Parábolas Evangélicas

 

Autoria: Bispo Alexander (Mileant)

Tradução: Marina Tschernyschew

 

 


Índice:  

 

1. Parábolas Sobre o Reino de Deus.

Parábola do Semeador. Parábola do Joio. Parábola da Semente Parábola do Grão de Mostarda. Parábola do Fermento. Parábola do Tesouro Escondido no Campo.

2. Parábolas da Misericórdia de Deus.

Parábola da Ovelha Pedida. Parábola do Filho Pródigo. Parábola do Publicano e do Fariseu.

3. Parábolas das Boas Obras e das Virtudes.

a) Parábola do Perdão às Ofensas. Parábola do Credor Incompassivo. b) Parábolas das Boas Obras. Parábola do Bom Samaritano. Parábola do Mordomo Infiel. Parábola do Rico e Lázaro. c) Parábolas das Virtudes. Parábola do Rico Insensato. Parábola dos Talentos. d) Parábolas Sobre a Sensatez e a Oração. Parábola do Edificador da Torre e do Rei, Pelejando a Guerra. Parábola do Amigo Importuno a Rogar por Pão e do Juiz Iníquo.

4. Parábolas Sobre a Responsabilidade e a Bem-Aventurança.

a) Parábolas Sobre a Responsabilidade do Homem. Parábola dos Lavradores Maus. Parábola da Figueira Estéril. Parábola das Bodas. b. Sobre a (Grace of God) Bem-Aventurança de Deus. Parábola dos Trabalhadores e das Diversas Horas de Trabalho. Parábola das dez Virgens. Parábola dos Servos Aguardando o Senhor.

Conclusão.

Indicador dos Textos Paralelos às Parábolas Evangélicas.

1. Parábolas Sobre o Reino de Deus. 2. Parábolas Sobre a Misericórdia de Deus e o Arrependimento. 4. Parábolas das Boas Ações e das Virtudes 4. Parábolas da Responsabilidade e da Bem-Aventurança

Lista dos Temas das Parábolas.

 


 

 

 

Significado das Parábolas Evangélicas.

Não era raro Nosso Senhor Jesus Cristo pregar seus ensinamentos em forma de contos alegóricos, parábolas, tomando exemplos da natureza e da vida cotidiana. Apesar das parábolas também terem sido utilizadas pelos profetas do Antigo Testamento, foi nos lábios do Filho de Deus que as mesmas adquiriram maior perfeição e beleza.

Foram vários os motivos que fizeram o Salvador recorrer às parábolas. Em primeiro lugar, Ele ensinava profundas verdades espirituais, de difícil compreensão para Seus ouvintes — pessoas, em sua maioria privadas de qualquer tipo de instrução. Já o conto expressivo e concreto, extraído de fatos cotidianos, poderia permanecer na memória por vários anos, e, ao refletir sobre o mesmo, a pessoa teria a possibilidade de uma compreensão gradativa da sabedoria oculta na parábola. Em segundo lugar, as pessoas que não compreendiam na íntegra os ensinamentos explícitos de Cristo, podiam, com o passar do tempo, passar a relata-los e interpretá-los de maneira deturpada. As parábolas conservavam a pureza do ensinamento de Cristo tornando seu conteúdo acessível em forma de uma narrativa concreta. Em terceiro lugar, as parábolas possuem uma grande abrangência moral, que possibilita o emprego das Leis de Deus, não somente na vida privada, mas também na vida em sociedade, inclusive nos processos históricos.

As parábolas de Cristo são notáveis pois, apesar dos séculos que se passaram, as mesmas não perderam seu viço, sua pureza e beleza radiante. Elas vem a ser um exemplo evidente da estreita unidade que existe entre o mundo espiritual e o físico, entre os processos internos do homem e sua manifestação na vida.

Nos Evangelhos encontramos mais de trinta parábolas. As mesmas podem ser divididas relativamente a três períodos das pregações comunitárias do Salvador. Ao primeiro grupo pertencem as parábolas contadas por Cristo logo após o Sermão da Montanha, no período entre a segunda e terceira Páscoas de suas pregações em comunidade. Nestas parábolas iniciais trata-se das condições da propagação e do fortalecimento do Reino de Deus entre pessoas espiritualmente asselvajadas. A estas pertence a Parábola do Semeador, do Joio, da Semente, do Grão de Mostarda, da Pérola, e outras. Trataremos das mesmas no 1Ί Capítulo.

O segundo grupo de parábolas foi narrado por Cristo no final do terceiro ano de sua pregação comunitária. Nestas parábolas Ele fala da misericórdia infinita de Deus às pessoas arrependidas e relata as leis morais concretas. À estas pertencem as parábolas da Ovelha Perdida, do Filho Pródigo, do Credor Incompassivo, do Bom Samaritano, do Rico Insensato, do Edificador da Torre, do Juiz Iníquo, e outras. Sobre estas parábolas trataremos no 2Ί e 3Ί Capítulos.

Em suas últimas parábolas (terceiro período), narradas pouco antes da Via Sacra, Jesus falava da Bem-Aventurança de Deus e da responsabilidade do homem frente a Deus. Aqui, o Senhor previu os castigos que deverão suceder ao povo judeu incrédulo por sua falta de fé, tratou da sua Segunda Vinda, do Juízo Final, da recompensa aos justos, e da vida eterna. A este último grupo pertencem as parábolas da Figueira Estéril, dos Lavradores Maus, dos Convidados das Bodas, dos Talentos, das Dez Virgens, dos Trabalhadores e das Diversas Horas de Trabalho, e outras. Estas parábolas estão apresentadas no Capítulo 4.

 

 

1. Parábolas Sobre o Reino de Deus.

No primeiro grupo de parábolas, Nosso Senhor Jesus Cristo relata o Seu ensinamento sobre a propagação do Reino de Deus ou do Reino dos Céus entre os homens. Sob esta denominação devemos compreender a Igreja de Cristo, a qual, consistia inicialmente de um pequeno grupo de discípulos de Cristo e, após a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos no dia do Pentecostes, começou a se propagar por todo o mundo. A Igreja de Cristo, antagonicamente à religião do Antigo Testamento, à qual pertenciam somente os judeus, em termos de missão e essência espiritual não é limitada por qualquer tipo de território, nacionalidade, cultura, idioma ou por quaisquer outros indícios externos. A mesma procura conclamar a todos para a salvação. Por Seu Único Filho, Deus se compadece e perdoa a qualquer pessoa, ofertando a todos, à medida de sua sinceridade e devoção, a Sua bem-aventurança, além de uma iluminação espiritual e felicidade indescritível.

No Evangelho, as pessoas que se tornaram membros da Igreja de Cristo, são chamadas de "filhos do Reino," contrariamente aos "filhos do astuto" — os incrédulos e os pecadores obstinados. Sobre as condições da propagação e do fortalecimento do Reino de Deus entre os homens nos falam as Parábolas do Semeador, do Joio, da Semente, do Grão de Mostrada, do Fermento e do Tesouro Escondido no Campo.

 

 

Parábola do Semeador.

Esta parábola, em termos temporais, vem a ser a primeira parábola do Salvador. A mesma relata como cada pessoa aceita de maneira diferente a palavra de Deus (semente), e como esta palavra atua diversamente sobre as pessoas, dependendo de sua inclinação espiritual. Esta parábola é assim narrada pelo Evangelista Mateus:

 

"Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves e comeram-na. E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu porque não tinha terra funda. Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na. E outra caiu em terra boa, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!" (Mat. 13:1-23).

 

Nesta parábola, o caminho se assemelha aos homens, moralmente embrutecidos. A Palavra de Deus não pode penetrar em seus corações: a mesma parece cair sobre a superfície de suas consciências, apagando-se rapidamente de suas memórias, sem interessá-los nem tampouco despertar quaisquer tipos de sentimentos espirituais superiores. Os pedregais assemelham-se às pessoas de humor inconstante, nas quais os arroubos de bondade tem a mesma pouca profundidade da fina camada de terra que recobre a superfície dos rochedos. Estas pessoas, mesmo ao se interessarem, em algum momento de suas vidas, pela verdade Evangélica, não se mostram capazes de sacrificar os seus interesses, modificar seu modo de vida habitual, iniciar uma luta constante com suas más inclinações em prol destas verdades. Diante das primeiras provações, estas pessoas desanimam e são vencidas pela tentação. Ao mencionar o solo espinhoso, Cristo refere-se às pessoas sobrecarregadas com as questões cotidianas, que visam lucros e apreciam o prazer. As atribulações do dia a dia, a corrida desenfreada atrás dos ilusórios bens materiais, analogamente à erva daninha, reprimem tudo o que estas pessoas tem de bom e de sagrado. E, finalmente, as pessoas com o coração solícito à bondade, prontas para modificar suas vidas de acordo com os ensinamentos de Cristo são semelhantes a terra fértil. Estas pessoas, ao ouvirem a palavra de Deus, tem o firme propósito de seguí-la, trazendo o fruto das boas ações, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta vêzes, cada uma dependendo das suas forças e sua devoção.

Jesus terminou esta parábola com a exclamação: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!" Com este apelo o Senhor toca no coração de cada pessoa, estimulando-a a espiar no íntimo de sua alma e a compreender: não estaria ela semelhante à um campo abandonado, revestido pelas ervas daninhas de sua vida pecadora? Mas não se deve perder as esperanças! Qualquer terra inicialmente imprestável para plantio, com o zelo e o esforço do lavrador pode se tornar a mais fértil das terras. Assim, cada um de nós, devemos nos esforçar em corrigir-nos por meio do arrependimento, da oração, da temperança frente aos excessos e aos prazeres pecaminosos — e começar a ofertar a Deus os frutos das boas ações. Nisto consiste a incumbência de nossa vida. Cada pessoa, mesmo o pecador mais "inveterado," com a ajuda de Deus pode tornar-se um justo e até um santo. Toda a história da cristandade testemunha este fato!

