O Dragão

de Sete Cabeças

(Os ensinamentos do ocultismo hindu à luz do Cristianismo).

Bispo Dom Alexandr (Mileant).

Tradução: Vladímir Bresgunov e Larissa Bresgunov Kalinin

 

Conteúdo:

Introdução. As Três Correntes. Os Ensinamento Orientais À Luz do Cristianismo.

Deus e o Mundo. A Verdade — um Conceito, Absoluto ou Relativo? O Homem, Sua Natureza, Sua Destinação. O Problema da Personalidade. O Pecado e o carma. A Vida Além do Túmulo e a Transmigração das Almas. A Idéia da Salvação, o Bem e o Mal. Cristo e os Avatares Hindus. O Destino e a Providência Divina. A Escatologia. Cristianismo Doutrinas Ocultas

A Prece e a Iluminação Mística.

Dois Caminhos.

O Curandeirismo.

Os Principais Cultos Orientais. O Hinduismo. Budismo e Zen Budismo. Ramificações do Budismo.

Teosofia.

Doutrina.

Yoga. Meditação Transcedental. O Movimento da "Nova Era."

Tradução de Rafael Resende Daher. História. Ensinamentos.

Outros Movimentos Ocultos em Voga.

Cabala. Gnose. Conclusão. O Credo Niceno. Bibliografia.

 

 

 

Introdução.

"Ora, o Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvido a espíritos enganadores e a doutrina de demônios..." (I Tim. 4:1)

O ser humano não pode, como no caso de um animal dar-se por satisfeito apenas com as coisas materiais. Mais cedo ou mais tarde ele começa a sentir falta de algo espiritual em sua vida e então surgem numerosas perguntas essenciais: para que ele vive, qual é a finalidade da sua existência, se há algo além dos limites do mundo físico, etc. O Cristianismo ajuda o homem a escapar da opressão da vanidade do cotidiano, achar o sentido da vida e desenvolver as mais nobres aptidões da sua alma. Mas, começando pelo fim do século passado, o mundo ocidental viu-se cada vez mais invadido pelas diversas doutrinas ocultas hindus, "orientais," que ofereciam seus métodos para tornar a vida mais espiritual. Adaptadas à mentalidade das pessoas formadas pela cultura ocidental, essas doutrinas são divulgadas usando-se amplamente a terminologia cristã e as noções cristãs, criando-se a impressão de que elas não contrariam o Cristianismo, mas tão somente, completam o que nele falta. Na realidade, porém, estes ensinamentos colidem frontalmente com o Cristianismo e colocam as pessoas em um caminho espiritual errado. Infelizmente, nem todos são capazes de elucidar os seus erros, — principalmente porque as idéias propagadas por estes ensinamentos freqüentemente se entrelaçam com as cristãs.

Neste trabalho nós examinaremos à luz do Cristianismo as principais afirmações das ciências ocultas hindus (ou "orientais"), e mostraremos o que e porque está errado. Mostraremos também, por que razão os tratamentos psicotécnicos destinados ao "alargamento da consciência" e descobrimento de espaços internos são prejudiciais à psique e nefastas para a alma. Na segunda parte nós vamos apresentar alguns dados históricos e mostrar as peculiaridades dos cultos orientais mais populares.

 

As Três Correntes.

Todas as ciências ocultas hindus, podem ser de um modo geral, divididas em três correntes: 1) As que apresentam aspecto científico e filosófico. 2) As que apostam nas práticas psicofisiológicas e 3) As que visam o desenvolvimento da intuição e da espontaneidade.

Na corrente que se distingue pelo aspecto científico e intelectualismo podem ser incluídos o gnosticismo, a teosofia de Blavátskaya, a antroposofia de R. Steiner, os ensinamentos de A. Beili, a agni-yoga de E.I. Rerich, a cabala, a vivecananda, "A rosa da paz" de D. Andréyev e semelhantes.

A sua principal característica de todas elas reside na elaboração de teorias aparentemente científicas que versam sobre a estrutura do mundo invisível, a hierarquia dos seres invisíveis, a influência do Cosmo sobre o destino dos seres humanos, dos povos, dos continentes, a "estrutura" do ser humano, a evolução do mundo, a vida além-túmulo, etc. — tudo isso extremamente confuso, nebuloso, infundado e apresentado nas páginas dos tratados que preenchem muitos volumes, e cujos estudos podem ocupar a vida inteira. Estes estudos destinam-se às pessoas contemplativas para as quais os conselhos práticos teriam um interesse secundário. Uma importância maior dada ao estudo da literatura sobre o ocultismo para desenvolver no homem a "intuição" das coisas do além. Ele adquire a capacidade da visão do lado místico da vida, e a interpretação "oculta" dos acontecimentos. As conseqüências dos estudos das ciências ocultas para a psique são frialdade, cinismo, desprezo em relação aos outros, um vazio dentro da alma, desalento, a sensação de estar perdido que leva ao desânimo.

A segunda corrente — a psicofísica, dá ênfase à prática que visa a reestruturação do organismo e por isso esta corrente traz o risco de conseqüências irreversíveis para a saúde. O homem torna-se objeto aberto para a influência dos espíritos do além e assim pode perturbar o andamento dos seus processos biológicos de tal modo, que nenhum médico conseguiria entender o que houve com ele. Nesta corrente podem ser incluídas várias modalidades de yoga (khatkha-yoga, radja-yoga, mantra-yoga, à qual se associam o krishnaismo, a "meditação transcendental," a yoga daociana ou daocismo místico), os métodos do budismo tibetano, métodos da "Fraternidade mundial branca," de O. Ivankhava, o método de Perepelítzin, o método de Porfíriy Ivanóv, a terapia de S. Grof com o uso de narcóticos, o banho de D. K. Lilli, os exercícios respiratórios (respiração holotrópica de C. Gref), etc.

Este rol inclui ao lado dos ensinamentos orientais tradicionais, suas modificações supostamente com fundamento científico e usadas na psicoterapia, — as práticas "criadas em casa" do tipo método de Ivanóv. Se os métodos tradicionais apresentam teorias simples e primitivas, os métodos modernizados podem apoiar-se em pesquisas "científicas" sérias que tocam o mundo dos fenômenos e ilusões que se abrem por meio dos narcóticos ou exercícios respiratórios (como nos métodos de S.Grof).

O principal argumento a favor destas correntes da mística "psicofisica" reside na afirmação de que elas "funcionam," quer dizer a sua prática traz resultados perceptíveis. Isto atrai pessoas não dadas às reflexões, mas antes inclinadas para a ação. Para a "invasão" do mundo invisível são geralmente usados movimentos do corpo, posições fixas, prende-se a respiração, procura-se influenciar a distribuição de sangue e a localização dos processos energéticos no organismo, a repetição do mantra, a visualização (ou seja o trabalho da imaginação, que consiste na tentativa de reproduzir, de olhos fechados na escuridão, alguma imagem, e com o tempo chegar a enxergá-la perfeitamente clara e nítida), como também o método da exclusão dos estimuladores externos (o que facilita "a abertura dos sentidos" para o mundo invisível), bem como o uso de narcóticos.

A terceira corrente — é a mística intuitiva na qual pode ser incluído o Zen-budismo, daocismo filosófico, jnana-yoga (a yoga do conhecimento, ensinamentos de Krishnamurti, Radjneshi, C. Castaeda ente outros).

Nestes ensinamentos em regra nega-se o modo racional e lógico da apreciação das coisas, afirmam-se a paradoxalidade e as contrariedades dos fenômenos no mundo que nos cerca, a necessidade de descobrir no homem a faculdade de reagir independentemente da razão, — espontaneamente pela intuição, sem refrear os seus desejos e reações não controláveis. A tônica desta corrente é o mais completo afrouxamento interno. Por isso o daocismo religioso permite as orgias e a devassidão. Os adeptos do zen-budismo deixam-se fazer o que lhes apraz.

O arranjo aqui apresentado das ciências ocultas hindus — é relativo. Antes devemos falar da acentuação do papel do intelecto, da prática e da intuição numa ou noutra corrente. Todas elas até certo ponto se cruzam e possuem muito em comum. O principal fato que as aproxima é a visão peculiar de Deus como um princípio impessoal do mundo e o uso generalizado dos métodos de meditação e da yoga.

 

Os Ensinamento Orientais

À Luz do Cristianismo.

De um modo geral, todas as religiões e ensinamentos dos sistemas de filosofia religiosa, podem ser divididos em dois grupos. Ao primeiro pertencem os que reconhecem a Deus como Pessoa e Um Ser absolutamente perfeito e transcendental, o Criador de tudo visível e invisível. O segundo inclui aquelas que crêem em um princípio impessoal. Uns chamam-no o Absoluto, outros — o princípio eterno do Universo, ou ainda a força cósmica ou algo deste gênero. As religiões do primeiro grupo incluem o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. Elas são dirigidas a Deus, já que a fé em Deus como Pessoa é o seu fundamento. Ao segundo grupo pertencem os ensinamentos "orientais" de tendências ocultas hindus. Ao contrário do primeiro grupo estes devem ser chamados de "dirigidos ao homem."

O leitor não versado em questões teológicas, poder pensar que a questão de Deus ser pessoal ou impessoal é puramente filosófica, já que a Sua essência de qualquer modo é incognoscível. Importante é ser um homem honesto e bondoso, — mas estas qualidades são defendidas por todas as religiões independentemente de suas idéias. Porém, como veremos, a questão sobre a pessoalidade e autoconsciência de Deus — é de longe não uma questão abstrata, mas uma questão que determina todo o conteúdo ideológico e prático de uma determinada religião ou ensinamento.

Todas as religiões e sistemas filosóficos procuram respostas para as principais questões da existência. As diferenças entre estas respostas dependem em grande parte do ponto de partida destes ensinamentos — e em primeiro lugar — da premissa da pessoalidade ou impessoalidade de Deus, em outras palavras, — se Ele possui razão, autoconsciência, volição ou Ele é uma força, uma energia. Esta diferença básica, como veremos, cria um abismo entre os ensinamentos direcionados a Deus ou aos homens e portanto chegam a conclusões no âmbito moral diametralmente opostas. Se removermos as camadas talmudicas sobrepostas ao Judaísmo, ou as prédicas de Maomé do Islamismo, — estes ensinamentos se aproximarão do Cristianismo. Os ensinamentos ocultos hindus, porém, não podem ser aproximados deste último, pois a sua própria base de sustentação é essencialmente outra.

Substituindo Deus pessoal por uma vaga noção da energia onipresente, eles colocam o homem no centro da atenção e tem como meta levá-lo aos meios para usar esta energia para seu próprio desenvolvimento e felicidade.

Ao acusar o Cristianismo de ser dogmático, os ensinamentos ocultos hindus acham sua vantagem no fato de não impor um determinado sistema de dogmas, não tolher a liberdade de pensamento, mas oferecer ao homem a liberdade de por si mesmo conhecer os mistérios da existência. "A verdade é uma só, são as pessoas que a entendem diferentemente," assim diz uma frase hindu. Mas, como veremos, todos os ensinamentos orientais tem por base um dogma, — a fé na existência de um princípio impessoal, — fundamento de tudo. Todas as idéias da filosofia religiosa destes ensinamentos se desenrolam coerentemente a partir desta premissa principal. De fato, — se não existe Deus como Pessoa — então não existe uma Razão Superior, nem Volição que orienta, nem uma Autoridade indiscutível, nem um Juiz justo — tudo move-se "por si mesmo," sob a ação das forças cósmicas cegas. Todas as "verdades" religiosas e os princípios morais aos quais o homem chega, tem como causa a sua capacidade cognitiva e perspicácia intelectual, — portanto são relativos e sujeitos à reconsideração. Daí, naturalmente decorre toda a diversidade, contrariedade, falta de uma estrutura, que distingam os ensinamentos ocultos hindus.

Vamos então, analisar os principais traços destes ensinamentos partindo da questão fundamental.

Deus e o Mundo.

Toda a ciência, por mais lógica e coerente no pensamento que seja, como por exemplo a matemática, se apoia num certo número de verdades "óbvias por si mesmo," axiomas, premissas imediatamente evidentes que não podem ser provadas e devem ser aceitas pela fé. Se pudessem ser provadas — se tornariam teoremas, mas isto é impossível. Não é de se estranhar, que ramos menos exatos do conhecimento humano como a religião e a filosofia também se apoiem sobre de seu modo "axiomas" ou dogmas, que tão pouco são demonstráveis e são objetos da fé. O axioma básico de todos os ensinamentos da filosofia religiosa é a idéia de Deus. Enquanto as religiões que buscam Deus se apoiam na fé em Deus-Pessoa, as ciências orientais hindus, chegam às suas conclusões partindo da premissa de um princípio impessoal.

