Seleção da

Vida dos Santos

I

Janeiro — Fevereiro

Bispo Alexandre Mileant

Traduzido por Tatiana Zyromsky

 

Índice:

A Veneração ortodoxa dos Santos.

Janeiro.

São Basílio Grande. Santa Mártir Tatiana. Santa Nina, Igual-aos-Apóstolos, Missionária da Georgia. Santa Mártir Leonilla. Santo Antônio Grande. Mártires Inna, Pinna e Rimma. São Máximo Confessor. São Guennadi. Santa Xenia Romana. Bem-aventurada Xenia de São Petersburgo. São Gregório Teólogo. São João Crisóstomo. São Nikita, Arcebispo de Novgorod.

Fevereiro.

São Simeão Justo e Santa Profetisa Ana. Grão Mártir Teodoro Stratilatos. As Mártires Valentina, Paula e Ennafa. São Vsevolod. Santo Alexis, Metropolita de Moscou. Santos Martiniano, Zoia e Svetlana (Fotinia). Grão Mártir Teodoro Tiron. São Leo, Papa de Roma. Santas Mulheres Marina e Cira.

Dia Onomásticos dos Santos por ordem alfabética.

 

 

 

 

A Veneração ortodoxa dos Santos.

Por ocasião do batismo recebemos o nome em homenagem a um santo, o qual desde aquele momento se torna o nosso protetor, patrono celestial. Cada cristão ortodoxo deve conhecer a vida do seu protetor celestial e em suas orações pedir o seu auxílio e orientação. Nossos antepassados, na sua devoção, honravam o dia do seu santo — "o dia do seu anjo" — com a Santa Comunhão e este dia foi mais festejado do que o dia do seu nascimento.

Qual o sentido da veneração ortodoxa dos santos ? Será que os santos no Céu conhecem as nossas necessidades e nossas dificuldades, e será que eles se interessam por isto ? Será que eles ouvem as nossas preces e procuram nos ajudar ? Será que é bom pedir a ajuda dos santos, ou será que é suficiente somente orar a Deus ? As seitas, que perderam a tradição apostólica, não compreendem a essência e o objetivo da Igreja de Cristo e por isso negam a necessidade de orações aos santos no Céu. Resumiremos aqui o ensinamento Ortodoxo sobre este assunto.

A veneração ortodoxa dos santos é baseada na convicção de que todos nos, que estamos tentando nos salvar e os que já se salvaram, vivos e mortos, constituem uma única família de Divina. A igreja é uma grande sociedade, que abrange todo o mundo visível e invisível. Ela é uma organização enorme, mundial, constituída sobre os princípios de amor, onde cada um deve cuidar não só de si, mas também do bem-estar e da salvação de outras pessoas. Os santos são aquelas pessoas, que durante a vida demonstraram mais amor para com os próximos.

Nos, ortodoxos, cremos, que quando uma pessoa justa morre, ela não rompe a sua ligação com a Igreja, mas passa para a sua esfera mais alta, celestial — para a Igreja triunfante. No mundo espiritual a alma da pessoa não deixa de pensar, querer, sentir. Pelo contrário, estas qualidades se abrem ainda mais amplamente e com uma maior perfeição.

Os cristãos modernos, não ortodoxos, que perderam a sua ligação viva com a Igreja Celestial-terrestre, têm as mais vagas e confusas idéias sobre a vida após a morte. Alguns deles acham, que depois da morte a alma do homem adormece e se desliga de tudo; outros — que a alma do homem, mesmo continuando a sua atividade depois da morte, não se interessa mais pelo mundo, do qual saiu. Outros ainda acham, que em princípio não se deve orar aos santos, pois o cristão tem uma relação direta com Deus.

Mas qual é o ensinamento das Escrituras Sagradas a respeito dos justos, que deixaram o mundo terrestre, e qual a força de suas preces? Nos tempos dos apóstolos a Igreja era compreendida como uma só família, Celestial-terrestre. O apóstolo Paulo escrevia aos neófitas: "Aproximastes-vos do Monte Sião e de Jerusalém celeste, cidade de Deus vivo e de milhares e milhares de anjos, reunião festiva, e assembléia dos primogênitos, cujos nomes estão inscritos nos Céus, onde Deus é Juiz de todos e as almas dos justos estão já na posse da perfeição" (Hebreus 12:22-23). Por outras palavras, vós, que se converteram para o cristianismo, entraram para uma grande família, recebendo uma ligação íntima com o mundo celestial e com aqueles, que lá se encontram. As palavras finais do apóstolo Pedro aos cristão da Ásia Menor — "Envidarei, portanto, todos os meus esforços para que, depois da minha partida, vós recordeis disto" (2 Pedro, 1:15) — testemunham claramente que ele promete se preocupar com eles também depois, do mundo espiritual.

O antigo hábito de pedir ajuda aos santos mártires e santos justos é baseado na consciência de um contato estreito e vivo com a Igreja Celestial-terrestre e na fé em força das preces dos santos.

Sabemos, que nem todos os homens, mas somente aqueles mais diligentes e justos eram chamados por Deus de Seus amigos e somente estes receberam os dons do Espírito Santo e dons de fazer milagres. Assim, Cristo, durante a Ultima Ceia, disse aos apóstolos: "Vós sois Meus amigos! ... Pois, quem fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, e irmã, e mãe" (João 15:14-15; Mateus 12:50). A historia sagrada nos dá muitos exemplos da proximidade espiritual, de "ousadia" dos santos nos seus pedidos a Deus. Assim, por exemplo, Abraão pediu que Deus tenha piedade dos moradores de Sodoma e Gomorrha, e Deus se prontificou a cumprir o pedido dele, se entre os moradores tivesse pelo menos 10 homens justos. Outra vez, Deus desviou o castigo de Abimelec, rei de Gerar, atendendo ao pedido de Abraão (Gênese, cap. 18, Gênese, cap. 20). A Bíblia nos conta, que Deus conversou com Moisés pessoalmente, "como uma pessoa que conversa com o seu amigo." Quando Mariam, a irmã de Moisés, pecou e foi castigada pela lepra, Moisés suplicou a Deus e obteve lhe o perdão (Êxodo 33:11; Números cap. 12). Podemos relatar também outros exemplos sobre a força extraordinária das preces dos santos.

Os santos não ofuscam Deus e não diminuem a necessidade de nossas preces à Ele, como o nosso Pai Celestial. Assim, os adultos numa família não diminuem a autoridade dos pais, quando se preocupam com as crianças junto com eles. Podemos dizer até mais: nada alegra tanto os pais como a preocupação dos irmãos mais velhos com as crianças. Assim também o nosso Pai Celestial se alegra ouvindo as preces dos santos e vendo o empenho deles em nos ajudar. Os santos têm uma fé maior que nos e ficam perto de Deus porque são justos. Portanto vamos rezar a eles como se eles fossem nossos irmãos mais velhos que estão diante do trono de Deus.

É bom saber, que os justos, ainda aqui na terra, viam e sabiam muita coisa daquilo, que é desconhecido por um homem simples. Assim, muito mais, eles devem ter estes dons agora, quando passaram da vida terrestre para o mundo celestial. Por exemplo, o apóstolo Pedro viu, o que acontecia com a alma de Ananias; Eliseu ficou sabendo sobre o pecado do servo Giezi, e o que é ainda mais admirável, soube de todas as intenções da corte síria, as quais ele depois revelou ao rei de Israel. Muitos santos, ainda aqui na terra, penetraram em espírito no mundo Celestial, uns viram muitos anjos, outros eram dignos até ver Deus (Isaías, Ezequiel), outros eram elevados até o terceiro Céu, onde ouviram misteriosas vozes, como por exemplo, o apóstolo Paulo. Assim, tanto mais, por estarem no Céu eles têm a faculdade de saber tudo aquilo que se passa na terra e podem ouvir as súplicas daqueles que os pedem, pois os santos no Céu "são iguais aos anjos" (Atos 5:3; 4 Reis cap. 4; 4 Reis 6:12; Lucas 20:36). Da parábola de Cristo sobre o rico e o Lázaro sabemos, que Abraão, estando no Céu, podia ouvir as lamentações do rico, sofrendo no inferno, não obstante o "grande precipício" que os dividia. As palavras de Abraão: os teus irmãos têm Moisés e profetas, então que os obedeçam, — demonstram claramente que Abraão conhece o que acontece na vida dos israelitas mesmo após a sua morte, que conhece Moisés e seus mandamentos, os profetas e suas escrituras. A visão espiritual dos justos lá no Céu é, sem dúvida, muito maior do que era na terra. O apóstolo diz: "Agora vemos por espelho, de maneira confusa, mas então será face a face. Agora conheço de modo imperfeito, mas então conhecerei como sou conhecido" (1 Coríntios 13:12).

A proximidade dos santos do Trono de Deus e a força de suas preces pelos fieis, que estão na terra, é mostrada no livro do Apocalipse, onde o apóstolo João diz: "Na minha visão ouvi também, ao redor do trono, ao redor dos seres vivos e dos anciãos, a voz de muitos anjos — miríades de miríades e milhares de milhares." Depois ele descreve a visão dos justos, no Céu rezando por homens, que estão na penúria na terra: "E adiantou-se um outro anjo, e pôs-se diante do altar, segurando um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está diante do trono. E a fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo, com as orações dos santos, diante de Deus" (Apocalipse 5:11; 8:3-4).

Grande é a força de oração: "Confessai-vos, pois, mutuamente os vossos pecados para alcançar a saúde. É de grande poder a oração eficaz do justo" ensinava o apóstolo Tiago (Tiago 5:16). A oração pelo outro é a expressão do amor; e os santos no Céu, orando por nos, demonstram o seu amor fraternal e sua preocupação conosco.

Tanto no Evangelho, como em outros livros do Novo Testamento achamos muitos exemplos que testemunham a força da oração por outras pessoas. Assim, por exemplo, a pedido de um cortesão, o Senhor curou o seu filho; a pedido de uma mulher, a filha dela foi libertada do demônio; a pedido de um pai, Senhor expulsou o demônio do filho dele; e a pedido dos amigos, perdoou e curou um paralítico, a quem os amigos dele desceram do telhado; a pedido de um centurião romano um servo deste foi curado (João 4:46-53; Mateus 15:21-23; Marcos 9:17-25; Marcos 2:2-25; Mateus 8:5-13). E a maior parte das curas milagrosas foi efetuada pelo Senhor à distancia.

Assim, se as orações de pessoas simples tiveram tanta força, quanto mais poderosas são as orações dos justos que estão diante do trono de Deus. "Esta é a confiança que temos Nele: se pedirmos alguma coisa conforme a Sua vontade, Ele nos ouve" (1 João 5:14).

Eis porque a Igreja, desde os tempos mais remotos, sempre mantinha o ensinamento sobre o proveito das orações aos santos. Por exemplo, isto está presente nas liturgias antigas e outros legados. Em liturgia do apóstolo Tiago lemos: "Principalmente lembremo-nos da Santíssima e Gloriosa Sempre Virgem, Mãe de Deus. Senhor, lembre-Te Dela e pelas santas orações Dela tenha piedade de nós." São Cirilo de Jerusalém, explicando a liturgia da Igreja de Jerusalém, diz: na Liturgia, nos invocamos também os que já morreram, em primeiro lugar — os patriarcas, os profetas, os apóstolos, os mártires, para que, pelas suas orações, Deus aceite os nossos pedidos também.

Muitos padres e doutores da Igreja, principalmente a partir do século IV, atestam a necessidade de venerar os santos. Mas já no começo do século II temos indicação direta, nas escrituras daquela época, da fé em orações dos santos no Céu por seus irmãos na terra. Os testemunhas do sofrimento e da morte do santo Inácio Teóforo (começo do século II) dizem: "Quando voltamos em lágrimas para casa, fizemos vesperal ... Depois, dormimos um pouco e alguns de nós viram o bem-aventurado Inácio, que se levantou, nos abraçou e também alguns de nos viram como ele rezou por nós." Existem muitas anotações parecidas sobre as orações e pedidos por nós aos santos mártires, principalmente da época das perseguições dos cristãos.

A convicção na santidade de uma pessoa falecida é atestada por vários fatores, por exemplo: sofrimento pelo Cristo, a confissão intrépida da fé, o trabalho abnegado para a Igreja, o dom de cura. Principalmente, Nosso Senhor nos demonstra a santidade de uma pessoa por milagres após a morte dela, quando em nossas orações invocamos tal pessoa.

Além de uma ajuda pela oração, os santos nos ajudam a alcançar a salvação também com o exemplo de suas vidas. O cristão fica muito enriquecido quando lê as vidas dos santos e vê, como eles conseguiram incorporar o Evangelho em suas vidas. Aqui temos tantos exemplos de uma fé viva, de coragem, de paciência. Os santos eram pessoas iguais à nos, mas eles venceram as mais difíceis tentações e nos encorajam a seguir o nosso caminho com paciência e sem resmungar.

O apóstolo Tiago conclamava os cristãos a imitar a paciência dos profetas antigos e do Jó, que sofreu muito, para alcançar uma fé tão firme como a do profeta Elias. O apóstolo Pedro ensinava as mulheres serem tão modestas como a justa Sara, esposa do Abraão. Santo Apóstolo Paulo nos dá exemplos de ascese dos antigos justos, a começar pelo Abel e terminando com os mártires Macabeus e conclama os cristãos a seguirem estes exemplos. Terminando os seus ensinamentos, ele diz: "Portanto nós, rodeados que estamos de tal nuvem de exemplos, livres de todo obstáculo e do pecado que nos seduz tão facilmente, enfrentemos, com a arma da paciência, o combate que se nos apresenta" (Tiago cap. 5: 1 Pedro 3:6; Hebreus 12:1).

