Staretz Porfirio

(Bairaktaris)

Elder Porhphyrios — pelo monge Benjamim do Holy Trinity Monastery — Jordanville- USA. Tradução do russo, Suzanna Boyko.

Conteúdo:

No Monte Athos. O Orientador Espiritual. Os conselhos. O soldado alemão. Nova incumbencia — ajudando na saude. Curando os animais. Enxergando as águas do subsolo. Ajudando os desorientados. O encontro com os motoqueiros. O taxista. O fardo da saúde fraca. Lendo os pensamentos. Vida simples — proximidadecom o Criador. Clarividência. Intelecto versus coração. Nas ciências, artes e tecnologia. Usando a física. A procura do tesouro escondido. A última viagem.

 

Bem sabemos que a graça divina que habita os santos está e sempre estará presente, até o final dos nossos tempos.. Sabemos disso, mas quando nos deparamos com um desses santos abençoados parece que nos tornamos testemunhas dos tempos antigos. Um desses portadores da graça divina era o Staretz Porfírio que Deus me deu o privilégio de conhecer.

Os dons do monge Porfírio nos parecem inacreditáveis na nossa época tão racional. A sua sensibilidade para tudo que nos rodeia era sobrenatural. Ele entendia a linguagem das aves e sabia tudo a respeito delas, de onde elas migravam e que rumo tomariam. Com a sua visão interior ele enxergava o interior da terra, as profundezas oceânicas e espaços cósmicos inatingíveis. Ele enxergava minas de carvão e petróleo, ele via cidades soterradas da antiguidade, via fatos passados da história, ele, um espectador de acontecimentos passados, via lugares iluminados pela oração, via anjos e espíritos malignos, via a própria alma humana. Ao olhar para uma pessoa ele era capaz de identificar a sua doença física e espiritual. Para ele estavam abertos os pensamentos secretos das pessoas. Com um toque seu uma pessoa ficava curada. Não obstante, ele sempre foi uma pessoa doente e nunca pediu a Deus cura para si mesmo. Ele nunca procurou nada para si, somente para a glória de Deus e benefício do próximo. O humilde e resignado Starets Porfírio com o passar dos anos passou a ter seus dons multiplicados, nunca se apossava deles, dizia que era obra de Deus. Starets Porfirio nasceu no dia 7 de fev. de 1906 na Grécia, com o nome de Evangelos Bairaktaris, na aldeia de São João Karustio perto de Aliveri na província de Evia. Seus pais eram pobres e devotos camponeses. Sua instrução se resumiu a dois anos de primeiro grau na escola da aldeia. Desde pequeno ele trabalhava, em afazeres domésticos, guardava as ovelhas, trabalhava na horta e a partir dos 8 anos numa mina de carvão e mais tarde no balcão de uma loja. Na adolescência leu a vida de São João Kuchnic que o deixou muito impressionado e a partir daí resolveu tomar rumo do monte Athos. Nunca conseguia alcançar o seu objetivo pois sempre apareciam impedimentos, finalmente aos 14 anos ele alcançou o seu destino.

No Monte Athos.

Ainda no navio que zarpava rumo ao Monte Athos o menino conheceu seu futuro Staretz o hieromonge Panteleimon que se fez de seu tio para que o menino tivesse livre entrada no Monte Atos pois crianças sozinhas não podem entrar. O hieromonge o acolheu na sua cela que partilhava também com seu irmão o monge Joanício. O menino acabava de ganhar dois experientes orientadores ao mesmo tempo. Sua única queixa era de que as tarefas incumbidas a ele eram poucas. Andava sempre descalço nas áridas trilhas, tanto no verão como no inverno. Sua cama era o chão de pedra e cobria-se com um único cobertor. A janela estava sempre aberta mesmo quando nevava. Ele estava sempre ocupado: Talhava madeira, lascava lenha, trazia sacos com terra para a horta. Fazia tudo com alegria. Catava caramujos nas encostas das rochas. Certa vez as pedras deslizaram e ele estava já caindo no precipício, só conseguiu gritar Nossa Senhora... e uma força invisível o recolocou na rocha e ele voltou ileso. Ele não sabia o que era ócio, seu coração e sua mente estavam sempre em oração. Ele aprendeu a ler e sempre lia nos ofícios da igreja. Na sua cela lia o evangelho que sabia quase de cor. Evangelos queria demonstrar sua gratidão a Nosso Senhor Jesus Cristo pela Sua morte na cruz e redenção dos pecados e pedia doença, mais especificamente um câncer para que pudesse também sofrer em nome de Deus. Os seus tutores desaprovaram dizendo que só Deus é que sabe o que ele precisa. De fato Evangelos acabou adoecendo de câncer mas já idoso.

Em pouco tempo, Evangelos foi ordenado monge, com o nome de Nicetas. Certa vez ao entrar na igreja se postou num canto escuro em oração. Entrou também o monge Demétrio, russo, de 90 anos, ex-oficial do exército imperial. Olhou ao redor e não vendo ninguém se entregou à oração fazendo prostrações. Em certo momento o ar se impregnou da graça do Espírito Santo. O monge postado no centro da igreja tinha seus pés acima do chão, estava flutuando. A graça que abençoou o santo homem também passou para jovem monge Nicetas pois tinha o coração aberto e preparado para recebê-la. A emoção que sentiu era indescritível. Na volta para casa, depois de receber os santos dons, sentia o coração transbordando de tamanha alegria e amor a Deus que levantava as mãos para o céu exclamando em alta voz: Glória a Ti Senhor... Ele guardava com muito carinho e por toda a sua vida a grata lembrança do Staretz russo através do qual ele recebeu aquela graça que o fez renascer. Quando eu fui visitá-lo em 1986 já preso à cama, doente e cego, ao saber de onde eu era, se lembrou do Staretz Demétrio, se emocionou e tentou pronunciar em russo as únicas palavras que sabia: Presviataia Bogoroditsa spassi nas! Toda a figura dele se iluminava, era alegria e amor. Eu jamais tinha visto uma pessoa tão luminosa. Ao sair da sua cela sentia-me como se tivesse criado asas, eu já não caminhava mas voava pela trilha do mosteiro. Soube depois que todas as pessoas que visitavam-no, tinham a mesma sensação.

Depois que o jovem monge Nicetas foi abençoado pela graça divina, a sua vida passou por uma significativa mudança. Deus Nosso Senhor iluminou-o com dons espirituais de uma forma semelhante à dos apóstolos por ocasião de Pentecostes quando eles reunidos receberam a graça do Espírito Santo.

Esses dons se manifestaram pela primeira vez quando os seus superiores estavam voltando para casa depois de uma viagem e Nicetas os avistou de longe. Ele os viu como estivessem ao seu lado enquanto que se encontravam quase fora de seu campo visual. Ele relatou o fato ao seu superior, Staretz Panteleimon que aconselhou-o a ter muita reserva e manter segredo pelo tempo determinado, o que foi cumprido.

O jovem podvijnik (aquele que pratica os "podvigs" — exercícios voluntários na oração, no trabalho, etc. almejando o crescimento espiritual) não conseguia imaginar-se fora das terras do Monte Athos, mas Deus teve outros desígnios para ele. Devido a seus hábitos de andar descalço, não aquecer sua cela e deixar a janela aberta, Otetz Nicetas teve pneumonia que evoluiu para pleurite. Os seus orientadores mandaram-no fazer tratamento no continente. Após o tratamento Nicetas voltou fortalecido mas logo adoeceu novamente e então, vendo que o clima do Monte Athos não lhe fazia bem os seus superiores resolveram mandá-lo novamente ao continente em definitivo.