O Cristianismo ensina a ter fé no único Deus-Pessoa, Onipotente, Criador de tudo visível e invisível. No entender Cristão — Deus é um Ser acima do mundo, perfeito, de sabedoria infinita e onipotente. Ele vive além do tempo e do espaço. Tudo o que existe veio pela Sua vontade — não como eflúvio do Seu Ser, mas — do nada. No início não existia nada — nem Anjos, nem Espíritos, nem o Cosmo, nem mesmo partículas elementares que o compõem, nem alguma energia ou força, não existia o tempo e o espaço. Existia somente Deus como uma Luz eterna, vivificante e inacessvel . Ao criar o mundo, Deus infundiu nele as leis segundo as quais este deveria desenvolver-se em uma direção determinada pelo Criador. A natureza do Universo é totalmente diferente de Deus, Que é um Espírito puríssimo e onipresente. Deus penetra tudo sem tocar em nada e não Se mistura com nada. Da mesma maneira como o mundo foi criado do nada, pela vontade de Deus ele pode voltar à não existência. Seu destino depende inteiramente da vontade do Criador, Que na Luz inatingível, fora do tempo e do espaço Se acha em todo lugar e dirige tudo. Ao criar o mundo com determinado propósito, Deus zela por nós como um pai por seus filhos.

Todos os ensinamentos ocultos hindus tem como ponto de partida a idéia da impessoalidade de Deus. Se para os cristãos Deus é Quem, para o ocultismo hindu Ele é o que : Deus e o mundo fundem-se para ele em uma noção :"Deus é tudo e tudo é Deus." Esta visão do mundo tem o nome de panteísmo, palavra que provém de duas outras gregas: pan — tudo, e Theos — Deus. Assim, uns falam de "Brahman" ou "Absoluto," outros — do princípio geral ou conformidade às leis subjacentes à existência, por fim, há quem creia numa energia que preenche tudo, uma força mística — uma "alma do mundo," ou então a "Realidade Prímea," etc. Mas, com toda esta diversidade de nomes, sempre entende-se algo impessoal, inseparável do próprio mundo, como se fosse o lado desconhecido do Universo, que junto com ele segue o caminho da evolução de acordo com as leis da vida. Merece destaque o fato de que todos estes ensinamentos, negando Deus como Pessoa, são obrigados a atribuir à matéria algumas qualidades divinas, como: existência eterna, onipresença, certa racionalidade ,como a adequabilidade das leis da natureza e justiça (lei do carma).

Um traço característico destes ensinamentos é o conceito do caráter cíclico da vida do Cosmo, segundo o qual o mundo passa pelas fases de surgimento, desenvolvimento, envelhecimento e destruição. Sendo uma forma, uma modalidade do Absoluto, o Cosmo atravessa os ciclos de existência e não existência, nos quais os mundos ou aparecem do abismo do Absoluto ou desaparecem no mesmo. O início e o fim eqüivalem, o tempo volta para trás. Deste modo, o "Absoluto" das ciências ocultas hindus não é o arquiteto e legislador, como Ele é para o Cristianismo, mas um objeto, sujeito às leis da evolução dependentes deles.

Um traço característico destes ensinamentos também é a afirmação de que o mundo é ilusório, (maia). Tudo é irreal, fantasmagórico, já que deriva da energia prímea. Tudo que enxergamos à nossa volta — é ilusão, e consequentemente, todas as nossas noções são relativas e não verídicas.

Na premissa da impessoalidade de Deus baseiam-se todas as particularidades, tão características dos cultos orientais, como a negação da imortalidade, da autoconsciência do homem, a negação da Revelação Divina, a negação de Cristo como Salvador da humanidade, a negação do juízo de Deus e da vida eterna, a crença na fatalidade, que supostamente rege o destino do homem, ensinamentos sobre o karma e transmigração das almas, como também sobre a relatividade das noções do verdadeiro e do falso, virtude e vício entre outros.

Apesar da aparente "espiritualidade" das ciências ocultas hindus e alguma aproximação ao Cristianismo, pela lógica, elas devem ser incluídas no ateísmo, ou no "espiritualismo" materialista, — se bem, que não tão vulgar e militante como o materialismo comunista.

A Verdade — um Conceito, Absoluto ou Relativo?

No seu entender da verdade, os ensinamentos ocultos hindus ou panteísticos são muito coerentes: já que não existe Deus como pessoa, — não se pode ter uma única fonte de revelação. Logo, os seres humanos no seu esforço de apossar-se dos mistérios da existência, são aprisionados dentro dos limites daquilo que é acessível à sua percepção e seu intelecto. Por isso é natural que as suas conclusões sejam imperfeitas, não coincidam entre si e sujeitas à revisão. Como exemplo recorre-se à imagem de um elefante que foi examinado por quatro cegos: um que tocou a sua perna, concluiu que o elefante é semelhante a um poste; outro, que agarrou o animal pelo rabo, disse que ele aparenta ser uma serpente ; o terceiro, ao apalpar a barriga, deduziu que ele parece com um grande tonel, e por fim, o quarto passando a mão pelas orelhas, achou que tratava-se de um cesto. Qual deles estava com a razão? Evidente — todos e nenhum.

Do mesmo modo, — concluem estes ensinamentos, — toda religião tem razão, — cada qual a seu modo. As religiões dos homens são planos diferentes do entendimento da mesma verdade. Assim, Cristo, Buda, Confucio, Zoroastro, Maomé, Krishna e outros "avatares" são aceitos como "mestres" que pregam os mesmos princípios, porém, em várias formulações verbais. Portanto, a maioria dos ensinamentos ocultos hindus negam a existência de heresias e erros, achando que tudo não passa de vários níveis da percepção da Realidade. Baseando-se na idéia da relatividade das doutrinas religiosas, os ensinamentos ocultos hindus estimulam os estudos de religiões para ampliar nossos horizontes intelectuais. Por outro lado, eles acusam de serem fanáticos aqueles que defendem a exclusividade de sua doutrina, como por exemplo os cristãos. A idéia da incognoscibilidade da Verdade, — como princípio, é o fundamento do Zen Budismo. Já que o mundo é fantasmagórico e ilusório, a Verdade é incognoscível. Ensinar alguma coisa a alguém é tido como impossível, o que vale também, para aprender com alguém. Para conceber algo, é mister, em primeiro lugar, livrar-se de todos os preconceitos e opiniões pregadas pelas várias religiões. A Realidade não possui conteúdo objetivo — existe, apenas nossa percepção subjetiva. A Verdade deve ser alcançada diretamente pela intuição numa integração daquilo que é percebido com aquele que é perceptivo. Os livros podem ser úteis para um iniciante pois eles fomentam a meditação. Negando a razão e a lógica, Zen exorta a intensos exercícios de meditação — no sentido que os iogos imprimem a ela. Ao meditar, a pessoa deve livrar sua mente de todas as impressões externas e relaxar completamente. Tudo que um homem pode conhecer virá espontaneamente de dentro dele. O principal é chegar a sentir-se como uma parte do Inteiro. Uma vez alcançado isto, a pessoa imerge num estado de deleite sentindo-se "deus’.

O conceito da Verdade absoluta e imutável baseia-se na idéia de Deus ser uma Pessoa. Ao criar o homem, Ele proveu-o da razão semelhante à Divina, apta a relacionar-se com Ele e conhecer a Verdade. Comparando Deus ao Sol, a razão humana seria o olho que tem a capacidade de receber sua luz, se bem que não em toda sua intensidade de brilho, — e, iluminado por Ele, conceber a essência das coisas espirituais e materiais.

Para o primeiro homem, em sua pureza, era possível comunicar-se com Deus e até falar com Ele (Gen. cap.2-3). O pecado o afastou Dele. Sua mente obscureceu e como resultado surgiram várias pseudo-religiões. Porém, Deus não abandonou o homem. Pai amoroso, Ele não deixou de preocupar-Se com a salvação dos seres humanos e enviou-lhes Seus Profetas-mestres.

A Verdade em sua plenitude foi revelada ao mundo pelo Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, Unigênito. Ele acrescentou às Escrituras do Antigo Testamento o que lhes faltava e proporcionou noções mais aprimoradas sobre Deus e muitos assuntos espirituais. Ele expôs com clareza o que é correto e o que é errado, como deve-se viver e o que aspirar para entrar na vida eterna. Ele não tencionava satisfazer a curiosidade dos homens revelando os dificilmente assimiláveis mistérios da existência, mas tomou por assunto central aquilo que é o mais importante para nós — como alcançar o Reino Celeste. O ensinamento de Cristo é preservado em sua pureza e incolumidade nos Evangelhos compostos pelos quatro Evangelistas e é interpretado nos escritos do Santos Apóstolos. Deste modo, a Bíblia encerra a verdadeira e não corrompida revelação Divina.

A principal tarefa de nossa vida aqui na terra é compenetrar-se das verdades reveladas por Deus, e sob orientação da Igreja edificar sobre elas a nossa visão do mundo e a vida cristã. Apesar de um ser humano nem sempre ser capaz de aprofundar-se na Revelação , — ele tem a faculdade de aceitar pela Fé aquilo que ela afirma.

Sem ter a única fonte de revelação , ou seja, — Deus , as doutrinas ocultas hindus apoiam-se nas manifestações dos "espíritos," "irmãos brancos" ou dos "gurus." A fundadora da sociedade Teosófica, E. Blavá tskaya, por exemplo, afirmava que achava-se em contínuo contato telepático com os "mahatmas" do Tibete, recebia deles ordens, dirigia-se a eles com perguntas e ouvia suas respostas. Ela considerava a sua vida e doutrina teosófica como cumprimento da vontade dos mestres misteriosos que habitavam acima das nuvens nos cumes das montanhas do Tibete. Resumindo, — o Cristianismo distingue nitidamente as verdades reveladas por Deus das opiniões dos homens e afirma que a Verdade é única ao passo que os falsos juizes podem ser numerosos. Tudo que contradiz a verdade revelada por Deus não passa de fruto da fantasia.

O Homem, Sua Natureza, Sua Destinação.

No entender cristão, o homem é uma criatura de Deus e porta o signo da Sua imagem. Diferentemente dos anjos e dos animais dotados da natureza simples — espiritual no primeiro caso e física no segundo, ele é um ser composto de duas partes; de uma alma racional e um corpo perecível. Apesar da natureza da alma e do seu aparecimento no mundo na hora do nascimento da criança serem um mistério da Criação de Deus , o Cristianismo ensina claramente que a alma do nascituro não é um espírito que habitava alhures e se incorporou nele, mas é um novo ser que surgiu no ventre materno em algum instante após a formação do embrião. Herdando dos seus pais vários caracteres físicos, o nascituro herda também os espirituais, — tanto positivos, bem como negativos. Mas, com toda esta semelhança com os pais, a criança que acaba de nascer é um "Eu" totalmente novo, diferente do "Eu" dos seus progenitores. Ele é único, uma individualidade, que não permite réplica e é dotada de consciência e razão independentes e do livre arbítrio. A alma do nascituro não vem habitar o corpo como se fosse um inquilino, mas se liga a ele numa união no íntimo , esta que nos desígnios do Criador deve ser eterna. A morte que resultou do pecado é um fenômeno anormal e atenta contra a própria natureza. Apesar do corpo ser privado do princípio da vida, desintegrar-se, ficando reduzido aos elementos que o compõem, a ligação misteriosa entre o corpo e a alma perdura. A alma ao abandonar o corpo conserva a personalidade do homem — sua experiência espiritual, conhecimentos acumulados e o estado moral que ele alcançou. Sua personalidade, seu "Eu" único depois da morte física continua a perceber, raciocinar, lembrar, sentir e querer. Para a alma, a separação do corpo é discordante da sua natureza e não passa de um estado temporário. Ela não foi criada para ser um anjo ou um fantasma, mas como uma parte integrante da natureza humana — sua parte espiritual. Por tudo isso, os seres humanos jamais poderão conformar-se com a tragédia da morte — ela é um fenômeno que contraria a própria natureza.

A finalidade da vinda ao mundo do Nosso Senhor Jesus Cristo foi corrigir a anomalia que é a morte e restabelecer o ser humano em sua condição de união das duas naturezas. Esta restauração virá no dia da Ressurreição geral dos mortos, quando a alma de cada homem retornará ao seu corpo renovado e dotado do espírito por Deus, para que depois disso, o homem desfrute a vida eterna. É importante entender que a alma de cada homem irá juntar-se com o seu próprio corpo, e não com algum corpo novo. Portanto, trata-se justamente da restauração do ser humano na sua condição de portador das suas duas naturezas, como Deus o criou.