O Senhor disse: "Nem se acende uma candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas encima do candelabro, onde brilha para os que estão em casa. Assim brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus" (Mateus 5:15-16). Os santos são estrelas brilhantes, que nos mostram o caminho para o Reino de Deus.

Vamos valorizar a proximidade a Deus dos nossos santos e vamos invoca-los, pedindo a sua ajuda e lembrando-nos, que eles nos amam e se preocupam com a nossa salvação. Nos dias de hoje é importantíssimo conhecer a vida dos santos, pois em geral, entre os "cristãos" de hoje, a compreensão dos ideais cristãos ficou muito deturpada.

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Nos seis livros queremos apresentar aos nossos leitores a vida daqueles santos, cujos nomes são mais comuns no batismo de nossos filhos . As vidas dos santos serão apresentadas por ordem cronológica durante o ano todo. Cada livro se refere a dois meses.

É costume ligar o nome do santo à categoria a que ele pertence. Assim, por exemplo, os patriarcas e antepassados ("praotsy") são santos do velho testamento, antepassados por parte da Virgem Maria do Nosso Senhor Jesus Cristo. Entre eles, podemos mencionar Noé, Abraão, Isaac, Jacó e outros.

Os profetas são pessoas escolhidas por Deus, principalmente no Velho Testamento, cuja missão consistia em anunciar aos povos a vontade de Deus. Eles predisseram a vinda do Cristo-Messias e muitos acontecimentos importantes na vida do povo eleito. Entre estes profetas, podemos mencionar principalmente Elias, Eliseu, Isaías, Daniel. São João Batista foi o último profeta do Antigo Testamento.

Os apóstolos são os discípulos mais próximos de Cristo, que foram enviados por Ele a diversos países para a divulgação da fé cristã. São doze os principais apóstolos e entre eles os mais conhecidos são o apóstolo Pedro, o apóstolo André o Primeiro Chamado, o apóstolo João Teólogo. Também outros pregadores do Evangelho, dos 70 outros discípulos são chamados de apóstolos: entre eles temos os apóstolos Marcos e Lucas. Também são Paulo é denominado de apóstolo, apesar de que foi chamado mais tarde pelo próprio Senhor — já depois da descida do Espírito Santo nos apóstolos. Os quatro apóstolos, que escreveram os Evangelhos, são denominados ainda de Evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João.

Os discípulos mais próximos dos apóstolos, que nos legaram muitas escrituras, se chamam de homens apostólicos; entre eles, temos: Inácio Teóforo, Policarpo de Esmirna, Irineu de Lion. Suas cartas são muito valiosas pois nos atestam como era a vida dos cristãos no primeiro e segundo séculos.

Desde os primeiros séculos de cristianismo temos uma fileira ininterrupta de santos, chamados de padres e doutores da Igreja. Os padres da Igreja são aqueles escritores religiosos, que se destacaram pela santidade de sua vida e cujos ensinamentos são especialmente valiosos. Os escritores religiosos, não canonizados, são chamados de doutores da Igreja. Em seus trabalhos os padres e os doutores nos preservaram os ensinamentos apostólicos e explicaram os ensinamentos sobre a fé e sobre uma vida piedosa; nos tempos difíceis de lutas com os hereges e pseudo-doutores eles eram defensores da pureza da fé cristã.

O século IV era o mais famoso, pois então apareceram os grandes doutores, defensores da fé na época, quando o mundo cristão foi sacudido por muito tempo pela heresia de Aria. No século IV viveram os seguintes santos: Afanasio Grande, Basílio Grande, Gregório Teólogo e João Crisóstomo. Mais tarde viveram os seguintes santos: Gregório Palama, Marcos de Efessos e outros.

Os santos, que prestaram grandes serviços à Igreja na divulgação e fortalecimento da fé cristã se chamam de iguais-aos-apóstolos; entre eles devemos mencionar a mirrófora Maria Madalena, santa Nina, que divulgou a fé na Geórgia, o imperador Constantino Grande e a sua mãe Helena, santos irmãos Cirilo e Metódio, pregadores nos países eslavos, o príncipe Vladimir e a sua avó a princesa Olga.

Santos bispos ("sviatiteli") são santos bispos, que serviram a Deus e que ainda durante a vida faziam milagres. O mais querido entre estes santos é o São Nicolau Taumaturgo, são Tikhon Zadonski, santos Pedro, Alexis e Hermogenes — "sviatiteli" de Moscou.

Mártires são os cristãos, que deram a sua vida pela fé cristã. Entre eles temos: grão-mártires, que demonstraram uma coragem fora de comum durante as torturas e que se glorificaram através de milagres; presbíteros mártires — que eram padres ou bispos; monges mártires. Entre os mártires devemos mencionar: grão-mártir e Vencedor George, grão-mártir e Médico Panteleimon, santas grã-mártires Barbara e Catarina. Durante os 70 anos do jugo comunista, a Rússia se enriqueceu com um número infinito de neomártires.

Confessores e sofredores ("strastoterptsy") são aqueles cristãos, que confessavam sem medo a sua fé cristã e que por isso sofreram perseguições. Entre eles devemos mencionar Máximo Confessor.

Santos ascetas ("prepodóbnye" — reverendos) são aqueles ascetas cristãos, que serviram a Deus como monges, isto é, renunciaram ao casamento e a todos os bens materiais para se dedicar totalmente à orações e aprofundar-se nos ensinamentos cristãos. Muitos deles alcançaram uma grande perfeição espiritual. Entre eles devemos mencionar: santo Antônio Grande, são Sérgio Radonejski, são Serafim Sarovski, os anciões de Optina — Ambrosio, e outros.

Justos — santos homens e mulheres das mais diversas classes, que se glorificaram por uma vida justa no mundo secular. Entre eles devemos mencionar o justo João de Kronstadt, taumaturgo, e São Filaret caridoso.

Bem-aventurados e desvairados-por-amor-à-Cristo (ïurodivye") são homens e mulheres das mais diversas classes, que voluntariamente aceitaram a ascese de extrema pobreza. Os "iurodivye" suportaram a dificílima ascese de uma aparente loucura, mas na verdade tinham o grande dom do Senhor de uma sabedoria espiritual e clarividência. Entre eles devemos mencionar o Santo André desvairado por amor à Cristo, Santo Basilio bem-aventurado, Santa Ksenia bem-aventurada de Petersburgo.

Assim, com a ajuda de Deus, começaremos relatar numa forma concisa a vida de alguns dos santos, começando pelo mês de janeiro. Debaixo do título de cada santa colocamos a data do dia dele, primeiramente conforme o calendário atual, e depois conforme o calendário antigo religioso.

 

Janeiro.

 

São Basílio Grande.

14 de janeiro (1 de janeiro do calendário ortodoxo)

São Basílio Grande (329-379), arcebispo da Cesaréia de Capadócia recebeu a base da sua educação no seu lar. A sua família era muito pia. A sua avó, a sua irmão, a sua mãe e o seu irmão foram canonizados. O seu pai era professor de eloquência e advogado. Terminando os seus estudos em Cesaréia, Basílio estudou nas famosas escolas de Atenas. Voltando para a Cesaréia, ele foi batizado e assumiu o posto de leitor na igreja. Depois disto, ele passou muito tempo junto com os eremitas de Síria, Mesopotamia, Palestina e Egito, onde aprendeu tudo sobre a vida monástica. Basílio gostou da vida no deserto e escolhendo um lugar afastado, ele construiu lá uma morada, onde habitava junto com ele também o amigo da sua juventude — são Gregório (Teólogo). O arcebispo da Cesaréia, Eusébio, chamou são Basílio do seu retiro e ordenou-o (364). Após a sua ordenação, o padre Basílio foi designado assistente mais próximo de Eusébio e o tempo todo trabalhou exaustivamente, pregando diariamente, as vezes até duas vezes por dia, fundando em Cesaréia e nas suas proximidades hospitais, orfanatos e asilos.

Após a morte de Eusébio (370), são Basilio foi elevado para a cátedra de Cesaréia e quase todos os anos de seu arcebispado passou na luta acirrada contra os arianos, os quais eram muito fortes durante o reinado de imperador Constantino e receberam mais força ainda durante o reinado do imperador Valente (os arianos rejeitam a essência Divina do Nosso Senhor Jesus Cristo). Nesta luta com os arianos, são Basílio continuava a obra de Atanásio Grande, e igual a ele, era considerado um pilar indestrutível da Ortodoxia. Os conselheiros do imperador Valente lhe diziam, que se são Basílio ceder, os arianos vencerão uma vez por todas. Valente mandava para Cesaréia o prefeito Modesto, que era conhecido por sua crueldade na perseguição dos ortodoxos. Modesto era muito arrogante e chamou a si são Basílio, no começo tentando convence-lo de entrar em entendimento com os bispos arianos, prometendo-lhe muitos benefícios que viriam a ele do imperador; depois, percebendo a sua firmeza, começou a ameaçar-lhe com o seqüestro de seus bens, o exílio e até com a morte. São Basílio lhe respondeu: "Não tenho medo do exílio, pois toda a terra pertence a Deus: é impossível seqüestrar os bens daquele, que nada possui; a morte seria um grande favor para mim: ela me unirá ao Cristo, por Quem eu vivo e trabalho aqui na terra." Esta grandeza surpreendeu o prefeito. "Até agora ninguém falou assim comigo," disse ele. — "Provavelmente, ainda não tiveste a oportunidade de falar com um bispo," retrucou modestamente são Basílio.

Depois disto, o próprio imperador chegou até a Cesaréia e no dia da Teofania foi para a igreja, onde o santo celebrava a missa. Valente ficou surpreso com a piedosa celebração do santo e pela enorme multidão rezando. Mas, mesmo assim, ele usou todos os meios para persuadir Basílio a fazer pelo menos algumas concessões aos arianos. Não conseguindo convence-lo, Valente decretou o seu exílio, mas o filho dele ficou de repente muito doente, e não achando nenhum outro recurso, Valente era forçado a revogar o seu decreto e pedir ajuda ao santo. Mesmo assim, depois disto os arianos conseguiram pelo menos diminuir a região do arcebispo. A sua região foi dividida em duas partes e um dos seus antigos assistentes, que antigamente era subordinado a ele (Anoim — bispo da nova região da cidade de Tiana) se transformou no seu maior rival e inimigo.

Para guardar a sua região dos arianos, são Basílio fundou um episcopado especial na cidade de Sasima, que se encontrava na fronteira com a região dos arianos, e designou para esta cátedra, tão importante o seu amigo Gregório, que ele havia ordenado um pouco antes. Porém, são Gregório se recusou a assumir o cargo numa província tão conturbada, pois isto não correspondia a sua vocação espiritual.

Além de defesa abnegada da Ortodoxia contra os arianos, o arcebispo Basílio prestou outros valiosos serviços à Igreja: toda a vida dele e principalmente os últimos nove anos eram repletos de trabalhos incessantes. As muitas cartas dele mostram como ele sofria com as confusões que conturbavam a vida da Igreja e como ele se empenhava na restauração da paz no meio episcopal. Ele fundava asilos para doentes e para pobres, parcialmente com os seus próprios recursos que herdou dos seus pais, parcialmente com a ajuda de outras pessoas, e estes asilos eram tão numerosos, que na sua totalidade representavam como que uma cidade. Durante a fome, os habitantes da Cesaréia encontraram nele um generoso benfeitor. Ele era o fundador de famosos mosteiros e redigiu as regras da vida e da conduta dos monges, e estas regras dele são observadas até hoje.

O piedoso serviço de são Basílio surpreendeu Valente, mas temos também um outro testemunho de uma outra pessoa, mais competente apreciador da beleza espiritual, são Efrem Sírio. São Efrem Sírio, guiado pela revelação celestial, veio à igreja, onde são Basílio celebrava a missa e pregava. Ele ficou tão admirado por tudo, que ele presenciou lá, que mencionou a sua admiração à voz alta na sua língua síria e desta maneira chamou a atenção à si de todo mundo. Este foi o começo da sua amizade com são Basílio, como atestam inúmeras cartas deles. Preocupando-se com a uniformidade da missa litúrgica, são Basílio redigiu a liturgia apostólica na sua ordem, que até hoje é conhecida como a liturgia de são Basílio. Esta liturgia é celebrada aos domingos da Grande Quaresma e mais em alguns outros dias. Ele redigiu também várias orações, rezadas na Igreja, das quais as mais conhecidas são as orações de Pentecostes, que são rezadas, genuflectas, após a liturgia.

As obras de são Basílio são muito respeitadas na Igreja, particularmente as suas "Palestras sobre os seis dias da criação," onde ele se mostra não só como um grande teólogo, mas também um grande cientista no campo de ciências naturais. Temos também 13 palestras sobre os salmos, 25 palestras sobre diversos assuntos, 5 livros contra arianos e um livro sobre a divindade do Espírito Santo.

Porém, os muitos afazeres e muitas mágoas minaram a saúde de são Basílio e ele veio a falecer aos 50 anos de idade (1 de janeiro de 379).

