O Ano Litúrgico

Bizantino

Parte I-b

Madre Maria Donadeo.

 


Conteúdo:

Preparação à Páscoa no Triódion. Oração quaresmal de Santo Efrém. Liturgia quaresmal dos Pré-santificados. De semana em semana. Adoração da Santa Cruz. Primeiros três dias da semana santa. Tríduo conclusivo da semana santa.

Do domingo depois da Páscoa ao domingo depois de Pentecostes. Domingo das mirróforas. A festa do meio-Pentecostes. Domingo do I Concílio Ecumênico de Nicéia. Comemoração de todos os fiéis defuntos. Domingo do santo Pentecostes. Domingo de Todos os Santos.


 

Preparação

à Páscoa no Triódion

Triódion é o nome de um livro litúrgico bizantino usado nas dez semanas que precedem a Páscoa e Tempo do Triódion é sinônimo de Tempo da Quaresma. Porém, dentro de uma sábia pedagogia da Igreja para com seus filhos, existe uma gradualidade. As primeiras quatro semanas são orientadas à compreensão dos motivos do jejum quaresmal e à aquisição das disposições espirituais para percorrer frutuosamente os quarenta dias que se lhes seguem.

O nome Triódion vem de Três-odes, porque no cânon do Órthros há somente três odes em lugar das nove habituais. Nem por isso o conjunto dos Ofícios fica mais breve, pelo contrário, pois se recitam os hinos bíblicos conexos a cada Ode (habitualmente omitidos, exceção feita para o Magnificat, Lc 1:46-55 à Ode nona) e os tropários se tornam mais numerosos.

A cada Hora, recita-se a oração quaresmal de Santo Efrém, acompanhada por prostrações e, excetuados o sábado e o domingo, não se celebra a divina liturgia (missa), e, às quartas e sextas-feiras, celebra-se a Liturgia dos Pré-santificados. Antes de nos aprofundarmos nessas duas particularidades, eis alguns textos litúrgicos dos dias preparatórios à Quaresma ou aos seus inícios, extraídos do Triódion:

"As portas da divina penitência abrem-se diante de nós, entremos com júbilo e purifiquemos nossos corpos; abstenhamo-nos do alimento e das paixões comportando-nos como discípulos de Cristo, o qual chama o mundo para o Reino celestial; ofereçamos ao Rei do universo o dízimo do ano inteiro, para que possamos contemplar com amor a sua santa Ressurreição."

"Verbo de bondade que, com o Pai e o Santo Espírito, na tua inefável sabedoria criaste todas as coisas visíveis e invisíveis, torna-nos dignos de transcorrer em profunda paz o luminoso Tempo da Quaresma, livrando-nos, na tua bondade, da amargura do pecado, concedendo-nos benfazejas lágrimas de penitência e o perdão de nossas culpas, a fim de que, jejuando com a alma fortificada e o espírito alegre, possamos cantar com os anjos a tua majestade."

Como sempre, no Oriente, é freqüente recorrer à Mãe de Deus:

"Virgem santa, única defesa dos que acreditam, concede neste tempo de quaresma o teu misericordioso socorro a todos os que te reconhecem qual Mãe de Deus."

A dimensão social da nossa conversão em preparação à Páscoa manifesta-se várias vezes:

"Conhecendo os preceitos do Senhor, vivamos de maneira conforme a eles: aos pobres demos o que comer e aos sedentos o que beber, vistamos os que não têm roupas, acolhamos os estrangeiros, visitemos os enfermos e os prisioneiros para que aquele que julgará o mundo diga também a nós: Vinde, benditos do meu Pai, recebei em herança o reino preparado para vós."

"Irmãos, jejuemos corporalmente e jejuemos também com o espírito: rompamos qualquer cadeia de iniqüidade, quebremos os liames das paixões violentas, anulemos todo contrato injusto, demos o pão aos famintos e acolhamos em casa os pobres sem teto para que obtenhamos, do Cristo nosso Deus, grande misericórdia."

Oração quaresmal de Santo Efrém

Uma grande quantidade de fiéis ortodoxos e católicos de rito bizantino a conhecem de cor:

"Senhor e Mestre da minha vida! Afasta de mim o espírito de preguiça, de indolência, de soberba e de palavras fúteis (prostração).

Mas doa ao teu servo um espírito de castidade, de humildade, de paciência e de amor (prostração).

Sim, Senhor e Rei, faz com que eu reconheça minhas culpas e que não julgue o meu irmão, pois tu és bendito por todos os séculos, amém (prostração)."

Às vezes - quando as rubricas o prescrevem, a oração é seguida pela invocação "Tem piedade de mim, pecador" repetida doze vezes e acompanhada por uma profunda inclinação; no fim se repete a oração inteira com uma prostração conclusiva.

Também durante a liturgia dos Pré-santificados, o sacerdote, junto com os fiéis, por duas vezes recita essa oração de Santo Efrém, o Sírio († 373). Poderíamos nos perguntar por que essa breve e simples oração adquiriu tanta importância na liturgia quaresmal bizantina. A resposta no-la dá o conhecido teólogo ortodoxo A. Schememam:

"O motivo é que ela enumera de maneira feliz todos os elementos negativos e positivos do arrependimento e constitui, por assim dizer, um 'lembrete' para o nosso esforço pessoal de Quaresma."

O grande poeta russo Puskin a retranscreveu em versos confessando que nos dias do Grande jejum "vem aos lábios com freqüência e fortalece ao caído com força invisível."

Examinando detalhadamente a oração de Santo Efrém, constatamos que quatro são os elementos negativos dos quais as pessoas pedem ser livradas: o ócio, doença de fundo que leva à indolência, à indiferença espiritual; o desânimo, aquela acídia bem conhecida na tradição ascética que põe em guarda contra as suas catastróficas conseqüências; a cobiça do poder (traduzida às vezes também com soberba), que no fundo é a teimosia do eu egoístico, o qual, não orientado para Deus, deseja levar a melhor, não respeitando os outros; enfim aquela loquacidade vã da qual já o apóstolo Tiago alertava por ser fonte de pecados.

Com um ato de fé que é ao mesmo tempo disposição para ser guiados e ensinados por Deus a quem chamamos no início da oração de "Senhor e Mestre," dirigimos a ele uns pedidos positivos, solicitando-lhe em primeiro lugar a virtude que em grego é chamada de sofrosyne e em eslavo de celomúdrie: às vezes traduzida com a palavra "sabedoria" ou "modéstia," mas cuja tradução certa é "castidade" no sentido de disposição à integridade, ao respeito da escala de valores na qual estão envolvidos o corpo e o espírito. Pede-se, em seguida, o dom da humildade, que, pela ligação que tem com a verdade, permanece na base de tudo, e da paciência, à imitação de Deus que é paciente conosco, justamente porque enxerga a profundidade das pessoas, coisas e circunstâncias. Enfim o amor, vértice da vida espiritual e mandamento máximo que Deus legou ao homem.

Na oração pede-se, enfim, a capacidade de enxergar os próprios erros e culpas e de não julgar o próximo. Esse pedido permanece sempre importante para nós que, após a culpa original, temos a tendência oposta e facilmente sabemos desculpar a nós mesmos, exigindo muito dos outros. A oração se conclui com, um louvor a Deus "Bendito por todos os séculos."