Os ensinamentos ocultos hindus entendem a natureza humana de modo totalmente diferente. Para eles a alma é uma condensação, uma espécie de "materialização" daquela mesma energia que preenche o Universo e pode ser comparada com o vapor que ficou condensado na forma de uma gota, ou então, — com uma onda sonora parada numa determinada freqüência. O corpo humano não passa de um invólucro de pouca importância que envolve a energia personificada , como se fosse sua vestimenta. A morte, então é considerada parte do processo natural, ou seja o momento em que a alma, sendo uma condensação temporária de energia, volta a dissolver-se no mar energético que preenche o Universo. Mas, como as moléculas de vapor podem voltar a condensar-se novamente, dando origem à gota de chuva, ou as ondas sonoras podem sincronizar-se novamente em determinada freqüência , as "partículas" de energia cósmica são capazes de condensar-se outra vez, formando deste jeito a alma humana para alojar-se em um novo corpo. Este processo leva o nome de "reencarnação" ou "metempsicose." Naturalmente, seus detalhes, bem como a terminologia, podem ser diferentes nos vários cultos orientais, mas o sentido é o mesmo. Todos eles convergem ao mesmo ponto — que a personalidade e autoconsciência do homem acabam com a sua morte.

O Problema da Personalidade.

Por personalidade, ou "Eu" deve se entender o centro imaterial da consciência e de todos processos psíquicos dos seres dotados de razão. Pela percepção do homem flui um ininterrupto caudal das mais variadas sensações, pensamentos, sentimentos, emoções e desejos. — mas o seu "Eu" não é um leito impassível deste caudal, mas o dirigente ativo, que livremente orienta sua atividade espiritual. Com toda diversidade de estados que se encontra, da variedade de seus atos, o homem durante toda a sua existência sente-se como a mesma pessoa, dona de suas decisões e seus atos. A Personalidade do homem concentra em si a totalidade de suas qualidades individuais — inatas ou adquiridas, que incluem lembranças, conhecimentos, capacidades, talento criativo, intuição, sensibilidade, experiência, sentimentos religiosos, nível moral, força de vontade, caráter, temperamento, interesses, aspirações e assim por diante. Tudo isto perfaz seu único e íntegro "Eu," distinto do mundo externo e do "eu" dos outros.

Todas as religiões que professam a fé em um Deus pessoal reconhecem a imortalidade da alma, ao passo que as negam-No, não a aceitam.

O Cristianismo ensina que o mais valioso e estável no ser humano é a sua personalidade, o seu "Eu" e não os elementos físicos que compõem o seu corpo. Na medida em que as células do corpo envelhecem e tornam-se atrofiadas, muitas são substituídas por novas. A personalidade, porém, conserva os conhecimentos acumulados e a experiência da vida. A criança vem ao mundo como uma folha de papel em branco. No decorrer dos anos, tudo o que ela sente, pensa e faz, deixa em seu consciente e subconsciente um certo traço. A experiência de vida forma a personalidade do homem e forma o seu caráter. Dependendo dos seus anseios ele pode tornar-se douto ou ficar iletrado, pode ficar espiritualmente enobrecido, crescer ou sofrer a baixa moral.

Porquanto o "Eu" traz em si o signo do Criador, Que é eterno, a personalidade é uma coisa mais estável na natureza — mais estável do que as moléculas ou os átomos. Dispondo do equipamento adequado podemos transformar um elemento em outro por meio da "reorganização" das partículas subatômicas (quarks e elétrons) dos quais ele é constituído. Teoricamente é possível, digamos transformar chumbo em ouro, apesar disto ser difícil nas condições de um laboratório. A personalidade humana, porém, é inalterável: pode se matar um homem, mas não se pode extinguir nem os seus conhecimentos, nem a experiência da sua alma imortal.

A cada ser humano é dada a possibilidade de formar o seu "Eu" como quiser, mas aquilo que ele adquiriu no seu íntimo, ninguém pode extinguir, — nem ele mesmo. Na infância todos são parecidos. Pode ser que ao nascer duas crianças, digamos , — o profeta Moisés e Jack o "estripador" eram só um pouco diferentes entre si. Mas, com o tempo, um deles tornou-se um profeta lembrado com gratidão por todos, ao passo que o outro tornou-se um facínora cruel — ambos seguiram um caminho livremente escolhido. Após a morte cada um deles vai perceber claramente o que ele é e o que merece. Este fato da estabilidade da personalidade seria uma terrível tragédia se não existisse a graça Divina que "sana os debilitados e supre os carentes." Mas ainda retornaremos a este importante assunto posteriormente.

Todas as doutrinas ocultas hindus, negando a autoconsciência do Absoluto, consideram na no homem como algo sem importância e passageiro. A personalidade não passa de um fenômeno comparável à espuma trazida pela onda do oceano e que retornará e se dissolverá nele. Verdade, que as divulgações contemporâneas das doutrinas ocultas hindus às vezes de passagem atribuem ao seu Absoluto uma consciência suprema, — mas não é claro o que eles entendem pelo termo. É bem possível que neste caso tudo não passe de um jogo de palavras e que "a consciência suprema" , careça da própria consciência como a "meditação transcendental" não tem nada a ver com a razão. (Sobre isto falaremos mais adiante).

O Pecado e o carma.

O Cristianismo entende por pecado a violação da lei moral estabelecida por Deus. Pecaminosos podem ser não somente os atos, mas também pensamentos, sentimentos, palavras e o endereçamento da volição, em resumo, — tudo o que leva o homem ao caminho do afastamento de Deus. O repúdio consciente de Jesus Cristo, a falta de boa vontade em acreditar Nele como o Salvador do mundo, enviado por Deus — também é um pecado (João, 16:9). De acordo com o Apóstolo Tiago (4:17) quem tem a oportunidade de fazer uma coisa boa e não a faz também peca.. Um ato pecaminoso, bem como a volição pecaminosa deixam uma mácula na consciência. Os pecados repetidos e o endereçamento da volição pecaminosa tornam o homem moralmente doente e o puxam para o abismo do Mal. O homem é exortado a lutar contra suas inclinações ao Mal, mas muitas vezes o pecado supera suas forças espirituais e ele necessita da ajuda Superior. Ao rigor, a praga do pecado original é tão forte que todo ser humano necessita da força, da graça de Deus para renascer.

Apesar disto, as migalhas do Bem foram colocadas por obra de Deus na nossa natureza, e devido a isto, cada homem instintivamente anseia o Bem e quando faz algum mal, um sentimento desagradável apodera-se dele, inquietando-o e deprimindo-o Isto acontece porque Deus dotou a nossa natureza espiritual de um instrumento muito sensível e preciso que atua na área moral, — a consciência. Não é de se estranhar, então que tanto os pagãos como os maometanos e pessoas que professam as mais variadas religiões, são unânimes na definição do que o Bem e do que é o Mal, o que é virtude e o que é pecado. Disto, nem os que seguem os ensinamentos ocultos hindus discordam, apesar do hinduismo teoricamente não fazer diferença entre o Bem e o Mal, considerando-os "duas faces da mesma moeda." Na prática, ele tem algo que aproxima-se da noção de pecado, que é chamado de carma.

O carma (que quer dizer em hindu "obra"), é algo indevido e negativo, uma espécie de mancha que adere ao homem e o acompanha nos processos da reecarnação. Já que na doutrina hindu falta um Deus que perdoe e purifique o homem, o carma ganha um caráter puramente mecânico e formal. Os cultos orientais entendem como carma uma lei imutável de retribuição, uma lei que não depende do arbítrio superior consciente. Suas conseqüências se deixam sentir em todas as reencarnações vindouras, de modo que cada ato cometido determina com extrema precisão o futuro da alma. Assim, pessoas sadias, felizes e ricas — são aquelas que em vidas passadas colheram um bom carma, ao passo que os que sofrem, ou de modo geral são menos felizes recebem o que corresponde aos pecados e erros do passado. Deste modo, para a doutrina do carma, o pecado e o castigo acham-se numa relação matemática. Nela não existe um Deus misericordioso ou Salvador Que redime os homens do pecado. A lei do carma é implacável e soma todo o mal feito pelo homem para ser pago nas próximas encarnações que podem repetir-se milhares ou até milhões de vezes.

A lei do carma, surgiu provavelmente para tentar explicar a causa dos sofrimentos. Uma criança inocente, por exemplo, sofre porque numa de suas vidas anteriores fez algum mal e agora deve pagar por isto. Mas, se nos aprofundarmos mais nesta questão, fica evidente que a lei do carma torna legítima uma injustiça, pois, se na morte uma determinada personalidade desmancha-se, a nova que surge na reencarnação não pode entender por qual ato tem de pagar e portanto seus sofrimentos não terão nenhum valor como ensinamento moral. Tudo o que poderá surgir — é um vago sentimento de injustiça na vida.

A Vida Além do Túmulo e a Transmigração das Almas.

De acordo com a Fé Cristã os sofrimentos e a morte são intimamente ligados à tragédia do pecado original . Não fosse este, o homem viveria eternamente, mas devido ao dano causado à sua natureza pelo pecado ele ficou sujeito à morte. Nenhum sofrimento pessoal, nem as boas ações, nem os esforços para se viver virtuosamente , não são por si só suficientes para restabelecer- lhe a imortalidade que possuía ao ser criado. A tragédia do pecado foi corrigida pelo Senhor Jesus Cristo, Que com Seu sofrimento na Cruz redimiu os pecados humanos, anulou o poder da morte e devolveu a imortalidade ao homem. O mistério da Redenção não é compreensível para nós, mas apesar disto, a força regeneradora de Cristo Que ressuscitado dos mortos, age com evidência no homem de fé e o convence de que também se reerguerá dos mortos pela força do Vencedor da morte. Deus nos ama, se apieda de nós como Seus filhos, mesmo quando nós relaxamos espiritualmente, ou mesmo pecamos. Ele não se vinga, não castiga, mas aguarda com paciência que caiamos em si e nos ajuda a voltar ao caminho certo. Quando Ele permite que a aflição apodere-se de nós, isto não tem o sentido de "redimir" uma culpa perante Ele, mas tão somente, um meio de nosso saneamento. Quando nós não contrariamos Deus, Ele dirige tudo para o nosso benefício espiritual e nossa salvação. Nossa meta é chegar à eterna bem-aventurada vida no Reino do Céu.

Sobre o fundo resplandecente da esperança da renovação plena e do restabelecimento do ser humano, as doutrinas ocultas hindus aparecem sombrias e fatalistas. Tudo o que acontece no mundo eles atribuem ao destino e à inexorável lei do carma. A "salvação’ é alcançada não através da Fé e do endereçamento da volição ao Bem, mas pelo caminho de passagens pelos ciclos de reencarnações de modo puramente maquinal. Não importa aquilo o que um homem fez na vida, o bem ou o mal, pois o seu destino está predeterminado, como se fosse o movimento de engrenagens num mecanismo de relógio. E, além disto, no fim de vidas errantes e infrutíferas, passando de um corpo para outro vir a ser condenado a desaparecer no Absoluto cósmico com a perda total da experiência de sua vida e da sua autoconsciência.

Enquanto o cristão espera a ressurreição do seu corpo, aquele que ele possuía, /o único/, — o seguidor de cultos orientais considera seu corpo como um invólucro temporário, uma espécie de prisão da qual ele poderá um dia livrar-se. No hinduismo, a essência espiritual impessoal para "corrigir o carma" depois deve depois da morte reencarnar-se, quer no homem, no macaco, na cabra, ou até numa planta.

Na sua tentativa de explicar o Mal no mundo, as doutrinas do carma e da encarnação cometem a maior injustiça porque admitem o mesmo fim: um justo, não importa quantas boas ações tenha praticado, não receberá recompensa, do mesmo modo que um facínora inveterado por mais mal que não tenha feito, não terá o castigo por ele. Assim, os santos como São Nicolau milagroso e os matadores de milhões de inocentes, como Stálin terão o mesmo fim ao misturar-se em um impessoal Absoluto. Pode-se imaginar algo mais monstruoso do que esta perspectiva? O paradoxal é que este sistema não se justifica. Se cada pessoa, passando por muitas vidas, acabando com o carma chegar à perfeição espiritual, — então, seguindo o caminho da lógica, seria de se esperar a perfeição de toda a humanidade. Lamentavelmente, porém observamos um quadro oposto — uma degradação de sociedade, o aumento da criminalidade e da depravação, o recrudescimento do ódio e da crueldade gratuitos , mesmo por parte de menores de idade... Ora, tudo isto está mais de acordo com a profecia da Bíblia sobre a degeneração espiritual da humanidade antes da segunda Vinda de Cristo.

A doutrina da reencarnação não possui nenhuma confirmação por provas objetivas. As referências às lembranças isoladas de lugares "conhecidos" numa vida passada, feitas por algumas pessoas que imaginam tê-los visto em outras vidas, são facilmente explicadas como um jogo de imaginação. Nosso cérebro armazena sem parar fragmentos das mais variadas impressões visuais e auditivas, que vão se sedimentando no subconsciente. Mais tarde estas impressões soltas podem reunir-se num quadro imaginário, de modo que para a pessoa pode parecer que está "reconhecendo" um lugar que na realidade está vendo pela primeira vez. Os ensinamentos ocultos hindus vêem nestas "lembranças" uma afirmação da idéia de transmigração das almas. Porém, como objeção válida podemos notar que todos estes casos de "lembranças" não contém nenhuma informação importante. O homem não é capaz de se lembrar nem da língua que falava anteriormente, nem dos pormenores de acontecimentos de sua vida "passada," nem de informações literárias ou científicas, nem dos nomes das pessoas com as quais se relacionava, — em uma palavra, — nada daquilo que a nossa consciência adquire ao longo da vida e que forma nosso intelecto e experiência de vida. Inexplicavelmente tudo isto "evapora" sem deixar nenhum rastro. É evidente que todas as afirmações sobre a transmigração das almas são destituídas de fundamento.

