar como a voz de Deus que te chama, para seres misericordioso com aqueles que têm necessidade, tal como Ele é contigo. É audacioso e pecador ignorares a voz de Deus quando não te arrependes nem te corriges em momentos de tristeza, não agradeces a Deus e não ajudas aos outros em momentos de sua prosperidade. Contudo, ainda mais ruinoso é fazeres o oposto a aquilo que Deus te ensina: murmurares e te aborreceres em momentos difíceis, ou esqueceres completamente Deus vivendo apenas para a satisfação em condições luxuosas. Nesse caso, pode acontecer que Deus depois de repetidas tentativas de nos fazer chegar a compreensão, se vire para longe de nós, que agimos como crianças teimosas, e nos abandonará aos nossos próprios desejos. As paixões facilmente tomarão posse de nós, a nossa mente e a consciência vão obscurecer. Podemos chegar ao ponto de começarmos a justificar os nossos piores pecados, dizendo serem uma inevitável fraqueza da natureza humana. Para evitar uma tamanha queda, é preciso aprender a escutar a voz de Deus e cumprir aquilo que Ele nos ensina.

4. Podemos receber o Espírito Santo através da oração. A oração é o meio mais simples, mais seguro e alcançável para receber o Espírito Santo. Como uma pessoa é constituída pela alma e pelo corpo, a oração pode ser interior e exterior. O mais importante na oração é a concentração e a sinceridade, o que se alcança com o esforço interior. Contudo, o corpo não deve ficar sem ação: ele pode e deve ajudar a alma a rezar. Podem contribuir para a oração num meio exterior: a solidão, o silêncio, os ícones, uma lamparina acesa, as prostrações; e quando a pessoa se encontra na igreja, pode contribuir a arte, a arquitetura, o canto harmonioso e suave, as bonitas cerimonias, etc.

Concentrar o pensamento na oração, dedicando o coração totalmente a Deus, não é um trabalho fácil. Em primeiro lugar é indispensável estabelecer um tempo regular para a oração (por exemplo de manhã e a noite), é preciso ter estabilidade e paciência, superar a pressa, a distração, a indiferença e a falsidade; é preciso se esforçar para que o coração se encha de amor a Deus. É preciso muito esforço para aprender a rezar corretamente. Nos é conhecido que os santos se esforçavam durante toda a vida para aprender a ciência da oração. Apesar de tudo, os teus próprios esforços não são suficientes para que a oração seja fervente e venha do fundo do coração. Isso não se consegue sem a ajuda do Espírito Santo. Apenas Ele dá a verdadeira oração.

Uma oração sincera traz sempre conforto e paz ao coração. Os santos sabem bem isso, eles passavam noites inteiras de pé a rezar e, envolvidos num doce encantamento não davam conta do tempo. Eles tinham se tornado dignos de receber a mais próxima e a mais vital iluminação do Espírito Santo. Por isso reza , apesar de que ao princípio a tua oração não seja perfeita, devido a tua pecabilidade e ignorância. Reza com dedicação e esforço, habituando-te a teres uma conversa sincera com Deus. Dessa maneira, vais aprender a rezar e vais começar a sentir um doce contentamento. Se mantiveres a estabilidade durante esse esforço, o Espírito Santo terá piedad de, e irá habitar em ti.

A Sagrada Escritura diz: orai sem cessar (Tess. 5:17). Será isso possível para as pessoas que vivem em sociedade? Estando sempre a rezar como poderá realizar todas as tuas tarefas? O conselho de orar sem cessar, não diz respeito a oração exterior mas sim a oração interior. Tendo o desejo de direcionar o teu pensamento a Deus, podes fazê-lo mesmo sem estares só e durante as tuas tarefas. Apenas quem não quer rezar, é que não encontra tempo para isso.

5. O jejum e as obras de caridade ajudam a oração. Um dos santos recomendava: "Se queres que a tua oração voe até Deus, dá-lhe duas asas; jejum e misericórdia."