 

O Orientador Espiritual.

Assim, aos 19 anos, Otetz Nicetas deixou a terra de Nossa Senhora e foi morar no mosteiro de São Haralâmpio em Levkone, perto da sua aldeia natal. Ele continuava a cumprir todas as suas obrigações monásticas mas não podia mais jejuar com rigor. Certa vez o mosteiro foi visitado pelo chefe da Igreja do Sinai, arcebispo Porfírio. Ao conversar com o jovem o arcebispo percebeu a sua alta disposição espiritual e decidiu ordená-lo sacerdote. Assim, em 26 de julho de 1927 ele ordenou Nicetas como hierodiácono e no dia seguinte, dia de São Panteleimon, como hieromonge e trocou seu nome para Porfírio, como ele próprio. Otetz Porfirio estava com apenas 21 anos.

Apesar de pouca idade, em breve o metropolita Panteleimon Karitskii nomeou Porfírio orientador espiritual do mosteiro. Essa incumbência permaneceu até o ano de 1940. Muitos habitantes da região iam procurá-lo para cura de seus males espirituais. Otetz Porfírio, incansável, acolhia a todos. Longas filas se formavam e as confissões duravam horas, sem intervalo. E assim todos os dias. Por seus esforços inesgotáveis na preocupação de prover orientação espiritual, em 1938 Otetz Porfírio foi promovido a arquimandrita.

No aconselhamento espiritual ele tinha qualidades especiais nas quais se destacava como o espírito solidário e o amor paternal que o pastor oferecia ao seu rebanho, o perfeito entendimento das necessidades de quem o procurava, pois o Staretz acreditava que cada um devia receber um tratamento próprio. No início ele procurava se manter no rigor canônico igual para todos, sem distinção, mas em breve viu que o tratamento deve ser diferenciado. Cada um requer uma forma diferente de tratamento. Se dez pessoas faziam a mesma pergunta, cada um recebia uma resposta diferente. Mais tarde, orientando outros sacerdotes ele salientava a necessidade do tratamento diferenciado.

 

Os conselhos.

O protopresbítero George Metalinos, renomado teólogo, relembra o Staretz na sua experiëncia como orientador: "... Ele me relatava um episódio da minha vida, que somente eu sabia. Também me aconselhava como eu deveria me relacionar com os meus filhos, os dois mais velhos já adolescentes."

"Em relação a filha mais velha você deve ter essa atitude, já com o filho do meio você deve agir de forma completamente diferente. O filho caçula é pequeno e está tudo bem com ele." Ele me descreveu o caráter dos meus filhos mais velhos. Eu percebi que não os conhecia, meus próprios filhos. Parecia que a pessoa que viveu com eles a vida inteira era o Otetz Porfírio e não eu, o pai deles. Ele me dizia que para educar um dos meus filhos eu precisava rezar mais por ele. "Tudo o que você fala, dizia ele, o seu filho não irá ouví-lo, pois ele está impregnado do espírito do contra, mas você, em fervorosa oração de joelhos, leve o problema ao Senhor, e Ele, pelo recurso de Sua graça, irá encaminhar o seu conselho a ele. Com relação ao outro filho ele me disse: Esse seu filho sempre te ouve mas esquece facilmente. Portanto você precisa, também de joelhos, pedir a Deus, que a Sua graça divina possa fixar suas palavras no coração dele e que seus conselhos paternais possam cair na terra fértil e frutificar." Eram surpreendentes os métodos de educação, concluiu o protopresbítero George o seu relato.

Em outro episódio, falando com uma certa mãe de 5 filhos, aconselhou-a a deixar a casa por um mês. Ela se relacionava tão mal com seus familiares que os filhos brigavam entre si sem parar, descontavam a irritação em si mesmos para não agredí-la. Quando a mãe voltou encontrou todos apaziguados.

O Pe.George Evtimiu, lembrando-se dos conse-lhos do Starets Porfírio, relativos a educação de seus filhos nos fala: " O Staretz sempre reiterou que não podemos exercer pressão sobre os nossos filhos, eles não podem crescer sentindo-se oprimidos, porque isso estraga-os. Esse conselho ajudou muitos pais que feriam os corações de seus filhos através de seu rígido tratamento para com eles. O Staretz dizia: "Tornem-se santos e seus filhos serão bons."

Certa vez disse para uma mãe: Só existe um meio para não ter problemas na educação dos filhos — a santidade. Ela lhe perguntou — Como se tornar santo. Quando você estiver abençoado com a graça divina respondi. — Quando isso vai acontecer ela perguntou. Quando estivermos com humildade e cheios de oração e a nossa oração for forte e cheia de vida. Nós sempre recebemos resposta quando rezamos com fé.

Muito peculiar foi o tratamento dado a um casal de recém-casados. O marido jejuava e a mulher não, pois não estava acostumada. Não era contra o jejum mas não existia esse hábito em casa. Quando relataram ao Staretz ele aconselhou o seguinte: ao marido — jejue como sempre fez mas não fale a respeito com ela e mantenha a geladeira provida de comida de quem não faz jejum. Deixe ela comer de tudo e você faz jejum. Em breve a mulher, que amadureceu, também o acompanhou no jejum.

Certa vez, uma moça queria cometer suicídio, pois seus pais sempre brigavam com ela. Ela tinha comprado veneno e estava pronta para tomá-lo. De repente o Staretz Porfírio estava diante dela e tomou dela o veneno dizendo. Não tenha medo, tudo se resolverá, você vai se casar, terá filhos e tudo se apaziguará. De fato, tudo isso aconteceu.

O soldado alemão.

Quando começou a segunda guerra e a Grécia foi ocupada pelos alemães o Staretz não parou de atender as pessoas. Certa vez ocorreu um episódio que mais uma vez demonstrou o seu amor ao próximo e sua abnegação. Certa vez estava ele caminhando na periferia de Lecavitos. A sua frente caminhava um soldado alemão que insistentemente importunava uma jovem que em pânico e voz tremida tentava pedir socorro. Como por encanto as pessoas em volta desapareceram, assustadas espreitavam a cena através das frestas das janelas. Vendo o que se passava, o Staretz se adiantou em direção 'a jovem, ao mesmo tempo rezando sem parar para que Deus mostrasse a sua força sobre a fraqueza do soldado. Ao se aproximar do soldado ele levantou as mãos ao céu. A figura do Staretz com as mãos levantadas, o seu rosto iluminado e, principalmente, a força divina que emanava dele, fizeram o milagre, o soldado deixou a jovem e, envergonhado, seguiu o seu caminho. O Staretz seguiu seu caminho também enquanto que os moradores aplaudiram-no e efusivamente exclamando agradecimentos por um longo tempo.

Nova incumbencia — ajudando na saude.