 

 

Parábola do Joio.

A Igreja de Cristo na Terra, sendo em essência o reino espiritual, possui, logicamente, uma conformação externa, já que consiste de pessoas de carne e osso. Infelizmente, nem todas as pessoas abraçam a fé cristã por uma convicção interior, com o intuito de cumprir em tudo a vontade de Deus. Alguns tornam-se cristãos por força das circunstâncias, por exemplo: seguindo um exemplo geral, ou inconscientemente, ao serem batizados por seus pais na infância. Outras pessoas, apesar de terem ingressado no caminho da salvação com uma intenção sincera de servir a Deus, com o passar do tempo enfraqueceram em sua devoção e começaram a sucumbir aos pecados e vícios anteriores. Por força destas circunstâncias, não é raro pertencerem a Igreja, pessoas que, em termos de sintonia espiritual e modo de vida, são mais pagãs do que cristãs. Suas atitudes repreensíveis não podem deixar de provocar reprovações, por lançarem uma sombra sobre toda a Igreja, dando motivo a injúria do próprio ensinamento de Cristo.

Em sua Parábola do Joio, Jesus fala-nos do triste fato de que, nesta vida temporal, juntamente com os membros crédulos e bons do Reino de Deus, convivem também os membros indignos, os quais, distintamente aos filhos do Reino, Cristo chama de "filhos do astuto." Esta parábola é assim narrada pelo Evangelista Mateus:

 

"O reino de Deus é semelhante ao homem que semeia boa semente no seu campo. Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe : "Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem então joio?" E ele lhes disse: "Um inimigo é quem fez isso." E os servos lhe disseram: "Quereis pois que vamos arrancá-lo?" Porém ele lhes disse: "Não, para que ao colher o joio não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até a ceifa. E, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo ajuntai-o no meu celeiro" (Mat. 13:24-30).

 

Nesta parábola, sob joio devemos compreender como é tentador na vida eclesiástica e na vida das próprias pessoas, o modo de vida vigente, indigno do chamamento cristão. A história da igreja é salpicada por fatos que, de maneira alguma poderiam provir de Deus — heresias, revoltas e cismas eclesiásticas, perseguições religiosas, desavenças e intrigas paroquiais, atitudes lascivas de pessoas, que porventura ocuparam postos de destaque na igreja. Uma pessoa superficial ou distante da vida espiritual, ao observar estes fatos, está pronta para jogar a pedra da condenação no próprio ensinamento de Cristo, julgando-o incapaz de corrigir as pessoas.

Na Parábola do Joio, Cristo apresenta a verdadeira origem de todas as obras obscuras — o demônio. Se fossemos capazes de abrir nossa visão espiritual, enxergaríamos que existem criaturas malignas reais, denominadas demônios, que incitam as pessoas a praticarem o mal de maneira persistente e consciente, jogando habilmente, aproveitando as suas fraquezas. Segundo esta parábola, os próprios instrumentos desta força maligna invisível — as pessoas — não podem ser consideradas inocentes : "Enquanto os homens dormiam, veio o inimigo e semeou o joio," ou seja, devido ao descuido dos homens, o demônio tem a possibilidade de influir sobre eles.

Porque Deus não destrói as pessoas que praticam o mal? Justamente pelo motivo descrito na parábola, "para que ao arrancar o joio não venha a danificar o trigo," ou seja, para que, ao punir os pecadores, não venha a afetar simultaneamente os filhos do Reino — os bons membros da Igreja. Nesta vida, as relações entre as pessoas são tão estreitamente entrelaçadas, como as raízes de plantas que crescem juntamente no campo. As pessoas são relacionadas entre si por inúmeras afinidades de ordem familiar, social, entre outras, todos dependemos uns dos outros. Com isso, por exemplo, um pai indigno — bêbado ou depravado — pode ser capaz de criar com desvelo seus filhos devotos; o bem-estar de trabalhadores honestos muitas vêzes depende de um patrão rude e interesseiro; o dirigente incrédulo pode vir a ser um legislador sábio e útil para os cidadãos. Se Deus simplesmente punisse indistintamente a todos os pecadores, toda a estrutura vital seria radicalmente violada, na qual, os bons indivíduos, mas pouco adaptados à vida, seriam inevitavelmente afetados.

Além disso, não é raro acontecer de um membro da Igreja, com muitos pecados, após passar por um grande problema ou abalo em sua vida, venha a se endireitar, transformando-se assim de "joio" em "trigo." A história testemunha muitos exemplos desta transformação radical do modo de vida, como por exemplo, o rei Manassias do Antigo Testamento, o apóstolo Paulo, o príncipe Vladimir, e várias outras figuras históricas. Deve-se lembrar que nesta vida ninguém é condenado à perdição: cada pessoa tem a oportunidade de se arrepender e salvar sua própria alma. O prazo do arrependimento somente finda ao término do prazo de vida do indivíduo, quando chega o dia de sua "colheita," e conclui-se o seu passado.

A parábola do joio ensina-nos a ficar em vigília, ou seja, prestar atenção ao nosso estado espiritual, sem confiar em nossa própria retidão, para que o demônio, aproveitando a nossa distração não semeie desejos pecaminosos. Juntamente com isso, a parábola do joio ensina-nos a ter uma atitude madura frente aos fatos eclesiásticos, lembrando que, nesta vida terrena, enquanto o demônio causa estragos e as pessoas ficam possuídas por desejos, os fenômenos negativos são inevitáveis. Seria possível o cultivo do trigo sem nunca ter conhecido o joio? Mas, como as ervas daninhas nada tem em comum com o trigo, assim o Reino Espiritual de Deus nada tem em comum com o mal que às vêzes ocorre dentre os muros das igrejas. Nem todos aqueles que fazem parte do rol dos paroquianos pertencem realmente à Igreja de Cristo, ou seja, há muitos convocados, mas poucos escolhidos.

Com isso, o Reino de Deus não é somente um ensinamento que se mostra pela fé. O mesmo comporta uma enorme força abençoada, capaz de transformar todo o mundo espiritual do indivíduo. Cristo nos conta sobre esta força de renascimento de Seu Reino Bem-aventurado na parábola a seguir.

 

 

Parábola da Semente

 

escrita pelo Evangelista Marcos, no quarto capítulo de seu Evangelho:

 

"O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra. E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio da espiga. E quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa" (Mc. 4:26-29).

 

Como a planta que, ao brotar de uma semente, passa por vários estágios de crescimento e desenvolvimento, a pessoa que adotou o ensinamento de Cristo, ao ser batizada, com a ajuda da bem-aventurança divina, passa por uma gradativa transformação interior e evolui. No início de seu caminho espiritual, a pessoa mostra-se repleta de arroubos de bondade, que parecem fecundos, mas que, em verdade, são imaturos, como os jovens brotos das plantas em crescimento. Deus não subjuga a vontade humana com Sua onipotência, proporcionando-lhe sim, um período para se aperfeiçoar através desta força benévola, para se fortalecer e tornar-se virtuoso. Somente a pessoa espiritualmente madura é capaz de ofertar a Deus o fruto perfeito das boas ações. Quando Deus vê o homem espiritualmente determinado, maduro, Ele leva-o deste mundo para perto de Si, o que na parábola é denominado como "ceifa."

De acordo com as colocações desta parábola sobre a semente, devemos aprender a ter uma atitude paciente e condescendente frente às fraquezas das pessoas que nos cercam, já que todos encontramo-nos num processo de crescimento espiritual. Alguns atingem a maturidade espiritual mais cedo, outros mais tarde. A parábola a seguir sobre o grão de mostarda complementa a parábola anterior, falando sobre a manifestação externa do poder da bem-aventurança nas pessoas.

 

Parábola do Grão de Mostarda.

 

"O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, quando se semeia na terra, é a mais pequena de todas as sementes que há na Terra. Mas, tendo sido semeado cresce, e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo de sua sombra" (Mt. 13:31-32).

 

No Oriente, a planta da mostarda atinge enormes dimensões (mais de doze pés), entretanto, sua semente é extremamente diminuta, portanto, os judeus da época de Cristo costumavam ter um ditado: "Pequeno, como um grão de mostarda." Esta comparação do Reino de Deus com o grão de mostarda confirmou-se plenamente com a rápida propagação da Igreja nos países do mundo pagão. A Igreja, sendo inicialmente uma sociedade religiosa reduzida, insignificante para o resto do mundo, representada por um pequeno grupo de pescadores iletrados da Galiléia, propagou-se por todo o mundo antigo num período de dois séculos, partindo das terras selvagens dos citas, até a tórrida África, a longínqua Bretanha, e a misteriosa Índia. Pessoas das mais variadas raças, línguas e culturas encontraram na Igreja a salvação e a paz espiritual, da mesma maneira que as aves buscam abrigo nos ramos de um suntuoso carvalho durante as tempestades.

No que tange a bem-aventurada transformação do homem, mencionada na parábola da semente, fala-se também na pequena parábola a seguir.

 

 

Parábola do Fermento.

 

"O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado."

 

As "três medidas" de farinha simbolizam as três forças espirituais: a razão, a vontade e os sentimentos, que são transfiguradas pela bem-aventurança de Deus. A última ilumina a razão, desvendando-lhe as verdades espirituais, fortalece a vontade nas boas obras, apazigua e purifica os sentimentos, inspirando no homem uma felicidade radiante. Nada no mundo se compara à bem-aventurança de Deus: as coisas terrenas nutrem e fortalecem o corpo físico, já a bem-aventurança de Deus nutre e fortalece a alma imortal humana. Eis o motivo do homem precisar valorizar, antes de mais nada, a bem-aventurança de Deus e estar pronto a sacrificar tudo por Ela, como Cristo disse na parábola a seguir.

 

 

Parábola do Tesouro Escondido no Campo.

Esta parábola fala do entusiasmo e da felicidade vivenciada pelo homem quando seu coração é tocado pela bem-aventurança de Deus. Aquecido e iluminado com sua luz, o homem vê claramente toda a futilidade e insignificância dos bens materiais.