São bem diferentes os numerosos casos contados nas descrições das vidas os santos e na literatura religiosa em geral, bem como numerosas narrativas contemporâneas sobre a vida após a morte que desmentem a doutrina da transmigração das almas na sua própria origem.

Na realidade, estes aparecendo para alguém eram capazes de partilhar sua experiência e os conhecimentos adquiridos em sua única vida e sua autoconsciência não era apagada pela morte. Os antigos profetas Moisés e Elias ao aparecerem para Cristo no monte Tabor muitos séculos após terem deixado este mundo, preservaram a clara noção daquilo que foram no passado. Do mesmo modo, em todos os casos anotados pelos médicos que trabalhavam na reanimação de pessoas, a alma ao deixar o corpo continuava a sentir-se a mesma que habitava o corpo antes do momento da morte. Se é que ela desejava voltar ao mundo, era para completar sua missão ainda não acabada e não para começar uma nova vida. Além disto, as almas dos recém falecidos ao encontrarem-se com as almas de parentes que já haviam falecido, — reconheciam uns aos outros como as determinadas pessoas que foram em vida.

Em todos os casos conhecidos pela religião e pela ciência, as almas dos mortos conservam seu "Eu" e a experiência acumulada durante a vida. Desta forma, a autoconsciência é indelével — o que desmente o ensinamento sobre a transmigração das almas e sua dissolução no nirvana. Tudo isto mostra com clareza que o ensinamento hindu choca-se com a doutrina cristã da Redenção. O exemplo trazido pelo Evangelho — o caso do Bom Ladrão ilustra bem isto. Este, no instante da sua adesão e súplica a Cristo herda o Reino Celeste, evitando o carma e vidas errantes cíclicas pelas vias cósmicas. Assim, a Redenção trazida por Cristo nos livra do poder dos processos cósmicos e do destino cego.

A Idéia da Salvação, o Bem e o Mal.

"A Salvação" é uma idéia própria do Cristianismo, onde ocupa um lugar central, porém desconhecida dos pensamentos ocultos hindus. O Cristianismo ensina que Deus criou o ser humano para a vida imortal. Se não houvesse o pecado original não seria necessário salvá-lo. Este pecado maculou moralmente a natureza humana, desarmonizou o seu mundo íntimo e com isto privou o homem do relacionamento vivo com Deus. A praga do pecado com todas as suas conseqüências nefastas nós recebemos como herança, mas recuperar a vida eterna, não podemos somente através dos nossos esforços pessoais. Para isto necessitamos da ajuda de Deus, precisamos Do Salvador! Se o Senhor Jesus Cristo não redimisse nossos pecados na Cruz , estaríamos todos fadados à morte eterna, — não no sentido da aniquilação da alma, mas sendo condenados a permanecer nas trevas, em eterno tormento. Porém, graças ao Senhor Jesus Cristo, o caminho da salvação é aberto a todo homem. O sangue por ele derramado na Cruz nos purifica do pecado e faz renascer nossas almas. Mas isto não ocorre automaticamente. É necessário fazer um esforço para ter fé Nele, aceitar o Seu ensinamento e viver uma vida cristã.

O tema da Salvação é deveras amplo para tentar abarcá-lo aqui. O jejum, a oração, o estudo da palavra de Deus, as boas ações, os sacramentos da Igreja, — todos são meios para o renascimento espiritual do homem. Assim, para a salvação existem duas condições: o esforço pessoal no caminho até Deus e sua ajuda pela graça invisível que Ele nos dá. Por salvação entende-se o restabelecimento do homem na condição de ser que possui duas naturezas com total liberação do pecado e de todas as suas conseqüências. Mas isto será algo maior do que o retorno à bem-aventurança do Eden, pois será acompanhado pela espiritualização e transfiguração tanto do ser humano, como de todo o mundo. Tudo o que é corrupto se tornará imperecível e os justos resplandecerão com o Sol. A bem-aventurança, o sentimento de alegria serão proporcionais àquele nível moral que foi alcançado em vida, na terra. Por isso o Cristianismo nos exorta a multiplicar os talentos que foram dados e aumentar o tesouro espiritual. Quem planta em abundância terá colheita abundante e quem semeia com parcimônia — terá colheita pobre.

Os ensinamentos ocultos hindus possuem uma opinião completamente diferente sobre a finalidade da vida humana. Negando o pecado original e a imortalidade da personalidade, eles negam também a necessidade da salvação. Toda a sua atenção concentra-se em torno do desenvolvimento pessoal através dos vários métodos de ioga e meditação, que culminam com a sensação da sua "divindade." Torna-se entretanto patente que, quanto mais rápido o homem se aperfeiçoa, mais rápido chega ao fim de todos, — ou seja na dissolução no nirvana. Os cultos orientais consideram isto como a maior bem-aventurança. Mas, podemos perguntar, — que bem-aventurança é esta se o homem não a percebe e em que difere da morte? Do ponto de vista cristão isto não passa de um jogo de palavras.

Enquanto o Cristianismo, numa formulação clara e insofismável mostra a diferença entre o Bem e o Mal, nos ensinamentos ocultos hindus eles são noções relativas. Este relativismo moral tem origem na idéia monística de que tudo é uma coisa só e dela é feita a dedução lógica . É verdade que na literatura teosófica hindu, assim como nos livros de qualquer religião podem ser encontrados muitos pensamentos notáveis sobre a vida virtuosa, conselhos muito bons e exortações animadoras. Mas tudo isso não pode ser atribuído à própria doutrina, mas ao fato de Deus ter dotado o ser humano da atração pelo Bem e de bom senso. Por isso todo homem, — mesmo sem conhecimentos sobre Deus e não esclarecido pela Escritura, sente uma aversão natural pelo Mal e pelo vício e atração pela vida virtuosa.

Quando alguém chega a ter um conhecimento mais profundo da filosofia do hinduismo, descobre que o Bem e o Mal são noções relativas e subjetivas. Aquilo que para alguns significa o Mal, em outro plano pode levar ao Bem. Segundo ela, o Bem e o Mal são tão necessários como a claridade e as sombras num quadro, como as cargas positivas e negativas no átomo ou os pólos Norte e Sul do campo magnético. Eles são diferentes, porém lados perfeitamente equiparáveis da Realidade Prímea e são necessários para o equilíbrio vital dentro da harmonia cósmica. Para ser exato, não existe o pecado nem o vício, — tudo não passa de um carma temporário que vai ser moído nas reencarnações e finalmente dissolvido no mar da Realidade Prímea. Daí se deduz que o homem não é responsável pelos seus atos, pois não passa de uma pequena engrenagem do mecanismo cósmico. O fato dele sentir seus atos como bons ou maus — é uma ilusão, e o Budismo criou meios para se livrar dela.

Com este sentido de "salvação," é natural que todas as atividades também tenham um sentido e finalidade totalmente diferentes do que no Cristianismo. Ao invés do relacionamento vivo com Deus como Pessoa através da prece, estes ensinamentos estimulam a criação de laços com os mahatmas (espíritos) e gurus por meio da telepatia, a saída para o astral, a repetição de mantras, a evocação dos espíritos, etc. No lugar da penitência perante o Criador e a correção dos defeitos — estas doutrinas ensinam seus seguidores a contar com suas próprias forças e desenvolver o sentido da sua "divindade," fazendo-os sentirem-se superiores aos "não esclarecidos."

Cristo e os Avatares Hindus.

Ao lado da idéia da Salvação que no Cristianismo ocupa um lugar central, a vinda ao mundo do Salvador é tida como um acontecimento único, que não pode se repetir. O Filho Unigênito de Deus assumiu nossa natureza humana para renová-la, mais do que isto — levá-la à comunhão com Sua natureza Divina. Para isto Ele ascendeu ao Céu em Seu corpo transfigurado para permanecer eternamente nesta união real, de Deus com o Homem. Seu relacionamento com os homens , Seus ensinamentos , Seu próprio exemplo e, enfim os sofrimentos na Cruz e a gloriosa Ressurreição que trouxeram a Redenção , são aspectos inseparáveis da mesma obra da salvação da humanidade. Tudo isto aconteceu uma só vez e criou uma inesgotável força espiritual, que vai salvar os que tem fé até os últimos tempos da existência do Universo. O Senhor Jesus Cristo virá pela segunda vez ao mundo não para ensinar ou salvar, mas para julgar e retribuir a cada um os atos cometidos.

Os ensinamentos ocultos hindus, quando muito, concordam em reconhecer Cristo como um dos "avatares" — a materialização de Vishnu — quer dizer, — da mesma Realidade Prímea. Apesar do deus do hinduismo não ser considerado uma pessoa, ele às vezes corporaliza-se, assumindo uma feição humana. Este ser que é a união de deus e do homem é chamado de avatar. Os krishnaitas apontam Bhagavad-Gita como o último na ordem de corporalização das divindades, que até o presente contam vinte e uma.

Nosso Senhor Jesus Cristo com sua única Encarnação e a vinda ao mundo realizou a redenção da humanidade. As divindades hindus corporizam-se de maneira diferente. Vishnu, cuja atividade é a manutenção do Cosmo, aparece na forma de Narayana — como o protótipo de todos avatares. Outros avatares foram Buda, Rama, Krishna, Confúcio, Zoroastro, Maomé, o rei George V, Mahatma Gandi entre outros. Como é ilimitado o número de rios que nascem das águas do oceano (pela evaporação que dá origem às chuvas), enquanto que este nunca seca, — assim são inúmeras as corporalizações de deus, — afirma o hinduismo. Estes avatares aparecem supostamente nos momentos mais críticos da História para ensinar determinadas verdades.

O avatar do momento é alvo de grandes honras. Como ele é unido à divindade, possui uma força sobrenatural (siddhis) que o coloca acima das leis do carma. Porquanto está no corpo ele pode demonstrar as emoções humanas, mas o seu estado espiritual ultrapassa os limites do tempo e do espaço (maya). No décimo capítulo Bhagavad-Gita Krishna declara: "Sou o príncipe sobre os demônios." Esta confissão lança luz sobre a natureza sinistra dos avatares hindus.

Na sua Epístola aos Tessalonicences, o Apóstolo Paulo fala sobre o último avatar (o anticristo) e diz que "a vinda dele é por obra de satanás, com todo o poder, com sinais e prodígios mentirosos" (II Tess. 2:9 ; conf.: Apoc.13:2).

O Destino e a Providência Divina.

O Cristianismo ensina que Deus não deixa de ter para conosco todos os desvelos, como o mais bondoso pai para com os seus filhos, e isto apesar de sermos pecadores e teimosos. Não somente a nossa vida como um todo, mas até os seus detalhes ele dirige para o nosso bem. Se nós não O contrariássemos, mas nos portássemos como filhos obedientes, — não existiria o Mal na terra, a vida nela terminaria em eterna alegria no Seu Reino Celeste. Os homens desgraçam-se sozinhos já que Deus não os coage, deixando exercer o livre arbítrio, não força a acreditar Nele ou mesmo, viver virtuosamente. Ele tem o poder de modificar o desenrolar dos acontecimentos e fazer algo que pela lógica humana não seria possível. Em uma palavra, — a nossa vida é determinada não tanto pelos fatores externos, quanto pela nossa livre vontade e pela Providência Divina.

Os ensinamentos ocultos hindus, já que não acreditam em um Deus — Pessoa subordinam tudo aos cegos processos cósmicos. Como não existem Razão e Volição Superiores e a nossa liberdade não passa de uma ilusão, tudo é dirigido pelo destino. Por isso, as pessoas que aceitam as idéias ocultas hindus acreditam nele e, logo na astrologia. Para adivinhar o seu futuro eles recorrem aos horóscopos, adivinhos, cartomantes e acreditam em todo tipo de crendices. Para justificar a sua crença na força das constelações eles citam a influência da lua sobre a maré, a germinação das sementes e as alterações de humor das pessoas. Não vamos negar que os astros e a lua até certo ponto podem nos influenciar da mesma forma como fazem as estações do ano, a temperatura, umidade do ar e milhões de outras causas de origem interna ou externa. Mas, — elas apenas influenciam, ao passo que Deus rege tudo. Por isso a Fé Cristã nos ensina a recorrer constantemente a Ele. A Ele, nosso Salvador, para sermos dirigidos e amparados. A prece pode operar até coisas tidas como impossíveis — fato do qual possuímos numerosos exemplos.

A Escatologia.