Em breve, visto as perturbações de guerra, Otetz Porfírio recebeu nova tarefa, a de servir os feridos da guerra que se encontravam na igreja do hospital de São Guerássimo em Atenas, na esquina das ruas Sócrates e Pireu. O mísero salário que recebia era distribuido entre seus parentes que dependiam dele. Acostumado desde a infância ao trabalho aqui também se entregou a ele. De início trouxe galinhas para criar, para complementar o ganho e mais tarde uma oficina de malharia. Também fazia o seu incenso, a isto podemos acrescentar que em 1970 fez uma interessante descoberta de como juntar os produtos aromáticos ao carvão, criando assim um carvão para o turíbulo onde não era necessário colocar o incenso.

Os médicos que trabalhavam naquela clínica logo perceberam que o sacerdote que havia lá era um homem especial e com frequência iam se consultar com ele em casos de pacientes complexos e também para que ele curasse os casos onde a medicina já não podia fazer mais nada.

O monge Moisés do mosteiro de São Panteleimon do monte Atos nos relatou o seguinte episódio; "Uma vez me senti muito mal e fui procurar o Staretz Porfírio. Detendo-se por um rápido instante ele de pronto deu o diagnóstico exato da minha doença enquanto que os médicos por muitos anos não conseguiam diagnosticá-la. Quando eu voltei do médico novamente fui visitar o Staretz Porfírio e então ele me disse: "meu filho, o dom não é meu mas vem de Deus. Eu digo apenas o que Deus me manda dizer e não o que diz meu pensamento, meu palpite ou opinião."

Então contou-me o seguinte: Há muitos anos visitou-me um professor de uma universidade e queixava-se do problema que o afligia. Eu lhe disse: professor, o seu problema vem dos tempos de sua gestação ainda no ventre materno. O professor caiu em pranto. Perguntei-o porque chorava, ao que respondeu, O senhor tem razão, faz muito sentido o que o senhor falou. Minha mãe me contou que quando eu estava ainda na barriga dela o meu pai lhe deu uma pancada violenta na barriga para provocar aborto. E o Staretz acrescentou, é claro que não vi a barriga da mãe mas Deus me iluminou para dizer o que era para dizer.

Outro episódio contou George Dimitriu, administrador das linhas aéreas do Chipre para a Europa Central e do sul." Meu neto recém-nascido estava entre a vida e a morte, os pulmões estavam com algum problema e os médicos não conseguiam descobrir. Seis dias sem parar eu rezei para sua recuperação e por fim, resolvi visitar o Staretz. Quando contei a ele a minha aflição, ele disse: senta e me deixa ver o seu neto. Concentrou-se e disse: "o pulmão direito dele está com líquido que em breve se dissolverá. Não te preocupes, ele vai viver. Você levará ele para casa na segunda feira." Eu estive com o Staretz no sábado, e na segunda feira eu levei meu neto para minha casa completamente curado.

Bastava um rápido olhar na pessoa e o Staretz já podia dar o diagnóstico exato. Ele podia fazer isso há grande distância. Ele diagnosticou uma fratura na coluna de uma freira que morava em outra cidade.

Outro relato semelhante foi contado pelo pároco da igreja da Santíssima Trindade em Limassolh, o padre Mihail Mihael. Isso aconteceu em 1986. O segundo filho do padre nasceu prematuro, de oito meses. Os seus pulmões quase pararam de funcionar. O padre correu para o Staretz para pedir socorro. "Corre ligeiro para o hospital e diga aos médicos para não desligarem o oxigênio. Bem... de qualquer maneira ele sobreviverá. Não fique preocupado, não acontecerá nada a ele." Padre Mihail voltou logo ao hospital, e passou 'a enfermeira chefe o recado do Staretz para não desligar o oxigênio. "Esse assunto é nosso, e nós desligaremos quando for necessário". Padre Mihail correu para procurar o médico e encontrando-o pediu não desligarem o oxigênio, ao que respondeu o médico que é assunto da enfermeira chefe. Não conseguindo fazer prevalecer a instrução do Staretz o padre voltou para casa. As 12:30 da noite foi chamado para voltar urgente ao hospital, informaram que o filho estava em situação crítica. Informaram-no que ocorreu uma hemorragia nos pulmões e não há mais o que fazer. Isso aconteceu porque tiraram o oxigênio antes da hora. O padre, pai do menino, batizou-o por causa da urgência e deu-lhe o nome Stilianos. E aí aconteceu o segundo milagre. Logo após o batismo o pequeno Stilianos se recuperou totalmente. Tudo o que o Staretz profetizou se cumpriu com exatidão.

Staretz Porfirio curava as pessoas pelo simples toque. Certa vez o visitou um médico com sua mulher. Relataram-lhe os assuntos que os afligiam e estavam já se despedindo. O Staretz na sua maneira habitual sorriu paternalmente e tomou a mão da mulher exatamente no ponto onde ela sentia muita dor. O Staretz não conhecia esse problema dela e não sabia que ela de longa data estava tentando curar-se usando fortes remédios e injeções. Quando o Staretz tomou sua mão a mulher sentiu um calor que passou pelo seu corpo inteiro e também uma sensação de náusea momentânea que passou logo junto com a dor na mão. Com lágrimas nos olhos ela lhe disse: o senhor também sabe sobre isso? A partir desse dia ela jogou fora todos os medicamentos e nunca mais foi ao médico para tratar da mão.

 

Curando os animais.

Staretz Porfírio curava também animais. Certo domingo, na região da Évia do norte, onde descansava, aconteceu o seguinte episódio. Reparassamos as palavras do próprio Staretz.

"Uma pastora me pediu rezar pelo seu rebanho de cabras acometidas por uma doença. Eu concordei e ela trouxe todo o rebanho para a porta principal da igreja. Eu me coloquei diante das cabras, levantei as mãos ao céu e comecei a rezar trechos de salmos relacionados a animais. Todas as cabras estavam imóveis. Assim que acabei de rezar e abaixei os braços, saiu do rebanho o bode, aproximou-se de mim e beijou a minha mão e se afastou serenamente para o lugar onde estava." Não foi assim? perguntou a freira que estava ao lado. "Sim, otche (pai), foi exatamente o que aconteceu, eu mesma estava presente."

O Staretz gostava muito dos animais. Ele tinha um papagaio, cujos antigos donos queriam se desfazer dele pois ela agressivo. Na casa do Staretz ele tornou-se bastante amigável. O Staretz até o ensinou a recitar a oração do peregrino (a Nosso Senhor Jesus Cristo). O médico do Staretz, George Popazahos nos conta: "eu fiquei abismado quando ouvi o papagaio repetir a oração na cela do Staretz." "Ele é mais espiritual do que eu — dizia o Staretz — eu fico cansado e adormeço mas ele continua em vigília e reza. "O Staretz tentou também domesticar um gavião."

 

Enxergando as águas do subsolo.

Os dons de vidência do Staretz eram muito diversificados. Um desses poderes era o de enxergar o que estava debaixo da terra, os mananciais de água subterrânea. Muitas vezes ele pôde ajudar as pessoas a localizar o local certo para cavar um poço, isso sem sair da sua própria cela. Certa vez ele orientou uma freira que estava no Chipre, que o tinha visitado antes. Ele descreveu a localização exata do mosteiro onde ela morava e orientou para o local exato onde procurar a água, pois a busca até lá tinha sido em vão. A água foi encontrada exatamente como o Staretz havia indicado.