 

"O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo" (Mt. 13:44).

 

A bem-aventurança de Deus é este falso tesouro, comparado ao qual todas os bens materiais mostram-se insignificantes (ou um mero entulho, de acordo com a expressão do Apóstolo Paulo). Entretanto, da mesma maneira que o homem não é capaz de dominar o tesouro, enquanto não vender suas propriedades para comprar o campo onde o mesmo está escondido, assim não se pode alcançar a bem-aventurança de Deus até que o homem decida doar seus bens terrenos. Pela bem-aventurança oferecida na Igreja, é necessário que o homem faça uma doação total: de suas idéias preconcebidas, do seu tempo livre e de sua tranqüilidade, de seus êxitos e dos prazeres da vida. De acordo com a parábola, o homem que encontrou o tesouro, "escondeu-o" para que outros não o roubassem. De maneira análoga, o membro da Igreja, ao receber a bem-aventurança de Deus, deve conservá-la cuidadosamente em sua alma, sem vangloriar-se desta dádiva, para não perdê-la com sua soberba.

Como vemos, neste primeiro grupo de parábolas evangélicas, Cristo fornece-nos um ensinamento concluído e estruturado sobre as condições internas e externas da propagação do bem-aventurado Reino de Deus entre os homens. Na parábola do semeador fala-se da necessidade de purificar o coração dos prazeres mundanos, para torná-lo receptivo à palavra do Evangelho. Com a parábola do joio, Jesus adverte-nos da força maligna invisível que semeia a perdição entre os homens de maneira consciente e astuta.

Nas três parábolas a seguir desvenda-se o ensinamento da força bem-aventurada, existente na Igreja, ou seja: a transfiguração da alma que ocorre de maneira gradual e muitas vêzes, imperceptível (parábola da semente); o poder ilimitado da bem-aventurança divina (parábola do grão de mostrada e do fermento), sendo este poder bem-aventurado o bem mais precioso que um ser humano pode desejar (parábola do tesouro escondido no campo). Este ensinamento sobre a bem-aventurança divina é complementado por Jesus Cristo em suas últimas parábolas dos talentos e das dez virgens. Estas parábolas estão descritas a seguir (capítulos 3 e 4).

 

 

2. Parábolas da Misericórdia de Deus.

Apesar de muitos anos terem se passado, muitas parábolas Evangélicas que ouvimos na infância permanecem em nossa memória. Isto ocorre pelo fato das parábolas serem relatos de grande vivacidade e expressão. Foi para tanto que Cristo transformava algumas verdades religiosas em forma de parábolas — contos, para que estas verdades pudessem ser facilmente memorizadas e retidas na consciência. É suficiente mencionar o nome da parábola e logo vem à mente um vivo relato evangélico. Sem dúvida, em muitos casos, tudo termina com esta imagem evangélica, pois apesar de compreendermos bem o cristianismo, de longe não cumprimos todos seus mandamentos. O cristão deve, necessariamente, ter força de vontade para perceber o significado vital da verdade, e perceber a necessidade de obedece-la. Assim esta verdade tornar-se-á para nós uma nova e cálida luz.

Após um período relativamente longo, alguns meses antes da Via Crucis, Cristo revelou-nos suas novas parábolas. Estas parábolas formam, condicionalmente, o segundo grupo de parábolas. Nestas parábolas, Cristo revelou aos homens a misericórdia infinita de Deus, orientada para a salvação dos pecadores, e forneceu vários ensinamentos evidentes de como, seguindo o exemplo de Deus, devemos amar-nos uns aos outros. Iniciaremos a resenha desta segunda parte, discutindo o conteúdo de três parábolas: da Ovelha Perdida, do Filho Pródigo e do Publicano e o Fariseu, nas quais personifica-se a bem-aventurança de Deus às pessoas arrependidas. Deve-se examinar estas parábolas em relação à grande tragédia, fruto do pecado original, manifestada em forma de doenças, sofrimentos e da morte.

O pecado profanou e deturpou várias facetas da vida humana, desde os tempos mais remotos e imemoráveis. Os inúmeros sacrifícios realizados na época do Velho Testamento, e os rituais de lavagem do corpo forneciam ao homem a esperança do indulto de seus pecados. Esta esperança fundamentava-se na espera da chegada do Redentor à Terra, que deveria libertar os homens de seus pecados, e trazer de volta a bem-aventurança perdida na comunhão com Deus .

 

 

Parábola da Ovelha Pedida.

Esta parábola trata de maneira clara e evidente a tão esperada mudança para o melhor, para a Salvação, quando o Bom Pastor, o Filho de Deus, chega ao mundo para encontrar e salvar sua ovelha perdida — o homem pecador. A parábola sobre a ovelha perdida, assim como as duas parábolas seguintes, são contadas em resposta ao descontentamento dos livreiros judeus enraivecidos, que repreendiam Cristo por sua atitude compassiva aos pecadores inveterados.

 

"Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e não vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe sobre seus ombros, gostoso; e chegando à casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento" (Lc. 15:1-7).

 

Os orgulhosos e jactanciosos livreiros judeus esperavam que o Messias chegasse para formar um reino poderoso e glorioso, no qual eles teriam um papel relevante. Eles não compreendiam que o Messias é, antes de mais nada, um Pastor dos Céus, e não um dirigente terreno. Ele veio ao mundo com o intuito de salvar e trazer de volta ao Reino de Deus aqueles que admitiam ser pessoas irremediavelmente perdidas. Nesta parábola, a compaixão do pastor à ovelha perdida manifesta-se principalmente no fato do mesmo não tê-la castigado, e sim colocado sobre seus ombros e a trazido de volta. Isto simboliza a salvação da humanidade pecadora, quando Cristo crucificado tomou para si os nossos pecados, purificando-os. A partir disso, o poder expiatório do sofrimento da crucificação de Cristo possibilita o renascimento moral do homem, devolvendo-lhe a retidão perdida e o deleite da comunhão com Deus.

 

 

Parábola do Filho Pródigo.

Esta parábola completa a primeira, ao tratar do outro lado da salvação — do retorno voluntário do homem ao seu Pai Celestial. A primeira parábola trata do Salvador que busca o pecador com o intuito de ajudá-lo, já a segunda — trata do próprio esforço do indivíduo, indispensável para a comunhão com Deus.

 

"Um certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai tem abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei Ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado de teu filho; fazei-me como um dos teus jornaleiros. E, levantando-se, foi para seu pai; e quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa o melhor vestido, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos; Porque este meu filho estava morto e reviveu, tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se" (Lc 15:11-24).

 

Na parábola do filho pródigo, são apresentados traços característicos do percurso da vida de um pecador. A pessoa entretida com os prazeres mundanos, após uma série de erros e derrocadas, finalmente "cai em si," ou seja, começa a tomar consciência de sua futilidade, e da imundície de sua vida, e resolve, arrependida, retornar a Deus. Esta parábola é muito vital do ponto de vista psicológico. O filho pródigo somente soube avaliar a sorte de estar com seu pai, após o sofrimento que passara estando longe dele. É exatamente da mesma maneira que muitas pessoas só começam a dar o devido valor à comunhão com Deus quando sentem profundamente a mentira e a inutilidade de suas vidas. Partindo deste ponto de vista, esta parábola demonstra fielmente o lado positivo dos pesares e fracassos da vida. O filho pródigo possivelmente jamais teria caído em si, se a pobreza e a fome não tivessem lhe proporcionado a devida lucidez.

Esta parábola personifica o amor de Deus aos pecadores através do exemplo do pai sofrido, que saía diariamente pelos caminhos, na esperança de ver seu filho retornando. Ambas as parábolas apresentadas, da Ovelha Perdida e do Filho Pródigo falam-nos da importância e significado da salvação do homem para Deus. No final da parábola do filho pródigo (aqui omitido) fala-se do irmão mais velho, indignado com o perdão do pai ao irmão mais moço. Com a figura do irmão mais velho, Cristo subentendia os livreiros judeus invejosos. De um lado, eles desprezavam profundamente os pecadores - os publicanos, depravados, e outros, desdenhando-os; por outro lado, indignavam-se que Cristo tratava com eles, ajudando estes pecadores a trilhar o caminho do bem. Esta compaixão de Cristo aos pecadores levava-os à loucura.

 

 

 

Parábola do Publicano e do Fariseu.

Esta parábola complementa as duas parábolas anteriores concernentes à misericórdia de Deus, demonstrando que a humilde conscientização de seus pecados por parte do homem é mais importante para Deus do que os pretensos e orgulhosos benfeitores.

 

"Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, estando de pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito dizendo: ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado" (Lc. 18: 9-14).

 

Possivelmente, o fariseu descrito nesta parábola, não era má pessoa. Em todo caso, ele não fez mal a ninguém. Mas, conforme se pode observar à partir da parábola, ele também não realizou verdadeiras boas obras. Entretanto, ele cumpria rigorosamente os intrincados rituais religiosos, que até nem eram exigidos pelo Antigo Testamento. Realizando estes rituais, ele tinha um alto conceito acerca de si mesmo. Ele condenou a todos e só absolveu a si mesmo! (De acordo com as palavras de São João, as pessoas com esta inclinação são incapazes de avaliar a si mesmas de maneira crítica, de arrepender-se e de começar uma vida autenticamente virtuosa. Sua essência moral está morta. Por várias vezes Jesus Cristo criticou severamente a hipocrisia dos fariseus e dos livreiros judeus. Entretanto, nesta parábola Cristo limitou-se simplesmente a uma advertência, de que "o publicano desceu justificado para sua casa, e não aquele (o fariseu)," ou seja: o arrependimento sincero do publicano fora aceito por Deus.