Liturgia quaresmal dos Pré-santificados

Na liturgia ambrosiana, que entre as liturgias ocidentais é a que mais se aproxima à bizantina, nas sextas-feiras da Quaresma não se pode celebrar a missa.

O motivo foi explicado no Sínodo XI, presidido por São Carlos Borromeu:

"Toda sexta-feira, por causa da santíssima Paixão de Nosso Senhor, é repleta de religiosa e verdadeira tristeza cristã. Para expressar mais significativamente essa realidade e para imprimi-Ia sempre mais na alma dos seus filhos, a nossa Igreja milanesa sempre manteve o costume, desde a antiguidade, de não celebrar a Santa Missa nas sextas-feiras da Quaresma, porque, sendo o ato litúrgico por excelência, suscitaria no povo católico uma plena e exuberante letícia."

A mesma motivação explica a razão dos dias "alitúrgicos" da tradição bizantina: o caráter solene e festivo da Liturgia eucarística - chamada de São João Crisóstomo ou de São Basílio Magno, porque os textos principais são atribuídos a tais santos -, pouco se ajusta ao espírito de penitência da Quaresma. O sábado e o domingo nunca foram considerados dias de jejum no Oriente; por isso nesses dias celebra-se a eucaristia. Já no Concílio de Laodicéia (314) havia-se decretado a proibição do sacrifício eucarístico na Quaresma (exceto nos dias de sábado, domingo e na festa da Anunciação); no Concílio de Trullo (692), aparece pela primeira vez o convite a celebrar a liturgia dos Pré-santificados, justamente nos dias de jejum do período preparatório à Páscoa. O formulário já aparece constituído pelos fins do VIII e inícios do século IX; do século X em diante há muitos testemunhos que permitem afirmar que a celebração da liturgia dos Pré-santificados havia-se tornado um costume geral.

Também na Quaresma, porém, se sente a necessidade de sermos sustentados na luta contra o pecado, pelo alimento e pela bebida, novo maná, que são o Corpo e Sangue de Cristo. A liturgia dos Pré-santificados satisfaz a essa exigência sendo por sua natureza um solene rito de comunhão. É constituída pela primeira parte das Vésperas (muito análoga à liturgia dos catecúmenos) e pelos ritos e orações próprias da comunhão. Deveria ser celebrada ao entardecer, e o pão é consagrado na liturgia do domingo anterior e conservado no sacrário para a comunhão dos celebrantes e dos fiéis.

Nas férias da Quaresma são prescritas leituras tiradas do Antigo Testamento: uma à Sexta e duas às Vésperas, que se tornam parte integrante da liturgia dos Pré-santificados quando esta é celebrada. Antes de começar a segunda leitura, o celebrante, segurando com ambas as mãos um círio aceso e o turíbulo fumegante, traça um sinal da cruz e, voltando-se para a assembléia, exclama: "A luz de Cristo ilumina a todos!" enquanto isso, os fiéis, ajoelhados, se prostram profundamente, encostando a fronte até o chão.

Em lugar do hino dos Querubins, na Grande entrada se canta:

"Agora os poderes celestes adoram invisivelmente conosco. Eis que se aproxima o Rei da glória. Eis a mística Vítima, perfeita; avança escoltada em triunfo. Aproximemo-nos com fé, a fim de participarmos da vida eterna. Aleluia, aleluia, aleluia."

Esse tríplice aleluia poderá surpreender os católicos latinos, acostumados a associar tal expressão à exultação pascal, mas ela significa simplesmente "Louvai ao Senhor," portanto adapta-se muito bem ao tempo quaresmal. Um tríplice aleluia está associado ao canto do versículo do SI 33, "Saboreai e vede como o Senhor é bom" que precede a distribuição da comunhão, enquanto logo em seguida se canta:

"Bendirei o Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre em minha boca. Saboreai o pão celeste e o cálice da vida e vereis quão suave é o Senhor. Aleluia, aleluia, aleluia."

Um particular interessante é que a liturgia dos Pré-santificados no Oriente bizantino é dita: Liturgia de São Gregório Magno, papa, que, porém, é apelidado de São Gregório "Diálogo," nome que provém da sua obra principal e ao qual é dirigida uma oração especial nessa celebração bizantina. Não se conhece bem de onde vem a associação desse nome.

Concluiremos, com o texto da oração, que o sacerdote reza em voz alta, fora do santuário, e que nos faz entender bem a ligação que há entre a liturgia dos Pré-santificados e o tempo quaresmal:

"Senhor todo-poderoso, que governas com sabedoria toda a criação e que pela tua inefável providência e infinita bondade nos conduziste nestes dias à purificação das nossas almas e dos nossos corpos, ao domínio das nossas paixões, à esperança da nossa ressurreição; tu que, em quarenta dias, formaste as tábuas da Lei, texto gravado pela tua mão divina para o teu servo Moisés, concede-nos também, em tua bondade, combater o bom combate e levar a bom termo o tempo do jejum, guardar a integridade da fé, esmagar a cabeça do inimigo invisível, vencer o pecado e conseguir, sem perigo de condenação, venerar a tua santa ressurreição, pois bendito, glorificado, venerável e magnífico é o teu santo nome, Pai, Filho e Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém."

De semana em semana.

A décima semana antes da Páscoa, com a qual começam os textos próprios do Triódion, é chamada do Fariseu e do Publicano, pois é este o episódio que se lê no evangelho da Liturgia eucarística e a ele faz alusão o kontákion.

Kontákion (4º tom).

"Fujamos da soberba do fariseu e aprendamos a profunda humildade.das palavras do publicano, clamando com arrependimento: "Salvador do mundo, sê misericordioso para com teus servos."

 

Nas primeiras semanas as partes próprias do Triódion limitam-se aos domingos e, mesmo assim, prevalecem os textos do Októichos. No domingo seguinte (nono antes da Páscoa), dito do Filho Pródigo (cf. Lc 15,11-32), todo fiel faz sua a experiência espiritual ao rezar com estas palavras:

Kontákion (3º tom).

"Abandonei estultamente a glória paterna e dissipei nos vícios a riqueza que me havias doado. Eis que clamo a ti com as palavras do Filho Pródigo: ´Pequei contra ti, Pai misericordioso, acolhe-me arrependido, e trata-me como um de teus empregados'."

Segue-se o domingo (oitavo antes da Páscoa), no qual se recordam os eventos escatológicos conexos à segunda vinda do Senhor (cf. Mt 24, 31-46), chamado também de Domingo de Carnaval, porque é o último dia em que é permitido comer carne. O domingo que se lhe segue (sétimo antes da Páscoa, que antes os latinos chamavam de Qüinquagésima) termina também o uso dos laticínios até a Páscoa. Estas normas severas vigoram ainda hoje para todos os fiéis, embora o princípio da "economia" permita adaptações misericordiosas para os diversos casos. O anunciado Sínodo das Igrejas ortodoxas tratará também sobre as normas dos jejuns.

No Evangelho se lê o trecho de Mateus 6,14-21 e as palavras do kontákion assim se expressam:

Kontákion (6º tom).