Tropário:

Os teus ensinamentos são divulgados em todo mundo, pois foram aceitas as tuas palavras, pelas quais ensinavas as verdades divinas: explicaste a essência da via, adornaste os costumes, dignidade real, padre reverendo: ora a Cristo Deus que salve as nossas almas.

 

Santa Mártir Tatiana.

25 de janeiro (12 de janeiro do calendário ortodoxo)

Santa Tatiana era filha de um rico romano e foi educada pelo pai em cristianismo. Quando Tatiana cresceu, ela ficou indiferente à riqueza e a todos os bens materiais, pois sentiu uma irresistível atração pela vida cristã espiritual. Ela se recusou terminantemente casar, e pelas suas virtudes foi nomeada diaconissa da Igreja Romana. Ela passou a cuidar dos enfermos, visitar as prisões, ajudar aos pobres e estava sempre rezando, nunca se esquecendo de Deus.

No reinado do imperador Alexandre Severo (222-235) santa Tatiana, por causa da sua fé cristã foi martirizada pelo prefeito da cidade, Ulpiano (cerca de 225). De acordo com a tradição, após martírios santa Tatiana foi jogada na arena do circo (Coliseu) para ser dilacerada por um leão feroz. Isto deveria servir de divertimento a muitos espectadores do circo. Mas a fera não só ficou mansa, como também começou a se esfregar, pedindo carinho à santa. Daí a santa Tatiana foi novamente martirizada, após o que foi decapitada junto com o pai dela. Oito servidores do prefeito, que estavam martirizando a santa, acreditaram em Jesus Cristo, porque viram claramente a força Divina, que estava fortalecendo ela — e eles também, após torturas, foram decapitados. Conforme testemunhou diácono Zossima, a cabeça da santa Tatiana, no ano de 1420, se achava em Periulepto, em Constantinopla.

Tropário:

No seu martírio reluziste, santa mártir, recoberta com o teu sangue, e igual à uma bela pomba voaste ao céu, Tatiana: portanto, ora por nós, que veneram o teu nome.

 

Santa Nina, Igual-aos-Apóstolos,

Missionária da Georgia.

27 de janeiro (14 de janeiro no calendário ortodoxo)

Santa Nina (Nunia, Nino), era sobrinha do patriarca de Jerusalém, Juvenálio. Desde a sua juventude ela amou a Deus e tinha muita pena das pessoas, que não acreditavam Nele. Quando o pai dela Zavulon (natural de Capadócia) se afastou da família para ser eremita e a mãe dela foi ordenada diaconissa, santa Nina foi entregue à uma mulher piedosa e foi por ela educada. Esta mulher lhe contava muito sobre um país chamado de Ivéria (hoje Georgia), que naquela época era ainda um país pagão, e isto fez com que a Nina sentiu um grande desejo de visitar a Ivéria e converter os seus habitantes.

Este desejo ficou ainda maior quando uma vez ela sonhou com a Nossa Senhora, que lhe entregou uma cruz feita de ramos de videira. O seu desejo se cumpriu quando ela foi obrigada a fugir para Ivéria, para se salvar das perseguições por parte do imperador Diocleciano (284-305).

Lá na Ivéria santa Nina se estabeleceu na casa de uma mulher que morava na vinha real e muito em breve ficou conhecida em toda a vizinhança, porque ajudava a todos os necessitados. Logo os enfermos ficaram sabendo da força de suas orações e muitos começavam a procurá-la. Em nome de Jesus Cristo a santa Nina os curava e lhes contava sobre Deus, Criador do mundo, e do Cristo Salvador.

A pregação de Cristo, os milagres feitos por santa Nina, e a sua vida piedosa exerceram uma influência benéfica sobre os habitantes da Ivéria e muitos deles se converteram e foram batizados. Ela converteu para o cristianismo até o próprio rei Miriano (Meroi), que até então era pagão. Depois disto foram chamados de Constantinopla um bispo e vários padres e na Ivéria foi construída a primeira igreja, dedicada a santos Apóstolos. Aos poucos, toda a Ivéria foi batizada.

Santa Nina, que não gostava de homenagens e não procurava a glória, se afastou para um monte e lá, na solidão, agradecia a Deus pela conversão dos pagãos. Alguns anos mais tarde, ela partiu de lá para a Kakhetia, onde converteu a rainha Sofia. Após trinta e cinco anos de trabalho, esforço e dedicação, santa Nina descansou em paz no dia 14 de janeiro de 335. No lugar onde ela morreu, o rei Miriano mandou construir uma igreja dedicada a são Jorge, que era um parente distante da santa Nina.

O nome de santa Nina é ligado ao achado da túnica de Cristo. Após a crucificação de Cristo, um dos soldados romanos ganhou esta túnica no jogo de dados. Mais tarde, depois de vários acontecimentos, esta túnica chegou até a Georgia. Após uma revelação divina, santa Nina achou a túnica enterrada junto à raiz de uma arvore.

Tropário:

Eras servidora da palavra de Deus, na pregação apostólica imitando André, o primeiro chamado, bem como outros apóstolos, missionária da Georgia e instrumento de Espírito Santo, santa Nina igual-aos-apóstolos, ora a Cristo Deus pela salvação das nossas almas.

 

Santa Mártir Leonilla.

29 de janeiro (16 de janeiro no calendário ortodoxo)

Santa Leonilla e junto com ela Speusipp, Eusipp e Meleusipp sofreram na Gália, no segundo século, durante o reinado do imperador Marco Aurélio (161-180). Leonilla, que foi batizada já na idade avançada converteu para o cristianismo também os seus netos — Speusipp, Eleusipp e Meleusipp. Com o intuito de erradicar paganismo na terra deles, eles quebraram os ídolos e começaram a reprochar os moradores na adoração dos ídolos. Por isto eles foram ferozmente perseguidos, esticados na árvore. Eles morreram depois que foram jogados no fogo, o qual, no entanto, não causou nenhum dano aos corpos deles. Após o martírio deles a santa Leonilla foi decapitada. Em breve foram martirizados também outros cristãos, entre eles Neon, Turvon e Jovilla. Todos estes mártires da Gália são especialmente venerados na Espanha, onde foram erguidas muitas igrejas em nomes deles. O imperador grego Zenon (474-491) entregou as suas relíquias à um nobre francês da cidade de Lantra, onde elas se encontram até hoje.

Tropário:

Jesus, a Tua cordeira Leonilla está clamando em voz alta: a Ti, meu Esposo amo e Te procurando, sofro, me crucifico e me enterro a Teu batizado, e sofro por Ti, para reinar junto, e morro por Ti, para viver junto, portanto me aceite como uma oblação inocente, que se sacrificou com amor por Ti. Com as orações dela, salve as nossas almas, ó Misericordioso.

 

Santo Antônio Grande.

30 de janeiro (17 de janeiro no calendário ortodoxo)

Antônio Grande nasceu no Egito por volta do ano de 250 numa família nobre e rica e os pais o educaram na fé cristã. Quando ele tinha 18 anos, os pais dele morreram e ele ficou só com a irmã, a qual ainda dependia dele. Uma vez, indo para a igreja, ele ficou meditando sobre os apóstolos, como eles deixaram tudo neste mundo para seguir ao Senhor e servir a Ele. Ao entrar na igreja, ele ouviu as palavras: "Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuis, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-Me" (Mateus 19:21). Antônio ficou perplexo com estas palavras, que foram como se dirigidas diretamente a ele. Em breve depois disto, Antônio deixou toda a sua herança em benefício dos pobres de sua aldeia, mas não sabia, para quem deixar a sua irmã. Com esta preocupação ele foi novamente para a igreja, e lá ouviu de novo as palavras do Senhor, como se dirigidas diretamente a ele: "Não vos preocupeis, portanto, pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá por si mesmo as suas preocupações. Para cada dia é suficiente o seu cuidado" (Mateus 6:34). Antônio deixou a sua irmã aos cuidados de umas virgens cristãs, conhecidas por ele e deixou a cidade, para viver na solidão e servir a Deus.

Não foi de uma hora para outra que santo Antônio se afastou do mundo. No começo, ele morou perto da cidade junto com um ancião piedoso, que vivia na solidão, e tentava imitá-lo em tudo. Ele visitava também outros eremitas, que viviam nos arredores da cidade e se beneficiava com os conselhos deles. Já naquele tempo ele ficou famoso por sua austeridade, tanto, que era chamado de "amigo de Deus." Depois disto, ele se atreve a se afastar mais. Ele convidou o ancião a vir junto, mas quando este se recusou, ele se despediu do ancião e foi viver uma gruta afastada. De vez em quando um dos amigos dele trazia lhe comida. Enfim, santo Antônio se afastou definitivamente dos lugares habitados, cruzou o Nilo e passou a viver nas ruínas de uma fortaleza militar abandonada. Ele levou consigo pão suficiente para seis meses, e depois o recebia dos seus amigos somente duas vezes por ano, e isto através de um buraco no telhado.

É impossível relatar todas as tentações e aflições sofridas por este grande asceta. Ele sofreu de fome e sede, de frio e de calor. A mais terrível tentação, de acordo com o próprio Antônio, se encontrava no coração: a terrível saudade do mundo e a aflição nos pensamentos. Somados a isto vieram ainda as tentações e os horrores dos demônios. Por vezes o santo asceta morria de tristeza e quase desanimava. Nestas situações aparecia-lhe o Próprio Senhor, ou lhe mandava um anjo, para animá-lo. "Onde estavas, bom Jesus? Porque não viestes logo no começo para acabar com os meus sofrimentos?" — clamou Antônio, quando o Senhor, após uma tentação particularmente difícil, lhe apareceu. "Eu estava aqui, — lhe disse o Senhor, — e esperava até que Eu veja a tua ascese."

Uma vez, no meio de uma terrível luta com os pensamentos, Antônio clamou: "Senhor, eu quero me salvar, e os pensamentos não me deixam." De repente ele viu que alguém, muito parecido com ele, estava sentado e trabalhando, depois se levantou e começou a rezar, depois disto novamente sentou e trabalhou. "Faça assim, e se salvarás," — lhe disse o anjo do Senhor.

Antônio vivia já vinte anos na solidão, quando alguns dos seus amigos, sabendo do lugar onde ele se encontrava, vieram para viver junto com ele. Eles bateram na porta durante muito tempo, pedindo-o a sair, e já resolveram arrombar a porta, quando o Antônio abriu a porta e saiu da sua reclusão voluntária. Eles ficaram admirados que não o acharam enfraquecido ou desgastado, apesar de que ele se submetia às maiores privações. A paz celestial reinava na alma dele e se espelhava no seu rosto. Ele era calmo, discreto, igualmente atencioso com todos e em breve se tornou orientador de muitos. O deserto ficou cheio de vida: nos arredores, nos montes apareceram habitações de monges; muitas pessoas cantavam, liam, jejuavam, rezavam, trabalhavam e ajudavam aos pobres. Santo Antônio não impunha regras definidas aos seus discípulos sobre a vida monástica. Ele se preocupou com os ânimos deles, para que estes sejam piedosos, lhes recomendava entregar-se à vontade de Deus, rezar, não se preocupar com nada do mundo e trabalhar incansavelmente.

Mas lá no deserto a multidão das pessoas incomodava santo Antônio e ele começou a procurar de novo a solidão. "Para onde queres fugir?" — lhe perguntou uma voz do céu, quando à beira do Nilo ele esperava por um barco para se afastar das pessoas. "Para a Tebaida lá encima," respondeu Antônio. Mas a mesma voz retrucou: "Seja lá encima na Tebaida, ou lá embaixo na Bucolia, não encontrarás sossego nenhum. Vá até o deserto interno." Assim se chamava o deserto nas margens do Mar Vermelho. Antônio se dirigiu para lá, seguindo um grupo de sarracenos.

Após três dias de caminhada, ele achou um monte alto inabitado, com uma fonte de água, e algumas palmeiras lá embaixo. Ele se instalou no monte. Aqui ele desbravou um pequeno campo, de modo que agora ninguém precisava vir para lhe trazer pão. De vez em quando ele visitava os monges. Para seu sustento, um camelo levava água e pão durante estas difíceis travessias no deserto. Mas os seus admiradores o acharam até neste seu último retiro. Começaram a vir muitas pessoas pedindo suas orações e seus conselhos. Traziam-lhe enfermos: ele rezava curando-os.

Santo Antônio já vivia no deserto quase setenta anos. Contra a própria vontade, ele começou a ser tentado por um pensamento orgulhoso: ele é o mais velho de todos aqui. Ele pediu a Deus afastar este pensamento dele e recebeu a revelação de que há um eremita, que vive lá há muito mais tempo e serve a Deus melhor que ele. Antônio levantou de madrugada e se pôs a procurar este asceta desconhecido. Ele andou o dia todo, mas não encontrou ninguém além de animais selvagens. Em frente dele se descortinava uma imensidão, mas ele não perdia a esperança. No dia seguinte ele continuou a sua busca. Uma loba, que corria para uma nascente, cruzou o seu caminho. Ele a seguiu e chegando à fonte, viu uma gruta. Com a sua aproximação, a porta da gruta se fechou. Até meio-dia clamou santo Antônio ao asceta desconhecido, pedindo lhe sair. Enfim, a porta se abriu e de lá saiu um ancião, com cabelos e barba completamente brancos. Este era são Paulo de Tebaida. Ele vivia no deserto já perto de noventa anos. Após um osculo fraternal, Paulo perguntou ao Antônio: em que condições se acha a humanidade? Quem reina no mundo? Será que ainda existem idolatras? Com grande alegria ele ouviu a boa nova que não havia mais perseguições e que o cristianismo venceu no Império Romano, mas se entristeceu muito, quando soube da heresia de Ariano. Enquanto os dois anciões conversavam, desceu um corvo e lhes trouxe pão. "Como é generoso e misericordioso Nosso Senhor," exclamou Paulo. "Há quantos anos recebo diariamente Dele metade de um filão e hoje, por causa de tua visita, Ele nos mandou um filão inteiro."