Na época que ele trabalhava no hospital foi procurado por um fiel para se confessar. O Staretz perguntou de onde ele era e quando soube que o homem era de Elia, perguntou se a sua casa por acaso era uma que estava no meio do campo. Quando o homem confirmou o Staretz disse que debaixo da casa dele havia um grande rio subterrâneo. O homem desconsertado foi embora pois não esperava algo tão surpreendente. Muitos anos depois, uma grande empresa estrangeira começou a perfurar o solo a procura de petróleo, Quando chegaram a 400 metros de profundidade de repente estourou um manancial de água e não fosse a rápida vedação do furo toda a localidade ficaria inundada.

O Matropolita Laurus, atual primaz da Igreja Russa no Exílio, arcebispo naquele tempo, foi o primeiro a me contar sobre o Staretz Porfirio. Ele o visitou nos anos 80. Otetz Porfírio quando soube que o então arcebispo Laurus era reitor do Mosteiro da Santíssima Trindade em Jordanville USA, de repente através da sua visão interna viu o mosteiro detalhadamente e contou ao vladika os detalhes das diversas construções, ao prever o projeto da construção do campanário que iria ser construido naquele ano, falou das dificuldades que viriam, ou seja, na construção dos alicerces do campanário acidentalmente foi furado um lençol de água subterrânea e foi necessário muito esforço para lacrar a saída de água.

Vale mencionar que o Saretz simpatizou muito com o vladika Laurus e até telefonou para o mosteiro para falar com ele. Quando naquela conversa com o Otets Porfirio, em 1986 mencionei o Vladika Laurus, o Staretz se iluminou e levantou as mãos expressando alegria.

 

Ajudando os desorientados.

A clarividência do Staretz ajudava não só os pecadores a achar o caminho reto mas também resgatava as pessoas perdidas em heresias e às vezes convertia à ortodoxia pessoas de outras religiões.

Certa vez um filho espiritual seu, estudante de teologia, trouxe um amigo que estava atraído pelo hinduísmo e procurava gurús para orientação espiritual. Otets Porfírio, ao vê-lo pela primeira vez, chamou-o pelo seu nome e perguntou como iam a esposa e os filhos. Ele ficou tão impressionado e com sentimento de profundo arrependimento foi se confessar com o Staretz e voltou à ortodoxia.

Quando os amigos deixaram o Staretz, o arrependido confessou ao amigo: de fato eu sou casado e tenho dois filhos, mas nunca lhe disse a respeito. Na verdade eu os deixei e o Staretz sabia disso...

A Igreja Ortodoxa era para o Staretz o centro da sua vida. Toda a sua vida e todas as suas atividades se moviam em torno Dela, como a roda em torno de seu eixo. O Staretz não conseguia falar sobre a Igreja sem verter lágrimas. Os bispos para ele eram representações de Cristo. Quando ouvia críticas dirigidas aos bispos ele se entristecia muito. Um bispo para ele era pessoa designada por Deus para representar a Igreja local, independendo de suas qualidades particulares. É assim que ele via a autoridade do bispo.

O Staretz dizia: "Cristo se abre para nós somente dentro da Igreja, onde as pessoas estão juntas, se amam em Cristo não obstante os pecados, Ele se abre não pelos nossos esforços mas por Sua misericórdia e amor. O amor de Cristo faz- nos unidos. Ele faz de nós um só corpo e nos partilhamos de Sua vida. Só dessa maneira conseguiremos nos sobrepor o poder destrutivo do pecado. E o pico da verdade é a Santa Eucaristia."

Sobre o sacramento da confissão o Staretz dizia: "Confissão é o caminho das pessoas para Céus. É uma graça do amor divino para o ser humano. Nada e ninguém pode tirar da pessoa essa graça."

Otetz Porfírio era imparcial, como o sol ele iluminava todos, os bons e os maus e o seu amor ao próximo impregnava os corações de grandes pecadores.

O conhecido escritor e teólogo, o archimandrita Joanício Kotsonis relembrava um episódio, quando certa vez o Staretz fazia a benção das moradias por ocasião da Epifania e, passando de casa em casa entrou num prostíbulo. Quando passou a aspergir esse local com a água benta e cantar o tropário da Epifania, a proprietária do negócio se aproximou do Staretz e sugeriu que as suas moças talvez não fossem dignas de beijar a cruz. E o Staretz respondeu: "Acho que quem não é digno de beijar a cruz é você." Ele permitiu que elas beijassem a cruz e com amor foi conversar com elas. Falou-lhes sobre o amor que Deus tem para conosco, o seu tema predileto. A sua santa presença fez com que as mulheres, a semelhança da história da prostituta, no evangelho, com lágrimas nos olhos ouvissem atentamente as suas palavras de salvação: "amem Cristo Nosso Senhor, Aquele que vos ama e verão a felicidade. Se vocês pudessem imaginar a que ponto Ele vos ama. Façam esforço em retribuir esse amor." O Staretz entendia que somente o amor a Cristo seria capaz de arrancá-las dessa deprimente profissão.

O encontro com os motoqueiros.

Certa vez o Staretz foi visitado por um bando de motoqueiros-roqueiros que esconderam suas motos a uma distancia de um quarteirão e se dirigiram ao Staretz sem respeitar a vez para serem atendidos. Um deles disse ao Staretz: "Fale alguma coisa, pai." "O que posso te dizer Demétrio... que a sua moto é tal e da marca (especificou a moto) e a cor. Essa resposta demonstrando clarividência mudou de imediato o comportamento deles para o Staretz e a partir daí eles passaram a visitá-lo e pedir conselhos espirituais. Otetz Porfírio comentava: "Dentre os que me visitam estes são os mais puros e inocentes."

O taxista.

Existem muitos episódios sobre a clarividência do Staretz, aqui vou relatar apenas alguns que testemunham esse dom divino. O conhecido escritor e jornalista grego Panaguiotis Sotirhos contou o seguinte: Certa vez o Staretz acompanhado de tres de seus fiéis dirigiu-se ao mosteiro para rezar a vesperal. Depois de caminhar uma certa distancia o Staretz se sentiu fatigado e ainda tinha bastante caminhada pela frente. Resolveram pegar um taxi. Havia um taxi se aproximando. Os tres fiéis iam acenar para o carro. "Não se preocupem, disse o staretz, o taxista vai parar de qualquer maneira. Mas quando voces entrarem, não conversem com ele, somente eu falarei." E assim aconteceu. O taxi parou mesmo sem acenarem, todos se acomodaram e o Staretz informou o endereço. Assim que o taxista andou, de imediato começou a acusar o clero de todos os pecados mortais. Toda vez que jogava uma nova acusação virava-se para os tres fiéis no banco traseiro e dizia, "mas não é assim, moçada?" vocês não tem nada a dizer? mas conforme o combinado com o Staretz eles se mantinham calados. Quando percebeu que não teria resposta ele se voltou para o Staretz Porfírio e perguntou: E aí, pai, não diz nada? O que dizem os jornais, não é tudo verdade? O Staretz então respondeu: "Filho, vou te contar uma história. Vou te dizer uma vez só, vai bastar. Era uma vez um homem que morava em... e tinha um vizinho idoso, que era proprietário de um grande lote de terra. Certa noite ele matou esse vizinho e enterrou-o no quintal da casa. Depois, usando falsos documentos, se apossou dessa terra e vendeu-a. E aí, o que é que ele fez com esse dinheiro? Ele comprou um taxi."