O Cristianismo prepara os fiéis para a segunda vinda de Cristo, que ocorrerá com o fim do mundo material. Nela, o Senhor ressuscitará os mortos e depois fará o juízo sobre os homens e os demônios. Cada qual vai receber aquilo o que merece pelos seus feitos. A terra e tudo o que está sobre ela serão consumidos pelo fogo. Mas Deus vai criar o novo céu e a nova terra onde "vai habitar a Verdade." Nisto, uns ingressarão na vida eterna, enquanto outros serão sentenciados à pena eterna junto ao diabo e seus anjos.

A Sagrada Escritura prediz que o tempo que antecede o fim do mundo, será o tempo da apostasia, da abjuração do Cristianismo e extremo recrudescimento do Mal. Então, surgirão numerosos falsos profetas, que irão atrair os homens para seus ensinamentos. A fé dos homens enfraquecerá, eles vão dedicar-se a vários vícios, entusiasmar-se pelas mais variadas atividades do ocultismo e adoração dos demônios. A abjuração do Cristianismo será liderada pelo "grande" governante que a Sagrada Escritura chama de "Besta" e "Anticristo."

Provavelmente ele presidirá o Governo Mundial e irá ser não somente um líder político, mas também inspirador de novas idéias religiosas. O seu governo terá sucesso graças à intensa vigilância sobre os povos. O Cristianismo será perseguido como uma religião inoperante, superada e fanática e para os fiéis virão tempos nos quais serão confessores e mártires.

A decomposição moral da humanidade será acompanhada pela desintegração social e material: aumentarão as guerras de grande poder destrutivo, as epidemias mortais, sobrevirá a fome, ocorrerão terremotos, o mar se agitará e até as Forças Celestes estremecerão.

Os ensinamentos ocultos hindus compreendem o significado dos últimos tempos de modo diferente. Eles pintam de "cor de rosa" a vinda do Grande Avatar. Supõe-se que este mestre messias irá trazer para a humanidade a tolerância, prosperidade e trará paz em geral e a ordem. A sua vinda assinalará uma nova e feliz era — um paraíso na terra.

Assim, a cada item da fé Cristã os ensinamentos ocultos hindus contrapõem alguma coisa sua, aparentemente parecida, mais diferente no seu interior. Para uma pessoa não versada em teologia pode ser difícil distinguir entra a Verdade e as invenções. "Provar" uma ou outra Verdade religiosa é impossível, porquanto ela pertence ao mundo espiritual inacessível ao experimento realizado em laboratório. Mas, se o homem se dirigir a Deus de todo seu coração, então na prece ele vai sentir claramente a Sua presença e o amor confortantes. Esta experiência íntima vai convencê-lo de que Deus — é Uma Pessoa viva, com Quem pode-se conversar, Que aceita nossas súplicas, ilumina a nossa mente e ajuda em situações difíceis. Com esta possibilidade de sentir a presença de Deus, todos os conceitos sofisticados dos ensinamentos ocultos hindus se desfazem como um castelo de cartas.

 

Os Principais Pontos de Divergência Entre o Cristianismo e as Doutrinas Orientais

Cristianismo

Doutrinas Ocultas

Deus é uma Pessoa real, o Criador, Legislador e Juiz, Que Se acha fora do tempo e do espaço. Ele é absolutamente perfeito e não é subordinado a nenhum processo evolutivo ou a alterações.

Uma energia impessoal, Realidade Prímea, que passa por fases de surgimento, desenvolvimento e de desintegração.

O Universo não é eterno, foi criado por Deus do nada, assim como também foram o tempo, o espaço e a energia que o preenche.

Deus e o Universo são o mesmo. O Universo repete eternamente os ciclos nos quais surge, progride e por fim perece.

Deus dirige o mundo e a vida de cada homem. Se seguirmos a Sua vontade, nada de mal nos acontecerá e o nosso Pai Celeste nos levará à vida eterna.

O destino, a ação das forças cósmicas determinam o futuro do ser humano. Assim, o homem não passa de um cisco dentro do mecanismo do Cosmo.

O tempo percorre numa linha reta: a criação do mundo e do homem, a encarnação do Filho de Deus e Sua obra de Redenção da Humanidade, a Ressurreição dos mortos, o Juízo Final e a vida eterna — são acontecimentos únicos que não se repetem.

O tempo é cíclico. Os mundos surgem para novamente desintegrar-se.

O homem é uma criatura que possui duas naturezas. A alma e o corpo se acham numa eterna união que se rompe apenas temporariamente por ocasião da morte. A sua personalidade e a autoconsciência são únicas e imortais.

A alma é um estado transitório. Após numerosas reencarnações, ela se dissolverá no nirvana sem conservar a sua personalidade.

O pecado, este terrível mal moral danificou nossa natureza. Somente com a ajuda de Cristo o homem pode livrar-se dele.

O pecado não existe. Quanto ao carma ruim o homem livra-se dele por meio de repetidas encarnações.

O Bem e o Mal, a virtude e o vício, a Verdade e os falsos juízos são noções absolutas.

O Bem e o Mal são noções relativas, aplicadas de acordo com o ponto de vista e da razão do homem.

Deus é a única fonte da Revelação das verdades religiosas. Através dos Seus Profetas e Apóstolos Ele ensinou os homens no que acreditar e como levar uma vida justa. Essas verdades por Ele reveladas se encontram na Sagrada Escritura.

A Revelação Divina não existe. As doutrinas ocultas hindus baseiam-se na "intuição" ou na autoridade dos "espíritos."

Cristo é o Filho de Deus encarnado uma única vez, único Salvador Que permanecerá eternamente nesta união de Deus e Homem.

Cristo não passa de um dos "avatares’, igual à Krishna, Buda, Confúcio, Zoroastro (ou Zaratustra), Maomé e outros.

A Salvação: o homem alcança a vida eterna pela fé no Senhor Jesus Cristo e através da vida virtuosa.

A idéia da Salvação não existe nas doutrinas ocultas. A finalidade da vida é o "aperfeiçoamento de si mesmo" seguindo as receitas dos iogos e através da meditação.

A ressurreição dos mortos será efetuada por Jesus Cristo no fim da existência do mundo atual. Depois disto cada um vai receber aquilo o que merece: ou a recompensa eterna ou a condenação eterna.

As múltiplas reencarnações da alma vão finalmente culminar com sua dissolução no oceano da Realidade Prímea (nirvana).

Os pastores espirituais são chamados para ensinar o que ensinaram os Apóstolos. Inventar algo novo é inadmissível. Os ensinamentos do pastor merecem fé na medida em que harmonizam-se com os ensinamentos da Igreja.

O "guru" é uma autoridade independente, uma espécie de divindade a quem a subordinação deve ser total e indiscutível.

 

 

A Prece e a Iluminação Mística.

"Se pois a luz, que há em ti, é trevas, quão espessas serão as próprias trevas!" (Mat. 6:23).

Não importa como é denominado este estado, — percepção extrasensorial, consciência expandida, sentido cósmico, iluminação mística, sentimento da sua divindade ou algo parecido — o significado é o mesmo. O ensinamento que se encarrega de levar o homem a ele pode ser: a ioga, o Zen-budismo, a meditação transcendental, a "cientologia," o "Novo Século" ou alguma outra coisa da família das ciências ocultas. Se abrirmos mão da superficial e privada de importância semântica destas denominações, elas poderão ser resumidas em um trabalho que com exercícios repetidos torna-se um estado permanente de alienação pelos espíritos imundos.

Todos os ensinamentos ocultos hindus convidam à iluminação mística. Para alcançá-la, eles, antes de tudo sugerem negar qualquer critério da razão. É deveras paradoxal que justamente aqueles ensinamentos que pretendem desvendar os eternos mistérios da existência, declaram a razão e a lógica inimigos da experiência íntima e um obstáculo para a iluminação espiritual. Junto com a razão eles repudiam todas as autoridades espirituais , a Revelação Divina e a experiência dos santos ascetas cristãos.

Com a eliminação de um critério objetivo para o discernimento entre aquilo que deve ser considerado a iluminação genuína e o que não passa de uma engano , ou o resultado de mais intensa excitação, — os adeptos dos ensinamentos ocultos hindus oferecem um princípio subjetivo: "Se algo funciona — então é bom." As pessoas, que chegaram à iluminação mística, quando perguntadas de como a alcançaram, em vez de darem uma resposta razoável, ficam com um olhar que denota a exaltação, aparentando entrar em transe. Pouco depois, ao recuperar os sentidos, eles recomendam com um sorriso afável: "Experimentem, e irão se convencer." Quando os sentimentos substituem a razão e todos critérios objetivos são rejeitados, as tentativas de distinguir a realidade da ilusão afundam no mar da subjetividade.

No Cristianismo, todo sentimento subjetivo tem de passar pelo crivo do testemunho das Sagradas Escrituras e pela experiência espiritual da Igreja. A razão deve estar sempre alerta e não estimular a fantasia. Caso contrário, o homem enveredará por um caminho perigoso e poderá ceder à tentação do demônio.

A iluminação espiritual é um estado conhecido para muitas pessoas justas. Os Profetas do Antigo Testamento, os Apóstolos de Cristo e muitos eremitas experimentaram-na. Todos eles concordam em advertir contra esforços para chegar à iluminação mística por qualquer prática ativa. O homem deve purificar-se do pecado através da penitência, emendar seu coração pervertido pelas paixões, dirigir-se na humildade a Deus — já que tudo isto é o principal objetivo da vida cristã. A iluminação espiritual genuína vem de Deus quando Ele condesce às nossas preces. Ela é uma graça de Deus e não um fruto dos esforços pessoais ou uma recompensa pelos feitos.

A iluminação genuína leva o homem a perceber com nitidez a majestade divina e a nossa indigência.. O mundo parece não existir e o tempo não passar. Neste estado o homem sente uma inefável paz no íntimo da alma , um enternecimento, e tudo o que é regido pela alma: a razão, os sentimentos e a volição, — se unem numa sublime harmonia, enquanto o amor filial inflama seu coração. Aí, não há nem sombra de um enlevo sentimental, ou a impressão da sua divindade e da sua superioridade que são próprios da "iluminação" mística do ocultismo. Já na luz da iluminação por Deus, todas as verdades reveladas na Sagrada Escritura tornam-se mais compreensíveis e convincentes. A razão não é rejeitada, mas fica mais enriquecida pelo maior entendimento delas.

Porém, para nos proteger da presunção e do orgulho, Deus não torna evidente a presença da Sua luz, mas esta penetra invariavelmente na alma humana durante a prece, do arrependimento sincero, da leitura atenciosa da Sagrada Escritura, na hora das reflexões sobre as coisas espirituais, da comunhão, da presença nos Santos Ofícios. Mas, sentir plenamente a alegria por achar-se na vivificante luz Divina, — só nos será dado na outra vida.

Os ensinamentos ocultos hindus, não somente não alertam contra a sedução demoníaca, como ainda estimulam-na e recomendam vários métodos que levam a ela.

Os exercícios de ioga e a meditação garantem ao homem a libertação total dos grilhões da carne e a união com a Realidade Prímea. Já que a carne obscurece a percepção espiritual, trazendo uma enxurrada de sensações corporais, eles exortam o místico a libertar seu espírito através da "projeção astral." No estado de transe ele perde a noção do espaço e do tempo, a capacidade de raciocinar, ficando sem qualquer autodefesa. Nisto, o infeliz não entende que foi ele mesmo quem abriu o caminho para o seu subconsciente aos espíritos do outro mundo, pelo qual eles continuarão a influenciá-lo, mesmo cessando o transe.

É verdade que as pessoas que alcançaram a iluminação mística por meios ocultos experimentam um enlevo incomum, chegando a sentir a sua "divindade." Trata-se, porém de um estado doentio e muito perigoso, que lembra a ação inebriante dos narcóticos. Na insana auto-admiração, a veneração a Deus vem a ser substituída pela orgulhosa afirmação: "deus sou eu." Nisto, desaparece a própria noção da responsabilidade moral e do Juízo Superior. O sentimento da "iluminação" torna-se o critério da verdade e o árbitro de todos os atos.

A seguir, vamos fazer uma análise das diferenças entre as noções da espiritualidade do Cristianismo e dos ensinamentos ocultos.

 

Dois Caminhos.

Cristianismo

Ensinamentos Ocultos

O ser humano apesar de ter sido criado para a bem aventurança, no seu estado atual afetado pelo pecado, precisa de cura.

Negam a corrupção moral como também o pecado, que para eles não passa de um erro.

O principal — é ter fé em Deus, recorrer a Ele penitenciando-se e começar uma vida justa.

Nem a fé, nem a penitência são necessárias. Pode-se gozar da bem aventurança quando quiser e quem quiser.

Os sacramentos do Batismo, da Penitência e da Eucaristia purificam o homem dos pecados e renovam a sua natureza espiritual, levando-o gradualmente a tornar-se um templo do Espírito Santo.

Tudo isso é considerado sem importância.

A prece é uma interlocução entre o homem e Deus. O importante para se chegar a ela é a concentração e a sinceridade, que elevam a mente e o coração a Ele.

A meditação consiste na repetição irrefletida do "mantra" (palavra para conduzir o pensamento).