No dia seguinte Paulo revelou ao Antônio que dentro em breve deve deixar este mundo e pediu ao Antônio lhe trazer o manto do bispo Atanásio, (celebre defensor da Ortodoxia contra a heresia de Ariano), para cobrir os seus restos mortais. Antônio se apressou a cumprir o desejo do santo ancião. Depois ele voltou para o seu deserto muito agitado e só podia responder uma coisa às perguntas dos irmãos monges: "Eu sou um pecador que pensava ser um monge! Eu vi Elias, eu vi João, eu vi Paulo no paraíso." Voltando para são Paulo, ele o viu ascendendo para o céu rodeado por inúmeros anjos, profetas e apóstolos.

"Paulo, por que não esperaste por mim? — exclamou Antônio. — Foi tão tarde que eu te conheci e tu me deixas tão cedo!" Porém, quando ele entrou na gruta do Paulo, ele o achou ajoelhado, calado e imóvel. Antônio se ajoelhou também e começou rezar. Após algumas horas de orações ele viu, que Paulo ficava imóvel porque já estava morto. Antônio lavou o corpo dele com grande devoção e cobriu com o manto do bispo Atanásio. De repente apareceram dois leões, que com as suas garras cavaram um buraco fundo, onde Antônio enterrou o santo asceta.

Santo Antônio morreu muito velho (ele tinha 106 anos, no ano de 356), e pela sua ascese foi cognominado Grande.

Santo Antônio fundou vida monástica eremítica. Alguns eremitas, sob orientação espiritual de um "abba" (abba é uma palavra hebraica e significa "pai") viviam separadamente um do outro em cabanas ou grutas (ermidas), rezando, jejuando e trabalhando. Algumas ermidas, reunidas sob a orientação de um abba, se chamava de "lavra." Mas ainda durante a vida do Antônio Grande apareceu um outro tipo de vida monástica. Os ascetas se juntavam numa comunidade, dividiam o trabalho conforme a força e talento de cada um, dividiam a comida e se submetiam a regras iguais para todos. Estas comunidades se chamavam de cenóbios ou mosteiros. Os abbas destas comunidades passaram a ser chamados de arquimandritas. Pacómio Grande foi o fundador destes mosteiros.

Tropário:

Com os teus modos imitando Elias zeloso, seguindo ao Batista por caminhos justos, padre Antônio, vivias no deserto fortalecendo o mundo com as tuas orações. Assim, ora a Cristo Deus que salve as nossas almas.

 

Mártires Inna, Pinna e Rimma.

2 de fevereiro (20 de janeiro no calendário ortodoxo)

Santos Inna, Pinna e Rimma, eslavos de Scítia Menor, eram discípulos do apóstolo André. Eles pregavam o Cristo e assim conseguiram converter para a fé verdadeira muitos gentios bárbaros e os batizaram. O príncipe dos bárbaros ficou furioso por isso e exigia deles renegar a fé cristã e adorar os ídolos. Mas como eles ficaram inflexíveis na sua confissão da fé cristã, ele mandou cravar estacas no rio e amarrar lá os mártires. Eles sofreram muito com o terrível frio e a pressão do gelo e enfim morreram. A tradição indica que o lugar do seu martírio foi o rio Danúbio e que eles viveram e sofreram no primeiro século (Os nomes de Inna, Pinna e Rimma, que eram nomes masculinos, agora são considerados nomes femininos.)

Tropário:

Senhor, os Teus mártires, nos seus sofrimentos, receberam de Ti, nosso Senhor, as coroas eternas: pois tiveram a Tua força que venceu os torturadores e aniquilou os débeis assaltos dos demônios. Salve as nossas almas por suas orações.

 

São Máximo Confessor.

3 de fevereiro (21 de janeiro no calendário ortodoxo)

São Máximo nasceu em Constantinopla numa família de nobres e recebeu uma exímia educação. Durante o reinado do imperador Heráclio (610-641) ele fazia parte dos conselheiros do imperador. Ele percebeu, que a heresia de monofilitos (os monofilitos rejeitavam a vontade humana de Jesus Cristo, diminuindo assim o significado de Sua paixão), e que o próprio imperador Heráclio aceitou esta heresia e assim ele deixou a corte, entrando para o mosteiro de Crisópol. Mais tarde são Máximo foi designado abade deste mosteiro.

Máximo era profundo conhecedor da teologia e um ferrenho defensor da Ortodoxia e conseguia demonstrar com grande habilidade a falsidade da heresia monofilita (Os monofilitas achavam, que a natureza humana de Jesus Cristo era dominada e esmagada por Sua natureza divina). Por sua fé ortodoxa inabalável, são Máximo era muitas vezes perseguido pelos inimigos da Igreja. Mas os seus argumentos na defesa da Ortodoxia eram tão convincentes, que após uma disputa pública em Constantinopla com o patriarca monofilita Pirro, o patriarca renunciou à heresia no ano de 645.

São Máximo foi várias vezes mandado para exílio e sempre chamado de volta para Constantinopla. Muitas vezes os hereges passavam de exortações e promessas para ameaças, vexação e espancamentos de são Máximo. Mas ele ficou inabalável na sua fé. Enfim, cortaram lhe a língua e a mão direita, para ele não poder defender a verdade nem com as palavras, nem por escrito. Depois disto, ele foi mandado no exílio para Caucaso, para Lazov (uma região de Mingrelia). Aqui são Máximo morreu em 13 de agosto de 662, conhecendo com antecipação o dia de sua morte.

São Máximo escreveu muitas obras teológicas em defesa da Ortodoxia. As obras mais valiosas dele são sobre uma vida espiritual e contemplativa, e algumas delas fazem parte de "Dobrotoliubie" ("Amor ao bem") — uma coletânea de conselhos sobre uma vida ascética. Nestes conselhos sobre ascetismo podemos perceber a profundidade espiritual e perspicácia do pensamento de são Máximo. Também pertence a ele a explicação da Liturgia, de um grande valor teológico.

Tropário:

Fieis, honraremos com cânticos o grande Máximo, diligente defensor da Trindade, que nos ensina com clareza a fé divina, como glorificar Cristo em duas naturezas, vontades e atos e clamaremos: alegra-te, confessor da fé.

 

São Guennadi.

5 de fevereiro (23 de janeiro no calendário ortodoxo)

São Guennadi de Kostroma nasceu na cidade de Moguilev na Lituania e foi batizado com o nome de Gregorio. Ele era filho de um casal de ricos boyardes russo-lituanos. Desde a sua juventude ele era piedoso, gostava de freqüentar a igreja e jejuava de uma forma rigorosa. Ele decidiu dedicar a sua vida a Deus e para tanto saiu escondido da casa dos pais e vestido como um mendigo foi para a Rússia. Ele visitou Moscou, Novgorod e não achando nos mosteiros de lá aquele ambiente que ele procurava, ele foi para mais longe até o rio Svir onde se encontrava o santo Alexandre. Santo Alexandre de Svir encaminhou-o até as florestas de Vologda, ao santo Cornelio de Komel, onde ele entrou para o mosteiro com o nome de Guennadi. Mais tarde os santos Cornelio e Guennadi foram até o lago Sura perto da cidade de Kostroma, onde fundaram uma ermida com duas igrejas, a qual mais tarde recebeu o nome de mosteiro de são Guennadi.

São Guennadi trabalhou incansavelmente, fazendo pão e "prosfora" (pão bento), rachando lenha e cavando tanques junto com os outros monges. Para uma ascese ainda maior, ele usava constantemente correntes ("verigui"). Ele gostava muito de pintar ícones e as igrejas de sua ermida foram embelezadas com os ícones dele. Por sua vida piedosa ele recebeu de Deus o dom de cura e de clarividência. Assim, durante a sua visita a Moscou, ele predisse à filha do boyarde Roman Zacarin, Anastácia, que ela será czarina. Realmente, ela casou com o czar Ivan Terrível e foi a sua esposa predileta. O próprio czar Ivan Terrível pediu ao são Guennadi ser padrinho de sua filha. São Guennadi curou o bispo Cipriano de Vologda de uma gravíssima enfermidade.

São Guennadi faleceu em 1565, e no ano de 1644 foram achadas as suas relíquias intactas, que desde então se acham enterradas na igreja de Transfiguração do seu mosteiro. São Guennadi escreveu "Preceitos do starets (ancião) à um jovem monge" e "Herança espiritual."

 

Santa Xenia Romana.

6 de fevereiro (24 de janeiro no calendário ortodoxo)

Santa Xenia era filha única do famoso senador romano, Eusebio. Ainda na adolescência ela resolveu permanecer virgem e para fugir do casamento, ela, e mais duas servas viajaram para Alexandria. Aqui ela pediu às suas servas de chama-la Xenia, o que em grego significa "peregrina," para ser mais difícil de acha-la.

Ao se encontrar com o abade do mosteiro de santo André da cidade de Milass (na Cárie), ela lhe pediu de leva-la junto com as duas acompanhantes até Milass. Lá ela comprou um lote de terra, construiu a igreja de Santo Estevão e fundou um convento. Por sua vida piedosa, dentro em breve o bispo ordenou Xenia diaconissa. Ela levava uma vida verdadeiramente angelical: ela amava todos, ajudava a todos em tudo que podia, ajudava aos pobres, consolava aos desolados, aconselhava aos pecadores. Com a sua grande humildade ela se julgava pior e mais pecadora de todos.

Santa Xenia salvou muitas almas, Ela morreu na segunda metade do século V. Quando ela morreu, houve muitos milagres.

Kondákio:

Xenia, estamos festejando a tua memória de peregrina, e estamos te honrando com amor, e glorificamos Cristo, que te deu o dom de cura: ora sempre por nos todos à Ele.

 

Bem-aventurada Xenia de São Petersburgo.

6 de fevereiro (24 de janeiro no calendário ortodoxo)

Santa Xenia era esposa do coronel André Feodorovich Petrov, que era cantor da corte. Aos 26 anos, Xenia ficou viuva e parecia enlouquecer de tanta tristeza. Ela distribuiu todos os seus bens aos pobres, vestiu a roupa do falecido marido e como que esquecendo o seu próprio nome, começou a se referir a si mesma como André Feodorovich.

Estas esquisitices não eram resultado do enlouquecimento, mas refletiam somente a completa indiferença pelos bens materiais e conceito dos outros, que consideram estes bens materiais como a coisa principal da vida. Assim Xenia de São Petersburgo tomou sobre si a dificil ascese de desvairada por amor a Cristo.

Através da morte do seu amado marido, Xenia conheceu como é instável a felicidade e se dedicou inteiramente a Deus, buscando exclusivamente a Sua proteção e consolo.

Os bens materiais passageiros deixaram de atraí-la. Xenia tinha sua casa, mas passou-a para uma conhecida com a condição de ela acolher naquela casa os pobres. Mas ela mesma não tinha onde morar e passou a conviver com os mendigos de São Petersburgo e à noite saia para um lugar afastado da cidade, onde rezava.

Quando começou a construção da igreja no cemitério de Smolensk, com o cair da noite Xenia ia para lá para carregar secretamente tijolos para cima da obra, desta forma ajudando aos pedreiros a levantar as paredes da igreja.

Alguns dos familiares da Xenia queriam levar ela para a sua casa e fornecer-lhe tudo o que é necessário para a vida, mas a bem-aventurada sempre respondia: "Eu não preciso de nada." Ela se alegrava com a sua pobreza e quando chegava a alguma casa, geralmente dizia: "Eis me aqui toda." Quando as roupas do falecido marido se rasgaram completamente, Xenia vestiu a roupa mais pobre e calçou sapatos furados, sem meias. Ela nunca usou agasalho e obrigava o seu corpo a sofrer de frio.

Percebendo a grandeza do espirito da bem-aventurada Xenia, os moradores de São Petersburgo amavam-na, porque ela desprezou os bens da terra para atingir o Reino dos Céus. Se Xenia entrava em casa de alguém, isto era um bom sinal. As mães se alegravam, quando ela beijou a criança. Os cocheiros pediam a bem-aventurada a permissão de leva-la pelo menos um pouco no seu charrete, pois depois disto o lucro era certo para o dia inteiro. Os feirantes pediam a ela aceitar alguma comida. E quando a bem-aventurada aceitava alguma coisa, toda a mercadoria do feirante era rapidamente vendida.

Xenia tinha o dom de clarividência. Na véspera do Natal de 1762, ela andava pelas ruas de São Petersburgo dizendo: "Preparem bliny (uma espécie de panqueca), amanhã toda a Rússia vai faze-lo." No dia seguinte a imperatriz Elizabete Petrovna morreu inesperadamente. Alguns dias antes do assassinato do jovem João VI (Antonovich, tataraneto do Tsar Aleksei Mikhailovich), o qual, ainda sendo bebe, foi proclamado imperador russo, a bem-aventurada chorava repetindo: "Sangue, sangue, sangue." Uns dias após a conspiração malsucedida de Mirovich, o jovem João foi assassinado.