As três parábolas apresentadas permitem-nos compreender que o ser humano é um ser ávido e pecador. Ele não tem nada de que se vangloriar perante Deus. Ele necessita tornar ao Pai Celestial com um sentimento de arrependimento e entregar sua vida sob a direção da bem-aventurança de Deus, da mesma maneira que a ovelha perdida entregou sua salvação ao bom pastor!

As parábolas a seguir ensinam-nos a seguir o exemplo de Deus em sua misericórdia, perdoando e amando o nosso próximo, independentemente destas pessoas serem conhecidas ou estranhas.

 

 

3. Parábolas das Boas Obras e das Virtudes.

 

Não precisando de nada, Deus criou este mundo e o homem somente por seu excesso de bem-aventurança. Deu vida aos homens, adornou-os com sua imagem divina, e forneceu-lhes o livre arbítrio, para torná-los participantes de sua bem-aventurança. Quando as pessoas pecaram, Deus não as repudiou terminantemente com seu justo juízo, mas, com sua infinita misericórdia, foi benevolente ao desviá-las do caminho da perdição, devolvendo-lhes a vida eterna através de seu Único Filho. Com a personificação deste ideal de amor absoluto no Criador e no Salvador, o homem, por sua vez, deve perdoar e amar o seu próximo. Pois, na realidade — todos somos irmãos.

Em quatro parábolas, Jesus Cristo ensina-nos como devemos manifestar o amor às pessoas. Dentre elas estão: a parábola do Credor Incompassivo, do Bom Samaritano, do Rico e Lázaro, e do Mordomo Infiel. Com estas parábolas conclui-se que as obras misericordiosas podem ser muito variadas em sua manifestação exterior. Tudo o que fazemos de bom pelas outras pessoas refere-se à estas obras misericordiosas: o perdão às ofensas, a prestação de auxílio àqueles que sofrem, o consolo aos aflitos, um bom conselho, a oração pelos próximos, e várias outras atitudes. Não se pode julgar somente pelos indícios externos qual boa obra tem maior valor aos olhos de Deus. As boas obras não são avaliadas por indícios quantitativos, e sim por seu conteúdo espiritual, pela profundidade do amor e da força de vontade com as quais são realizadas pelo homem. A primeira e mais importante obra de misericórdia, mas longe de ser a mais fácil, vem a ser o perdão às ofensas. Jesus ensina-nos a perdoar os próximos na seguinte parábola.

 

 

 

 

a) Parábola do Perdão às Ofensas.

 

Parábola do Credor Incompassivo.

Esta parábola foi contada pelo Salvador em resposta à uma pergunta de Pedro, sobre quantas vezes se deve perdoar a um irmão. O Apóstolo Pedro pensava que seria suficiente perdoar por até sete vezes. Em resposta a isto Jesus disse que deve-se perdoar até "setenta vezes sete vezes," ou seja, deve-se perdoar sempre, infinitamente. Para elucidar esta questão, Cristo contou a seguinte parábola:

 

"O reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos. E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que devia dez mil talentos. E, não tendo ele com que pagar, o senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então, aquele servo, prostrando-se o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então, o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos , que lhe devia cem dinheiros, e lançando mão dele sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerra-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo pois os seus conservos, o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu igualmente ter compaixão do teu companheiro, como eu tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas" (Mt. 18:23-35).

 

Nesta parábola Deus é condicionalmente comparado ao rei, ao qual seus servos deviam conhecidas somas em dinheiro. O ser humano é um eterno devedor diante de Deus, não somente devido aos seus pecados, mas também pela ausência de boas obras, as quais poderia ter feito, mas não as fizera. Estas obras de amor não realizadas também são dívidas do homem. Assim, na oração pedimos: "perdoai nossas dívidas (ofensas)," e não somente nossos pecados! Ao final de nossa vida, quando deveremos prestar contas da nossa vida diante de Deus, verificaremos que todos somos eternos devedores. A parábola do credor incompassivo diz que podemos contar com a misericórdia de Deus somente com a condição de termos perdoado de todo o coração a quem nos tem ofendido. Portanto, devemos nos lembrar diariamente: Perdoai as nossas ofensas (dívidas) assim como perdoamos a quem nos tem ofendido."

De acordo com esta parábola, as ofensas dos próximos, se comparadas à nossa dívida perante Deus, são tão insignificantes quanto algumas moedas comparadas a um capital milionário. Devemos ressaltar que o sentimento de estar ofendido é muito individual. Possivelmente, uma pessoa praticamente não dará importância à certa palavra ou ato imprudente, enquanto uma outra pessoa, com a mesma palavra ou ato, poderá sofrer por toda as vida. Do ponto de vista espiritual, o sentimento de ofensa é gerado a partir do amor próprio ferido e do orgulho dissimulado. Quanto mais a pessoa tiver amor próprio e for orgulhosa, maior será seu grau de ressentimento. O sentimento de ofensa, se não for imediatamente combatido, pode, com o tempo, passar ao rancor. O rancor, segundo as palavras de São João Lestvichnik, é "a ferrugem da alma, o verme da razão, a infâmia da oração, a alienação do amor ... um pecado incessante." É difícil lutar contra o espírito rancoroso. "A lembrança dos sofrimentos de Cristo" — escreve São João Lestvichnik, — "cura o rancor, fortemente infamado por Sua bondade. Quando, após algum feito, sentires dificuldade em extrair os espinhos, reconheça e reprima-se em suas palavras diante daquele que tens rancor, para envergonhar-te da prolongada hipocrisia, tornando-se capaz de amá-lo absolutamente."

É muito importante pois, a oração para aqueles que nos tem ofendido, ajuda-nos a superar os sentimentos ruins que temos para com eles. Se pudéssemos ver a enorme quantidade de dívidas, das quais deveremos prestar contas a Deus, tentaríamos perdoar com alegria e rapidez a todos os nossos inimigos, até os mais sanguinários, para com isso obter a misericórdia de Deus. Infelizmente, esta consciência da pecaminosidade e da culpa diante de Deus não chega a nós por si mesma, mas exige uma prova rígida e contínua da consciência à luz do ensinamento evangélico. Aquele que se obriga a perdoar o próximo, como recompensa a este esforço, recebe o dom do autêntico amor cristão, que era chamado de rainha das virtudes por nossos santos pais. As parábolas sobre as obras de amor são apresentadas no capítulo a seguir.

 

 

b) Parábolas das Boas Obras.

 

Parábola do Bom Samaritano.

Esta parábola foi contada por Cristo em resposta à pergunta de um legislador hebreu, sobre "quem é o nosso próximo?" O legislador conhecia os mandamentos do Antigo Testamento, que mandava amar o próximo. Mas, como o mesmo não cumpria este mandamento, queria justificar-se por não conhecer quem deveria ser considerado seu próximo. Em resposta à sua indagação, Cristo contou uma parábola, mostrando através do exemplo do bom samaritano, que não se deve preocupar em diferenciar as pessoas próximas das pessoas estranhas, e sim obrigar-se a ser próximo daqueles que necessitam de ajuda.

 

"Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. E, d’ igual modo também um levita, chegando aquele lugar, e vendo-o, passou de largo. Mas, um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele, e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele. E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu te pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira" (Lc. 10:30-37).

 

Temendo prestar auxílio a um integrante de outra tribo, o sacerdote hebreu e o levita passaram por seu compatriota que caíra em desgraça. Já o samaritano, sem pensar quem estava lá deitado — se era um dos seus ou uma pessoa estranha, socorreu o infeliz, salvando-lhe a vida. A bondade do samaritano manifestou-se também pelo fato do mesmo não se limitar em prestar os primeiros socorros, mas tentar garantir o destino do pobre infeliz, tomando para si as despesas e as preocupações no que dizia respeito à sua recuperação.

Com o exemplo do bom samaritano, Cristo ensina-nos como devemos amar o nosso próximo através de obras, sem limitarmo-nos a desejar bons votos e expressar simpatia. Aquele que simplesmente permanece em casa, fantasiando enormes auxílios filantrópicos, não ama seu próximo de maneira autêntica, e sim aquele que não poupa seu tempo, suas forças e recursos para ajudar as pessoas por meio de obras de caridade. Para ajudar o próximo não é necessário compor todo um programa de ajuda humanitária: grandes planos nem sempre se concretizam. A própria vida dá-nos a oportunidade de manifestar diariamente o nosso amor ao próximo, em atitudes como: visitar uma pessoa doente, consolar alguém que esteja triste, ajudar uma pessoa incapacitada a ir no médico ou a fazer alguma tarefa burocrática, doar dinheiro para os pobres, atuar em alguma obra beneficente, dar um bom conselho, evitar discussões, etc. Várias destas tarefas parecem insignificantes, mas durante a vida elas se acumulam, perfazendo um depósito espiritual. As boas obras são uma espécie de reserva regular de pequenas somas para uma poupança. Conforme nos diz Jesus, no céu elas são um tesouro que não pode ser devorado por traças, nem roubado por ladrões.

Deus, com Sua onisciência permite que os homens vivam em variadas condições materiais: alguns — em grande abundância, e outros — em necessidade e até passando fome. Não é raro o homem adquirir sua condição material com trabalho árduo, persistência e capacidade. Entretanto, não se pode negar que, muitas vezes, a posição social e material do indivíduo também pode ser determinada por fatores benéficos externos, independentes à ele. Contrariamente, em condições desfavoráveis, até a pessoa mais capaz e trabalhadora pode ser condenada a viver na pobreza, ao passo que um preguiçoso incapaz poderá deliciar-se com as dádivas da vida, pois o destino lhe fora generoso. Esta situação pode parecer deveras injusta, mas só se analisarmos nossa vida exclusivamente em termos da existência terrena. Podemos chegar à uma conclusão totalmente diferente se observarmos isto na perspectiva de nossa vida futura.

Nas duas parábolas, a do Mordomo Infiel e do Rico e Lázaro — Jesus Cristo desvenda o mistério da "injustiça" material permitida por Deus. Nestas duas parábolas podemos observar a sapiência com que Deus transforma esta aparente injustiça material em um meio para a salvação das pessoas: dos ricos — através das obras de misericórdia, e dos pobres e aflitos — através da paciência. À luz destas duas parábolas também podemos compreender a insignificância tanto dos sofrimentos terrenos como das riquezas terrenas, quando comparados à eterna bem-aventurança ou à eterna tormenta.