Na prece não se deve procurar o êxtase, mas o saneamento da alma e a afirmação na vida justa.

A meditação e a ioga tem como finalidade levar o homem à impressão da sua "divindade."

Ao rezar deve-se evitar fantasias e a criação de imagens ilusórias.

Deve-se concentrar numa imagem nascida da imaginação para se chegar a fundir-se com este objeto ilusório.

A prece e os pensamentos voltados a Deus sempre clareiam a alma. Entretanto para nos preservar do orgulho, ele não nos deixa perceber a alegria da iluminação espiritual em toda a sua grandeza.

As iluminações místicas como resultado do transe e induzidas pela sedução demoníaca criam a sensação da soberbia e do poder.

Deus concede a iluminação espiritual perceptível somente em casos excepcionais.

Através das técnicas que influenciam a psique, pode se alcançar a iluminação mística.

A razão deve guardar o coração de todas as tentações demoníacas.

A razão é considerada como o inimigo da iluminação mística.

A verdadeira iluminação nos leva a sentir vivamente a majestade de Deus e, também, a nossa insignificância. O coração enche-se de paz e amor indizíveis a Deus, ao passo que o mundo material esvaece.

O homem alcança a "consciência cósmica" e sente-se unido à natureza.

Com a iluminação espiritual as verdades da Fé Cristã tornam-se compreensíveis e importantes.

O homem se convence de que não precisa nem de Deus , nem da Sua Revelação. Ele fica feliz em sentir-se como um deus.

A prece sempre exige um esforço interno, uma concentração. Por isso a prece ao lado da vida cristã representa "o caminho estreito que leva à vida."

A meditação dos iogos ensina a relaxar, não pensar em nada. Comparando à prece podemos chamá -la de caminho largo, contra o qual nos adverte o Salvador.

Deste modo, a prece cristã e os pensamentos dirigidos a Deus, — por um lado, e as práticas da ioga e a meditação que levam à iluminação mística por outro, são dois caminhos diferentes que levam em direções opostas e a resultados totalmente diferentes.

 

O Curandeirismo.

 

"Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não

profetizamos nós em Teu nome, e em Teu nome

fizemos muitos milagres? Então Eu lhes direi bem

alto: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós

que praticais a iniqüidade" (Mat. 7:22-23).

Cristo veio para nos livrar do poder do diabo e da servidão ao pecado. "Todo o que comete o pecado, é escravo do pecado. Ora o escravo não fica para sempre na casa, mas o filho fica nela para sempre. Por isso, se o Filho vos livrar, sereis verdadeiramente livres" (João, 8 :34-35). No sacramento do batismo, o homem se livra dos grilhões dos vícios e ganha de Cristo a força para lutar contra sua inclinação para o mal. Não existe uma paixão ou um vício que um homem não seja capaz de superar com a ajuda de Deus. Mas, para isso necessita decididamente entrar em luta com o pecado e começar a viver espiritualmente — a rezar, penitenciar-se com sinceridade, comungar e pedir a ajuda de Deus. O notável é que ao vencer seus defeitos o homem fortifica-se e cresce espiritualmente. Neste crescimento interno é que se resume a finalidade da nossa vida na terra.

Para concorrer com a ação benéfica cristã sobre a alma, vários cultos orientais do nosso tempo (krishnaitas e outros), além dos numerosos curandeiros ocultos particulares e "extrasensos," oferecem seus tratamentos médicos. Eles prometem a cura total dos grandes males como o alcoolismo, o fumo, a dependência de tóxicos, a obesidade, o desejo sexual desmedido, além de outros. Se é que existem algumas diferenças nas práticas, o tratamento é próprio do curandeirismo que se resume na aplicação de energia concentrada do curandeiro para influenciar a psique do paciente. O curandeirismo, aliás, como todos os procedimentos mágicos, exige uma completa abertura, atenção tranqüila, sem esforço e confiança incondicional naquele que realiza o tratamento. De fato, são conhecidos casos em que as pessoas que aderiram a algum culto oriental e seguindo suas técnicas ocultas ou recorrendo a um curandeiro, livraram-se completamente do seu mal. Entretanto, precisamos saber, que "curas" semelhantes podem ser piores do que a moléstia que se pretendia combater. Os dotados de percepção extra-sensorial, os hipnotizadores e os curandeiros com seus métodos ocultos destroem o sistema de defesa da alma humana , que a protegem do tenebroso mundo demoníaco. Isto ocorre devido à concentração da atenção do paciente sobre a pessoa do curandeiro, que como um médium permite a transmissão da ação demoníaca. Isto pose ser comparado com a lobotomia, cirurgia na qual é removido o lobo frontal do cérebro, que controla o comportamento agressivo. Como resultado, o foco do comportamento violento dos pacientes psiquiátricos é extinto, mas, também as faculdades humanas mais nobres, como a sutileza do intelecto e das emoções, a criatividade e, especialmente — a capacidade de ter fé em Deus, rezar e levar uma vida cristã perdem-se . Mas, se até então o homem não viveu espiritualmente, é muito provável que nem perceba a perda de algumas delas.

De qualquer modo, o homem paga com sua saúde espiritual a "cura" por meios ocultos porque alguma parte de sua natureza espiritual fica atrofiada para sempre.(Veja a pesquisa sobre patologia oculta de Dion Fortune: " A defesa psíquica contemporânea." Ed. "Sofia," Kiev,1993).

As sessões de curandeirismo de Yúriy Krivonógov, que elaborou o método de hipnose "psicotrópico," ou seja, que afeta a psique, mostraram-se especialmente nefastas. Aplicando-o ele conseguiu transformar algumas centenas de seguidores da "Irmandade Branca" em uma espécie de "zumbis" (duendes, fantasmas que vagam pela noite, mortos). Os danos provocados por seu método eram tão profundos que numerosos médicos, pessoas dotadas de faculdades extrasensoriais e hipnotizadores, chamados de todos os cantos da antiga URSS apesar de todos os esforços, não conseguiram fazer as pessoas a ele submetidas voltarem ao normal. Muitos comentários sobre este caso trágico apareceram na imprensa da Ucraína e da Rússia nos anos de 1993-1995.

Nos últimos tempos, muitos estão preocupados com o "mau olhado" , que traz "quebrante" ou "trabalhos" feitos por feiticeiros profissionais para prejudicar as pessoas. Para estes feiticeiros, como também para os que possuem capacidade extra- sensorial, esta preocupação se tornou uma fonte de renda: enquanto uns causam o mal, outros acabam com ele. Assim, eles se ajudam reciprocamente no "bussiness" . Não há dú vida que aqui existe muita charlatanice, mas sempre existe o perigo da ingerência dos seres do outro mundo. O único meio eficaz de defesa contra eles, como também de todas as espécies de danos e "quebrante," — é a graça do Espírito Santo que a pessoa que tem fé recebe gratuitamente na Igreja. Assim, o homem deve parar de ter medo dos danos ou do "mau olhado" e recorrer a Deus em busca de proteção e de ajuda: rezar, ler com atenção a palavra de Deus, penitenciar-se, comungar, fazer o bem para os outros. Neste caso a aproximação dos espíritos das trevas não será possível.

 

Os Principais Cultos Orientais.

 

O Hinduismo.

O Hinduismo surgiu 1500 anos aC., após a invasão da Índia pela tribos arianas vindas da Ásia Central . A partir daí, passou por diversas fases e sofreu várias divisões. Os conquistadores arianos trouxeram o vedismo — a fé nas mais variadas divindades, que não parou de crescer. Os arianos acreditavam na transmigração das almas, praticavam o rito da purificação pelo fogo e cremavam seus mortos.

No início, os ensinamentos pagãos eram transmitidos verbalmente, mas aproximadamente 1000 anos a.C. passaram a ser registrados por escrito, num conjunto de poemas e preces que recebeu o nome "Veda" ("as máximas da sabedoria"). Este influenciou profundamente a formação religioso-filosófica do futuro Hinduismo. Muitas divindades do antigo Hinduismo que já eram de um nível moral bastante duvidoso, agora passaram a ser protetores de várias formas de sadismo e perversão sexual. Já o ensinamento sobre a transmigração das almas serviu de base para o sistema de "castas."

A partir do século VI a.C. começa o período da composição do "upanixade" (que quer dizer "tratado filosófico"). Com este a visão do mundo na religião hindu tornou-se mais pessimista. Também desenvolveu-se o ascetismo e cresceu a autoridade do guru, como mestre religioso. Iniciou-se então a formação dos princípios básicos do Hinduismo contemporâneo e o politeísmo primitivo pagão começou a passar gradativamente para o princípio do monismo, segundo o qual, tudo — Deus e o mundo, em essência, são a mesma coisa. Essa idéia panteísta fornece a base ao Hinduismo, tornando-se como um dogma, a sua pedra angular. A vida na Terra passou a ser considerada como uma ininterrupta cadeia de transmigrações da alma (Sansara, metempsicose) e o sentido da vida tornou-se então a liberação da lei punitiva do carma. A liberdade plena (moska/ mukti) que é a independência dos ciclos de vida, vem quando a alma humana (atman) se une com a alma cósmica do Brama. O ramo bramano do hinduismo apoia-se nesta idéia. Aproximadamente ao mesmo tempo aparece o budismo como uma reação aos abusos da casta dos bramanos.

O último período do desenvolvimento do Hinduismo começou já no inicio da era Cristã, quando a literatura védica passou a significar uma sagrada escritura para os hindus. O filósofo religioso Shankara desenvolveu a idéia do maya, ou seja de que tudo visto por nós — os objetos e os acontecimentos — são uma ilusão. O ascetismo tornou-se mais rígido, enquanto o dharma, a consciência da obrigação moral tomou o caminho para a liberação da visão fantasmagórica do mundo e da união com o "Único." O Deus Brama assumiu o primeiro lugar entre as divindades e o "senhor" Krishna (a décima encarnação do deus Vishnu) tornou-se objeto da veneração geral.

Apesar do Hinduismo em todo o tempo de sua existência ter evitado o proselitismo e a atividade missionária, a partir da última década do século passado ele começou a deitar raízes nos EUA, quando Swami Vivekananda, discípulo do reformador hindu Ramakrishna, estabeleceu em Nova Iorque a "Sociedade Vedanta." A partir daí surgiu uma multidão de sociedades de orientação hinduista : "Meditação Transcendental," "Sociedade Mundial da Autopercepção Krishnaita" , "The Divine Light Mission" , " Sociedade Ekankar" entre outras. Atualmente, numerosas seitas, cultos e correntes "orientais" são saturadas com idéias do Hinduismo : a teosofia, a "Christian Science," a antroposofia, a maçonaria, o "Baha’I Faith," "Igreja da Cientologia," etc. Ao mesmo tempo apareceu um grande número de gurus que agem por conta própria e fazem grande propaganda dos seus métodos de autoconsciência e de revelação de toda potência interior.

Os ensinamentos, a literatura vedica apresentam uma compilação das mais variadas matérias de natureza religioso-filosóficas e de contos épicos.

A primeira parte da Veda (Rig Veda) contém hinos, fórmulas de sacrifícios, lendas, preces ricas em idéias politeístas, pagãs. A segunda parte, (Upanishada ou Vedanta), que apareceu mais tarde, contém a exposição da visão religioso-filosófica do mundo segundo o Hinduismo. Apesar do Hinduismo antigo encerrar um sem-número das mais variadas divindades, no decorrer do tempo elas passaram a ser consideradas como revelações distintas do mesmo princípio. O ditado hindu "Braman é único e não há outro além dele" soa aparentemente monoteísta. Mas, Braman não é uma pessoa transcendental e sim, o princípio subjacente à existência. Da multidão de deuses pagãos antigos só três tornaram-se proeminentes: Braman assumiu o papel do criador, Vishnu — do conservador e Shiva — do deus destruidor. Evidentemente, não existe nenhum paralelo com a Trindade cristã, pois todos são uma projeção do mesmo princípio prímeo, impessoal. Agora, a Vishnu começaram a atribuir a faculdade de encarnar-se e assumir feições humanas.

Já que o mundo consiste de pura energia, a natureza material dos objetos não passa de ilusão. A exemplo de que o sonho só existe na percepção de quem dorme, — o nosso mundo é uma espécie de sonho da divindade. O deus é a alma do mundo (Mahatman) e cada alma "individual" (Atman) é o seu reflexo. O Hinduismo atribui grande importância ao carma e à transmigração das almas (sobre o que nós já falamos). E é do Hinduismo que estes ensinamentos passaram para a teosofia, o movimento "New Age" e outros cultos orientais.

O Hinduismo carece de um único sistema da Salvação. No lugar dele a filosofia da yoga, (ou seja, — da iluminação mística e da união com a "alma do mundo"), — oferece vários caminhos, entre os quais o homem pode escolher qualquer um, conforme as suas preferências e capacidades.