Uma vez, Xenia chegou na casa de uma moça e lhe disse: "Você está aqui tomando o seu café, e nesta hora o teu marido está enterrando a sua esposa no cemitério de Okhta." Depois de um certo tempo, esta moça casou com um viúvo, aquele mesmo que, quando a Xenia falou com a moça, estava no cemitério de Okhta enterrando a sua primeira esposa.

A bem-aventurada Xenia morreu no final do século XVIII, mas não chegou até nós a data de sua morte. Ela foi enterrada no cemitério de Smolensk, onde ajudava a construir a igreja. Dentro em breve começou romaria para o túmulo dela. Muitas vezes a bem-aventurada Xenia aparecia às pessoas em apuros, prevenindo sobre os perigos .

A bem-aventurada não cessava demonstrar a sua compaixão e o seu amor a todos que a ela recorriam com fé, e são conhecidos muitos casos de sua ajuda aos sofredores e àqueles que se encontravam numa situação sem saída.

Um funcionário público, Nicolai Selivanovich Golovin, morava na cidade de Grodno até o ano de 1907 e muitas vezes experimentava muitas contrariedades no seu serviço. Ele foi para São Petersburgo para regularizar a sua situação, porém esta ficou ainda mais confusa. Golovin era muito pobre e estava cuidando da sua velhinha mãe e de duas irmãs. Num completo desespero ela estava andando pelas ruas de São Petersburgo e apesar de ser uma pessoa de fé, começou a pensar em suicídio. Naquele momento apareceu na frente dele uma desconhecida, impressionando-o pela sua aparência, pois até um certo ponto ela se parecia com uma pobre freira. "Porque estás tão triste? — perguntou ela, — Vai até o cemitério de Smolensk, manda lá rezar uma missa em intenção da alma da Xenia e tudo se resolverá." Após estas palavras, a desconhecida ficou invisível. Golovin cumpriu o conselho da misteriosa freira e a sua situação se resolveu da melhor maneira possível. Feliz, ele voltou parta Grodno.

O imperador Alexandre III, quando ainda herdeiro, ficou gravemente doente com tifo. A sua esposa, Maria Feodorovna, ficou preocupadíssima com a doença do esposo. Um dos cortesãos contou-lhe, como a bem-aventurada Xenia ajuda aos enfermos, deu-lhe um saquinho com um pouco de terra do túmulo da Xenia e disse, que ele mesmo ficou curado após orações à Xenia. A princesa colocou o saquinho debaixo do travesseiro do doente e na mesma noite, quando ficou sentada à cama do esposo, teve uma visão da bem-aventurada Xenia, que lhe disse, que o doente se recuperará e que na família nascerá uma menina, que deverá receber o nome de Xenia. Tudo se cumpriu conforme a santa predisse.

Na região de Pskov, na casa de uma fazendeira chegou um conhecido, contando como lá na capital a memória da bem-aventurada Xenia é respeitada. Sob a influencia de suas palavras, a fazendeira, antes de deitar, rezou pela alma da Xenia. A noite ela sonhou que Xenia estava andando em volta da casa dela, jogando água. Pela manhã, começou incêndio no depósito de feno, mas não se propagou até a casa.

A viuva de um coronel foi ao São Petersburgo para matricular seus dois filhos na escola militar, porém sem sucesso. O dinheiro estava acabando e a viúva andou na rua chorando. De repente, apareceu na frente dela uma mulher simples e disse: "Manda rezar a missa em intenção da alma da Xenia, ela ajuda a todos que estão em apuros." "Quem é a Xenia?" — perguntou a viúva. — "A língua leva até Kiev," — respondeu a mulher e rapidamente desapareceu. A viúva facilmente se informou sobre a Xenia e mandou rezar a missa no seu túmulo no cemitério de Smolensk. Inesperadamente, ela recebeu a notícia, que ambos os filhos foram matriculados na escola.

Há muitos casos como estes da ajuda da bem-aventurada Xenia. Os russos conhecem bem a ação recíproca entre os mundos espiritual e material, entre o celestial e o terreno, e já durante dois séculos recorrem em suas orações à ajuda da santa.

Tropário:

Recusaste o tumulto da vida terrestre, e aceitaste a cruz de uma vida sem domicílio. Não tiveste medo de tormentos, privações e escárnios dos homens, pois conhecestes o amor de Cristo, deliciando-se com ele agora, nos céus. Xenia bem-aventurada, sábia, reza pela salvação das nossas almas.

 

São Gregório Teólogo.

7 de fevereiro (25 de janeiro no calendário ortodoxo)

São Gregório Teólogo (326-389) era filho de Gregório (futuro bispo de Nazianz) e de Nonna, uma mulher altamente piedosa. Ainda antes do nascimento do filho, ela o prometeu a Deus, e depois se empenhou muito para que o filho cumprisse a sua promessa. São Gregório achava que a educação dada a ele por sua mãe era a mais importante para ele. Ele era muito talentoso e recebeu uma ótima escolaridade: ele estudava nas escolas de Cesareia da Palestina, onde se encontrava uma importantíssima biblioteca, colecionada pelo mártir Pamfil, na Alexandria ele se aprofundou nas obras de Origenes, e por fim, em Atenas ele se aproximou a são Basílio Grande, a quem ele já conhecia antes. Esta amizade ele julgou mais importante do que todas as escolas. Em Atenas, os santos amigos moravam no mesmo quarto, e a vida deles era muito parecida; eles conheciam somente dois caminhos: um caminho para a igreja, e outro — para a escola. Em Atenas são Gregório conheceu Juliano, apelidado de "Renegado," o qual, após ser proclamado imperador, renegou o cristianismo e tentou fazer renascer o paganismo no Império Romano (361-363). Ele nos deixou uma viva imagem deste malvado e pérfido inimigo da Igreja. Aos 26 anos de idade, são Gregório foi batizado.

Após a sua volta à terra natal, durante muito tempo são Gregório não queria assumir nenhuma função pública. A sua ocupação consistia em meditação sobre Deus, leitura de livros sagrados, composição de inspiradas canções e artigos e cuidados dos velhos pais dele. Ele passou algum tempo num lugar ermo junto com o seu amigo Basílio e este tempo era o mais feliz de toda a sua vida. O seu pai, que naquela época já era bispo e que precisava de um ajudante, chamou ele da sua ermida para si em Nazianz e ordenou lhe padre. Já este título parecia tão alto e difícil para Gregório, devido às suas muitas obrigações e responsabilidades, que ele se retirou de novo para ermida. Acalmando-se lá, ele voltou para junto com o pai e aceitou o sacerdócio, consolando-se com o pensamento, que desta forma ele também ajuda ao seu velho pai.

Neste mesmo tempo, o seu amigo Basílio já recebeu o alto título de arcebispo. Como ele desejava ter um ajudante fiel e culto, que poderia ajudar-lhe na direção de um vasto território, são Basílio ofereceu ao são Gregório o lugar do presbítero principal junto à sua cátedra, mas são Gregório não aceitou esta função. Mais tarde, são Gregório foi ordenado bispo na cidade Sasim, e isto se deu após um acordo secreto entre o arcebispo Basílio e o pai de são Gregório. São Gregório viu neste ato a vontade de Deus, mas se recusou a aceitar o próprio cargo e como bispo ajudante continuou a ajudar ao seu velho pai e à comunidade de Nazianz. No ano de 374 faleceu o seu pai, e logo em seguida, também a sua mãe. Durante algum tempo são Gregório continuava a obra do seu pai em Nazianz, mas ficou gravemente doente. Após a sua cura, ele se retirou para um mosteiro afastado, onde passou três anos rezando e jejuando.

Mas esta grande luz espiritual não podia se esconder num mosteiro por muito tempo. Ele foi escolhido por bispos e leigos ortodoxos para a cátedra de arcebispo de Constantinopla e chegou lá justamente na época do auge da heresia ariana, quando os arianos ocuparam todas as igrejas da cidade. São Gregório ficou alojado na casa de seus amigos. Ele transformou um dos quartos numa igreja, chamando-a de Anastácia (o que significa "ressurreição"). Ele tinha esperança de restabelecer lá a Ortodoxia e começou fazer sermões. Os arianos começaram zombar e caçoar dele, xingar, jogavam pedras nele e até mandavam assassinos. Mas o povo reconheceu o seu verdadeiro pastor e começou a se agrupar em volta dele, apegando-se a ele como o ferro se apega ao imã (conforme as próprias palavras de são Gregório). Ele vencia os inimigos da igreja com a sua palavra, com o exemplo de sua vida e com o seu empenho pastoral. Chegavam homens de todos os cantos para ouvir as suas sermões. Os ouvintes, que estavam em volta da sua cátedra, na sua emoção pareciam com um grande mar agitado, aprovando as suas palavras e batendo as palmas, e escribas rapidamente anotavam as suas sermões para as futuras gerações. Toda semana milhares de pessoas voltavam da heresia de Ariano para a Ortodoxia.

Por fim, durante o reinado do imperador ortodoxo Teodósio (379-395), os ariamos remanescentes eram banidos da capital. Quando apareceu a heresia de Macedônio, (Macedônio negava a Divindade do Espírito Santo), são Gregório lutava contra ela e tomou parte no Segundo Concílio Ecumênico. Terminado o seu trabalho, são Gregório se recusou a continuar na cátedra de Constantinopla, dizendo: "Adeus, cátedra, esta altura tão almejada e tão perigosa." São Gregório se retirou para o seu vilarejo natal, Azianz, perto de Nazianz, onde passou os seus últimos anos, levando uma vida austera e ascética.

Por suas magnificas obras teológicas são Gregório é chamado pela igreja de Teólogo e doutor ecumênico e por sua faculdade de perceber os maiores mistérios da fé e expressar as suas verdades com grande clareza e precisão, ele é chamado pela igreja de "mente mais alta." As suas sermões são tão poéticas, que muitos trechos delas foram utilizados por são João Damasceno e outros autores em seus hinos. Ainda hoje emana um perfume das suas relíquias intactas.

Tropário:

O teu pífaro pastoril de teologia venceu as cornetas dos oradores: pois achastes as profundidades do espírito e profetizastes corretamente. Portanto, são Gregório, ora por nós a Cristo Deus para que salve as nossas almas.

 

São João Crisóstomo.

9 de fevereiro e 26 de novembro

(27 de janeiro e 13 de novembro no calendário ortodoxo)

São João Crisóstomo (347-407) era filho de pais nobres da Antioquia. Ainda menino, ele perdeu o pai e foi educado com grande esmero pela sua mão, Anfusa, uma mulher maravilhosa e cristã exemplar. Mais tarde ele estudou junto com o famoso orador pagão, Livanio. Ele era muito talentoso e desenvolveu seu talentos graças à uma brilhante educação (bíblica em conjunto com a clássica). Quando perguntaram ao Livanio, a quem ele acharia o seu melhor sucessor, ele tristemente respondeu: "Com certeza, João, se os cristãos não o tivessem separado de nós," e à mãe dele ele se referiu assim: "Que mulheres dignas têm os cristãos!"

Terminando a instrução, João recebeu o cargo de advogado e era famoso por sua eloqüência. Mas logo esta tipo de vida lhe era tedioso. Tendo se batizado já adulto, conforme era costume naqueles tempos, ele queria se afastar para um lugar ermo, mas ficou somente a pedido de sua mãe. O bispo de Antioquia, Meleti, soube dos talentos invulgares de João e incluiu ele no clero. Neste tempo, João estava se aprofundando no estudo Escrituras Sagradas, relativas à teologia.

Após a morte de sua mãe, ele cumpriu o seu antigo desejo: viveu quatro anos viveu num mosteiro afastado e mais dois anos num retiro absoluto numa gruta. Uma doença obrigou-o a voltar para a Antioquia. Aqui ele foi ordenado diácono e mais tarde, padre. Estes doze anos do seu sacerdócio eram o tempo mais feliz de sua vida. Ele pregava incansavelmente e tomava parte em todas as alegrias e tristezas dos seus paroquianos. Os seus sermões eram muitas vezes interrompidas com aplausos. João sempre dizia: "O que significa para mim o seu aplauso? — A correção de suas vidas e a sua volta à Deus — eis o melhor louvor para mim." Os seus sermões mais famosos eram relacionados às punições que ameaçaram a Antioquia por derrubada de estatuas do imperador.

Dentro em breve são João ficou famoso em todo o mundo cristão e ficou conhecido como Crisóstomo (uma mulher simples na igreja em êxtase do seu sermão, gritou "Crisóstomo") . Por isso, quando após a morte do bispo Nectario, sucessor de são Gregório Teólogo, a cátedra de Constantinopla ficou vazia, o imperador Arcadi (395-408) desejou, que Crisóstomo a ocupasse.

O começo do seu trabalho era muito confortante e ele se dedicou todo a erradicação dos restos da heresia ariana, à pacificação dos bispos hostis, na correção do clero e de todos os fieis. Porém esta atividade enérgica colocou contra ele muitos inimigos, encabeçados abertamente pela imperatriz Eudoxia, uma mulher fútil e ambiciosa.