Ao ouvir essa história o taxista estremeceu todo, encostou o carro no meio-fio e gritou. "Cala-te, batiuchka. Só você e eu sabemos disso. "Deus também sabe disso, — disse Otetz Porfirio. — Ele me disse para transmitir a você. Tome cuidado, arrependa-se e corrija sua vida."

O fardo da saúde fraca.

O Staretz sempre foi uma pessoa doente, mas com a idade as suas debilidades aumentaram consideravelmente. Ele tinha hérnia, em 1978 teve infarto e em seguida começou a perder a visão e em 1987 já estava totalmente cego. O médico que tratava dele, o Dr. George Papazahos dizia que o Staretz tinha inúmeras doenças: ele sofreu um infarto do miocárdio, o seu fígado quase não funcionava, sofria de úlcera duodenal que sangrava frequentemente, também tinha herpes na face, dermatite nas mãos, bronquite crônica, e outros problemas.

O Staretz tinha paciência de Jó.- o sofredor. Quando o herpes aparecia o Staretz sofria muito. Ao ser indagado pelo doutor, respondeu: " eu sinto como a minha face estivesse numa frigideira em brasa. " Mantinha absoluta absolutamente serenidade e seu sofrimento não transparecia, nem gemido algum.

Certa vez o médico lhe fez uma pergunta: "Porque muitos do clero, principalmente os monges, rejeitam a assistência médica, achando que Nossa Senhora vai curá-los " O Staretz respondeu: Isso é egoismo. É uma sugestão do demônio, que Deus fará uma exceção para mim, e me oferecerá a cura. Deus faz milagres, mas nós não podemos achar que somos dignos deles. Isso é muita auto-estima. Além do mais, Deus age pelas mãos dos médicos. Deus nos deu os médicos e os medicamentos, assim fala o Evangelho." Grande foi a humildade do Staretz. Ao orientar e salvar os outros ele apaziguava e salvava-se ele próprio.

 

Lendo os pensamentos.

O seu médico George Papazahos contava o seguinte episódio.

Certa vez o Staretz lhe telefonou ao meio dia, justo depois que alguns pacientes expressaram uma grande estima e gratidão pelo seu tratamento médico. O Staretz lhe falou: "George, nós dois vamos para o inferno! Pois nós vamos ouvir as palavras de Deus, " Louco, esta noite te pedirão a tua alma " (parábola do rico insensato), e para quem ficará o que ajuntaste?" — "Assim acontece com quem ajunta riqueza para si, em vez de se enriquecer diante de Deus" (Lucas 12:20). George interrompeu dizendo: que riquezas juntamos, otche (pai)? um carro quebrado, uma conta bancária estourada e frequentes noites passadas em claro? — O Staretz foi ríspido na resposta: "Do que voce está falando, por acaso os seus pacientes não lhe agradecem, não lhe reconhecem que voce é um médico zeloso, bom e competente? Que voce gosta de nós, pacientes, e se empenha pela gente, e que voce não cobra caro... E voce, George, se deleita com a lisonja e atende-os com prazer. Assim, voce já perdeu o seu prêmio diante de Deus. Isso acontece comigo também. Eles me falam que eu tenho a graça, que eu posso fazer milagres pelo contato físico, que eu sou santo. E eu, fraco e burro que sou, sinto prazer ao ouvir isso. Pois é, por isso mesmo é que nós dois vamos para o inferno."

Certa vez — lembra George, — eu me encontrava meio deprimido, ponderando sobre a minha vida, que na sua maior parte passa numa agitação sem sentido. E eis que o telefone toca, é o Staretz dizendo: "Doutor, voce já ouviu falar na frase que diz: não experimentarão a morte..." Nós podemos, se quisermos evitar a morte. Tudo o que devemos fazer é amar Cristo com todo o nosso coração, Sr. cardiologista." E ouviu-se sua alegre gargalhada.

Certa vez o Staretz, analisando a diferença entre uma pessoa que tem humildade e outra que se sente desvalorizada, observou que a pessoa humilde reconhece ser pecadora, reconhece a sua insignificância e ela aceita a opinião a seu respeito, de seu pai espiritual e de seus amigos. Ela pode ficar triste mas não desesperançada. " Uma pessoa em estado depressivo se fecha em si mesmo e pensa somente em si. Uma pessoa arrependida que se confessa, não se fecha em seu casulo. Nisso está a grandeza da nossa fé, o pai espiritual ajuda a pessoa a confessar seus pecados e a não repetí-los. De uma forma geral, segundo o Staretz, o espírito da melancolia e depressão deve ser combatido através da oração e caminhadas ao ar livre. Quando uma de suas filhas espirituais lhe disse que fica em depressão com frequência, ele lhe perguntou: "Porque você se fecha em seu quarto?" — E para onde eu posso ir perguntou ela. "Vá fazer uma caminhada 'nas montanhas. Isso ajuda muito," — observou o Staretz.

Vida simples — proximidadecom o Criador.

O Staretz achava que o melhor estilo de vida é o simples, da roça. E para os que vivem na cidade recomendava que fossem caminhar na montanha com a maior frequência possível. E recomendava as crianças esquiarem na montanha, dizia ele: Lá onde voces podem contemplar o céu e a neve e toda a beleza da paisagem, pensem um pouco sobre Quem criou isso tudo."

Clarividência.

Certa vez, tarde da noite, o Staretz passou mal do coração e chamou seu médico George Papazahos. Quando o Dr. George examinou o Staretz perguntou se nesse dia ele teve alguma perturbação em especial. Otetz Porfirio caiu em pranto e entre pausas relatou os sangrentos eventos que estavam acontecendo naquele momento nas ruas da Romênia. Violentos confrontos de rua entre o povo que se defrontou contra o regime comunista de Tchauchesku. O Staretz, com os olhos de seu coração, viu a morte e o sangue, exatamente como anunciariam os jornais no dia seguinte. O Staretz continuou a chorar enquanto que o Dr. George começou a rezar para que Deus tirasse essa visão que estava destruindo aquele coração cheio de amor. "Otche, de que jeito a medicação pode agir no seu organismo quando voce não é desse mundo? " Assim falava em pensamento o Dr. George, "o seu coração bate aqui em Oropus mas agora ele está na Romênia e o eletrocardiógrafo mostra que ele está semi-morto mas a vida eterna lhe é reservada nos céus." George saiu da visita ao Staretz completamente transtornado, reconhecendo que Nosso Senhor deu-lhe o previlégio de se relacionar com alguém tão especial, um portador redivivo do amor divino.

Um episódio similar aconteceu ao Staretz no ano de 1974 quando os turcos invadiram a ilha de Chipre. No alvorecer do dia 20 de julho ele acordou todos que estavam com ele e com lágrimas nos olhos informou que a essa hora o exército turco desembarcou em Chipre. Ele até identificou o local exato onde começaram as operações de guerra.

O Otetz Porfírio, com a graça divina que possuia, era capaz de identificar lugares sagrados pela oração dos santos. Certa ocasião, viajando pela ilha de Creta, ela ficou fascinado pela beleza de uma certa localidade em Sfaquia, na costa sul da ilha, o local se chamava Francocastello. Como ele explicou posteriormente, esse lugar é santo pelas orações e os podvigs (exercícios espirituais) dos santos ascetas que se estabeleceram ali nos tempos antigos. O sacerdote que acompanhava o Staretz não sabia de nada. Mas em breve ele conseguiu descobrir que realmente nesta localidade há muito tempo existiam celas dos ascetas.