A finalidade de todos os tipos de yoga é evidenciar a "divindade" da pessoa. Vários caminhos levam a isso, — uns são mais fáceis e rápidos, outros, — mais demorados. Uma pessoa não iluminada tem de se reencarnar milhares de vezes até que chegue a repousar no nirvana.

A existência do paraíso e do inferno não é contestada, porém, eles não significam os pontos finais, mas sim estados transitórios dentro dos ciclos da encarnação.

Já que o ser humano faz parte da alma cósmica e portanto é "deus," o pecado não passa de uma ilusão, e a noção de culpa de ter negligenciado os preceitos morais, — de algo próprio ao populacho supersticioso. Vivecananda diz: "Pecado é considerar alguém pecador" Acreditando nisso, os seguidores do Hinduismo não sentem nenhuma necessidade de penitenciar-se e emendar-se segundo os mandamentos revelados por Deus. A finalidade da vida e das numerosas transmigrações é o nirvana — a união com Brama e a dissolução nele, ou seja — a aniquilação da vida individual. Em outras palavras — a morte eterna. E isto é proclamado como a máxima bem-aventurança!

Enquanto toda religião possui sua hierarquia e um sistema de direção, no Hinduismo reina uma grande anarquia. Assim ele pode expressar-se através de diversos rituais — desde os elevados e inspirados até os mais abjetos e cruéis. Dentro de certas ramificações do Hinduismo podemos encontrar uma absoluta aversão ao derramamento de sangue enquanto que em outras acontecem sacrifícios sanguinários. O mesmo vale para a conduta moral que vai desde a mais rigorosa ascese à maior devassidão. Não existe um único código moral, nem um ritual centralizado.

"A Verdade é uma só"! É que os homens expressam-na diferentemente. Dizem os escritos sagrados do Hinduismo. Esta sentença mostra com clareza a essência do Hinduismo apresentando-o como a mais mutável e adaptável pseudo-religião da humanidade. O Hinduismo não nega nenhuma religião porque considera tudo igual. Pelo fato do Hinduismo durante sua longa existência ter absorvido as mais diversas crenças, ele está cheio de contradições, — o que aliás, não incomoda a seus adeptos.

Mas, com toda esta falta de uma nítida estrutura e com a facilidade com que sofre mudanças, — não podemos dizer que ele seja totalmente alheio aos dogmas. A sua universalidade e a tolerância provêem do princípio básico, que afirma que tudo é uma coisa só. Ele determina todas as peculiaridades do Hinduismo, — a diversidade e as contradições de suas idéias religioso-filosóficas, como também a falta de ditames morais claros.

 

Budismo e Zen Budismo.

O Budismo surgiu a partir do Hinduismo e herdou muito deste. Como no Hinduismo, falta nele uma organização e uma doutrina determinada. Se o Budismo é uma religião ou uma filosofia — é uma questão que pode ser discutida. O fundador deste ensinamento — Budda, não o considerava uma religião. Ele não admitia nem deuses, nem doutrinas, nem crenças. Na sua "catequese budista" um dos fundadores do movimento teosófico, Olkott assim formula o ensinamento budista: "De todas as religiões ele (Budda) é o único que ensina o mais sublime bem sem Deus, a continuação da vida sem a alma, a bem-aventurança sem o Céu, a santidade sem o Salvador, a redenção pelas próprias forças — sem rituais, preces e penitência, sem a ajuda dos santos ou clero, e , enfim, ensina a perfeição , que pode ser alcançada já nesta vida." Se chamarmos o Budismo de ateísmo, — isto será absolutamente correto e os seus seguidores não irão se opor a esta definição.

Tudo o que o Budismo encerra, — seus rituais, técnicas, sua filosofia e arte, tem por finalidade a destruição da ilusão de que o ser humano realmente existe. E isto se refere não somente ao homem, mas a tudo que existe no Cosmo, e que é considerado ser sem um conteúdo determinado, não passando de uma ilusão. Por isso, as teses do Budismo na maioria das vezes, são vazadas em termos negativos, sendo o Budismo a filosofia do pessimismo.

Dados históricos:

O Budismo foi fundado por Siddharta Gautama (563-483aC). A sua biografia é rica em lendas. Conta-se que era um príncipe hindu e cresceu em ambiente requintado, repleto de coisas agradáveis e belas. Porém, quando já na idade adulta conseguiu sair pela primeira vez do palácio e descobriu como viviam os outros, ficou impressionado com a pobreza extrema e com os sofrimentos. Logo renunciou à riqueza, deixou a esposa e os filhos e começou a vagar pelo mundo à procura da Verdade. Por ocasião de meditação profunda, um pensamento surgiu em sua mente — que a causa de todos os sofrimentos humanos reside na avidez de viver. Portanto, renunciando-se a qualquer desejo, os sofrimentos cessarão. Tendo compreendido isto , ele dedicou o resto de sua vida à elaboração e divulgação do seu ensinamento.

Pelo fato de ter sido iluminado ele ganhou o nome "Budda," que quer dizer "esclarecido’.

Buda pregava contra o sistema de "castas" na sua terra e afirmava a igualdade de todos os seres humanos perante Deus. Ele incentivava a caridade e a compaixão. Exortava todos a tornarem-se monges, pois só estes são capazes de levar uma vida cheia de privações que é necessária para a "iluminação." Qualquer atividade, ligada a coisas materiais, provoca nele o sofrimento. Buda não falava nada sobre a existência do futuro, pois considerava-o fora da realidade. A finalidade da vida para ele era o nirvana — estado de absoluta quietude, livre de qualquer pensamento, sentimento e desejo. Este estado ele considerava como a bem-aventurança.

No ano 236 a.C. um concilio composto por quinhentos monges budistas juntou e guardou por escrito as memórias sobre Buda, até então transmitidas verbalmente. Assim, formou-se a coletânea que leva o nome de "Tipitaka."

Devido à grande atividade missionária de Ashoka (274-236 a.C.), o budismo propagou-se rapidamente em Burma e no Ceilão. Com a morte de Ashoka, começou a fragmentar-se dando origem a outras seitas.

A doutrina

As questões sobre Deus, a origem do mundo e do ser humano e outros assuntos abstratos não atraíram Buda. O ponto de partida do seu ensinamento é a análise puramente prática do que provêem os sofrimentos e como livrar-se deles. Por base de seu ensinamento Buda tomou as quatro "verdades fundamentais" : 1) Os sofrimentos atingem todos os lados da vida — desde o nascimento até a morte. 2) A causa reside na avidez de viver e sentir prazeres. 3) Portanto, para se livrar dos sofrimentos, é preciso suprimir todos os desejos. 4) Isto pode ser alcançado seguindo o caminho dos oito preceitos; a visão correta do mundo, a resolução correta, a palavra correta, a atividade correta, a vida correta, a aspiração correta, a lembrança correta e o aprofundamento correto de si mesmo.

Satisfazendo estas oito condições estabelecidas por Buda, o homem pode escapar da lei do carma e evitar as encarnações infrutíferas. Livrando-se de todos os desejos, o homem finalmente imerge em um "bem-aventurado" estado do nirvana, apagando-se. Apesar da idéia básica do budismo ser extremamente simples, as regras para seguir o "caminho" são deveras complicadas e numerosas. Assim, o seu estudo leva a vida inteira, o que faz do Budismo o ensinamento mais complicado e paradoxal do mundo.

O autodomínio

O autodomínio é o tema central do Budismo. Todo acontecimento é interpretado como a conseqüência do desassossego, agitação ou perda da clareza da percepção transcendente do Absoluto. A inquietação é algo negativo e impróprio. A pessoa que conheceu a "verdade," afirma que a vida não deve existir, pois isso contradiz O Princípio Absoluto, entra no caminho da tranqüilidade e do descanso final no nirvana. O Budismo prega a não aceitação total do mundo. Seu ideal é a destruição da existência pessoal. Nisto ele é o oposto ao Cristianismo, que considera a personalidade o principal do ser humano.

Todos os esforços de um sábio budista não almejam a descoberta dos lados positivos da vida, nem o estabelecimento da Verdade, mas a demonstração da ilusão e engano que é a vida. Tudo nesta complicada semi-filosófica, semi-mística obra deixa transparecer a tendência de diminuir a intensidade da vida até a sua total aniquilação. A meta aqui não é o crescimento do espírito, como é o caso do Cristianismo, — mas sua extinção.

No Budismo a virtude é considerada como algo passageiro, pois nos estágios mais elevados do aperfeiçoamento ela torna-se um empecilho, já que todos os atos realizados nesta vida levam à nova transmigração. Os maus atos são ainda piores porque aumentam os sofrimentos na nova encarnação. O Budismo desconhece o pecado original, bem como todo o problema do Mal. Ele afirma que "o Mal deve existir ao lado do Bem, o prazer junto aos sofrimentos porque de outra maneira a ordem perde sua razão de ser. Sem o caos, como também o superior é impossível sem o inferior ou o prazer sem a contraposição do sofrimento. "Por maiores que sejam as privações e necessidades dos outros, ninguém deve sacrificar a sua própria salvação" consta no código moral budista.

Negando a idéia da existência do Criador e considerando o mundo como o Mal, a filosofia budista introduz este no próprio Absoluto, dentro do qual surge uma incompreensível "agitação," uma inquietação, que dão existência ao nosso mísero mundo que só merece a destruição. No lugar da prece, propõe-se a meditação, no lugar do relacionamento com Deus, — a iluminação mística.

Ramificações do Budismo.

Com o tempo o Budismo dividiu-se em dois ramos principais: o liberal (Mahayana — "a grande carruagem") e o conservador (Teravada — "o caminho do ancião e dos poucos"). Eles diferem tanto, que podem ser considerados como religiões diferentes.

O liberal Mahayama estendeu-se ao Norte: na China, Japão, Coréia, Tibete, Indonésia e Vietnã. Nele acentua-se o lado cultual do Budismo : o uso de incenso, os rituais mágicos e ocultos. As estátuas de Buda são veneradas como de um deus ao lado de uma multidão de divindades. A Mahayama do Tibete é a mais significativa pelo seu ocultismo entre todas as formas de Budismo. Nela já existe a classe regente dos "sacerdotes" — os lamas que estudam e interpretam o lado filosófico do Budismo. Incentiva-se a vida contemplativa, tranqüila e a paz de espírito. O homem é exortado a entrar em harmonia com a natureza.

A Teravada, que se destaca pelo conservantismo, estendeu-se ao Sul: Ceilão, Birmânia, Camboja e Tailândia. Ela se apoia nos escritos da Tipitaca, que exortavam a levar uma vida monástica, já que é preciso dedicar ao Budismo a vida toda. A principal virtude é a sabedoria. A escola da Teravada evita rituais e incentiva a meditação. Deus como pessoa real não existe para ela.

Além disso, existe o Zen Budismo ou Zen , que é uma versão japonesa do Budismo. Para o Zen a análise lógica — é um tabu. Ensinar algo a alguém é considerado impossível, assim como aprender alguma coisa com ela. Cada um deve livrar-se dos preconceitos e das opiniões alheias. Zen rejeita todos os ensinamentos e religiões: os milagres e fenômenos sobrenaturais ele considera como uma miragem, uma ilusão. Ele ensina que a realidade não possui um conteúdo objetivo, — existe apenas a percepção subjetiva. As "verdades" são compreendidas diretamente pela intuição, — quando une-se aquilo que é percebido com aquele que percebe.

As escrituras podem ser úteis no início como um estímulo para a meditação. O esclarecimento é bom, mas não é a finalidade, pois como o que acontece agora, Zen acredita na infabilidade da intuição humana. Toda autoridade é rejeitada. Para o desenvolvimento da pessoa o Zen exorta os seus seguidores a intensos exercícios de meditação durante várias horas por dia.

Ao meditar, o homem tem de livrar a sua mente do apego às coisas deste mundo e não pensar tanto em coisas más, como nas boas. O importante é concentrar-se em um só pensamento até esgotá-lo por completo. Tudo o que o homem pode conhecer vem do seu íntimo. O principal é chegar a sentir-se uma parte inseparável do Integro. Isto leva a um estado de uma iluminação espontânea , que seria a maior bem-aventurança. Na realidade o resultado comum da meditação receitada por Zen são as alucinações e a visão de demônios.

A doutrina do Zen é caótica. Ela não afirma nada e não nega nada, — somente indica "o caminho." Como o Hinduismo, o Zen ensina que Deus e o homem- são a mesma coisa. Portanto, não existe nenhum objeto de veneração, nem sagradas escrituras, celebrações e rituais. O Zen não reconhece nem virtudes, nem pecados, uma vez que os considera como fruto da percepção subjetiva. Ele é totalmente dirigido ao homem, — para que este se sinta bem, considerando tudo que passa em volta como algo sem importância. O ensinamento do Zen agrada àqueles que sentem repulsa a dogmas e às autoridades. Provavelmente, é isto que atrai os intelectuais contemporâneos, fartos da enxurrada de informação sem nenhum valor espiritual. O número de adeptos do Budismo chega a trezentos milhões, colocando-o no quarto lugar entre as religiões no mundo.