"Mestre de sabedoria e guia do intelecto, pedagogo dos ignorantes e protetor dos pobres, fortifica e instrui meu coração. ó Verbo do Pai, infunde em mim a tua palavra e eu não impedirei que meus lábios te supliquem dizendo: Misericordioso, tem piedade de mim que miseravelmente caí!"

Com a segunda-feira começa a Quaresma propriamente dita (dois dias antes da "quarta-feira de Cinzas" dos latinos) e a semana termina com o domingo da Ortodoxia ou dos Santos Ícones.

Estas normas severas vigoram ainda hoje para todos os fiéis, embora o princípio da "economia" permita adaptações misericordiosas para os diversos casos. O anunciado Sínodo das Igrejas ortodoxas tratará também sobre as normas dos jejuns.

Era de fato o 1º domingo da Quaresma quando, após o Concílio de 843, começou-se a celebrar a festa que marcou o fim das lutas iconoclastas. A oração mais repetida na ocasião é a seguinte:

Tropário (2° tom).

"Adoramos a tua sagrada imagem, ó Bom, implorando o perdão de nossas faltas, ó Cristo Deus, pois aceitaste espontaneamente subir à cruz, a fim de salvar as tuas criaturas da escravidão do inimigo. Por isso te agradecemos, exclamando: encheste tudo de alegria, ó nosso Salvador, vindo salvar o mundo."

O tropário citado recita-se diante do ícone do Cristo, a qualquer dia do ano; o kontákion do dia, de cunho mariano, faz alusão mais diretamente à doutrina reafirmada pelo Concílio:

Kontákion (8º tom).

"O Verbo incomensurável do Pai tornou-se limitado ao se encarnar em ti, Mãe de Deus; reconduziu ao primevo estado a nossa imagem (ícone) deturpada pelo pecado, elevando-a à divina beleza. Reconhecendo com isso a nossa salvação, procuramos realizá-la com a palavra e a ação."

O segundo domingo da Quaresma comemora São Gregório Pálamas, um santo muito amado no Oriente bizantino e talvez mal compreendido pelos católicos, ao ponto de a sua festa não ser celebrada nas igrejas greco-católicas. Recentemente, porém, tal festa foi retomada e assumida pelos católicos. Também nas edições litúrgicas mais recentes da Congregação para as Igrejas orientais foi introduzido o "próprio" como está nos livros ortodoxos.

No centro da Quaresma coloca-se

o domingo da Adoração da Santa Cruz.

Como já foi dito, a festa bizantina principal em honra da Cruz do Senhor é a que ocorre no dia 14 de setembro, mas o terceiro domingo da Quaresma é caracterizado pela Adoração da gloriosa e vivificante Cruz. Ela fica exposta à veneração dos fiéis, no meio da Igreja, sobre uma estante enfeitada. Muitos textos litúrgicos, já cantados e lidos na festa mencionada, são repetidos nesse terceiro domingo, como também se repetem textos próprios das quartas e sextas-feiras. Outras composições, porém, são próprias do dia, e têm referências explícitas ao período quaresmal. Alguns exemplos:

"Salve, Cruz vivificante, paraíso da Igreja, árvore de incorrupção que buscas a alegria de uma glória eterna. Por teu meio, legiões de demônios são repelidas; os anjos se alegram e os fiéis se unem festivos. Arma invencível, baluarte inexpugnável, vitória dos reis, ufania dos sacerdotes, permite-nos contemplar os sofrimentos de Cristo e a sua ressurreição."

"Senhor, que sobre a Cruz estendeste voluntariamente os braços, concede-nos a compunção do coração para adorá-la, e permite que sejamos iluminados pelo jejum e a oração, a temperança e as boas ações, porque tu és bom e amigo dos homens."

"Senhor, na magnificência do teu amor, apaga a multidão dos meus pecados e faz com que, nessa nova semana de jejum, possa enxergar e adorar a tua Cruz com a alma purificada, ó Amigo dos homens."

Do Cânon de São Teodoro Estudita († 826), deste terceiro domingo da Quaresma, respigamos alguns breves hinos:

"Vinde, fiéis, dessedentemo-nos não na nascente da água que corrompe, mas na fonte da luz, adorando a Cruz de Cristo, na qual nos glorificamos."

"A tua Cruz, Senhor, é santificada; nela encontram cura os que definham no pecado e por ela nós te suplicamos: tem piedade de nós."

"Tu, que transformaste um instrumento de morte em um meio de vida para o universo, santifica os adoradores da tua Cruz digna de toda honra, ó único Deus dos nossos pais, bendito e exaltado."

"Salve, divina Cruz, três vezes bendita, luz para os que estão nas trevas. Tu iluminas os quatro pontos do universo preanunciando a luz de Cristo ressuscitado; faz com que todos os fiéis sejam dignos de chegar à Páscoa."

No quarto domingo da Quaresma, dito de São João Clímaco em honra do grande monge († 649), autor da Escada (no grego: Climax) das virtudes, obra lida nos mosteiros habitualmente durante a Quaresma, segue-se uma semana que tem duas celebrações especiais: na quinta-feira faz-se a leitura - agora quase somente nos mosteiros do Grande Cânon de penitência de Santo André de Creta, e no sábado se celebra o Hino Akáthistos da Santíssinia Mãe de Deus, muito amado pelo povo que acorre numeroso para as Igrejas a fim de participar dessa festa mariana.

O quinto domingo da Quaresma, dedicado à memória da grande santa penitente Maria Egipcíaca († 431), precede os últimos dias do período quadragesimal.

Dois dias festivos nos introduzem na Semana da Paixão, imediatamente antes da Páscoa, chamada também Santa e grande semana. O Domingo de Ramos, do qual já falamos no capítulo das Doze grandes festas e o dia anterior, dito Sábado de Lázaro. É uma comemoração, prelúdio da ressurreição de Cristo, baseada no Evangelho de João 11,1-45. Duas festas antigas, no Oriente bizantino, ainda hoje zelosamente conservadas e muito queridas da piedade popular.

Os textos próprios completos foram publicados em italiano, por isso nos limitaremos a apresentar os mais repetidos, do Sábado de Lázaro:

Tropário (1º tom).

Antes da Paixão, querendo fundar a nossa fé na comum ressurreição, ressuscitaste Lázaro dentre os mortos, ó Cristo Deus. Por isso, como as crianças de outrora, levando os símbolos da vitória, vencedor da morte, a ti cantamos: "Hosana no mais alto dos céus! Bendito o que vem em nome do Senhor!"

Kontákion (2º tom).

"Ó Cristo, alegria de todos, verdade, luz, vida do mundo e nossa ressurreição, na tua bondade te manifestaste aos que estão na Terra, tornando-te modelo da ressurreição e concedendo a todos o perdão divino."

Primeiros três dias da semana santa.

Eles têm em comum um tropário, conhecido de cor por muitos fiéis, e que é cantado três vezes com uma linda melodia no ofício do Órthros (Matinas), comumente antecipado à tardinha do dia anterior. A celebração recebe o nome de "Ofício do Nynfíos" (em grego = "Esposo") das palavras do tropário:

Tropário (8º tom).

"Eis que vem o Esposo no meio da noite. Feliz o servo que ele encontrar acordado; infeliz, porém, do que ele encontrar dormindo! Vê, portanto, ó minha alma, não te deixes vencer pelo sono, a fim de que não sejas entregue à morte e fiques fora das portas do reino. Mas, vigilante, grita: Santo, Santo, Santo és tu, ó Deus! Pela intercessão da Mãe de Deus, tem piedade de nós!"