O Otetz Porfírio dizia que normalmente para se alcançar um certo estado espiritual (somente de seu conhecimento) ele deveria, com o auxilio de orações ele deveria vencer uma duhovnaia branh (uma luta espiritual contra o demônio) que durava aproximadamente 15 minutos até 30 minutos. Mas quando ele se encontrava num lugar santo isso não era necessário. " Por exemplo, quando entro na caverna do santo justo Nifonte ou então o São Nilo no Monte Athos, ou então o São João na Ilha de Patmos, e mesmo antes ainda de começar a orar,o lugar santificado já eleva meu espírito ' montanha. O Staretz sempre salientou a importância de visitar os santos lugares. Ele achava que os santos lugares tais como o Monte Sinai, a caverna de São João o teólogo na ilha de Patmos ou Jerusalém estão impregnados da graça divina e são capazes de santificar uma pessoa.

 

Intelecto versus coração.

Em certo dia ensolarado estava o Staretz sentado junto com seu filho espiritual. Aproximou-se um arquimandrita, abade de um mosteiro cipriota. Quando eles se cumprimentaram de repente o Staretz benzeu o joelho do arquimandrita. " Como é que o senhor sabe disso? — perguntou o arquimandrita. (Ele desde criança tinha um problema na perna pois a rótula saia de sua articulação). Teve início uma conversa amigável e o Otetz arquimandrita começou a contar sobre a sua pessoa: " Eu estudei nos Estados Unidos, onde recebi meu doutorado em teologia. Me forneceram uma bolsa para que eu pudesse escrever minha tese sobre a teologia mística e para tal viajei ao monte Athos. Com detalhes estudei essa matéria e descobri que o intelecto deve dirigir o coração. Me diga, Otche, como o senhor vê isso na sua teologia prática? "Não, eu não concordo. O coração deve dirigir a razão, disse o Staretz. "O senhor poderia explicar, otche? " Quando o intelecto acorda, primeiro ele pensa como irá mentir e se virar para livrar-se perante os seus compradores, se ele é por exemplo é um comerciante. Como ele deverá comportar-se o que ele deverá falar com um, o que deverá fazer com outro, como deverá ganhar mais dinheiro, etc. Já o coração tem uma relação completamente diferente com a vida, ele vê uma criança e quer acariciá-la... Ele vai até o bolso e dá dinheiro ao aleijado. Ele corre ao hospital e visita o doente... Ele com alegria oferece ajuda ou dinheiro. Quando o coração fala, a mão abre o bolso. Quando o intelecto fala, a mão não vai ao bolso. Por isso, para mim o coração é muito mais importante."

Em seguida o Staretz explicou ao arquimandrita cipriota que o intelecto não se interessa pela oração, isso é da alçada do coração. Eles tem interesses diferentes. O intelecto vive na esfera do racionalismo enquanto que o coração se relaciona com o Divino.

"O senhor sabe que nós temos a possibilidade de relacionarmos com Deus? Em momentos de forte dor espiritual ou física o intelecto se rende, vinculado 'a ordem do coração. Falando-se sobre o coração entende-se que não estamos falando do coração físico. Falamos sobre o coração interior, o sacrosanto coração interior. E quando o intelecto está atrelado, ele então se auto-aniquila e se canaliza no coração. E então, o que é que acontece? Ele então ele passa a ser iluminado e fulgurante. É por isso que Deus fala: bata a minha porta e Eu a abrirei. Peça a Mim o que deseja e Eu te atenderei. Quando isso irá acontecer? Quando as nossa orações chegarem até Ele. Você sabe, quando você quer chamar a atenção de alguém na rua você chama essa pessoa: oi, João... "senão ele não te ouve. Deus também precisa ouvir nossa voz. Toda vez que achamos que rezamos, será que Deus ouviu a nossa prece? Aí que está a questão. Quantas vezes, ao nos colocarmos para rezar, começamos a rezar, e a nossa mente começa a vagar em pensamentos... alguém não foi bom com a gente, como conseguir recuperar o que foi perdido e para isso vou precisar fazer... etc. Isso não é oração. Por isso, somente através de sacrifício espiritual e físico poderemos abrir a porta para Cristo.

E quanto mais difícil nos parece mais fácil é na realidade. Basta querer isso, ter fé, rezar, e o primeiro passo é a confissão e os Santos Dons. Será que isso é difícil?

Nas ciências, artes e tecnologia.

Otetz Porfírio gostava da verdadeira ciência e das artes e, não obstante seus dois anos de escola primária, dominava um vasto conhecimento em muitas esferas. Ele lia livros sobre todos os temas, sobre a física, medicina, astronomia e outros. Ele possuia muitos filhos espirituais de formação superior e professores universitários. Ele apreciava palestrar com cientistas e acadêmicos. Com todos eles ele podia com desembaraço dialogar sobre a respectiva especialidade de cada um. Certa vez um professor, astrônomo de renome mundial visitou o Staretz. A conversa chegou ao tema astronomia. Mais tarde, comentou que o Staretz o surpreendeu com o seu vasto conhecimento nessa ciência. "Ele definitivamente sabia o que falava, e em nenhuma vez reconheceu nenhum erro," comentava o estupefato professor.

Outra vez, o diretor do hospital do Monte Athos, cirurgião de renome, também, da mesma forma impressionado ficou quando o Staretz descreveu com detalhes o que deve ser feito quanto a uma determinada cirurgia.

A igreja de São Guerássimo onde o Staretz servia, era frequentada por professores da universidade do monte Athos. Nicos Zias, professor da cátedra de filosofia nos conta o seguinte episódio: as conversas com o Staretz abrangiam muitos assuntos. As vezes ele me surpreendia com a tamanha diversidade de seus interesses. Certa vez estávamos com pressa indo a um concerto no Coliseu de Adriano. Eu disse ao Staretz onde íamos, curioso de ver sua reação. Tamanha foi minha surpresa quando ele respondeu que conhecia o compositor e o regente. E como profundo conhecedor do assunto foi falar sobre eles englobando a música clássica no geral."

Otetz Porfírio valorizava os avanços alcançados na ciência, encarava favoravelmente a tecnologia moderna e usava-a para as suas necessidades pastorais. Ele se maravilhava com o fato de que Deus deu ao homem o talento para as descobertas científicas e recomendava a seus filhos espirituais de não renegarem a tecnologia moderna. Sobre esse tema ele dizia: " Nosso Senhor ajudou o homem a fazer muitas descobertas, porque o demônio pode usá-las ou usufruí-las e nós cristãos não nos atrevemos!?"

Um dos meios de prover orientação para os seus pupilos era o telefone. E não raro ele precisava fazer telefonemas internacionais — para todos os continentes. Graças ao telefone ele tinha possibilidade de estender a sua mão caridosa em momentos de muita responsabilidade.

Ele gostava muito dos programas religiosos pelo rádio. Dizia que as palavras profetizadas pelo São João o teólogo se concretizaram, que diziam: " me elevarei 'as alturas para pregar Cristo e todo o mundo me ouvirá."