O que é o jejum e porque precisamos dele? Jejum - é uma voluntária restrição aos alimentos, às bebidas e às satisfações. O objetivo do jejum é pacificar o corpo, tornando-o obediente relativamente a alma. Um corpo supersaturado exige conforto e descanso, dá origem à preguiça e impede a mente de se elevar a Deus. O corpo, como um criado arrebatado, levanta-se contra o seu patrão - a alma - e quer ter poder sobre ela. Durante o jejum deve-se controlar a qualidade da comida, (ou seja, não comer laticínios nem carne e evitar a satisfação do gosto) e também a quantidade, restringindo-se as necessidades mínimas do corpo. Conjuntamente deve-se limitar os desejos impuros do corpo, dessa maneira o teu jejum será verdadeiro. Jejuando exteriormente, tens que jejuar interiormente também. Evite conversas vazias e pecadoras, ponha medida aos teus desejos e evite os pensamentos impuros e as fantasias. As experiências demonstram que não há nada mais difícil do que fazer parar os vagos pensamentos e direcioná-los a Deus e a oração. Isso parece semelhante a domação dos cavalos que se mantêm teimosos e incontroláveis durante muito tempo.

Uma pessoa que não tem uma vida espiritual, nem imagina como é difícil controlar os pensamentos. Ocupando-se apenas com as tarefas da vida, a pessoa fica com a impressão de que a sua mente está sempre ocupada de pensamentos úteis, mas a medida que ela começa a se esforçar para desenvolver uma vida espiritual e tenta pensar em temas espirituais, os seus pensamentos começam a sofrer. Aqui temos algo parecido com a água de um lago pouco profundo, se não agitamos a superfície, a água parece clara mas se a mexemos, o lodo que está no fundo levanta-se e turva a água do lago. De um modo semelhante, temos no fundo do nosso coração diferentes vícios e paixões que turvam a alma da pessoa que os começa a levantar e a lutar contra eles. É como nos explicam os pais santos: se as pessoas demonstram o desejo de se salvar, sentem-se logo afrontadas pelo demônio que tentando desviá-las da boa iniciativa, utiliza todas as formas para confundir suas almas com idéias e sentimentos imorais. Contudo, não te rendas as suas armadilhas e não te desvies do caminho da salvação. É igualmente importante saberes que uma pessoa não pode meditar ao mesmo tempo sobre duas coisas diferentes. Se ocupas a tua mente com pensamentos úteis, (lendo livros ou estudando algum assunto válido) os pensamentos sujos não podem estar presentes. Por isso dedica mais tempo a ler a Sagrada Escritura e livros religiosos, inspirando-te neles e refletindo em temas espirituais, reza e pede a Deus que te ilumine. Aí o Espírito Santo vendo o teu esforço virá habitar em ti tornando o teu coração puro.

O amor revela-se nas obras de caridade, que consistem em: dar comida a quem tem fome ou água a que tem sede, vestir quem não tem roupa, visitar quem está doente ou preso e ajudá-lo , dar refúgio a quem não tem abrigo, tratar de alguma criança órfã e outras coisas semelhantes. Tudo isso deve ser feito com o desejo de ajudar ao próximo, sem se gabar nem esperar gratidão. O Salvador nos diz que: quando dás esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê em segredo te pagará (Mat. 6:3-4).

6. O Espírito Santo pode ser recebido, lendo com veneração a Sagrada Escritura, como ela é a palavra de Deus, contém em si o tesouro da luz espiritual e da sabedoria. A Sagrada Escritura é um dos grandes benefícios de Deus e pode ser utilizada por quem o desejar. A realidade salvadora está escrita na Bíblia de uma forma tão clara, que mesmo a pessoa mais simples e menos instruída consegue compreender. Na história da igreja e na vida dos santos, podemos observar que as pessoas mais simples recebiam esclarecimento, tornavam-se piedosos e recebiam dons abundantes do Espírito Santo. Havia também, casos de pessoas instruídas que ao lerem a Escritura se confundiam e caiam em heresias. A diferença é que uns liam a Bíblia com simplicidade de coração, procurando unicamente uma direção espiritual, outros faziam críticas tentando descobrir inconsistências. Pensando que estavam a compreender tudo, deixaram-se levar pelo orgulho, tornando-se falsos profetas. Tens que ter a consciência de que a mente humana não está apta a conter a sabedoria divina, mas que Deus dá sabedoria as pessoas que têm um coração bom e puro. Deus faz as pessoas compreender o que é bom para elas e para os que se comunicam com elas, por isso quando leres a Bíblia, põe de lado todas as tuas preocupações da vida e entrega-te a vontade Daquele que fala contigo através da Sagrada Escritura e pede a Jesus Cristo que te dê sabedoria para te salvares.