 

 

Parábola do Mordomo Infiel.

Esta parábola mostra um exemplo de filantropia conseqüente e planejada. Com a leitura inicial desta parábola temos a impressão de que o senhor elogiou o mordomo por seu ato desonesto. Entretanto, Cristo contou-nos esta parábola com o objetivo de obrigar-nos a analisar o seu sentido mais profundo. Encontrando-se numa situação desesperadora e irreparável, o mordomo manifestou uma genial inventividade ao adquirir protetores, garantindo assim seu futuro.

 

"Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás mais ser meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e, assentando-te já, escreve cinqüenta. Disse depois a outro: E tu quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e, escreve oitenta. E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos" (Lc 16:1-9).

 

Nesta parábola, o rico senhor representa Deus, já o mordomo "esbanjador de riquezas" seria o homem, que gasta despreocupadamente as riquezas obtidas de Deus. Muitas pessoas, analogamente ao mordomo infiel, desperdiçam irresponsavelmente as riquezas divinas como a saúde, o tempo e os dotes naturais, em coisas fúteis e até pecaminosas. Mas, em algum momento, todos deveremos prestar contas diante de Deus pelos bens materiais e pelas oportunidades a nós confiadas, assim como o mordomo teve que prestar contas diante de seu senhor. O mordomo infiel, sabendo que seria demitido da mordomia, cuidou antecipadamente de seu futuro. Sua engenhosidade e capacidade de garantir o seu futuro vem a ser um exemplo digno de ser imitado.

Quando a pessoa submete-se ao julgamento Divino, percebe que não é a avidez pelos bens materiais, mas somente as boas obras por ela realizadas que tem real importância. Os bens materiais, segundo a parábola são uma "riqueza iníqua" , pois o homem, ao acostumar-se a eles, torna-se ganancioso e insensível. A riqueza freqüentemente torna-se um ídolo, ao qual o homem serve com devoção. O homem freqüentemente confia mais na riqueza do que em Deus. Eis o motivo de Cristo ter chamado a riqueza terrena de "mentira de Mammon." Mammon era uma divindade síria antiga, protetora das riquezas.

Agora, pensemos em nossa relação aos bens materiais. Consideramos muitas coisas como sendo de nossa propriedade, utilizando-as somente para nosso capricho e comodidade. No entanto, todos os bens materiais de fato pertencem a Deus. Ele é dono e Senhor de tudo, e nós somos seus encarregados temporais, ou conforme a parábola, "mordomos." Portanto, repartir os bens de outros, ou seja, os bens de Deus, com os necessitados não vem a ser uma infração à lei, como no caso do mordomo evangélico, mas, pelo contrário, é a nossa evidente obrigação. Dentro deste enfoque, devemos compreender a moral da parábola: "Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos," ou seja, nos necessitados que hoje ajudamos, encontraremos na vida futura, protetores e defensores.

Na parábola do mordomo infiel, Deus ensina-nos a manifestar a engenhosidade, o espírito inventivo e a constância nas obras misericordiosas. Mas, como Deus ressaltou nesta parábola, "os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz," ou seja, freqüentemente falta capacidade e perspicácia nas pessoas religiosas, que muitas vezes são manifestadas por pessoas não religiosas na estruturação de seus trabalhos cotidianos.

Como exemplo do uso insensato dos bens materiais, Cristo contou-nos a parábola abaixo.

 

 

Parábola do Rico e Lázaro.

Aqui, pela providência Divina, o rico foi colocado em condições favoráveis para poder ajudar, sem dificuldade nem engenho, à um mendigo, deitado ao portão de sua casa. Mas, o rico mostrou-se totalmente surdo frente ao seu sofrimento. Ele somente se interessava por festas e cuidados consigo mesmo.

 

"Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele. E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico e foi sepultado. E no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado; E além disso está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá. E disse ele: Rogo-te pois, ó pai, que o mandes a casa de meu pai. Pois tenho cinco irmãos; para que eles dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Tem Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão; mas se algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite" (Lc. 16:19-31).

 

A sorte de Lázaro na vida futura tem sido um conforto para todos os mendigos e os sofredores. Não tendo forças para ajudar os outros ou para praticar alguma boa ação devido à sua pobreza e doença, obteve de Deus a bem-aventurança do paraíso pelo seu paciente penar e sofrer. A menção de Abraão mostra-nos que o rico não fora condenado por sua riqueza, já que Abraão também era uma pessoa muito rica, mas que, contrariamente ao rico desta parábola, distinguia-se pela compaixão e amor ao próximo.

Alguns perguntam: não seria injusto e cruel condenar o rico ao sofrimento eterno, já que seus prazeres físicos foram somente temporários? Para encontrar a resposta à esta pergunta deve-se compreender que a felicidade ou sofrimento futuros não podem ser analisados somente em termos de paraíso ou inferno. Em primeiro lugar, céu e inferno são condições espirituais! Se o Reino de Deus, de acordo com as palavras de Deus, "encontra-se dentro de nós," então o inferno inicia-se na alma do pecador. Quando a pessoa tem a bem-aventurança de Deus, o paraíso estará dentro de sua alma. Quando as tentações e tormentas da consciência perseguem o indivíduo, ele sofre tanto quanto os pecadores que se encontram no inferno. Recordemos o sofrimento da consciência do cavaleiro, no conhecido poema de Puchkin, "O Cavaleiro Avarento": "A consciência é uma fera com garras que dilacera o coração; a consciência é um hóspede desagradável, um interlocutor enfadonho, um credor grosseiro!" O sofrimento dos pecadores será especialmente insuportável na vida futura, pois não haverá possibilidade de satisfazer suas paixões, nem de aliviar a carga da consciência através do arrependimento. Portanto, o sofrimento dos pecadores será eterno.

Na parábola do Rico e Lázaro descortina-se o além, e dá-se a possibilidade de compreender a existência terrena na perspectiva da eternidade. À luz desta parábola percebemos que os prazeres terrenos não vem a ser tanto uma questão de sorte, e sim uma prova de nossa vontade de amar e ajudar ao próximo. "Se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?" — disse Jesus ao concluir a parábola anterior. Ou seja, se não soubemos dispor corretamente da atual riqueza aparente, somos indignos de obter a verdadeira riqueza de Deus, que nos era destinada na vida futura. Portanto, vamos lembrar a nós mesmos que nossas riquezas terrenas pertencem, de fato, a Deus. Ele prova-nos com as mesmas.

 

 

c) Parábolas das Virtudes.

 

A seguinte parábola sobre o rico insensato, analogamente à parábola anterior do rico e Lázaro, novamente fala da nocividade do apego às riquezas terrenas. Mas, se as duas parábolas anteriores, do mordomo infiel e do rico irracional referiam-se basicamente às boas obras, à atividade prática do indivíduo, as parábolas a seguir tratarão basicamente do trabalho do indivíduo sobre si mesmo, sobre o desenvolvimento das boas qualidades espirituais.

 

 

Parábola do Rico Insensato.

 

"A herdade dum homem rico tinha produzido com abundância. E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come, bebe e folga. Mas, Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus" (Lc. 12:167-21).

 

Esta parábola foi contada como uma espécie de precaução para que o homem não acumule riquezas terrenas, já que "a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui," ou seja, a pessoa não terá mais anos de vida nem tampouco mais saúde pelo simples fato de ser rica. A morte é especialmente amedrontadora para aqueles que jamais pensaram nem se prepararam para a mesma: "Louco, esta noite pedirão a tua alma." As palavras "enriquecer para com Deus" enfatizam as riquezas espirituais. Esta riqueza é abordada em maiores detalhes na parábola dos talentos e das minas.

 

Parábola dos Talentos.

Nos tempos da vida terrena de Cristo, o talento significava grandes somas em dinheiro, correspondente a sessenta minas. Uma mina correspondia a cem dinares. Um trabalhador comum ganhava um dinare ao dia. Na parábola, a palavra talento corresponde ao conjunto de todos os bens dados ao homem por Deus, tanto os materiais como os espirituais. Os talentos materiais — vem a ser a riqueza, as boas condições de vida, um bom status social, e uma boa saúde. Os talentos espirituais — vem a ser a mente iluminada, uma boa memória, as diversas habilidades no campo das artes e serviços afins, o dom da oratória, a valentia, a sensibilidade, a compaixão e várias outras qualidades que nos foram conferidas pelo Criador. Além disso, para que possamos praticar o bem de maneira bem sucedida, Deus dota-nos de vários dons bem-aventurados — os "talentos" espirituais. Sobre eles, escreve-nos o Apóstolo Paulo em sua primeiras epístola aos Coríntios: "Há diversidade de dons, mas o espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo espírito, a palavra da ciência. E a outro, pelo mesmo espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo espírito, os dons de curar. E a outro, a operação de maravilhas: e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas as coisas, repartindo particularmente a cada um como quer" (I Aos Coríntios 12:4-11).

 

"Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe. E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas, o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.

Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos, eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.

Mas, chegando também o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei. Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e quando eu viesse, receberia o meu com os juros. Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe΄΄a tirado. Lançai pois o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes."

 

Segundo esta parábola, deve-se concluir que Deus não exige das pessoas, obras que superem as suas forças ou habilidades. Entretanto, os talentos que lhe forem dados impõe uma certa responsabilidade. A pessoa deve "multiplica-los" em prol da igreja, do próximo e, uma coisa que é muito importante, deve desenvolver em si as boas qualidades. De fato, existe uma forte relação entre as ações externas e o estado da alma. Quanto mais a pessoa praticar o bem, maior será seu enriquecimento espiritual, tornando-se um virtuoso. O externo e o interno são inseparáveis.