Nessa ocasião, é costume expor à veneração dos fiéis, no meio da Igreja, o ícone chamado "O Esposo" em que o Cristo, com os olhos fechados, de pé num ataúde, diante da cruz se mostra paciente e ao mesmo tempo Rei da glória, como costuma estar escrito no letreiro.

A vigilância do cristão, tendo sempre em mente a volta do seu Senhor e sobre a qual se insiste durante a Grande Semana, é uma atitude fundamental para ele. O tropário do Esposo, logo acima apresentado, é repetido a cada dia do ano no Ofício da meia-noite (no grego = Mesonyktikóm).

Existe outro texto litúrgico muito importante, comum aos três primeiros dias da semana santa, que retoma o tema do Esposo: é o exapostilárion, também cantado três vezes:

"Vejo o teu tálamo nupcial ornado, ó meu Salvador, e não tenho a veste (digna) para entrar nele. Ilumina a veste da minha alma, que doas a luz, e salva-me!"

"É uma alusão à veste de inocência e de glória perdida por Adão e que o batismo no-la dá de novo, mas que com freqüência perdemos com o pecado. Então será preciso recorrer à misericórdia divina, à purificação do "sangue do Cordeiro."

O tema comum das núpcias de Deus com a humanidade, com cada alma, junta-se cada dia a temas particulares indicados nos trechos bíblicos lidos e retomados pela hinografia litúrgica.

Na segunda-feíra santa, conforme indicado no Triódion, se faz memória do patriarca José e da figueira amaldiçoada por Jesus e que ficou seca. O primeiro, um justo vendido pelos irmãos e em seguida exaltado, é a figuração de Jesus, enquanto que o episódio da figueira estéril, lido nas Matinas (Mt 21,18-43), nos estimula a produzir frutos espirituais. Durante a liturgia dos Pré-santificados é proclamado um evangelho (Mt 24,3-35) que caracteriza os primeiros três dias da semana santa.

Na terça-feíra santa se põe em destaque a parábola das dez virgens, incluída na perícope evangélica proclamada na liturgia dos Pré-santificados (Mt: 24, 36-26,2). É um novo apelo de alerta à chegada do Esposo, a reavivar a fé e a caridade. Um texto litúrgico das Laudes assim nos faz rezar:

"Tu, que entre todos os homens és o Esposo mais belo e nos convidaste ao convívio espiritual das tuas núpcias, despe-me da veste miserável das minhas culpas, para que possa participar nos teus sofrimentos e, ornando-me com a veste de glória da tua beleza, torna-me digno comensal do teu Reino, ó Misericordioso!"

Na quarta-feíra santa se comemora a unção de Betânia: na liturgia dos Pré-santificados se lê (Mt: 26,6-16), com o episódio da mulher que derramou ungüento precioso sobre a pessoa de Jesus, para nós exemplo de amor e de arrependimento. Mas os hinos litúrgicos têm referências constantes também aos demais evangelhos, com cenas similares. O kontákion, repetido a cada Hora menor, faz uma aplicação pessoal do tema central:

Kontákion (4º tom).

"Pequei mais que a meretriz, ó Deus Bom, mas não te ofereci torrentes de lágrimas. Prostro-me, agora, diante de ti, adorando-te em silêncio, e beijando com amor teus pés imaculados, para que tu, ó Senhor, perdoe minhas culpas, a mim que clamo: O Salvador, tira-me da lama de minhas ações!"

Respigando algumas expressões das Laudes notamos o contraste entre a cortesã que, conforme diz o Sinaxário, "derramando o perfume sobre o corpo de Cristo antecipa a unção de Nicodemos," e a figura de Judas que contemporaneamente "faz acordos com os iníquos" e "sai para vender aquele que não tem preço." Outro texto litúrgico da quarta-feira santa, digno de ser assinalado, é de autoria da monja Cassiani (ou Cássia) que viveu em Constantinopla no século IX:

"A mulher caída em muitos pecados sente a tua divindade, ó Senhor, e assumindo o papel de mirrófora te oferece antes da sepultura o myron com as lágrimas..."

Como em qualquer oficio ou celebração bizantina, aparecem diversas orações marianas e, enquanto se pensa na vinda do Esposo, significativamente o Cânon de André de Creta nas Completas (em grego: Apódipnon) da quartafeira santa termina invocando a Mãe de Deus assim:

"Somente tu te revelaste Tálamo celeste e Esposa sempre virgem..."

Nas Laudes da segunda-feira santa um texto sintetiza os sentimentos desses dias sagrados:

"O Senhor, indo ao encontro de sua paixão voluntária, dizia no caminho aos Apóstolos: 'subamos a Jerusalém e o Filho do homem será entregue como está escrito.' Eia, pois, também nós subamos com ele, com as mentes purificadas. Deixemo-nos crucificar e morrer por ele aos prazeres da vida, para com ele viver e ouvir da sua boca: Não vou mais à Jerusalém terrestre para padecer, mas vou ao meu Pai e ao vosso Pai e comigo vos levarei à Jerusalém celeste, no Reino dos céus."

Tríduo conclusivo da semana santa.

O escritor ortodoxo russo, V. llyne, num de seus livros escreveu que o conjunto dos ofícios dos últimos três dias da Grande semana são a "resposta de amor da Igreja Esposa ao amor sacrifical e redentor do Cristo seu Esposo, a recepção solene da cruz, do evangelho, do cálice eucarístico e da glória da ressurreição que ilumina."

São inúmeros e extensos os temas tratados pelo "próprio" litúrgico desses dias e não é fácil resumi-los. Limitar-nos-emos acenando a alguns textos seguindo os ofícios dia por dia.

O Sinaxário, na Quínta-feíra santa, diz:

"Hoje celebramos o santo Lava-pés, a Ceia mística, a sublime oração e a traição."

O tropário principal, cantado três vezes nas Matinas, sublinha os dois primeiros temas:

"Enquanto os gloriosos discípulos eram iluminados, na hora do lava-pés da Ceia, o pérfido Judas mergulhava nas trevas da sua avareza e tramava entregar a ti, o juiz justo, nas mãos de juízes iníquos. Olhe só este homem, que por amor do dinheiro acaba se enforcando! Foge (ó fiel) do cobiçoso, que tanto ousou contra o Mestre! Senhor, que és bom com todos, glória a ti!"

Observem a expressão "os discípulos iluminados no Lava-pés;" lembrando que o Batismo no Oriente é chamado o sacramento da "Iluminação," há quem afirme que na hora em que Cristo lavou os pés a seus apóstolos, estes receberam o sacramento do batismo antes da ceia eucarística.

A divina liturgia (missa) é celebrada conforme o formulário de São Basílio, usado somente dez vezes durante o ano. Ele é mais extenso que o formulário de São João Crisóstomo, usado habitualmente. O evangelho que se proclama é composto de uma série de trechos extraídos dos vários evangelistas, sendo a perícope mais longa do ano e compreende a narração completa da última Ceia, a traição de Judas e a prisão noturna de Jesus, que estava em oração no jardim das Oliveiras. O hino dos Querubins e a antífona da comunhão são substituídas por um canto cujo texto é usado quotidianamente como oração preparatória à comunhão. Eis as palavras:

"Ó Filho de Deus, recebe-me neste dia na tua mística ceia: eu não desvendarei os mistérios aos teus inimigos; nem te darei um beijo como Judas, mas como o ladrão arrependido, eu te peço: lembra-te de mim, Senhor, quando entrares no teu Reino."