O staretz não considerava o cinema um produto do demônio. Uma filha espiritual sua lhe perguntou: " Eu gosto de ir ao cinema e ao teatro, mas alguns dos meus amigos dizem que um verdadeiro cristão não deve frequentar espetáculos. O que o senhor, batiuchka, nos diz? " Você pode frequentar o cinema e o teatro se quiser, não tem nenhum mal nisso, o mal está quando você faz para satisfazer seus desejos pecaminosos. O Staretz achava que cinema e rádio podem servir para a glorificação de Deus.

Um renomado homem de finanças cipriota que morava em Atenas estava se preparando para subsidiar um filme sobre o filho pródigo. Mesmo com o roteiro já escrito, o local das filmagens escolhido e tudo pronto para o início dos trabalhos ele resolveu se aconselhar com o Staretz quanto a melhor forma de filmar esse filme.

Staretz começou a falar sobre o pai que perdoou seu filho pródigo e de como no geral os pais devem se comportar perante os filhos na sociedade atual. Ele falou: quando você vê quando o demônio está vencendo seu filho, ao invés de passar ódio e raiva sobre ele por causa da desobediência, reze para Deus. Aprenda a conversar com Deus sobre os seus filhos, ao invés de brigar com eles, leve o seu sofrimento ao conhecimento de Deus."

 

Usando a física.

Com frequência perguntavam o Staretz — como é possível salvar-se vivendo nesse mundo moderno, onde domina o desenfreado ritmo de vida? Como podemos nos colocar diante de Deus com toda essa louca agitação?

O Staretz em resposta contava o seguinte fato. Logo depois que ele foi nomeado pároco da igreja de Santo Guerássimo que fazia parte da policlínica de Atenas levantou-se diante dele uma grave tentação. Bem defronte da igreja havia uma loja de discos e o dono para atrair fregueses botava os discos para tocar bem alto. Era muito difícil para o Otetz Porfírio celebrar as liturgias. E ele já estava prestes a renunciar a paróquia.

Entretanto, antes de tomar a final decisão e como sempre fazia, ele com toda a humildade pediu a Deus mostrar o caminho para sair desse problema.

Para tanto os tres dias seguintes ele jejuou e rezou muito. No terceiro dia ele encontrou dentro da igreja um caderno estudantil que pertencia ao filho de um dos membros do conselho consultivo da paróquia, que o estudante por esquecimento tinha deixado no banco da igreja. O caderno continha anotações de aulas de física.

Ao folhear, a atenção do Staretz caiu nas ondas acústicas. Depois de ler veio-lhe uma idéia, — se jogamos uma pedrinha na água, aparecem na água círculos que vão se afastando, e se jogarmos uma pedra maior de outro lado do lago então se formarão círculos maiores que cobrirão os primeiros.

Isto foi a resposta para as suas orações. No dia seguinte ele rezou com mais atenção ainda durante a liturgia, esquecendo-se de tudo que o incomodava. Ele criou os seus círculos espirituais no pensamento e no coração, que cobriram tudo que distraia a atenção para as orações. E a partir daí a música da loja não mais o irritou.

A procura do tesouro escondido.

Um certo estudante da faculdade de teologia, que não quis se identificar, nos contou o seguinte episódio que aconteceu com o Staretz. "Os eventos relacionados com o meu contato com o Staretz aconteceram em 1956. Naqueles anos em Iessalia, onde eu morava, estavam planejando construir uma barragem no lago de Megdova, o que resultaria no alagamento de toda a planície daquela área. Ao saber disso um antigo habitante daquela planície, que estava agora morando em Tachkente, escreveu uma carta 'a sua mulher, informando com detalhes o local onde ele tinha enterrado um tesouro — dois barrís contendo moedas de ouro. Na carta ele pedia desenterrar com urgência os dois barrís. A mulher mostrou a carta para o irmão de seu marido. Desde que foram enterrados os barrís passou-se bastante tempo e o local tinha mudado de feições, novas árvores tinham crescido e ele não conseguia identificar sob qual das árvores estava o tesouro.

Naquele tempo estavam recentes ainda as lembranças dos guerrilheiros comunistas e a procura do tesouro despertou a atenção da polícia local: eles acharam que era para procurar armas enterradas e prenderam-no. O homem então mostrou a carta do irmão com instruções para desenterrar o tesouro. O capitão, ao ler a carta, ficou tentado a apossar-se do bem. Combinando com o professor da localidade e o meu primo, começaram a procurar. Mas a procura não teve sucesso.

Ao tomarem conhecimento da clarividência do Staretz Porfírio, resolveram pedir-lhe ajuda. O Staretz de imediato reconheceu a real existência do tesouro, entretanto não quis dar ajuda a essas pessoas. Inúmeras vêzes eles foram até ele tentando convencê-lo de acompanhá-los até o lugar, mas o Staretz, sentindo algo errado, sempre postergava a viagem. Finalmente, após muita conversa, eles convenceram e todos juntos viajaram para Karditsu que era a cidade mais próxima do lugar. Os três interessados reservaram um quarto no hotel, com intenção de começar a procura na manhã seguinte. Na manhã seguinte o Staretz levantou-se bem cedo, pegou um ônibus e voltou para Atenas. Não encontrando-o no hotel e ao saber que ele tinha voltado eles se aconselharam e concluiram que foram muito rudes indo direto ao assunto, o certo seria falar sobre temas espirituais primeiro.

Meu primo se lembrou de mim — estudante do faculdade de teologia, e achou que eu seria a pessoa mais indicada para ser o intermediário entre eles e o Staretz. Ele mandou para mim um telegrama solicitando a minha ida com urgência. Achando que algo grave tinha acontecido, assim que terminaram as aulas eu embarquei no ônibus e fui até eles.

Quando explicaram o problema deles, depois de alguma indecisão resolvi ajudá-los. No domingo seguinte ao entrar na igreja de São Guerássimo caminhei direto para o altar onde o Staretz estava fazendo a proskomídia. Quando eu me aproximei dele para pedir a bênção, ele me abençoando me perguntou: você é estudante de teologia? Então, se você está aqui, você nos dará um conselho."

Me afastei para o lado eu imaginava como ele poderia me conhecer, será que tinha me visto em algum lugar?

O Staretz começou a celebrar a liturgia. E aí eu comecei a observar como ele fazia o sacramento. Todo o seu semblante estava incrivelmente luminoso, mas o que me impressionou mais foi a maneira como ele rezava. Eu tinha a impressão que ele falava com alguém, como esse alguém estive bem na frente dele.

Depois do zaprichastnii stih eu me dirigi para os fiéis e preguei a homilia. Depois voltei para o altar e esperei que a liturgia terminasse para poder falar com o Staretz. Finalmente, terminando de tomar os Santos Dons, Otetz Porfírio ainda paramentado me chamou pelo meu nome: "Nicolai! Como é que eles, espertos, te mandaram para cá?

Quando ouvi isso, meu nome, e a razão de vir procurá-lo, fiquei tão atordoado e me preparando para argumentar, quando o staretz novamente falou: "Você não veio aqui por conta própria, eles te mandaram, não foi?" Eu afirmei calado. "Ouve o que lhe tenho para dizer: essas pessoas são más."

"Não, otche, eu não penso assim. Porque o senhor acha isso?" — "Essa noite, quando viajei com eles para Kardist e me hospedei no hotel, um deles resolveu me matar depois de recuperado o dinheiro. Ele queria todo o dinheiro relativo a sua parte e estava com medo de que eu denunciasse as autoridades locais. Então pensei, não deve se perder aquela alma por causa de dinheiro. Por isso resolvi ir embora de manhã cedo. É por isso que te falo que eles não são boas pessoas."