A parábola das minas é muito semelhante à dos talentos, portanto aqui a mesma é omitida. Em ambas as parábolas, as pessoas orgulhosas e preguiçosas, no que se refere à prática do bem, são representadas em forma de um servo astuto, que enterra os bens de seu senhor. O servo astuto não deveria repreender seu senhor quanto à sua crueldade, já que o senhor lhe exigira menos do que aos outros. A frase "devias ter dado o meu dinheiro aos banqueiros" deve ser compreendida como uma indicação de que, na falta de iniciativa e capacidade própria de fazer o bem, a pessoa deve, pelo menos, tentar ajudar outras pessoas a faze-lo. De qualquer maneira, não existe pessoa totalmente incapacitada. Cada um pode crer em Deus, rezar por si e pelos outros. A oração é uma obra santa e benéfica, e uma única oração pode substituir várias boas obras.

"Porque a qualquer um que tiver será dado, e terá em abundância; mas, ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado." Aqui trata-se basicamente da recompensa na vida futura: aquele que enriquecer espiritualmente nesta vida, na outra enriquecerá ainda mais, e, contrariamente, o preguiçoso perderá até o pouco que tinha anteriormente. Em grande parte, a legitimidade desta citação pode ser confirmada no dia-a-dia. As pessoas que não desenvolvem suas capacidades, pouco a pouco as desperdiçam. Assim, numa inércia vegetativa, a mente da pessoa torna-se embotada, atrofia-se a vontade, amortecem-se os sentimentos e todo o seu corpo e alma entram num estado de relaxamento. A pessoa torna-se inapta a qualquer atividade, para ficar vegetando, tal qual uma erva.

Se analisarmos o sentido profundo das parábolas aqui apresentadas, do rico insensato e a dos talentos, tomamos consciência do grande dano que praticamos contra si mesmos ao desperdiçarmos o tempo e as forças a nós concebidas por Deus em atribulações cotidianas inúteis. Com isso roubamos a nós mesmos. Portanto, devemos nos condicionar de maneira a praticar o bem a cada minuto de nossa vida, a direcionar nossos pensamentos e vontades à glória de Deus. Servir a Deus não é uma necessidade, e sim uma grande honra!

As parábolas a seguir tratam de duas virtudes, tendo um significado especial para a vida humana.

 

 

d) Parábolas Sobre a Sensatez e a Oração.

Para se ter êxito na prática das boas ações, somente a devoção mostra-se insuficiente, havendo a necessidade de orientar-se com sensatez. A sensatez dá-nos a possibilidade de concentrar nossa energia sobre aquelas obras que mais correspondem à nossas forças e habilidades. A sensatez também ajuda-nos a escolher as atitudes que levar-nos-ão aos melhores resultados. Na literatura sacra, a sensatez também é chamada de bom senso, ou o dom do bom senso. A sabedoria vem a ser o grau máximo da sensatez, reunindo o conhecimento, a experiência e a compreensão da realidade espiritual dos fenômenos.

Na falta de bom senso, até as atitudes e palavras bem intencionadas podem levar à más conseqüências. Sobre este assunto, escreve S. Antônio, o Grande: "Muitos benfeitores são magníficos, mas, às vezes, devido à inabilidade ou ao excesso de entusiasmo, pode ocorrer um dano... O bom senso é um benfeitor que ensina e orienta o homem a seguir o caminho da retidão, sem se desviar pelas encruzilhadas. Se caminharmos pelo caminho da retidão, nunca seremos levados por nossos inimigos, nem à direita — à temperança extrema, nem à esquerda — à negligência, ao descuido e à preguiça. O bom senso é o olho da alma e o seu lampião... Com o bom senso, a pessoa revê as suas vontades, palavras e atitudes, afastando-se de todos que o distanciem de Deus."Jesus Cristo trata do bom senso em duas de suas parábolas.

 

Parábola do Edificador da Torre e do Rei, Pelejando a Guerra.

 

"Pois qual de vós querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: este homem começou a edificar e não pôde acabar."

"Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo a quanto tem, não pode ser meu discípulo" (Lc. 14:28-33).

 

A primeira destas parábolas trata da necessidade de avaliar corretamente as suas forças e possibilidades antes de iniciar uma tarefa que deseja realizar. No tocante a este assunto, S. João Lestvichnik escreve: "Nossos inimigos (demônios) freqüentemente instigam-nos a realizar certas tarefas, que superam as nossas forças, para que, ao deixarmos de obter êxito, cairmos no desânimo, evitando até as tarefas que correspondem às nossas forças.." A segunda parábola apresentada trata do combate às dificuldades e riscos, que são inevitavelmente encontradas na realização de boas obras. Aqui, para se ter êxito, além do bom senso é necessária também a abnegação. Eis o motivo de ambas as parábolas estarem relacionadas no Evangelho pelo ensinamento de carregar a cruz: "Qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo" (Lc. 14:27).

Às vezes, as circunstâncias da vida podem ser extremamente complexas, dificultando o encontro de uma solução. Neste caso, devemos pedir inspiração a Deus, com fervor. "Indique-me o caminho pelo qual devo seguir... ensina-me a cumprir a Tua vontade, pois Tu és o meu Deus," — com este pedido, com freqüência o Rei David buscava a Deus e obtinha a inspiração.

Para fortalecer a nossa fé de que Deus nos ouve e realiza nossos pedidos, Jesus Cristo contou-nos as seguintes duas parábolas.

 

Parábola do Amigo Importuno a Rogar por Pão e do Juiz Iníquo.

 

"E disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procura-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães. Pois que um amigo meu chegou à minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe. Se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar. Digo-vos que, ainda que se não levante a dar-lhes, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister (Lc. 11:5-8).

 

"Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia nem respeitava o homem. Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva, e ia ter com ele dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na Terra?" (Lc. 18:2-8).

 

A grande evidência destas parábolas sobre o poder da oração sustenta-se em que, se uma pessoa ajudou o seu amigo a procurá-lo à meia-noite com um assunto de pouca importância e bastante importuno, quanto mais Deus iria nos ajudar. Analogamente, o juiz, mesmo não temendo a Deus e não envergonhando-se das pessoas, por fim resolveu ajudar a viúva para que esta parasse de molesta-lo. Quanto mais Deus, infinitamente misericordioso e onipotente ajudará a seus filhos que a Ele confiam. O principal em uma oração é a constância e a paciência, no entanto, quando algo é indispensável, o pedido é prontamente atendido por Deus.

Segundo S.João Lestvichnik, "todos que desejam conhecer a vontade de Deus devem, preliminarmente, amortecer sua própria vontade. Alguns dos que experimentam a vontade de Deus, renunciaram ao seu intento de qualquer parcialidade a este ou aquele conselho de sua alma... e sua mente, despida de vontade própria, era ofertada a Deus com a oração fervorosa extensivamente aos dias predestinados. E atingiam o conhecimento de Sua vontade seja pelas profecias secretas da Mente incorpórea, seja pelo fato de um destes sonhos desaparecer totalmente na alma... Duvidar do juízo sem se decidir pela escolha de uma das duas opções, vem a ser indício de uma alma inculta" (Palavra 26ͺ).

Hoje, com o ritmo intenso da vida e com sua complexidade, quando diante de nossos olhos parecem ruir os princípios da moral e da fé, precisamos, mais do que nunca, da orientação de Deus e seu fortalecimento. Neste sentido, a oração nos traz grandes benefícios pelo fato de ser a chave para os infinitos tesouros dos bens divinos. Tudo que devemos fazer é aprender a usar esta chave!

 

 

4. Parábolas Sobre a Responsabilidade e a Bem-Aventurança.

O período das tarefas terrenas de Cristo chegava ao fim. Nas parábolas anteriores, Cristo ensinou-nos as condições de propagação do Reino de Deus entre os homens. Em suas últimas seis parábolas, Ele fala-nos também de seu Reino Bem-Aventurado, mas ressalta a idéia da responsabilidade do homem perante Deus, quando ele menospreza a possibilidade da salvação ou, ainda pior, quando ele rejeita diretamente a misericórdia de Deus. Estas parábolas foram contadas em Jerusalém, na última semana da vida terrena do Salvador. Nestas últimas parábolas desvenda-se o ensinamento sobre a verdade (justiça) de Deus, sobre a segunda vinda de Cristo, e sobre o juízo. Dentre estas parábolas estão: a Parábola dos Lavradores Maus, da Figueira Estéril, das Bodas, dos Trabalhadores e das Diversas Horas de Trabalho, dos Servos Aguardando o Senhor, e das Dez Virgens.

 

 

a) Parábolas Sobre a Responsabilidade do Homem.

Cristo, o entendedor do coração humano, sabe quais os povos e pessoas isoladas que possuem maiores dotes espirituais, direcionando a eles a sua bem-aventurança de maneira mais intensa do que a outros. Na antiguidade, o povo judeu era o que mais se distinguia por suas exclusivas qualidades espirituais; atualmente é o povo grego e o russo. A eles Deus manifesta grande dedicação, ofertando-lhes uma abundância de dádivas de bem-aventurança. Podemos julgar esta questão pela grande quantidade de devotos de Deus que resplandeceram dentre estes povos. Entretanto, esta abundância de dádivas de bem-aventurança implica numa exclusiva responsabilidade de cada um destes povos como um todo e sobre cada pessoa, individualmente. Deus espera que estas pessoas tenham força de vontade e inclinação ao aperfeiçoamento moral, ou seja, "aquele ao qual muito é dado, daquele muito se espera." Logicamente, nem todos tem esta inclinação ao aperfeiçoamento moral. Contrariamente, algumas pessoas dão as costas a Deus de maneira consciente. Portanto, acontece que esta abundância de bem-aventurança provoca uma espécie de polarização dentre os representantes do povo escolhido: alguns alcançam grandes pináculos espirituais, chegando até à santidade, já outros, pelo contrário, renegam a Deus, brutalizam-se, chegando até a combater Deus.