Essa última frase é muito conhecida dos fiéis orientais, usada outrossim como versículo responsorial durante a recitação das Bem-aventuranças evangélicas. Como também "Divinos mistérios" usa-se freqüentemente como sinônimo da eucaristia.

A cerimônia do lava-pés, que se faz logo em seguida, é reservada somente às igrejas catedrais onde o bispo lava os pés de doze sacerdotes; e nas sedes mais importantes, a cada três ou quatro anos durante a Liturgia se faz a santificação do sagrado crisma (myron).

Na noite da quinta-feira santa, antecipa-se o ofício das Matinas da sexta-feíra santa, isto é, o Ofício dos Doze Evangelhos da Paixão, com grande participação dos fiéis que escutam a leitura segurando na mão uma vela acesa. O Evangeliário é levado solenemente no meio da igreja, instalado numa estante especial e incensado; e daquele lugar é feita a leitura. Depois de cada evangelho os fiéis cantam:

"Glória à tua compaixão (os eslavos cantam: 'à tua grande paciência'), Senhor!"

Lindos os textos litúrgicos que se intercalam, entre outros apresentamos o que se canta após o quinto evangelho:

"Hoje foi suspenso no madeiro aquele que suspendeu a terra sobre as águas. Com uma coroa de espinhos foi coroado o Rei dos Anjos. Foi envolvido numa púrpura mendaz aquele que envolve o céu em nuvens. Foi esbofeteado aquele que salvou Adão no Jordão. Foi perfurado por cravos o Esposo da Igreja. Foi transpassado pela lança o Filho da Virgem. Adoramos a tua paixão, ó Cristo; oh!, mostra-nos também a tua ressurreição!"

Na Grande sexta-feira não se celebra nem a liturgia eucarística nem a dos Pré-santificados. As Horas de prima, terça, sexta e nona tornam-se Horas régias; cada uma delas se compõe de três salmos completos, três leituras bíblicas e outros hinos litúrgicos. O kontákion repetido a todas as Horas tem um caráter mariano:

Kontákion:

"Vinde todos celebrar quem por nós foi crucificado! Ao vê-lo no madeiro Maria dizia: Embora carregues a cruz, tu és o meu Filho e o meu Deus."

Às Vésperas, em que se fazem três leituras veterotestamentárias e a leitura do evangelho (composição de trechos tirados de Mateus, Lucas e João), segue-se o rito da Sepultura. O celebrante incensa três vezes cada lado do santo Epitáphion, retângulo de pano que leva pintada e bordada a figura do Cristo Morto, chegando às vezes ao tamanho natural. O Epitáphion, após colocado sobre o altar, é depositado sobre uma mesa (ou túmulo) adrede, preparada no centro da igreja, e onde permanecerá até o início da vigília pascal. O povo vai numeroso venerar o Cristo Morto, colocando flores em profusão e beijando o livro dos evangelhos e as chagas de Cristo, enquanto o rosto dele está coberto por um véu. Cantam-se dois tropários: o primeiro lembra a deposição feita pelo "nobre José" do "corpo imaculado" de Jesus no "sepulcro novo," enquanto que o segundo é já um prenúncio da ressurreição.

Chega o grande e santo Sábado no qual - citando o que diz o livro litúrgico, - "se celebra o sepultamento do corpo divino e a descida ao reino dos mortos do Senhor, Deus e Salvador nosso Jesus Cristo." A parte mais característica das celebrações é o ofício das Matinas (= órthros) com os célebres Enkómia, tão queridos pela piedade popular ortodoxa. Em geral tal ofício é antecipado para a noite da sexta-feira santa. É típico das culturas mediterrâneas, ao velar o morto, tecer o elogio, a lamentação e a exaltação do falecido. Junto ao sepulcro do Cristo, representado no Epítáphion, a liturgia sugere elogios e lamentações, intercaladas a versículos do salmo 118 e a outros textos de grande profundeza espiritual e beleza artística, entre os quais numerosos são os de cunho mariano. Além dos dois tropários já cantados no fim das Vésperas, acrescenta-se o seguinte:

"Quando desceste à morte, ó Vida imortal, então o hades foi morto pelo fulgor da tua divindade; quando fizeste ressurgir os mortos das profundezas dos abismos, as potências celestes cantavam: ó Cristo nosso Deus, doador da vida, glória a ti!"

Os temas que mais ocorrem nas celebrações litúrgicas do sábado santo são a morte e a espera, o pranto e o louvor ao Doador da vida. Unida ao ofício das Vésperas, que contém cerca de 15 leituras bíblicas (desde Gênesis, Êxodo, Josué, Isaías, Sofonias, Jeremias, Daniel). está a liturgia eucarística de São Basílio. É uma liturgia batismal; de fato, em lugar do Triságio, antes da epístola, se canta por três vezes um versículo de São Paulo aos Gálatas (3:27): "Vós todos, que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Aleluia!"

Não é raro encontrar, nas composições litúrgicas do Oriente, textos que exprimem em forma de diálogo os sentimentos dos protagonistas. Eis um exemplo de como o mesmo Jesus se exprime:

"Não chores por mim, ó Mãe, ao ver no túmulo o Filho que sem sêmen concebeste em teu seio. Ressurgirei, de fato, e serei glorificado e, sendo Deus, elevarei à glória sem cessar os que te exaltam com fé e amor."

 

Do domingo depois da Páscoa

ao domingo depois de Pentecostes

A semana que se segue ao domingo da Páscoa celebra-se como um único dia festivo: nas igrejas, as portas da iconóstase permanecem abertas até ao sábado. Os Ofícios, também os das Horas, são todos cantados e repetem textos do dia da Páscoa, salvo algum breve texto próprio. Nessa semana é suprimido todo jejum, inclusive os da quarta e sexta-feira. No meio grego esses dias pascais são chamados de "Semana da renovação;" já em ambiente eslavo recebem o nome de "Semana luminosa." No período que vai da Páscoa ao domingo depois do Pentecostes se usa o livro litúrgico chamado Pentekostárion, que dá também o nome ao correspondente tempo litúrgico.

Ao fornecermos algumas informações sobre o desenvolvimento desse período, nós nos deteremos sobre algumas celebrações particulares.

O domingo depois da Páscoa é chamado, tanto no Oriente como no Ocidente, de segundo domingo da Páscoa, e também de Domingo de São Tomé, devido à perícope evangélica que se lê na liturgia eucarística (Jo 20:19-31). Faz-se também a leitura continuada dos Atos dos Apóstolos. Eis o tropário principal:

Tropário (7º tom).

"Ainda que o sepulcro estivesse selado, saíste do túmulo, ó Cristo Deus, nossa vida. Mesmo com as portas fechadas, tu te apresentaste a teus discípulos, ó ressurreição de todos, renovando em nós, por meio deles, um Espírito de retidão, segundo a tua grande misericórdia."