Além da Sagrada Escritura, existem muitos livros benéficos para os cristãos como: as obras dos pais santos, a vida dos santos, contos religiosos, sermões e outras obras teológicas de autores ortodoxos. Dos livros que te são acessíveis lê apenas aqueles que se baseiam na Escritura, e que estão de acordo com o ensinamento da igreja ortodoxa. Toma cuidado com os outros porque podem ter veneno espiritual.

7. Em relação à Comunhão, Jesus Cristo disse: O que come a Minha carne e bebe o Meu sangue, vive em Mim e Eu vivo nele, ele tem em si a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia (João 6:54-56). Deste modo, quem comunga o Corpo e o Sangue de Cristo, unindo-se misteriosamente com Ele participa na Sua vida divina. Por esta razão deve-se comungar com fé, tendo purificado a alma com arrependimento, e tendo em consciência a sua indignidade, mas com esperança na misericórdia de Deus. Recebendo Jesus Cristo no seu coração, a pessoa recebe o Espírito Santo e o Pai Celeste, porque Deus é só um e é inseparável, assim a pessoa tem a dignidade de ser o templo vivo de Deus, honrado na Trindade. Por outro lado, quem comunga indignamente, ou seja com a alma maculada e com o coração cheio de ódio, de inveja, ou outras paixões, além de não receber o Espírito Santo, será comparado a Judas, o traidor.

Os cristãos dos primeiros séculos, tendo em consciência a importância e o bem da Santa Comunhão, comungavam todos os Domingos, o que era chamado de dia do Senhor. É como se diz no livro dos Atos: E a multidão dos que criam tinha um só coração e uma só alma (Atos 4:32). Meu Deus, como é grande a diferença entre eles e nós! Quantos de nós raramente comungam, e por vezes passam anos sem comungar, e quantos são os casos de pessoas que se aproximam do cálice sem preparação nenhuma e sem temor a Deus!

Pela vossa salvação, tentem participar dos Santos Mistérios com mais freqüência, pelo menos uma vez por ano. O Corpo e o Sangue de Cristo é um verdadeiro remédio contra todas as doenças, morais e físicas. Haverá alguém perfeitamente saudável entre nós? Quem não quer receber ajuda ou alívio? O Corpo e o Sangue do nosso Salvador Jesus Cristo, é o alimento que nos dá forças durante o caminho para o Reino do Céu. Será possível realizar uma longa e difícil viagem sem alimento? O Corpo e o Sangue de Cristo é algo sagrado que nos fora deixado por Ele para a nossa salvação. Quem pode se recusar de participar de algo tão sagrado? Não tenham preguiça de vos aproximar do Cálice da Vida, mas aproximem-se dele com temor a Deus e fé. Quem o despreza, não ama Jesus Cristo, consequentemente não pode receber o Espírito Santo, e não poderá entrar no Reino do Céu.

Enfim, temos aqui todos os meios para receber o Espírito Santo: pureza de coração, humildade, atenção a voz de Deus, oração acompanhada de jejum e de misericórdia, leitura da palavra de Deus e Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo. É claro que cada um destes meios serve para receber o Espírito Santo, mas o melhor seria recorrer a todos os meios salvadores. Devemos juntar ao que já foi dito, que se por algum motivo, alguém que se tenha tornado digno de receber o Espírito Santo, pecando O afaste, não se desespere. Não pense que se privou dessa benção para sempre, mas sem perder tempo, direcione-se a Deus numa profunda oração com arrependimento e o piedoso Espírito Santo voltará a ele.