Eudoxia conseguiu como seu aliado o arcebispo Teofilo de Alexandria, o qual por sua vez tinha como aliados os bispos descontentes. Estes bispos conclamaram um concílio (num vilarejo Dub, perto de Constantinopla), e condenaram João, destituindo-o da cátedra e banindo-o. "A Igreja de Nosso Senhor não foi iniciada por mim, e nem comigo acabará," — disse João aos seus fieis amigos e saiu da metrópole. Mas naquela mesma noite houve um grande terremoto, que foi particularmente ouvido no palácio. Eudoxia, possuída de um grande medo, mandou rapidamente buscar João. Mas, passando dois meses, Eudoxia se voltou novamente para os suas velhas paixões e vícios, e João renovou as suas denuncias. Desta vez, João foi condenado à revelia e exilado.

João passou cerca de três anos numa cidade pequena de Kukuz na Armenia, e depois foi deportado para mais longe, para Piciunt (no nordeste do Mar Negro). Soldados severos levaram a pé o santo durante três meses, atravessando montanhas, seja num calor sufocante, seja numa chuva torrencial. O santo, completamente exausto, fez uma parada na cidade de Komani. Aqui, à noite, ele viu uma aparição do são mártir Vassilisk (cujas relíquias se encontravam naquela cidade) que lhe disse: "Não desanime, irmão João, amanhã ficaremos juntos." João comungou e morreu tranqüilamente com as palavras: "Graças a Deus por tudo!"

As palestras do santo são numerosas — perto de 800 — e lá ele nos deixou inspiradas explicações de muitos livros de Sagradas Escrituras e é considerado pela Igreja como uma das maiores autoridades na explicação da Bíblia. Ele escreveu a Liturgia, hoje chamada de Liturgia de São João Crisóstomo, introduziu procissões, e outros costumes. Porém, ele ficou mais conhecido por seu empenho na divulgação da fé cristã. É sabido, que ele também mandou pregadores para a Rússia, onde naquela época habitavam os citas e é considerado como um dos seus apóstolos.

Tropário:

A bem-aventurança dos teus lábios resplandeceu como a luz do fogo, iluminando o mundo: mostrando-nos a verdadeira sabedoria e não os tesouros materiais do mundo. Mas, ensinando com as tuas palavras, padre João Crisóstomo, ora para o Verbo Cristo Deus, que salve as nossas almas.

 

São Nikita, Arcebispo de Novgorod.

13 de fevereiro (31 de janeiro no calendário ortodoxo)

São Nikita entrou no mosteiro de Kievo-Petchersk ainda muito jovem e logo desejou ser eremita (anacoreta), apesar dos conselhos do abade, que ele ainda não estava preparado para este tipo de vida. Lá na solidão ele foi tentado da seguinte maneira. Sob a influência de satanás ele deixou de rezar e se aprofundou na leitura do Velho Testamento. Ele conhecia os livros do Velho Testamento tão bem, que sabia muita coisa de e ninguém era igual a ele no conhecimento destes livros. Quando o seu perfeito conhecimento do Velho Testamento ficou conhecido por muitas pessoas, muitos príncipes, duques e altos dignitários começaram a lhe procurar para ouvir as suas explicações. Porém., muitos ficaram espantados quando perceberam, que ele não queria nem ouvir falar do Novo Testamento e evitava-o de todas as maneiras possíveis. Para os velhos e sábios monges do mosteiro isto era um sinal de que ele foi seduzido pelo diabo. Ele conseguiu se livrar disto depois de muitas orações dos monges do mosteiro. Depois disto, Nikita saiu de sua reclusão voluntária, continuou jejuar com grande rigor, começou a rezar muito e em breve superou os outros monges com a sua obediência e humildade.

Alguns anos mais tarde Nikita foi ordenado bispo em Novgorod. Ele sempre achava palavras certas para ensinar aos fieis as verdades do Evangelho. Por sua vida santa ele recebeu de Deus o dom de milagres, de modo que ajudou a muitas pessoas e muitos curou de doenças. Assim uma vez, com as suas orações ele fez chover; outra vez, com as suas orações ele apagou o incêndio na cidade. Após treze anos de bispado, são Nikita morreu em 1108. Após 445 anos, durante o reinado de Ivan Terrível (1530-1584), as suas relíquias foram achadas intactas e naquele tempo houve muitas curas: principalmente os cegos e os doentes de vista se curavam.

Tropário:

Sábio em Deus, deleitaste-te com a ascese, refreaste os desejos do corpo, tomaste lugar na cátedra de bispos e foste como uma estrela, que ilumina os corações dos fieis, pai nosso, são Nikita. E agora também ora a Cristo Deus, que salve as nossas almas.

 

Fevereiro.

São Simeão Justo e Santa Profetisa Ana.

16 de fevereiro (3 de fevereiro no calendário ortodoxo)

São Simeão viveu durante o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Conforme nos diz o evangelista Lucas, Espírito Santo prometeu a Simeão de que ele não morreria sem ver Cristo. Conforme a tradição, esta promessa lhe foi feita 270 anos antes do nascimento de Jesus. Naquele tempo, são Simeão era um dos 70 tradutores da Bíblia do hebreu para o grego. Esta tradução se destinava para a biblioteca do rei egípcio Ptolomeu Filadelfo. Simeão ficou na dúvida, quando chegou até o lugar da profecia de Isaías (7:14), sobre o nascimento de Emanuel (Messias) da Virgem; ele duvidava da exatidão das palavras e queria substituir a palavra "virgem" pela palavra de "mulher." Naquele exato momento ele recebeu um anuncio de Espirito Santo para não deturpar a profecia e também uma promessa, que ele não haveria de morrer antes de ver o cumprimento da profecia sobre o nascimento de Messias.

Naquele tempo, havia muitas calamidades e uma geral decadência da fé e da moral e o santo ancião esperava o cumprimento desta promessa durante muitos longos anos. Quando enfim a Criança Divina nasceu e foi trazida para o templo, Simeão recebeu a revelação do Espirito Santo que a sua expectativa se cumpriu e que no templo de Jerusalém ele iria ver o Messias.

Ao chegar no templo, o santo ancião viu não só o Messias prometido e a Sua puríssima Virgem-Mãe, mas também teve a honra de receber Cristo em seus braços. Aqui, numa êxtase sagrada, Simeão proferiu as palavras, que hoje ouvimos nos vesperais: "Agora deixas partir em paz o Teu servo, Senhor, conforme a Tua palavra. Porque os meus olhos viram a Tua Salvação, que preparaste para todos os povos: Luz para iluminar as nações, e glória de Israel, Teu povo." Aqui, Simeão era como que um representante de toda a humanidade antiga, que ansiava por Salvador, e ao mesmo tempo se tornou pregador da nova bem-aventurança.

O evangelista Lucas não nos diz, quem era o justo Simeão, mas a igreja se refere a ele como a um sacerdote e santo. Provavelmente, ele era um dos sacerdotes, que serviam no templo (Lucas 2:23-37).

Junto com Simeão, também a justa Ana, uma anciã de 84 anos, teve a honra de encontrar Cristo no templo. Sabemos através do Evangelho que ela descendia da tribo de Aser, e era filha de Fanuel. Após sete anos de casada, ela perdeu o marido e desde aquele tempo não saía do templo. Ela levava uma vida austera e com os seus jejuns e as suas orações servia a Deus dia e noite (Lucas 2:37). Por isto ela recebeu o dom de profecia. Santa Ana era uma verdadeira viuva, digna a todo louvor. Conforme o apóstolo Paulo, tais viuvas são muito valiosas nas igrejas para ensinamento às jovens mulheres (1 Timóteo, 5:3-5).

Santa Ana, igual ao são Simeão ansiava por vinda do Messias. Ela era muito atenciosa a tudo espiritual e juntou a sua voz na exaltação de Simeão por ocasião do encontro de Menino Cristo. Na sua êxtase, ela não se limitou de pregar no templo, mas saiu de lá para levar as boas novas sobre o Menino Cristo a muitos habitantes de Jerusalém, que, como ela, estavam esperando a vinda do Messias.

A justa Ana é glorificada nas orações como uma digna viuva e anciã, e como uma profetisa do Novo Testamento.

Kondakio:

O ancião, que estava rezando para deixar as algemas desta vida terrestre, aceitou nos seus braços o Criador e Deus.

 

Grão Mártir Teodoro Stratilatos.

21 de fevereiro (8 de fevereiro no calendário ortodoxo)

São Teodoro nasceu na cidade de Eucait (Ásia Menor, hoje Turquia) e era chefe militar (em grego — "stratilatos") na cidade de Heracleia, perto do Mar Negro. Por sua índole humilde e governo justo ele era muito querido pelos habitantes da cidade e muitos pagãos, vendo o exemplo de sua vida, se convertiam. Quando o imperador Licínio (308-323), co-regente do imperador Constantino, soube disto, ele chegou até a Heracleia e forçava Teodoro a adorar os ídolos. São Teodoro se recusou a fazê-lo e o enfurecido imperador mandou tortura-lo.

Os torturadores esticaram o são Teodoro no chão, bateram-no com varas de ferro, ralaram o seu corpo com ferro afiado, queimara, e por fim o crucificaram, vazando-lhe os olhos. À noite apareceu-lhe um anjo, o tirou da cruz e curou completamente. De manhã os servos de Licínio chegaram, para jogar o seu corpo no mar, mas vendo-o completamente curado, acreditaram em Cristo. Também muitos outros pagãos, vendo este milagre divino, acreditaram em Cristo. Quando Licínio soube disto, ele mandou decapitar são Teodoro, no ano de 319. O seu servo e escriba, Uar, nos deixou o relato sobre o seu martírio.

Tropário:

Teodoro, mártir, com as tuas palavras guerreiras eras militante do Rei dos Céus: pois cingiste-te sabiamente com a arma da fé e venceste as tropas de demônios e apareceste vencedor, mártir. Por isso, tendo fé, nos te glorificamos sempre.

As Mártires Valentina, Paula e Ennafa.

23 de fevereiro (10 de fevereiro no calendário ortodoxo)

Temos poucas informações sobre estas mártires. Sabemos, que elas sofreram pela fé na Palestina, no ano de 308, durante o reinado do imperador Maximiano II Galério, em (308-313), por ordem do governador local Firmiliano. Santa Ennafa descendia dos arredores de Gaza, santa Valentina — da Cesaréia Palestina e santa Paula — dos arredores de Cesaréia. Valentina foi trazida à um templo pagão para adoração. Ela jogou uma pedra no altar pagão e virou as costas ao fogo. Por isto bateram nela e a decapitaram. Ennafa e Paula também sofreram torturas iguais.

Tropário:

Cordeiras verbais, através das torturas fostes levadas até o Cordeiro e Pastor, Cristo, terminando a vida e guardando a fé. Por isso, nobres mártires, hoje lembramo-lhes com alegria, glorificando Cristo.

São Vsevolod.

24 de fevereiro (11 de fevereiro no calendário ortodoxo)

São duque Vsevolod, batizado com o nome de Gabriel, era filho do santo grão-duque Mstislav e neto de Vladimir Monomakh. Ele nasceu e foi criado na cidade de Novgorod e desde jovem amava oração e leitura de livros sagrados e assim era fiel a Deus por toda a sua vida. "Ele estava sempre aprendendo a viver conforme os mandamentos Divinos," ele tinha "uma alma caridosa." Ele começou a governar em Novgorod em 1117, e em 1123 e 1132 venceu os inimigos.

Ele era muito corajoso e de uma grande força física e nunca levantava a sua espada para se beneficiar do conflito, mas exclusivamente para estabelecimento da paz e para defesa dos seus súditos. Estas qualidades eram somadas ainda à um amor profundo à pátria e quando era necessário para o bem dela, ele se recusava a guerrear. Durante o seu governo em Novgorod ele se preocupava muito com a instrução cristã do povo e com o modo cristão de viver. Ele tinha muito carinho pelas missas, construiu muitas igrejas, defendia os fracos dos fortes, era "amigo dos pobres, alimentava os órfãos, defendia os fracos" e era um verdadeiro pai para os seus súditos. Quando, no ano de 1127, começou uma grande fome em Novgorod, o duque dividia com o povo os seus bens e ajudava aos que sofriam.

Mas esta vida tão caridosa do santo duque, que refreava as ações ilegais, contrariava aos interesses daqueles novgorodianos, que ainda eram adeptos do paganismo. Eles prenderam o duque Vsevolod junto com toda a sua família, e dois meses mais tarde, o expulsaram. O duque Vsevolod mudou-se para a cidade de Pskov, onde os moradores o elegeram governador. Lá ele construiu a catedral da Santíssima Trindade e pouco tempo depois, faleceu em 1138, aos 46 anos de idade.

No ano de 1139 as suas relíquias foram encontradas intactas, e desde então, muitos doentes se curaram no túmulo dele. A Igreja Russa considera são Vsevolod como um confessor, "que foi banido por seus súditos," e Nosso Senhor o glorificou através dos milagres que se efetuam no seu túmulo. Apesar de que ele governou Pskov somente durante um ano, ele deixou lá muita saudade. Em todas as suas dificuldades os habitantes de Pskov pediam a proteção do seu duque. Durante o cerco da cidade pelo Estevão Bathory o ícone do são duque Vsevolod-Gabriel era levado para a linha da frente e os defensores da cidade corajosamente repeliam os ataques do exercito polonês.

Tropário:

Duque Gabriel, sábio em Deus, desde a tua juventude eras o vaso divino, eleito por Deus, criado em religiosidade, guardaste a santa fé e construíste muitas igrejas, foste exilado por teus súditos, da mesma forma como os teus antepassados, que foram assassinados pelo próprio irmão. Agora que estás junto com eles diante da Santíssima Trindade, ora pelos governadores da Rússia e pela salvação de nos todos.