Outros textos próprios que se referem explicitamente ao Apóstolo repisam a idéia de que "a incredulidade de Torné confirma a ressurreição salvadora do Verbo de Deus feito homem."

No domingo seguinte (terceiro da Páscoa) as Igrejas de tradição constantinopolitana celebram o Domíngo das mirróforas, típica festa bizantina sobre a qual vale a pena se deter.

Domingo das mirróforas

A liturgia bizantina põe em destaque, sem que haja algo correspondente no Ocidente, a atuação das mulheres fiéis ao Senhor que, ao amanhecer do dia da Páscoa, foram ao sepulcro levando aromas preciosos para completar o ritual do sepultamento. Foi primeiramente a elas que os anjos anunciaram a ressurreição, incumbindo-as de levar a boa notícia aos apóstolos, tornando-se assim, como diz a liturgia, "as apóstolas dos apóstolos." Os quatro evangelistas falam delas e nesse domingo se lêem trechos de Marcos e de Lucas.

Eis o texto do tropário principal, cuja primeira parte já foi cantada no Sábado santo.

Tropário (2º tom).

"Às piedosas mirróforas junto ao túmulo o anjo disse: Os aromas convêm aos mortos! Cristo, porém, é incorruptível. Cantai antes: O Senhor ressuscitou, dando ao mundo a grande misericórdia."

Os dois motivos da cuidadosa unção sepulcral e do alegre anúncio da ressurreição reaparecem em muitos textos litúrgicos próprios desse domingo; estes, como sempre, aludem a dados escriturísticos e ao mesmo tempo transformam em oração os sentimentos das protagonistas e dos fiéis que as comemoram.

Às mirróforas, nesse dia, se associam outros dois personagens que testemunharam corajosamente o Crucificado: Nicodemos, o noturno interlocutor de Jesus, aquele que tinha pedido seu corpo a Pilatos; o "nobre José (de Arimatéia) que, depois de ter descido da cruz o corpo imaculado, envolveu-o num branco sudário e o pôs num sepulcro novo."

já nas Vésperas do sábado encontramos este texto:

"Ao amanhecer as mirróforas, tomando consigo os aromas, foram ao sepulcro do Senhor e notando coisas que não esperavam, pasmas ao ver a pedra removida, diziam uma à outra: Onde estão os lacres do túmulo? Onde estão os guardas que Pilatos enviou por precaução? Mas seus temores cessaram ao ver o anjo resplandecente dirigir-se a elas dizendo: Por que buscais em pranto Aquele que está vivo e vivifica o gênero humano? Cristo, nosso Deus onipotente, ressurgiu dos mortos e doa a todos nós a vida imortal, a iluminação e a grande misericórdia."

Várias vezes a liturgia lembra o desvelo solícito das mulheres saídas de casa às primeiras luzes do dia; sua generosidade em comprar os ungüentos e os melhores perfumes e a sua delicadeza em não ficar satisfeitas com o sepultamento apressado feito na tarde anterior. Um amor destemido era o delas, pelo qual não se renderam à idéia da pedra pesada, impossível de ser removida por elas, nem com as hostilidades de muitos judeus, dos quais haviam já ouvido os gritos blasfemos; amavam Jesus, que tinham servido em suas andanças apostólicas, permaneciam fiéis ao Mestre quando outros o haviam traído e lembravam-lhe a bondade, a misericórdia, a amizade demonstrada em muitas ocasiões.

Quando o anjo lhes anunciou a ressurreição de Cristo, não hesitaram e, como diz o texto litúrgico, "correram para os apóstolos, mensageiras de alegria." O testemunho delas, como era de se prever, não foi plenamente aceito pelos Onze, mas foi a ocasião de Pedro correr logo ao sepulcro para ver. Os dados dos quatro evangelistas estão fundidos na reevocação feita pela liturgia, que lembra também as aparições de Cristo às mulheres e o convite a se dirigir para a Galiléia, onde tinham ocorrido os primeiros felizes encontros com Jesus.

"As santas mulheres derramaram óleos perfumados e lágrimas no teu sepulcro, e sua boca encheu-se de júbilo ao proclamar: o Senhor ressuscitou."

É assim que nas Laudes se resumem os sentimentos e os gestos das mirróforas, em honra das quais foi composto um cânon inteiro que será cantado nas Matinas dos seis dias sucessivos e todo domingo até o dia da Ascensão (cantado após o cânon pascal). Mas a memória das mirróforas poderia dizer-se que é permanente na liturgia bizantina. Cada domingo se cantam hinos em que se repete o convite que o anjo lhes fez: "Não choreis, mas anunciai aos apóstolos a ressurreição," ou então a pergunta: "Por que buscais entre os mortos aquele que vive?" Entre os tropáríos da ressurreição, nos oito tons da música bizantina repetidos num ciclo contínuo o ano todo, existem referências explícitas às mirróforas. Eis alguns exemplos:

Tropário do domingo (4º tom).

"As santas mulheres, discípulas do Senhor, receberam do anjo o alegre anúncio da ressurreição. Repelindo as argúcias dos outros judeus, disseram, cheias de altivez, aos apóstolos: A morte foi vencida; Cristo ressuscitou, irradiando sobre o mundo a sua grande misericórdia!"

Tropário do domingo (7º tom).

"Por tua cruz destruíste a morte. Ao ladrão abriste o paraíso e mudaste em regozijo as lágrimas das mirróforas. Ordenaste aos apóstolos, ó Cristo Deus, que anunciassem a tua ressurreição, derramando sobre o mundo a tua grande misericórdia."

Os nomes das mirróforas, que foram ao sepulcro de Jesus levando o myron (aromas perfumados), são lembrados pelos evangelistas de diversas maneiras. O Sinaxário, no texto explicativo das Matinas deste domingo, embora faça alusão a muitas mulheres, apresenta uma lista nominal de sete pessoas entre as quais estão Maria Madalena, Salomé, Joana, Marta e Maria, irmãs de Lázaro.

O Sinaxário e a nossa prece assim concluem: "Pelas orações das santas mirróforas, ó Deus, tem piedade de nós!"

O quarto domingo da Páscoa é chamado domingo do paralítico, por causa do evangelho proclamado nesse dia, como também o domingo seguinte é chamado de domingo da samarítana. Em cada um desses domingos repetem-se os hinos da Páscoa, mas eles possuem também um kontákion próprio que apresentamos em seguida.

Kontákion do domingo do paralítico (3º tom).

"Com teu divino poder, Senhor, ergue a minha alma gravemente paralisada e mergulhada em toda sorte de pecados e de desregramentos, como outrora reergueste o paralítico, para que eu, salvo, possa clamar a ti: Cristo misericordioso, glória ao teu poder."

Kontákion do domingo da samaritana (8º tom).

"Tendo ido com fé até o poço, a samaritana contemplou a ti, água da sabedoria. Dessedentada por ti com abundância, obteve o reino do céu por toda a eternidade, e sua memória é gloriosa."

Entre esses dois domingos, na quarta-feira em que cai o 25º dia depois da Páscoa, celebra-se uma festa tipicamente bizantina. Detenhamo-nos um pouco sobre ela.

A festa do meio-Pentecostes.