 

Parábola dos Lavradores Maus.

Nesta parábola, Deus conta-nos sobre a oposição consciente a Deus por parte dos guias espirituais do povo judeu — os sacerdotes, livreiros e fariseus, personificados como os maus lavradores.

 

"Certo homem plantou uma vinha, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fora da terra por muito tempo. E no próprio tempo mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no vazio. E tornou ainda a mandar outro servo; mas eles, espancando também a este, e afrontando-o, mandaram-no vazio. E tornou ainda a mandar terceiro; mas eles, ferindo também a este, o expulsaram. E disse o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado, talvez que, vendo-o, o respeitem. Mas, vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa. E, lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará pois o senhor da vinha? Irá e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha" (Lc. 20:9-16).

 

Nesta parábola, os servos enviados pelo senhor da vinha, representam os profetas do Antigo Testamento, assim como os apóstolos que continuaram suas tarefas. Realmente, a maioria dos profetas e apóstolos pereceram por morte imposta pelas mãos dos "Maus Lavradores." Sob o termo "frutos" subentende-se a fé a as obras piedosas, que Deus esperava do povo judeu. A parte profética da parábola — o castigo dado aos maus lavradores e a concessão da vinha a outros lavradores — foi concretizada 35 anos após a Ascensão de Cristo, quando, sob o domínio de Tito, toda a Palestina fora destruída, e os judeus tiveram que se dispersar pelo mundo. O Reino de Deus pelas obras dos apóstolos, passou a outros povos.

 

 

Parábola da Figueira Estéril.

Esta parábola descreve a compaixão do Filho de Deus ao povo judeu, sua vontade em salvar este povo das desgraças que os esperavam.

 

"Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando. E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará, e, se não, depois a mandarás cortar" (Lc 13: 6-9).

 

Deus Pai, da mesma maneira que o dono da figueira, durante três anos das tarefas terrenas de Seu Filho, esperava arrependimento e fé por parte do povo judeu. O Filho de Deus, como um bom e cuidadoso vinhateiro, pede ao Senhor que espere, enquanto ele tenta mais uma vez que a figueira frutifique — o povo judeu. Mas, seus esforços são em vão, portanto deu-se uma determinação ameaçadora: o repúdio de Deus àquelas pessoas que contrariaram-No insistentemente. A aproximação deste momento terrível fora mostrada por Cristo ao maldizer, alguns dias anteriormente à sua via crucis, a figueira estéril que crescia no caminho para Jerusalém (Vide Evangelho de Mateus 21: 19).

 

Parábola das Bodas.

Nesta parábola, Cristo trata da transferência do Reino de Deus do povo judeu a outros povos, na qual, os "convidados" representam o povo judeu, e os servos — os apóstolos e pregadores da fé cristã. Da mesma maneira que os "convidados" não quiseram entrar no Reino de Deus, a propagação da fé fora transferida "na encruzilhada" — a outros povos. Possivelmente, alguns destes povos não possuíam qualidades religiosas tão elevadas, contudo, manifestaram grande devoção nos serviços a Deus.

 

"O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico. E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide pois às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo p elos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com vestido de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido nupcial? E ele emudeceu.

Disse então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos" (Mt. 22:2-14).

 

No contexto de tudo o que foi dito, e das duas parábolas anteriores, esta parábola não exige explicações especiais. Como sabemos a partir da história, o Reino de Deus (Igreja) passou dos judeus aos povos pagãos, difundiu-se com êxito entre os povos do antigo império Romano, e iluminou-se na plêiade infinita dos fiéis a Deus.

O final da parábola dos convidados para as bodas, onde menciona-se o homem que não estava trajado com vestido de núpcias, parece um pouco obscuro. Para compreender esta passagem, deve-se conhecer os hábitos daquela época. Naqueles tempos, os reis, ao convidarem pessoas a uma festa, por exemplo, para uma festa de casamento de um filho do rei, ofertavam-lhes vestes próprias para que todos estivessem trajados de maneira limpa e bela durante o festejo. Mas, de acordo com a parábola, um dos convidados rejeitou o traje real, dando preferência às próprias vestes. Conforme se observa, ele fez isto por orgulho, considerando suas roupas melhores que as reais. Ao rejeitar as vestes reais, ele conturbou o bom andamento da festa e magoou o rei. Devido ao seu orgulho, foi enxotado da festa para as "trevas externas." Nas Escrituras Sagradas, as vestes simbolizavam o estado da consciência. Roupas claras, brancas, simbolizam a pureza e retidão da alma, que são ofertadas como dádivas de Deus, por Sua misericórdia. O homem que rejeitou as vestes reais representa os cristãos orgulhosos que rejeitam a bem-aventurança e a consagração de Deus, ofertadas nos mistérios bem-aventurados da Igreja. A estes "fiéis" jactanciosos podemos comparar os modernos sectários que rejeitam a confissão, a comunhão, e outros meios bem-aventurados oferecidos por Cristo para a salvação das pessoas. Considerando-se santos, os sectários depreciam a importância da quaresma cristã, do celibato voluntário, da vida monástica, etc. , apesar das Sagradas Escrituras ressaltarem estes feitos. Estes fiéis imaginários, como escrevia o Apóstolo Paulo, "tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Tim. 3:5). Pois a força da piedade não está no exterior, e sim nos feitos pessoais.

Apesar das parábolas dos maus lavradores e dos convidados para as bodas referirem-se principalmente ao povo judeu, seu emprego não se limita ao mesmo. Outros povos mostraram-se responsáveis diante de Deus, aos quais Deus enviou sua misericórdia infinita. O antigo império Bizantino sofreu com os turcos devido aos seus pecados. Os fatos deste século falam-nos do julgamento de Deus, atingindo também o povo russo, que no último século que precedeu a revolução começou a ser arrebatado pelo materialismo, niilismo e por outros ensinamentos de cunho não cristão. "Com aquilo que se peca é que se é punido!" Como foi castigado o povo russo por seu menosprezo à fé e à salvação da alma — disso todos sabemos !

 

 

b. Sobre a (Grace of God) Bem-Aventurança de Deus.

 

"Como a respiração é indispensável ao corpo, e sem a respiração não se pode viver, assim sem a respiração do Espírito de Deus a alma não pode viver uma vida autêntica" — escrevia São João de Kronstadt (Minha Vida em Cristo).

Em suas últimas três parábolas, Cristo ensinou-nos sobre a bem-aventurança de Deus. A primeira, dos trabalhadores e das diversas horas de trabalho, trata do fato de Deus ofertar aos homens a bem-aventurança e o Reino dos Céus, não por algum tipo de merecimento, mas exclusivamente devido ao seu infinito amor. Na segunda parábola — das dez virgens - fala-se da necessidade de considerar a aquisição da bem-aventurança de Deus como o objetivo de sua vida. Finalmente, na terceira parábola, dos servos aguardando o senhor, Cristo ensina-nos a conservar a devoção e o ardor da alma com a espera de Seu retorno. Desta maneira, estas parábolas são complementares entre si.

A bem-aventurança de Deus vem a ser o poder, enviado por Deus para o nosso renascimento espiritual. Este poder purifica nossos pecados, trata nossas doenças espirituais, direciona nossos pensamentos e vontades a um bom objetivo, apazigua e ilumina os nossos sentimentos, dá-nos vitalidade, consolo e uma felicidade sobre-humana. A bem-aventurança de Deus é ofertada aos homens com o sofrimento da crucificação do Filho de Deus. Sem a bem-aventurança a pessoa não pode prosperar na bondade, e sua alma permanecerá inanimada. "O Espírito Santo Consolador, ao preencher todo o universo, penetra em todas as almas de fé, as dóceis, pacíficas e boas, sendo tudo para elas: luz, força, paz, felicidade, êxito nas tarefas, principalmente na vida piedosa — ou seja tudo o que há de bom" — escreve São João de Kronstadt.

Para os judeus da época de Cristo, houve uma abordagem utilitária à religião. Ao cumprir qualquer ritual, eles esperavam uma recompensa por parte de Deus em forma de bens materiais. O contato vivo com Deus e o renascimento espiritual não eram as bases de sua vida espiritual.

 

Parábola dos Trabalhadores e das Diversas Horas de Trabalho.

Nesta parábola, Cristo trata da incorreção desta abordagem utilitária à religião. O homem faz tão pouco para alcançar sua salvação, que nem se deve falar de recompensas por merecimento. Como exemplo, Cristo contou-nos dos trabalhadores que receberam uma recompensa sem ser por seu trabalho.

 

"Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça. E disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo. E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos e perguntou-lhes: Por que estais ociosos todo o dia? Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo. E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros até os primeiros.

E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um. Vindo porém os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um dinheiro cada um. E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família. Dizendo: Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia. Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço agravo: não ajustaste tu comigo um dinheiro? Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? Assim os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos" (Mt. 20:1-16).

 

Para os judeus, a primeira hora correspondia às nossas seis horas da manhã, e a undécima hora — correspondia a nossas cinco horas da tarde. Ao fazer o acerto de contas com os trabalhadores, o dono da vinha não agravou aqueles que trabalharam desde as primeiras horas da manhã, pagando-lhes e a todos os restantes, a mesma soma combinada. Aqueles que chegaram antes receberam de acordo com a soma combinada, já os que chegaram mais tarde receberam a mesma soma, pela bondade do dono. Com esta parábola, Cristo ensina-nos que tanto a bem-aventurança de Deus como a vida eterna são ofertadas ao homem, não como resultado de algum cálculo aritmético de suas obras ou pelo tempo de sua permanência numa igreja, e sim pela misericórdia de Deus. Os judeus imaginavam que, por serem os primeiros membros do Reino do Messias, deveriam receber uma recompensa maior em comparação aos cristãos de origem não judia, que se juntaram mais tarde a este Reino. Mas, a medida da justiça de Deus é bem diferente. Em sua balança, a sinceridade, a devoção, o amor puro e a temperança são mais valiosos do que a parte externa e formal das obras humanas. O bandido sensato, ao arrepender-se plena e sinceramente na cruz, e acreditar de todo o coração no Cristo banido e torturado, foi digno de receber o Reino de Deus em termos de igualdade com outros fiéis, que serviam a Deus desde a mais tenra infância. Deus tem misericórdia de todos por Seu Único Filho, e não por seus méritos. Nisto consiste a esperança para os pecadores, que com um suspiro arrependido, vindo das profundezas de sua alma sofrida, podem atrair a misericórdia de Deus e a salvação eterna. As boas ações do ser humano e o modo de vida cristão confirmam a autenticidade de suas convicções religiosas, fortalecendo nele as dádivas divinas recebidas, mas não são méritos diante de Deus, pela compreensão jurídica desta palavra.