Eu fiquei atônito diante do que o Staretz me falou e não sabia o que responder. Evidentemente não haveria mais mediações. O staretz me abençoou e disse que gostaria de me encontrar novamente. E assim nos despedimos. Não querendo partilhar com ninguém a nossa conversa, eu retornando, disse a eles que o staretz se negou terminantemente em acompanhá-los a Kardist.

Depois que os outros dois foram embora, meu primo me pediu contar detalhadamente o meu encontro com o staretz Porfírio. Então contei tudo o que aconteceu no altar. Sendo o meu primo uma pessoa honesta ele não podia acreditar que alguém estivesse premeditando algo assim. Pedi-lhe que jurasse para mim contar-me de qualquer intenção de maldade deles. Mais tarde ele me contou que certa vez quando novamente se juntaram e comentavam a fracassada procura, o professor falou: " Eu estava certo quando suspeitei do Staretz que ele queria nos denunciar a polícia. A minha intenção era, assim que o dinheiro fosse achado, cortar a garganta dele." Esse professor, tomado de sede de ganância, ainda continuou procurando o tesouro por mais dois meses, quando morreu num acidente de carro.

Essas foram as circunstâncias em que conheci o Staretz e ele se tornou meu pai espiritual e com o tempo me tornei próximo dele. — finalizou o ex-estudante de teologia.

O que se evidencia nessa história é que o Staretz não queria ajudá-los a encontrar o tesouro porque não queria ser cúmplice da perdição da alma do coitado do professor, não levando em conta o perigo para a sua própria pessoa. Isso lembra o fato ocorrido com o justo santo João de Kronstadt, quando levaram-no para uma casa, onde o aguardavam assassinos — "estão me levando para imolação" — falou o batiuchka João, mas não retrocedeu. E para o Otetz Porfirio a morte não assustava, o que assustava era a perdição de uma alma.

A última viagem.

Otetz Porfirio em mente nunca deixou o Monte Athos. Nada no mundo interessava mais a ele do que o Monte Athos e especificamente o skit (pequeno mosteiro) de Kavsokalivia. Quando em 1984 soube que o último habitante da cela de São George tinha a deixado e foi morar no mosteiro, ele se apressou ao Monte Athos, 'a Grande Lavra de São Atanásio, a qual pertence o skit, e pediu que deixassem reservada essa cela para ele. Ele sempre sonhou em voltar para lá, onde fez os seus votos, na cela de São George 60 anos atrás. O Staretz se preparava para sua última viagem terrena, antes de partir para a eternidade. E Nosso Senhor ouviu o desejo de seu coração. Foi lhe designado se apresentar a Deus no local de seus primeiros podvigs (exercícios espirituais).

Durante os dois últimos anos de sua vida o Staretz com frequência falava sobre a sua prestação de contas no Juizo Final. Ele começou a se preparar intensamente para a passagem. Ele gostava de relembrar um episódio do paterik onde um Staretz sentindo próximo o fim de sua vida, preparou para si a sepultura e falou ao seu pupilo: "Meu filho, as pedras são escorregadias e a trilha íngreme, você pode se machucar se tentar carregar o meu corpo até a sepultura. Vamos os dois até lá enquanto eu posso caminhar." O discípulo amparando o Staretz pelo braço trouxe-o até a sepultura. O staretz deitou-se nela e... entregou sua alma a Deus. Quando o Staretz Porfírio ganhou a cela de São George, mandou para lá os seus pupilos e profetizou que, quando o número deles atingir 5 ele próprio vai se mudar para lá. No verão de 1991 já estavam morando 5 monges.

Na véspera da festa de Pentecostes o Staretz foi para Atenas, confessou-se com o seu pai espiritual, e, recebendo a absolvição, voltou para o Monte Athos. Lá instalando-se na cela de São George começou a aguardar o fim de sua difícil e laboriosa vida.

O seu filho espiritual, doutor em teologia, Constantino Grigoriades nos conta sobre a visita que fez ao Staretz em Kavsocalivia. Encontrando-me no pequeno mosteiro de Kavsocalivia no meio de outubro de 1991, um mês e meio antes da morte do Staretz, eu soube que Otetz Porfírio se mudou para lá.

Fiquei feliz com essa notícia e fui visitá-lo. O staretz me recebeu com muito carinho e falamos durante 3 horas sobre assuntos espirituais. Ambos estávamos muito emocionados com esse encontro. Eu lhe perguntei o porque disso. Ele me respondeu: "Eu não esperava encontrá-lo no lugar onde fiz meus votos, essa cela significa muito para mim, aqui eu comecei a minha vida espiritual. Aqui eu vim prestar a memória eterna aos staretz Panteleimon e Joanísio. E Nosso Senhor me permitiu voltar aqui novamente." Seus olhos cegos firmemente fechados, se encheram de lágrimas de alegria e de gratidão a Deus.

A pedido do Staretz, perto da cela, foi cavada uma sepultura, ele ditou sua última carta de despedida, onde pedia perdão a todos e dava conselhos. Na última noite de sua vida o staretz se confessou, depois seus pupilos iniciaram a leitura do cânone para encomendar a alma. Terminando, começaram a rezar a regra das orações de um monge squimnic (nível mais alto de monge) pelo rosário. As últimas palavras do Staretz foram as palavras do evangelho onde Jesus Cristo na pregação da despedida com seus discípulos falou "que sejam todos unidos," e depois quase inaudível ele sussurrando falou "griadi" e expirou.

Deus levou sua alma iluminada as 4:31 horas do dia 2 de Dezembro de 1991. No dia seguinte, ao alvorecer, dia 3 de dezembro, quando os primeiros raios solares iluminaram o cume do Monte Athos o santo corpo do staretz foi coberto pela terra. A sua alma foi iluminada com a luz e vida eterna.

É fato que o Otetz Porfirio vive eternamente com Deus e intercede por nós, testemunhamos o seguinte episódio: Em Atenas vive um homem muito culto que é filho espiritual do Otetz Porfirio. Tinha por hábito procurar o staretz para conselho e com frequência, sem possibilidade de ir até ele, consultava-se por telefone. Quando o Staretz morreu, esse homem estava fora da cidade, a serviço e não soube da sua morte.

Voltando para Atenas teve problemas familiares e como sempre,foi telefonar para o Otetz Porfírio para pedir-lhe conselhos.

Ligou para o número e... o Staretz atendeu do outro lado da linha. Este cumprimentou-o, pediu a benção e expôs o seu problema. O staretz ouviu-o, deu conselhos valiosos. Aliviado o homem finalizou: "Em breve irei visitá-lo, assim que puder," ao que o staretz respondeu: "Não me telefone mais, porque eu já morri."

Deus não é o Deus dos mortos mas Deus é dos vivos e nós cremos que o Staretz Porfírio também está vivo, com Deus e ouve as nossas preces e é forte para nos ajudar e pode interceder por nós, pecadores diante do Altíssimo.

 

 

 

 

Folheto Missionário número PA32

Copyright © 2002 Holy Trinity Orthodox Mission

466 Foothill Blvd, Box 397, La Canada, Ca 91011

Redator: Bispo Alexandre Mileant

(staretz_porfirio_p.doc, 09-25-2002)