No evangelho da liturgia eucarística se lê a perícope de João 7,14-30, e algumas das palavras proferidas por Jesus nesse capítulo reaparecem no texto do tropárío e kontákion da festa, que serão repetidos quotidianamente durante oito dias consecutivos.

Tropário (8º tom).

"Na metade da festa pascal, dessedenta, ó Salvador, com as águas da piedade a minha alma sedenta, pois tu mesmo disseste a todos: Se alguém tem sede venha a mim e beba! Tu és a fonte da vida, ó Cristo Deus, glória a ti!"

Kontákion (4º tom).

"Criador e Senhor de todas as coisas, Cristo Deus, na metade da festa legal disseste aos que te cercavam: Vinde a mim, bebei a água da imortalidade. Por isso nós nos prostramos diante de ti e clamamos com fé: Concede-nos a tua misericórdia, pois tu és a fonte da nossa vida."

Os textos litúrgicos, nesse dia, são abundantes em referências ao tempo pascal. Já nas Vésperas o primeiro texto confirma essa realidade evidenciando que nos encontramos na metade, entre a Ressurreição do Salvador e o Pentecostes, "como que uma conjunção entre as duas festas, dia que se ilumina do seu dúplice esplendor e que precede a Ascensão do Senhor." Nas três leituras bíblicas vespertinas se lêem trechos do profeta Miquéias, dos Provérbios e todo o capítulo 55 de Isaías que começa pelas palavras: "ó todos que estais com sede, vinde às águas, mesmo aquele que não tem dinheiro, venha!" e repete os convites: "procurai o Senhor," "retornai a Deus... que é pródigo em perdoar."

Como variações musicais que retomam, ampliam, enfeitam um tema básico, nos textos litúrgicos vêm, reapresentados em novas formas, argumentos já tratados.

"No meio do templo e da festa exclamaste: 'Quem tem sede, venha a mim e beba, porque bebendo da fonte divina fará jorrar do seu íntimo os rios do meu ensinamento; comigo será glorificado quem me reconhecer como o enviado do Pai divino'. Por isso também nós a ti clamamos: 'Glória a ti, Cristo nosso Deus, que fizeste correr sobre os teus servos jorros abundantes do teu amor para com os homens."

"Fazendo jorrar para o mundo a fonte da salvação e da vida, convidas os homens a se dessedentar nas águas da salvação, pois aquele que recebe a tua divina Lei apaga em si mesmo as brasas do erro, não mais terá sede para a eternidade e não carecerá mais dos teus bens, Senhor e Rei celestial. Por isso glorificamos o teu poder, ó Cristo nosso Deus, e te pedimos que apagues as nossas culpas e que does com fartura aos teus servos a graça da salvação."

"Tu és o princípio e o fim, e de cada coisa és também o meio, ó Cristo, que no templo te mostraste derramando sobre mim o perdão dos meus pecados."

O sexto domingo depois da Páscoa toma o nome do episódio do cego de nascença, cuja leitura é feita no evangelho` da divina liturgia. O kontákion do dia faz referência explícita ao episódio:

Kontákion (4º tom).

"Privado dos olhos da alma, recorro a ti, ó Cristo, como o cego de nascença e com arrependimento a ti clamo: 'És tu a luz resplandecente para aqueles que estão nas trevas.´"

Dois dias depois, na quarta-feira, celebra-se a Conclusão da festa da Páscoa, cujos textos litúrgicos são tomados quase por inteiro do dia da Páscoa, mas juntamente já se preanuncia a Ascensão do Senhor, solenemente celebrada no dia seguinte, quinta-feira. A subida de Jesus ao céu faz parte das Doze grandes festas do ano.

O domingo sucessivo também é uma festividade típica do Oriente bizantino; celebra-se o

Domingo dos 318 Padres

do I Concílio Ecumênico de Nicéia

Os cristãos orientais conservam viva a memória do solene evento realizado no ano 325 em Nicéia, em que foram condenados os erros de Ario. O fato de celebrar este acontecimento na proximidade da festa da Ascensão é um incentivo a reavivar a nossa fé no Verbo de Deus, verdadeiro homem, e que voltou para o Pai celestial.

É sabido que, entre os Padres dos Sete Concílios ecumênicos do primeiro milênio, o grupo dos bispos orientais formavam a maioria, mas não é tanto a eles que são elevados hinos de louvor; mais se insiste sobre a importância da Igreja, liberta dos erros, e se agradece com gratidão a Deus por tal acontecimento, como é claramente expresso no tropárío principal, que é comum também às outras duas comemorações dos Padres dos Concílios. Remetemos à apresentação detalhada da comemoração de outubro em que será dado também o texto do tropário que começa com as palavras: "Infinitamente glorioso és tu, ó Cristo nosso Deus..." Ao Evangelho se lê a Oração sacerdotal de Jesus (Jo 17:1-13). É uma súplica já bastante repetida entre os ecumenistas e que nos faz pensar nas muitas Igrejas agora separadas entre si, mas que têm em comum a fé professada no Concílio de Nicéia, doutrina fundamental e essencial para todos os cristãos.

Na sexta-feira se conclui o pós-festa da Ascensão e no sábado, vigília de Pentecostes, celebra-se a

Comemoração de todos os fiéis defuntos.

É espontâneo pensar na celebração romana do Dia de finados do 2 de novembro. A ela correspondem, na liturgia bizantina, dois dias de Finados: no sábado antes do domingo de Carnaval na Quaresma e no sábado que precede o domingo de Pentecostes. Diversas orações são iguais nas duas celebrações, entre as quais o tropário principal:

Tropário dos defuntos (8º tom).

"ó único Criador que em tua profunda sabedoria e por amor dos homens governas o universo e atribuis a cada criatura o que lhe convém, concede, Senhor, o descanso às almas dos teus servos, pois em ti puseram a sua esperança, ó nosso Autor, Criador e nosso Deus."

Encontramos o correspondente tropário mariano também em outras oportunidades:

Theotókion

"ó Mãe de Deus ilibada, tu és a salvação dos fiéis: em ti vemos o nosso baluarte e porto de salvação: intercede com benevolência junto ao Deus que geraste."

O kontákion dos defuntos mais repetido durante o ano todo e especialmente aos sábados, dia dedicado a todos os santos e a todos os falecidos, assim reza:

Kontákion (8º tom).

"Concede, ó Cristo, às almas de teus servos o descanso com os santos, lá onde não existe nem dor, nem tristeza, nem gemido, mas vida sem fim."

Nas duas comemorações bizantinas de todos os defuntos repete-se a seguinte oração:

"Somente tu, ó Senhor, és imortal, autor e criador do gênero humano; nós, mortais, plasmados com a terra, para a terra voltaremos, como prescreveste dizendo: 'És pó e ao pó voltarás'. Transformemos as lamentações fúnebres em cantos de Aleluia."