Conclusão

Sem fé em Jesus Cristo, ninguém pode voltar para Deus e entrar no Reino do Céu. Não agindo como agiu Jesus Cristo, ninguém se pode chamar Seu discípulo, e mesmo que creia Nele, não poderá participar da Sua glória. Sem ajuda do Espírito Santo ninguém pode seguir Jesus Cristo, e quem quer receber o Espírito Santo deve utilizar os meios que nos foram indicados pelo Senhor.

É importante termos em mente que o caminho que nos foi revelado por Jesus Cristo é o único e que nunca houve nem vai haver outro caminho além deste. Muitas vezes este caminho torna-se difícil, contudo, é ele o único que nos leva diretamente ao destino. Outras vezes, o cristão encontrará durante o caminho tais contentamentos e satisfações que nem se podem comparar aos bens deste mundo. Jesus Cristo ajuda-nos durante o caminho: dá-nos o Espírito Santo, manda o Anjo da Guarda para nos proteger, envia-nos instrutores e guias, e Ele próprio nos pega pela mão levando-nos à salvação.

Se o caminho para o Reino do Céu é considerado difícil, o sofrimento eterno é incomparavelmente mais assustador. Considerando difícil o caminho para a felicidade celeste, não podemos considerar mais fácil o caminho para a felicidade terrestre. Reparem no esforço daqueles que juntam tesouros aqui na terra e na quantidade de desilusões, noites em branco e outras limitações que eles sofrem. Podem recordar quanto trabalho, dinheiro e preocupações vos custou uma satisfação temporária. E que sentido teve isso? Em vez da felicidade esperada, vocês continuavam decepcionados e cansados. Por isso, se observarmos bem o essencial do assunto, vemos que não nos afastamos do caminho da salvação por ele ser na verdade o mais difícil, mas porque assim nos parece. O diabo, experiente mentiroso, é que nos mostra o caminho da salvação difícil e o caminho da perdição fácil. É por causa disso que muitos destrõem as suas almas.

Irmãos, para evitar a perdição eterna temos que nos preocupar com o nosso futuro. Nós sabemos que além da sepultura uma das duas coisas nos espera: o Reino do Céu ou a perdição perpétua, - não existe nenhum estado intermediário - ou temos a eterna felicidade ou o eterno martírio. Tal como existem dois estados para lá da sepultura, existem dois caminhos aqui na terra, um deles é largo e parece fácil e é por esse que segue a maioria, o outro é estreito e espinhoso, poucos seguem por ele. É centuplicadamente feliz aquele que segue por esse caminho estreito. Irmãos, estando a caminhar pelo caminho largo, se morrermos de repente o que será de nós? A quem é que vamos recorrer lá? A Deus? Como? Se nós aqui não o queríamos ouvir, Ele não nos ouvirá lá. Por enquanto, Ele é o nosso misericordioso Pai, mas lá será um juiz justo. Quem nos defenderá contra a fúria íntegra Dele? Ó irmãos, é assustador cair nas mãos de Deus vivo! Por isso preocupem-se com a vossa salvação enquanto ainda há tempo.

Trabalhem pela salvação enquanto é dia, porque há da chegar a noite e não vai ser possível mudar nada. Preparem-se para o Reino do Céu enquanto conseguem andar, mesmo que seja um pouco, mesmo que forem a rastejar, mas andem na direção correta. Vocês vão se alegrar eternamente por cada passo que fizeram. Que o misericordioso Senhor vos ajude nisso! Glória e gratidão a Ele ao longo dos séculos dos séculos. Amém.

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Missionary Leaflet # P57

Copyright (c) 2000 and Published by

Holy Protection Russian Orthodox Church

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Editor: Bishop Alexander (Mileant).

 

(king_p.doc, 04-02-2000)