 

Santo Alexis, Metropolita de Moscou.

25 de fevereiro (12 de fevereiro no calendário ortodoxo)

Santo Alexis, que no batismo recebeu o nome de Elevferi, era filho do boyardo Teodoro Biakont, nasceu em Moscou e seu padrinho de batismo era o príncipe João Kalita. Aos 13 anos de idade ele foi chamado por Deus. Um dia, quando ele estendeu uma rede para apanhar passarinhos, ele ouviu a voz de Deus: "Porque estás caçando passarinhos, Alexis? Tu deves ser caçador de homens!" O menino Elevferi resolveu dedicar a sua vida à Deus e entrou para um mosteiro em Moscou, onde recebeu o nome de Alexis.

Ele passou vinte anos lá e por sua sabedoria espiritual e sua ascese ficou conhecido pelo príncipe e pelo metropolita. Para entender melhor as obras dos santos padres da Igreja, ele estudou o grego. O metropolita Feognost, um grego, reconhecia a necessidade de ter um ajudante russo para governar a sua metropolia e para isto escolheu Alexis.

Alexis passou vinte anos na casa do metropolita como seu ajudante e representante. Um pouco antes da morte do metropolita Feognost (1353), ele foi ordenado bispo para a cátedra de Vladimir, e após a morte de Feognost, foi eleito metropolita.

São metropolita Alexis governava a igreja naquele tempo perigoso para a Rússia, quando a força do príncipe moscovita enfraqueceu, passando às mãos de outras pessoas. Isto se deu na época do príncipe João Belo, e principalmente, após a sua morte (1359), quando o seu filho herdeiro Dimitri (mais tarde cognominado de Donskoi), tinha apenas 8 anos, e o grão-duque da cidade de Suzdal governava em Moscou. Santo Alexis, apesar de insistencia do novo governador moscovita, não deixou a cátedra de Moscou tentando de todos os meios devolver o trono para o pequeno Dimitri. Com os seus sábios conselhos, ele ajudava muito ao Dimitri, apaziguando ao mesmo tempo outros duques, para o que as vezes usava até o seu poder eclesiástico. Ao mesmo tempo, santo Alexis recebia muita ajuda do seu contemporâneo, são Sérgio de Radonej, que conseguiu apaziguar os duques de outras cidades.

Zelando pela igreja e pátria, santo Alexis viajou três vezes para a Horda. A primeira vez foi como mandava o costume, quando foi eleito metropolita; pela segunda vez era chamado para lá pelo khan Djanibek. A esposa de Djanibek, Taidula, ficou muito doente durante três anos e por fim perdeu a visão. Djanibek ficou sabendo da vida austera, justa e piedosa do santo Alexis e pediu-lhe de visitar a Horda para curar a Taidula. Se não, ele ia devastar a Rússia. O santo depôs toda a sua esperança na ajuda de Deus e recebeu um sinal encorajador: durante a oração diante do túmulo do são metropolita Pedro, uma vela se acendeu sozinha.

Chegando em Horda, o metropolita rezou pela cura da Taidula e quando a aspergiu com água benta, de repente voltou a visão à Taidula. Em memória e gratidão deste milagre, Taidula deu de presente para Moscou o mosteiro Chudov (mosteiro do Milagre), que o metropolita construiu em Kremlin.

Mal santo Alexis voltou da Horda, como foi obrigado a viajar para lá pela terceira vez. Novo khan Berdibek exigia novos e pesados impostos de toda a Rússia, ameaçando a destruir o país. Com a ajuda de Taidula, santo Alexis acalmou o khan, e até recebeu dele um novo mandato confirmando os direitos da igreja e do clero.

Antes de morrer em 12 de fevereiro de 1378, santo Alexis presenciou a consolidação do trono moscovita e viu, que a Rússia já estava em vias de se libertar do jugo secular mongol.

Tropário:

No trono és igual aos apóstolos e um médico bondoso e servidor propício, vimos com amor ao teu túmulo honrado, santo Alexis, sábio em Deus e taumaturgo, para festejar a tua memória com cânticos e alegrando-nos e glorificando Cristo, que te deu esta graça de curas e grande fortalecimento à tua cidade.

 

Santos Martiniano, Zoia e Svetlana (Fotinia).

26 de fevereiro (13 de fevereiro no calendário ortodoxo)

Desde a sua juventude são Martiniano se estabeleceu no deserto, nos arredores de Cesaréia da Palestina. Ele era muito atormentado pelas paixões, recebia muitas tentações diabólicas, mas vencia tudo com jejuns rigorosos, orações e trabalhos. Assim ele viveu no deserto durante 25 anos. Ele converteu santa Zoia, que antes vivia uma vida depravada e que veio até ele de propósito, para seduzi-lo. O santo pisou com os pés descalços sobre brasas e, agüentando uma terrível dor, repetia: "Pior será o fogo no inferno!"

Quando Zoia viu o sofrimento dele, ela se arrependeu e pediu a são Martiniano de rezar por ela. Conforme a indicação dele, ele foi para o convento de santa Paula em Belém onde viveu durante 12 anos, até a sua morte, e com a sua vida austera expiou os seus pecados. Santa Zoia não tomou mais vinho até a sua morte, sobrevivia somente com pão e água, e isto nem todos os dias, e dormia no chão.

São Martiniano se afastou para uma ilha rochosa, onde viveu durante vários anos sob o céu aberto, recebendo a comida exclusivamente de um barqueiro, para o qual ele fazia cestas.

Mais tarde, nesta ilha rochosa, imitando são Martiniano em toda a sua ascese, também habitava uma virgem Svetlana (Fotinia) que após um naufrágio foi levada pelas ondas até aquela ilha. Aceitando a virgem na ilha, são Martiniano, defendendo-se das tentações, jogou-se no mar e com a ajuda de Deus chegou até a Grécia ileso. Depois disso, são Martiniano peregrinava pelo mundo por cerca de dois anos e por volta do ano de 422 veio a falecer em Atenas. Santa Svetlana ficou na ilha, vivendo em austeridade e depois de seis anos faleceu.

Tropário ao são Martiniano:

Bem-aventurado, apagaste o fogo das tentações com tuas lágrimas e dominaste a agitação das águas e as tentativas das feras, clamando: Gloria a Ti, ó Todo Poderoso, salvaste-me do fogo e das tempestades.

Grão Mártir Teodoro Tiron.

2 de março (17 de fevereiro no calendário ortodoxo)

Na cidade de Amasia, perto do Mar Negro, durante o reinado do imperador Maximiano (286-305), o soldado Teodoro junto com outros cristãos recebeu ordens para renegar Cristo e adorar os ídolos (O apelido dele "tiron" em latim significa "recruta.") Teodoro se recusou a faze-lo, foi preso e muito torturado. Na prisão durante oração ele recebeu a visita de Nosso Senhor Jesus Cristo. Passando algum tempo, o mártir foi de novo tirado da prisão e torturado para renegar Cristo. Por fim, vendo a inflexibilidade dele, os torturadores condenaram ele a morrer na fogueira. O próprio são Teodoro entrou na fogueira sem medo e lá, orando, cantando e louvando Senhor, entregou a sua alma a Deus. Isto se deu por volta do ano de 305. Ele foi sepultado na cidade de Eucaitas (hoje Marsivan, na Ásia Menor). Mais tarde as suas relíquias foram trasladadas para a Constantinopla na igreja, erigida em sua memória. A sua cabeça se encontra em Gaeta, na Itália.

Uns 50 anos mais tarde, o imperador Juliano o Renegado (361-363), no intuito de profanar a Grande Quaresma cristã, mandou ao prefeito de Constantinopla que todo dia, durante a primeira semana, todos os produtos vendidos nas feiras fossem espargidas com o sangue proveniente dos animais sacrificados aos ídolos pagãos. São Teodoro apareceu num sonho ao arcebispo de Constantinopla Eudoxio, mandando-lhe avisar a todos os cristãos de não comprar nada nas feiras e comer exclusivamente grãos de trigo cozidos com mel. Em memória disto, a santa Igreja comemora o dia de são Teodoro Tiron no primeiro sábado da Grande Quaresma. Na sexta-feira é rezada uma ação de graça ao são Teodoro, abençoando-se o trigo cozido com mel.

Tropário:

Grande era a fé, são Teodoro se alegrava no meio do fogo como se fosse na água tranqüila: pois se consumiu no fogo como um pão doce à Santíssima Trindade. Pelas orações dele, Cristo Deus, salve as nossas almas.

 

 

 

São Leo, Papa de Roma.

3 de março (18 de fevereiro no calendário ortodoxo)

São Leo, papa de Roma (440-461) é reconhecido pela sua piedade e pela sua sabedoria. Como um pastor incansável, ele defendia constantemente a Ortodoxia das heresias de Maniquéu e Eutikhio. Ele participou do Quarto Concílio na cidade de Caledônia, onde pessoalmente condenou Eutikhio. No ano de 452 são Leo, só com a força de suas palavra deteve Átila, chefe dos hunos, da destruição de Roma e no ano de 455 ele convenceu Henzerico, rei dos vândalos, a não derramar sangue e não queimar Roma. Por sua grande piedade e sua defesa da Ortodoxia, ele é cognominado "grande." Ele morreu em 46l, deixando como herança a sua carta ao Flaviano, patriarca de Constanstinopla, sobre duas naturezas (essências) do Senhor Jesus Cristo — a Divina e a humana. Alem disto, conhecemos hoje cerca de 100 sermões dele, simples mas fortes, e cerca de 140 cartas a diversas pessoas, que são repletas de observações psicológicas. As suas relíquias se encontram no Vaticano, na capela que leva o seu nome.

Kondakio:

Estavas sentado no trono eclesiástico, glorioso, e fechastes os lábios dos leões oradores, iluminaste a prudência do teu rebanho com os dogmas da Santíssima Trindade, inspirados por Deus. Por isto glorificaste-te como o participante do divino mistério da benção de Deus.

 

Santas Mulheres Marina e Cira.

13 de março (28 de fevereiro no calendário ortodoxo)

Santas Marina e Cira, irmãs, nasceram na cidade de Beria na Síria no século V. Desprezando a sua nobreza, elas se afastaram para uma gruta fora da cidade, para levar uma vida monástica. Aqui elas viveram por mais de 40 anos, em silêncio, jejum rigoroso e constantes orações. Para aumentar a sua ascese ainda mais, elas usavam pesadas correntes ("verigui") por baixo de suas vestes. De lá elas saíram só uma vez na vida para adorar o Túmulo do Nosso Senhor em Jerusalém. Elas morreram tranqüilamente no ano de 450, como verdadeiras ascetas.

Tropário:

Noivas do verdadeiro desejo, recusastes esposos temporários. Crescestes em virtuosa ascese, levantastes-vos até a altura imperecível, ricas em virtudes, pilares e princípios de freiras. Portanto, orem constantemente por todos nos, que festejamos a vossa memória com amor.

 

Dia Onomásticos dos Santos

por ordem alfabética.

Nota: as datas indicadas são conforme calendário atual, entre parênteses são indicados datas conforme calendário ortodoxo.

 

Nome Dia onomástico Brochura

Adriano e Natália, mártires, 8 de set (26 de ag.) ............................................. 4

Alexandre de Neva, santo duque, 12 de set., 6 de dez (30 de ago., 23 de nov) 4

Alexandre e Antonina, virgem, mártires 23 de junho (10 de junho) ................. 3

Alexandra, czarina mártir, 6 de maio (23 de abril) ............................................... 2

Alexei, homem de Deus, "prepodobnyi," 30 de março (17 de março) .................. 2

Alexei, metropolita de Moscou, "sviatitel", 25 de fevereiro (12 de fevereiro) ..... 1

Alla, Larissa e outras mártires , 8 de abril (26 de março) ...................................... 2

Ambrósio de Mediolana, "sviatitel," 20 de dezembro (7 de dezembro) ............... 6

Anastácia Romana, santa mártir, 11 de novembro (29 de outubro) ...................... 5

Anastácia Que Solta as Algemas, grande mártir 4 de janeiro (22 de dezembro) .. 6

Anatoli, mártir, 6 de maio (23 de abril) .............................................................. 2

Angelina, bem-aventurada, 23 de dezembro (10 de dezembro) ............................ 6

André, desvairado por amor a Cristo, "prepodobnyi")15 de outubro (2 de outubro) 5

André o Primeiro Chamado, apóstolo, 13 de dezembro (30 de novembro) .......... 6

André, bispo de Creta, "sviatitel," 17 de julho (4 de julho) .................................. 4

Anisia, mártir, 12 de janeiro (30 de dezembro) .................................................. 6

Ana Profetisa, 16 de fevereiro (3 de fevereiro) .................................................... 1

Ana, justa — veja Joaquim e Ana, 22 de setembro (9 de setembro) ...................... 5

Antônio Grande, "prepodobnyi," 30 de janeiro (17 de janeiro) ............................ 1

Antonina, virgem, mártir, veja Alexandre e Antonina 23 de julho (10 de julho) ... 3

Antonina, mártir, 14 de março (1 de março) ....................................................... 2

Atanásio Grande, "sviatitel", 15 de maio (2 de maio) ........................................ 3

Boris e Gleb, príncipes mártires, 6 de agosto e 15 de maio (24 julho e 2 maio) ... 4

Bárbara, grande mártir, 17 de dezembro (4 de dezembro) .................................... 6

Basílio Grande, "sviatitel," 14 de janeiro e 12 de fevereiro (1 e 30 de janeiro) ...... 1