O "Aleluia" é uma invocação que na liturgia do Ocidente caracteriza o tempo pascal, ao passo que no Oriente repete-se inúmeras vezes nos Ofícios para defuntos, nos tempos de jejum e penitência, sendo freqüentemente repetida três vezes tanto pelo sacerdote como pelo coro. Também é freqüente na liturgia bizantina a súplica a Deus para que perdoe as "culpas voluntárias e involuntárias." Um exemplo é o kontákion que se segue, rezado em todas as Horas no Sábado dos Defuntos antes de Pentecostes:

Kontákion

"Aos que já nos deixaram, Salvador imortal, transfere-os desta morada temporânea para os tabernáculos dos teus eleitos e faz com que descansem com os justos. Se enquanto homens eles pecaram nesta terra, tu, ó Senhor, que desconheces o pecado, perdoa-lhes as faltas voluntárias e involuntárias, pela intercessão da Theotókos que te gerou, para que com uma só voz possamos cantar para eles: Aleluia!"

Domingo do santo Pentecostes

Do domingo de Pentecostes já falamos, pois faz parte das Doze grandes festas - das quais três com data móvel, porque ligadas à Páscoa. Não é, porém, com essa data que termina o Pentikostárion, o livro litúrgico desse importante ciclo do ano. No fim dos dias de pós-festa, depois de uma semana especial e solene em que está abolido qualquer jejum penitencial, temos uma outra típica festa bizantina.

Domingo de Todos os Santos.

No 1º domingo depois de Pentecostes, a Igreja de tradição constantinopolitana conclui o tempo pascal exaltando "Todos os Santos," evidenciando assim que é o Espírito Santo o principal artífice da santidade humana.

Como a descida da terceira Pessoa da Santíssima Trindade sobre os apóstolos reunidos com Maria no cenáculo mostrou a renovação, a iluminação daquelas criaturas que se tornaram grandes santos, no Oriente pareceu oportuno celebrar, no domingo depois de Pentecostes, também todos os demais cooperadores da graça divina, santificados e aperfeiçoados na força do Espírito vivificante do Senhor. As principais orações repetidas na festa de Todos os Santos são as seguintes:

Tropário de Todos os Santos (4º tom).

"A tua Igreja revestiu-se, como de púrpura e bisso, do sangue dos mártires do mundo inteiro e por intermédio deles invoca Cristo Deus: tem piedade do teu povo; concede às tuas cidades a paz, e às nossas almas copiosa misericórdia."

Kontákion de Todos os Santos

"ó Senhor e Criador, quais primícias da natureza o universo te oferece os teóforos mártires. Pelas suas súplicas, ó Misericordioso, e pela intercessão da tua divina Mãe, governa e conserva em paz a tua Igreja."

Essas que citamos são orações bastante conhecidas, porque a primeira é retomada a cada dia na Hora das Completas e a segunda repete-se especialmente aos sábados, dia dedicado sempre a todos os santos e a todos os falecidos. Nota-se o destaque dado aos mártires, carcaterística de toda a cristandade do primeiro milênio, diversificada, mas ainda unida numa única Igreja indivisa. Resta-nos uma homilia de São João Crisóstomo, em honra de todos os santos, pronunciada justamente num 1º domingo depois de Pentecostes.

A palavra grega mártyr pode ser traduzida por "testemunha," e sem número são os "testemunhos" dados a Deus em grau eminente por aqueles que nós chamamos de santos. Também o Oriente bizantino conhece diversas categorias de santos, lembrados, por exemplo, neste tropário, também cantado aos sábados:

Tropário de Todos os Santos (2º tom).

"Apóstolos, mártires e profetas; pontífices, confessores e justos, e vós, santas mulheres, que levastes a bom termo o bom combate e conservastes a fé, pela benevolência que desfrutastes junto ao Senhor, rogai a ele por nós - vo-lo suplicamos, - para que, por sua bondade, salve as nossas almas."

A festa de Todos os Santos, tanto no Oriente como no Ocidente, foi instituída também para honrar os amigos de Deus, exemplares em sua vida cristã, que não obtiveram uma canonização oficial. Explica-nos o professor G. Fëdotov, ortodoxo estudioso dos santos russos:

"A Igreja sabe da existência de santos desconhecidos, cuja glória não é manifestada nesta terra. A Igreja nunca proibiu uma prece privada, um dirigir-se, na oração, aos justos que já se foram e que não são por ela exaltados. Nesta oração dos vivos pelos mortos e aos mortos, que pressupõe uma oração de resposta dos mortos para os vivos, exprime-se a unidade da Igreja celeste e terrena, aquela comunhão dos santos de que fala o Credo dito 'apostólico'. Os santos canonizados representam somente um círculo restrito, delimitado ao centro da Igreja celeste."

O teólogo Serghij Bulgakov, na sua apresentação da ortodoxia, confirma quanto foi acima citado:

"Na festa de Todos os Santos se faz memória em primeiro lugar de todos os santos no seu conjunto e, em segundo lugar, de todos os santos mesmo os não exaltados [com beatificação ou canonização]. A santidade alcançada significa antes de tudo a saída de uma condição de incerteza rumo à vitória, com a qual são liberadas forças para a ação, para o amor orante. Os santos podem nos ajudar através dessa força de espiritual liberdade no amor por eles alcançada. Ela lhes dá o poder de interceder junto de Deus na oração, e também no amor operante para com as pessoas. Deus concede aos santos, como também aos anjos, a capacidade de realizar a sua vontade na vida dos homens através de uma ajuda atuante, mesmo que habitualmente invisível. Eles são as mãos de Deus, com as quais Deus cumpre as suas obras... O saber que os santos rezam conosco e por nós ao Cristo nos impele a incluir nessa oração também o dirigir-se a eles para a sua súplica e ajuda: pela oração aos santos o nosso espírito se expande."

As partes próprias do domingo de Todos os Santos, juntamente com os temas dominicais da ressurreição de Cristo, apresentam uma ampla reflexão-oração expressa em dezenas de hinos ora de louvor, ora de súplica, que às vezes evocam juntas as várias categorias dos eleitos e às vezes se concentra sobre as benemerências particulares de cada grupo.

"Vinde, fiéis, exultemos de alegria, celebremos piedosamente neste dia a solenidade de todos os santos e veneremos a sua gloriosa memória dizendo: Salve, apóstolos, profetas e mártires, pontífices, justos, bem-aventurados e santas mulheres; orai ao Cristo pelo mundo inteiro para que lhe conceda a paz e às nossas almas a salvação."

Ao lado dessa evocação geral, damos exemplo da evocação de um grupo específico:

"Como aos antigos profetas, a vós foi concedido contemplar antecipadamente os bens futuros, objeto do vosso desejo; e pela nobreza do vosso coração vos purificastes com uma vida santa, ó Padres teóforos iluminados pela força do Espírito."

Nos textos afirma-se também que se celebra a memória de "todos aqueles cujo nome foi escrito no livro da vida," e não faltam referências à Mãe de Deus pela qual "os homens se tornaram concidadãos dos anjos" e que é celebrada "pelo coro de todos os santos."

Para concluir, eis o tropário com o qual começa o cânon de Todos os Santos que cada um poderá repetir como oração pessoal:

Tropário:

"Cantando a multidão dos teus santos, Senhor, pelas suas súplicas, peço-te que ilumines com a tua luz o meu espírito, pois tu és a inacessível luz que com o seu fulgor afasta as trevas do erro, ó Verbo de Deus, doador de luz."

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Holy Protection Russian Orthodox Church

2049 Argyle Ave. Los Angeles, California 90068

Editor: Bishop Alexander (Mileant)

 

(ano_liturgico_2.doc, 02-06-2000)