A necessidade da bem-aventurança de Deus ao homem é descrita por Cristo na parábola a seguir.

 

 

Parábola das dez Virgens.

 

"Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. Mas, à meia-noite ouviu-se um clamor; aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite,porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido compra-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir" (Mt. 25:1-13).

 

São Serafim explica de maneira clara e convincente a parábola das Dez Virgens em seu diálogo com Motovilov.

 

"Alguns dizem que a falta de azeite na lâmpadas das virgens loucas representa a insuficiência de boas obras em suas vidas. Este raciocínio não é totalmente correto. Qual seria sua insuficiência em boas obras quando elas, mesmo loucas, continuam sendo chamadas de virgens? Pois a virgindade é uma grande virtude, seria como uma condição angelical, podendo substituir por si mesma todas as outras virtudes. Considero que faltava-lhes justamente a bem-aventurança do Espírito Santo. Criando virtudes, estas virgens, por sua irracionalidade espiritual, supunham que a cristandade consistia unicamente em praticar virtudes. Praticando virtudes, realizaram as obras de Deus, mas até lá não se sabe se alcançaram a bem-aventurança do Espírito Santo... Esta aquisição do Espírito Santo é que vem a ser o azeite que faltava para as virgens loucas. Por isto que são chamadas de loucas, por esquecerem do fruto indispensável da virtude, da bem-aventurança do Espírito Santo, sem o qual ninguém pode obter a salvação, ou seja: "Toda alma se vivifica com o Espírito Santo, eleva-se com a pureza e alumia-se com o Mistério Sagrado da Trindade." O próprio Espírito Santo penetra em nossa alma, e esta inspiração, esta comunhão da Trindade com nossa alma somente nos é ofertada através do Espírito Santo: "Inspiro-o e serei seu Deus, e eles serão meu povo." Isto é o azeite das lâmpadas das virgens prudentes, com chama clara e contínua, e estas virgens puderam esperar o esposo, que chegara á meia-noite, e entrar com ele para as bodas. Já as virgens loucas, ao perceberem que suas lâmpadas se apagavam, apesar de terem ido comprar o azeite na feira, não puderam chegar a tempo, pois as portas já foram fechadas. A feira seria a nossa vida; as portas fechadas seriam a morte do homem; as virgens prudentes e as loucas — seriam as almas cristãs; o azeite — não seriam as obras, mas a bem-aventurança do Espírito Santo obtida através das mesmas, transformando a combustão lenta à uma grande combustão, a morte da alma em vida espiritual, as trevas em luz, o covil de nossa existência, onde as paixões estão amarradas, como gado e feras — no templo da Divindade, no palácio da glória eterna em Jesus Cristo."

 

Os ensinamentos de Cristo sobre o Reino de Deus no último grupo de parábolas são intimamente relacionados com a idéia de Seu segundo retorno. Cristo, ao falar de seu segundo retorno e do juízo final, convence-nos da necessidade de sempre estarmos em vigília, e de sempre tentarmos melhorar. Realmente, nada nos dá maior fervor do que o preparo diário de nossa prestação de contas diante de Deus. Na realidade, com a morte, o mundo deixa de existir para nós, aproximando-se o momento de nosso juízo. Para que esta hora não seja inesperada nem trágica, Cristo contou-nos a seguinte parábola.

 

 

Parábola dos Servos Aguardando o Senhor.

 

"Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa, e chegando-se os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos. Sabei, porém isto: que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa. Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais" (Lc 12:35-40).

 

Da mesma maneira como na parábola anterior das dez virgens, sob o termo "candeias acesas" devemos compreender a luz espiritual, ou seja, o serviço devoto a Deus, quando em nossos corações está a luz da bem-aventurança de Deus, a qual, segundo São João Cassiano, "sempre direciona nossa vontade para o lado do bem, entretanto, exige de nós ou espera esforços correspondentes. Para não ofertar suas dádivas aos descuidados, ela procura casos com os quais desperta-nos do frio descuido, para que a oferta das dádivas não seja em vão, pois até para nossos pequenos esforços, demonstra infinita generosidade." Idéia semelhante é descrita por São Isaac Sirsky: "Na mesma medida com que o homem aproxima-se de Deus em suas intenções, Ele também aproxima-se do homem na concessão de suas dádivas."

 

 

Conclusão.

Conforme observamos, as parábolas contadas por Jesus Cristo, são ensinamentos vivos e claros, nos quais está contido o ensinamento integral da Salvação humana, do Reino de Deus — a Igreja. Nas parábolas iniciais, Cristo fala das condições necessárias para se atingir o Reino de Deus; nas parábolas seguintes, fala da misericórdia de Deus às pessoas arrependidas; ensina a amar o próximo, a praticar o bem, e cultivar em si bons princípios morais, insiste na racionalidade e na oração fervorosa. E, finalmente, nas últimas parábolas, fala da responsabilidade do homem diante de Deus, e da necessidade de sermos piedosos, atraindo a bem-aventurança de Deus para nossos corações.

Neste trabalho sobre as Parábolas Evangélicas não tentamos dar uma explicação completa e multilateral da sabedoria espiritual nelas contida, o que seria impossível. Nossa proposta era muito mais modesta: apresentar ao leitor as bases do ensinamento Evangélico fornecido nas parábolas. As Parábolas de Cristo são preceitos metafóricos eternamente vivos, que indicam-nos o caminho da Salvação.

 

 

Indicador dos Textos Paralelos às Parábolas Evangélicas.

 

1. Parábolas Sobre o Reino de Deus.

Parábola do Semeador: Mt. 13:1-23; Mc. 4:1-20; Lc. 8:4-15 3

Parábola do Joio: Mt. 8: 24-30; 36-43 5

Parábola da Semente: Mc. 4:26-29 7

Parábola do Grão de Mostarda: Mt. 13:31-32; Mc. 4:30-32; Lc. 13:18-19 8

Parábola do Fermento: Mt. 13:33-35; Mc. 4:33-34; Lc. 13:20-21 8

Parábola do Tesouro Escondido: Mt. 13:44 9

 

2. Parábolas Sobre a Misericórdia de Deus e o Arrependimento.

Parábola da Ovelha Perdida: Mt. 18:11-14; Lc. 15:1-7 10

Parábola do Filho Pródigo: Lc 15:11-32 11

Parábola do Publicano e o Fariseu: Lc. 18: 4-14 13

 

4. Parábolas das Boas Ações e das Virtudes

    1. Parábola do Perdão às Ofensas
    2. Parábola do Credor Incompassivo: Mt. 18:13-35 14

    3. Parábolas das Boas Obras:
    4. Parábola do Bom Samaritano: Lc 10:25-37 16

      Parábola do Mordomo Infiel: Lc. 16:1-13 18

      Parábola do Rico e Lázaro: Lc. 16:14-31 22

    5. Parábolas das Virtudes:
    6. Parábola do Rico Insensato: Lc. 12:13-21 24

      Parábola dos Talentos: Mt. 25:14-30; Lc. 19:11-28 25.

    7. Parábolas da Sensatez e da Oração:
    8. Parábola do Edificador da Torre: Lc. 14:28-30 27

      Parábola do Rei Pelejando a Guerra: Lc. 14:31-33 27

      Parábola do Amigo Importuno a Rogar Por Pão: Lc. 11:5-8 28

      Parábola do Juiz Iníquo: Lc. 18:1-8 28

       

       

       

      4. Parábolas da Responsabilidade e da Bem-Aventurança

    9. Parábolas da Responsabilidade do Homem:
    10. Parábola dos Lavradores Maus: Mt. 21:33-46; Mc. 12:1-12 30

      Parábola da Figueira Estéril: Lc. 13:6-9 31

      Parábola das Bodas: Mt. 22:1-14; Lc. 14:16-24 32

    11. Parábolas da Bem-Aventurança de Deus

Parábola dos Trabalhadores e das Diversas Horas de Trabalho: Mt. 20:1-16 34

Parábola das Dez Virgens: Mt. 25:1-13 36

Parábola dos Servos Aguardando o Senhor: Mt. 24:42-44; Lc.13:35-40 39

 

O Evangelho ainda possui as seguintes parábolas (não mencionadas no texto):

 

Parábola da Pérola: Mt. 13:45-46

Parábola da Rede: Mt. 13:47-50

Parábola do Pai que Guarda Coisas Novas e Velhas: Mt. 13:51-52.

Parábola da Dracma Perdida: Lc. Lc. 15:8-10

Parábola dos Dois Filhos: Mt. 21:28-32

Parábola do Mordomo: Mt 24:45-51;Lc. 12:42-48

Parábola do Bom Pastor: João 10:1-21

Parábola das Varas da Videira: João 15:1-8

 

Lista dos Temas das Parábolas.

Bem-Aventurança

Vigília

Atenção

Boas Obras

Esmola e Compaixão

Oração

Persistência

Arrependimento

Causa do Mal

Perdão às Ofensas

Bom Senso

Tentações

Humildade e Orgulho

Multiplicação das Boas Qualidades

Devoção

 

 


 

Folhetim Missionário # P19

Missão Ortodoxa da Santíssima Trindade

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Redação: Bispo Alexander Mileant