Basilio, Desvairado por amor a Cristo, bem-aventurado, 15 de agosto (2 de agosto)4

Catarina, grão mártir, 7 de dezembro (24 de novembro) ...................................... 6

Cira, "prepodobnaia," veja Marina e Cira, 13 de março (28 de fevereiro) ............. 1

Cirilo e Metódio, iguais-aos-apóstolos, 24 de maio (11 de maio) ......................... 3

Claudia, mártir, veja Eugenia, Claudia e outros 6 de janeiro (24 de dezembro) .... 6

Constantino e Helena, iguais-aos-apóstolos, imperadores, 3 junho (21 maio) ...... 3

Cosme e Damião, "bessrebrenniki" (pobres) 30 de outubro (17 de outubro) ....... 6

Crisanto e Daria, mártires, 1 de abril (19 de março) ............................................. 2

Cristina, mártir, 6 de agosto (24 de julho) ........................................................... 4

Cristóforo, mártir, 22 de maio (9 de maio) ........................................................... 3

Damião, mártir, "bessrebrenik"(pobre), veja Cosme e Damião, 17 de out (4 out.) 5

Daniel, profeta, 30 de dezembro (17 de dezembro) .............................................. 6

Daria, mártir, veja Crisanto e Daria, 1 de abril (17 de março) ............................... 2

Dimitri de Rostov, "sviatitel," 4 de outubro (21 de setembro) .............................. 5

Dimitri de Tessalonica, grão mártir, 8 de novembro (26 de outubro) ..................... 5

Elias, profeta, 2 de agosto (20 de julho) .............................................................. 4

Eugenio e outros, mártires, 26 de dezembro (13 de dezembro) ............................. 6

Estevão, primeiro mártir e arcediacono, 9 de janeiro (27 de dezembro) ................ 6

Estevão de Perm, "sviatitel." 9 de maio (26 de abril ............................................. 2

Eugenia, Claudia, mártires, 6 de janeiro (24 de dezembro) ................................... 6

Eudoxia, mártir, 14 de março (1 de março) .......................................................... 2

Eufrosinia de Polotsk, princesa "prepodobnaia," 5 de junho (23 de maio) ............ 3

Filaret Benevolente, justo, 14 de dezembro (1 de dezembro) ............................... 6

Felipe, metropolita de Moscou, "sviatitel," 16 julho e 22 janeiro (3 jul. e 9 jan.) .. 4

Gabriel, arcanjo, 8 de abril (26 de março) ............................................................ 2

Galina, mártir, 29 de abril (16 de abril) ................................................................ 2

Gennadi de Kostroma, "prepodobnyi," 5 de fevereiro (23 de janeiro) .................. 1

George, grão mártir, 6 de maio e 16 de novembro (23 de abril e 3 de novembro). 2

Gleb, príncipe mártir, veja Boris e Gleb (6 de agosto) ........................................... 4

Gregorio Teólogo, "sviatitel" 7 de fevereiro (25 de janeiro) ................................. 1

Helena, igual-aos-apóstolos, veja Constantino e Helena, 3 de junho (21 de maio) . 3

Herman de Alasca, "prepodobnyi," 25 de dezembro (12 de dezembro) ................ 6

Inácio Teóforo, bispo mártir, 2 de janeiro (20 de dezembro) .............................. 6

Igor, santo príncipe, 18 de junho (5 de junho) ..................................................... 3

Inna, Pinna e Rimma, mártires, 2 de fevereiro (20 de janeiro) .............................. 1

Inocencio de Irkutsk, "sviatitel," 9 de dezembro (26 de novembro) ..................... 6

Irene, mártir, 18 de maio (5 de maio) .................................................................. 3

Irene, mártir, 29 de abril (16 de abril) ................................................................. 2

Joaquim e Ana, justos, 22 de setembro e 7 de agosto (29 de set. e 25 de julho) ... 5

João Teólogo, apóstolo e evangelista, 21 de maio e 9 de out.(8 maio e 26 set.) .. 3

João Crisóstomo, "sviatitel," 9 fev., 12 fev. e 26 ago.(27 jan.,30 jan. e 13 nov.) .. 1

João Batista, profeta, 7 de junho, 20 de jan., 9 de mar, 7 de jun,77 set., 6 out.

(24 junho, 7 janeiro, 24 fevereiro, 25 maio, 29 agosto, 23 setembro) ............... 3

João Damasceno, "prepodobnyi," 17 de dezembro (4 de dezembro) .................... 6

João de Kronstadt, justo, 1 novembro e 2 janeiro (19 outubro e 20 dezembro) .... 6

Juliania, mártir, veja Paulo e Juliania, 17 março e 30 ago (4 março e 17 ago.) ..... 2

Juliania, mártir, 3 de janeiro (21 de dezembro) ..................................................... 6

Ksenia de Petersburgo, bem-aventurada, 6 fev (24 jan.) e 24 set (11 set.) .......... 1

Ksenia Romana, "prepodobnaia," 6 de fevereiro (24 de janeiro) .......................... 1

Larissa, mártir, veja Alla, Larissa e outras, 8 de abril (26 de março) .................... 2

Leo, papa de Roma, "sviatitel," 3 de março (18 de fevereiro) .............................. 1

Leonid, mártir, 18 de junho (5 de junho) ............................................................. 3

Leonid, mártir, veja Victoria, Galina e outros, 29 de junho (16 de julho) ............. 4

Leonida, mártir, 8 de julho (25 de junho) ............................................................ 3

Leonilla, mártir, 29 de janeiro (16 de janeiro) ..................................................... 1

Leôncio, mártir, 22 de março (9 de março) ........................................................ 2

Leôncio, mártir, 1 de julho (18 de junho) ............................................................ 3

Leôncio, mártir, veja Cosme e Damião, 17 de outubro (4 de outubro) ................. 5

Lidia, mártir, 5 de abril (23 de março) ................................................................. 2

Liubov, mártir, veja Vera, Nadejda, Liubov e Sofia, 30 setembro (17 setembro) .. 5

Ludmila, princesa tcheca, mártir, 29 de setembro (16 de setembro) ..................... 5

Marina e Cira, mulheres "prepodobnyie," 13 de março (28 de fevereiro) ............. 1

Marina, grã mártir, 30 de julho (17 de julho) ....................................................... 4

Maria do Egito, "prepodobnaia"" 14 abril (5ª semana da Quaresma e 1 abril) ...... 2

Maria Madalena, igual-aos-apóstolos, 4 de agosto (22 de julho) ......................... 4

Militsa, justa princesa, 1 de agosto (19 de julho) ................................................. 4

Mitrofan, "sviatitel"de Voronezh, 6 de dezembro (23 de novembro) ................... 6

Miguel, arcanjo, 21 de novembro (8 de novembro) ............................................. 6

Miguel, príncipe mártir, 3 de outubro (20 de setembro) ...................................... 5

Miguel, metropolita de Kiev, "sviatitel," 13 out. e 28 jun (30 set. e 15 junho) .... 5

Nadejda, mártir, veja Vera, Nadejda, Liubov e Sofia 30 de setembro (17 de set.). 5

Natália, mártir, veja Adrian e Natália, 8 de setembro (26 de agosto) ................... 4

Nikita de Novgorod, "sviatitel," 13 de fevereiro (31 de janeiro) .......................... 1

Nikita, grão mártir, 28 de setembro (15 de setembro) ......................................... 5

Nicolau Taumaturgo,"sviatitel," 22 de maio e 19 de dezembro (9 maio e 6 dez.) . 6

Nina, igual-aos-apóstolos, 27 de janeiro (14 de janeiro) ....................................... 1

Nonna, justa, 18 de agosto (5 de agosto) ............................................................. 4

Oleg de Briansk, santo príncipe, 3 de outubro (20 de setembro) .......................... 5

Olimpiada, diaconissa, bem-aventurada confessora, 7 de agosto (25 de julho) ..... 4

Olga, princesa, igual-aos-apóstolos, 24 de julho (11 de julho) .............................. 4

Paulo, apóstolo, veja apóstolos Pedro e Paulo, 12 de julho (29 de junho) ............ 3

Paulo e Juliania, mártires, 17 de março e 30 de agosto (4 de março e 17 agosto) . 2

Paula, mártir, veja Valentina, Paula e Ennafa, 23 de fevereiro (10 de fevereiro) ...1

Panteleimon, grão mártir e médico, 9 de agosto (27 de julho) .............................. 4

Parasceva, (Piatnitsa),mártir, 10 de novembro (28 de outubro) ............................ 5

Pacómio Grande, "prepodobnyi," 28 de maio (15 de maio) .................................. 3

Pelagueia, "prepodopbnaia," 17 de maio (4 de maio) ........................................... 3

Pelagueia, "prepodobnaia," 21 de outubro (8 de outubro) ................................... 5

Pedro e Paulo, santos apóstolos, 12 de julho (29 de junho) ................................. 3

Pinna, mártir, veja Inna, Pinna e Rimma, 2 de fevereiro (20 de janeiro) ................ 1

Procópio de Ustiug, "prepodobnyi," 21 de julho (8 de julho) ............................... 4

Raissa, mártir, 18 de setembro (5 de setembro) ................................................... 5

Rimma, mártir, veja Inna, Pinna e Rimma, 2 de fevereiro (20 de janeiro) ............. 1

Roman, cantor, "prepodobnyi," 14 de outubro (1 de outubro) ............................. 5

Rostislav, santo príncipe, 27 de março (14 de março) .......................................... 2

Svetlana, bem-aventurada, veja Zóia e Svetlana, 26 de fevereiro (13 fevereiro) .... 1

Serafim de Sarov, "prepodobnyi," 1 agosto e 15 janeiro (19 julho e 2 janeiro) ..... 4

Sergio de Radonej, "prepodobnyi, 18 julho e 8 outubro (5 julho e 25 setembro) .. 5

Simeão e profetisa Ana, justos, 15 de fevereiro (2 de fevereiro) ........................... 1

Simeão "Stolpnik"(na coluna), bem-aventurado,14 de setembro(1 de setembro) .. 5

Sofia, mártir, veja Vera, Nadejda, Liubov e Sofia, 30 de setembro (17 setembro) . 5

Stefanida, veja mártires Vitor e Stefanida, 24 de novembro (11 de novembro) ...... 6

Sussana (Sossana), mártir 24 de agosto (11 de agosto) ......................................... 4

Taissia, "prepodobnaia," 21 de outubro (8 de outubro) ......................................... 5

Taissia, bem-aventurada, 23 de maio (10 de maio) ................................................ 3

Tamara, santa rainha, 14 de maio (mulheres miróforas ou 1 de maio) .................... 3

Tatiana, mártir, 25 de janeiro (12 de janeiro) ......................................................... 1

Tikhon de Zadonsk, "sviatitel," 26 de agosto (13 de agosto) ................................. 4

Teodoro Stratilato, grão mártir, 21 de fevereiro (8 de fevereiro) ........................... 1

Teodoro Tiron, grão mártir, 30 de fevereiro (17 de fevereiro) ............................... 1

Teodoro, boyarde e mártir, veja Miguel e Teodoro, 3 de outubro (20 de setembro) 5

Tiago, imão do Nosso Senhor, apóstolo, 5 de novembro (23 de outubro)............. 5

Vassilissa, mártir, 16 de setembro (3 de setembro) ................................................ 5

Vera, Nadejda, Liubov e Sofia, mártires, 30 de setembro (17 de setembro) .......... 5

Veronica (Virinéia), mártir, 17 de outubro (4 de outubro) .................................... 5

Victor e Stefanida, mártires, 24 de novembro (11 de novembro) .......................... 6

Vitali, "prepodobnyi," 5 de maio (22 de abril), ..................................................... 2

Vladimir, príncipe igual-aos-apóstolos, 28 de julho (15 de julho), ........................ 4

Victoria (Nika), Leonid e outros, mártires, 29 de abril (16 de abril) .................... 2

Vsevolod de Pskov, santo duque, 24 de fevereiro (11 de fevereiro) .................... 1

Viacheslav Checo, príncipe mártir, 12 de outubro (28 de setembro) .................... 5

Vadim, santo mártir, 22 de abril (9 de abril) ....................................................... 2

Valentim, padre e mártir, 12 de agosto (30 de julho) ........................................... 4

Valentina, Paula e Ennafa, mártires, 23 de fevereiro (10 de fevereiro) .................. 1

Valério, mártir , 22 de março (9 de março) .......................................................... 2

Zacarias e Elisabeta (Isabel), justos, 18 de setembro (5 de setembro) ................... 5

Zenaide, mártir, 24 de outubro (11 de outubro) ................................................... 5

Zoia, Svetlana e Martiniano, "prepodobnyie" (26 de fevereiro(13 de fevereiro) .. 1

Zoia, mártir, 31 de dezembro (18 de dezembro) .................................................. 6

 

Mártirres por Cristo — veja brochura 2, ascese monástica ("prepodonyie") — brochura 3, desvairados por amor a Cristo — brochura 5. Relação por ordem alfabética — nesta brochura, significado dos nomes — no final da brochura 2.

 

Brochura missionária A-1

Missão Ortodoxa da Santíssima Trindade

Copyright c.2001, Holy Trinity Orthodox Mission

466 Foothill Blvd., Box 397, La Canada, Ca 9l0ll, USA

Redator: Bispo Alexandre Mileant

(saints_1_p.doc, 07-13-2003)