A filosofia do Zen Budismo deu origem ao movimento hippie , com seu "amor livre." Apesar das exigências quanto à moral no Zen serem assaz rigorosas, quando aplicadas aos novatos, — o mestre tem a liberdade de fazer tudo o que lhe aprouver. O Budismo contemporâneo destaca-se pela abundância do ocultismo, feitiçaria e relações com os espíritos.

O Budismo atrai pela inexistência de dogmas e porque aceita facilmente a convivência com outras religiões. O Budismo esotérico exorta seus seguidores a colocar-se acima do amor e do ódio, do Bem e do Mal. Para um budista o amor é tão perigoso quanto o ódio — isto porque ambos atrelam o homem à roda em movimento giratório próprio do Cosmo. O único estado digno para ele — é o do distanciamento e da indiferença. Nos graus superiores da iniciação, o budista é esclarecido de que o Bem e o Mal como categorias morais nem existem, pois referem-se à existência como tal coisa cujo desejo deva ser reprimido.

O Cristianismo, ao contrário, não considera o desejo como um mal. Pois o Próprio Deus dotou-nos de vontade de criar, aperfeiçoar-se, alegrar-se com a vida. O mal está no fato do pecado ter desestabilizado o equilíbrio original entre os desejos corpóreos e os da alma, e esta que deveria ser a dona do corpo, tornou-se sua escrava. Emaranharam-se as noções dos valores, antes corretas, — o que nos leva freqüentemente a aspirar algo de que na realidade nem precisamos ou o que pode até ser nocivo para nós, ao passo que desprezamos os bens realmente valiosos — como o relacionamento com Deus e nosso mundo íntimo. O alvo da fé Cristã , — é nos ajudar a colocar em ordem os nossos pensamentos e desejos e direcionar todos os esforços para obter a vida eterna.

 

Teosofia.

A teosofia representa uma mistura complicada de vários ensinamentos ocultos — tanto antigos como os mais modernos — o Gnosticismo, Neoplatonismo, Cabala, misticismo da Idade Média mesclado com Budismo, — tudo acrescentado de invencionices de sua fundadora — Yelena Blavátskaya.

Apesar da maioria das teses deste ensinamento fantástico e confuso serem tão velhas como o Hinduismo, Blavátskaya teve o "mérito" de ter conseguido despertar o interesse para as meio esquecidas idéias ocultas e apresentá-las de uma maneira atraente para as pessoas com inclinação para a mística e que anseiam conhecer os mistérios da vida. A Teosofia atrai com sentenças no estilo empolado: criar a fraternidade mundial, que uniria pessoas de todas as raças e dos mais diversos modos de ver o mundo, fomentar o estudo das religiões, correntes filosóficas e das últimas descobertas da ciência, penetrar nas misteriosas forças da natureza e dos fenômenos paranormais.

Mesmo usando às vezes uma linguagem cristã, a teosofia está totalmente dominada pela visão panteísta do mundo. Todas as suas afirmações sobre o desenvolvimento da espiritualidade do homem e sobre a união com o princípio divino, baseiam-se na metafísica, no ocultismo e na psicologia inventadas. A ética da teosofia nega o caráter absoluto dos princípios do Bem e do Mal, o livre arbítrio e, como o Hinduismo, subordina os seus seguidores à lei do carma. Ela não possui nenhuma prova de suas conclusões supostamente científicas, além das afirmações infundadas dos seus líderes do misticismo doentio, charlatanismo e truques que imitam milagres.

Mesmo as lojas teosóficas não tendo sido muito numerosas, as idéias da Teosofia tiveram grande influência no pensamento da alta sociedade da Rússia antes da revolução e hoje foram absorvidas por várias sociedades ocultas, incluindo o movimento "New Age."

Dados históricos

A fundadora da Teosofia, Yelena Petrovna Blavátskaya nasceu na Rússia no ano de 1831 numa família da pequena nobreza de origem alemã (Hahn). Desde a infância ela revelava capacidade para a mediunidade, o que a levou ao interesse pelo espiritismo. Seu casamento na idade de 17 anos com o velho general Nicolay Blavátsky durou apenas três meses. Depois do divórcio, ela viajou muito, conheceu a Índia e o Tibete. Mais tarde nos seus livros sobre Teosofia ela afirmava que durante essas viagens entrava em contato com seres superiores não dotados de corpos físicos, — os mahatmas , que revelaram à ela os mistérios da vida. No meio deles ela venerava especialmente um que chamava de Senhor (provavelmente "o príncipe deste mundo" / João, 12:31).

Em 1872 ela chegou a Novas Iorque onde dedicou-se ao espiritismo. Foi lá que em 1875 junto com o coronel Henry Olcott fundou sua sociedade teosófica que existe até hoje. Três anos mais tarde ela visitou novamente a Índia onde junto com Olcott estabeleceu o Centro Teosófico Mundial. Depois de ser publicamente acusada de charlatanismo foi obrigada a deixar a Índia e passou a viajar pela Europa, sempre divulgando suas idéias ocultas.

Finalmente ela fixou residência em Londres. Lá, em 1884 suas pretensões aos milagres e recados miraculosos escritos pelos "senhores" foram examinados pela sociedade "Physical Research" e julgados inconsistentes. A Sociedade a acusou publicamente de feitiçaria, do uso da hipnose e, principalmente, — de charlatanismo. O seu prestígio novamente sofreu um revés. Nem por isso Blavátskaya sossegou. Ela continuou a escrever muito e a difundir suas idéias. Uma leitura mais atenciosa das suas obras mostra muitas coisas emprestadas da literatura do ocultismo mais antigo, especialmente da Cabala. Entre as "obras" de Blavátskaya destacam-se "A doutrina Secreta" e "The Voice of Silence" . O conhecido escritor Vsévolod Solovyóv, que a conheceu de perto, a acusava de truques e falcatruas. ("A Sacerdotisa Contemporânea de Isis" — XXX Vs. Solovyóv).

Y. Blavátskaya era de estatura mediana, gorda, de olhos esbugalhados, e comportava-se como uma pessoa estouvada. Renegou a Fé Ortodoxa em que foi batizada e criou um ódio ardente ao Cristianismo, fazendo todos os esforços para substituir as idéias Cristãs pelas do ocultismo. Ela baseava a sua autoridade nos "milagres" com a materialização das coisas vindas do astral e nas revelações feitas pelos potentados imateriais através de bilhetes jogados para ela, nos quais revelavam-se os mistérios da vida. Na sua juventude ela editava a revista — "Lúcifer," cuja finalidade era a reabilitação do espírito caído. Pronunciava expressões ordinárias e palavrões com a maior naturalidade. Ela provocava desordens, fumava sem parar e abusava dos narcóticos (haxixe). Sob o ponto de vista psicológico apresentava um complicado caso de personalidade partida. Lendo sua biografia, não há como não lembrarmos as palavras de Cristo : "Vós os conhecereis pois pelos seus frutos" (Mat. 7:20).

Valendo-se de jogo de palavras, N. V. Gôgolh, talvez a chamaria de "de pessoa histórica," pois aonde quer que seja, o seu aparecimento levava inevitavelmente a uma complicação, uma "história" desagradável. Esta adivinha faleceu no ano de 1891 em Londres.

Após sua morte, o coronel Olcott continuo na direção da Sociedade Teosófica, apesar desta ter entrado em declínio. Quando Olcott faleceu, uma fiel discípula de Blavtskaya – Anie Besant (1847-1933), veio a presidir a Sociedade Teosófica e ajudou na exposição e consolidação das idéias de Blavatsky. Ela também chefiou o Departamento Esotérico desta sociedade, cuja atividade principal era feitiçaria e espiritismo.

Embora não muito numerosas, as lojas teosóficas existem até hoje em várias cidades de Europa e da América. As idéias ocultas de Madame Blavatsky contribuíram para o afastamento da Igreja da intelligentsia russa antes da revolução comunista no país. Hoje, muitas idéias da Teosofia foram assimiladas pelo movimento da "Nova Era". Os liberais da Igreja Católica também foram contaminados por muitas de suas idéias.

Doutrina.

É muito difícil analisar e refutar todas as teses teosóficas, devido a grande confusão que impera em todas elas. Basicamente, a Teosofia é um emaranhado de teorias fantasiosas e infundas, cuja originalidade e ousadia é peculiar somente as fantasias dos "profetas" das ciências ocultas.

Semelhante a neoplatônicos e gnósticos do primeiro século do Cristianismo, a Teosofia ensina que os livros sagrados de todas as religiões possuem um único ensinamento secreto, que ultrapassa todos eles. Seria necessário descobrir qual era este ensinamento secreto para ligar todas as religiões. É claro que esta afirmação é infundada. A Bíblia de Cristo não contém nenhum doutrina secreta. Pelo contrário, tudo nela é exposto com clareza, de modo que até as pessoas simples podem compreender e levar a vida corretamente, de acordo com a palavra de Deus.

Como o Hinduísmo, a Teosofia ensina que existe um princípio onipresente, ilimitado e imutável (o Absoluto, ou a "alma do mundo") inacessível para a compreensão da mente humana. O mundo seria eterno, e passa periodicamente por processos de aparecimento, desenvolvimento e morte, para ressurgir de uma maneira diferente. As almas de todos os seres humanos não passam de partículas do cosmo. O mundo teria um grande número de deuses, espíritos (devas) que encontram-se numa complicada hierarqia determinada pelas relações numéricas da Cabala.

O Deus da Teosofia é como o do Hinduísmo, definido como um caráter abstrato. Ele é impessoal e completamente passivo em relação ao destino dos homens. Seguindo os antigos gnósticos, a Teosofia atribuiu a ele um princípio feminino, que tem o nome de Sofia (Sabedoria). Completando os ensinamentos do Hinduísmo, a Teosofia fala do dia e da noite do Brahman. Na sua entrada (o dia) surge as partículas minúsculas do Brahman, que são como o "Eu" dos seres humanos, e que vestem-se de diferentes corpos: físicos, mentais, astrais e outros. E isto seria a vida. Na saída do Brhaman (a noite) tudo acaba, e os "Eus" humanos se dissolvem novamente. Assim, repete-se sem fim o surgimento e a destruição dos mundos, como um círculo fechado. Desta infinita realidade, emanam as divindades, de diversos espíritos e almas humanas (éons dos gnósticos). O mundo e os seres humanos passariam por sete graus de evolução. Não precisamos dizer o quanto estas teorias são tolas.

A Teosofia não ataca abertamente o Cristianismo, porém considera-o uma forma inferior de religiosidade. Como no caso dos maçons, o Cristianismo é tolerado nos graus inferiores da iniciação, ao passo que nos mais altos exige-se a adesão " à verdadeira" religião, na sociedade teosófica somente aqueles que se acham no nível baixo do conhecimento é permitido freqüentar a igreja e manter costumes cristãos. "A verdade está acima da religião" — asseverava com ênfase Blavátskaya. Ela considerava as religiões como caminhos que levam ao mesmo ponto. Ela incentivava o estudo de todas elas, e o contato para enriquecer-se com suas experiências.

A doutrina teosófica passa longe da razão, substituindo-a pela especulação mística e outras idéias da filosofia religiosa. Ela quer convencer de que uma vez conhecidos os meios da Teosofia, a pessoa torna-se capaz de penetrar nos mistérios dos sacerdotes egípcios e segredos da astrologia da Caldéia, apoderando-se da sabedoria de todos os tempos. Ela promete forças sobrenaturais, clarividência, comunicações telepáticas e a capacidade de influenciar os outros subordinando-os à sua vontade.

Assim, a Teosofia de Blavátskaya representa uma mistura confusa de ensinamentos ocultos baseados na visão panteísta do mundo. Negando a Suprema Autoridade e Onipotente Volição, ela torna qualquer afirmação uma coisa relativa, uma virtude — apenas questão de gosto.

 

Yoga.

Junto com a propagação de idéias ocultas hindus, ganhou cada vez mais popularidade no Ocidente uma antiga invenção do Hinduismo — a Yoga. Surpreende o fato de que um número considerável de médicos defendam a yoga como um método "inofensivo e eficaz" para alcançar a saúde física e psíquica.

No sentido amplo da palavra o Hinduismo considera a yoga como uma atividade que traz a união com a "alma do mundo." A este fim levam diversos caminhos — alguns mais rápidos e fáceis, outros mais lentos e trabalhosos. Assim, por exemplo, temos a Bhakti Yoga — adoração da divindade, o que é o mais popular na Índia. Ela inclui a repetição contínua do nome oculto, o mantra. Existe o Karma Yoga — que atrai pessoas inclinadas para a atividade prática. O Jnana Yoga (o caminho do conhecimento) impele a procurar a orientação do guru e dedicar-se aos estudos das sagradas escrituras hindus. Enfim, o Raja Yoga (o caminho da contemplação) inclui as diversas técnicas de meditação que deixa aprender a disciplinar o corpo e a alma para alcançar samadhi — a união com o Absoluto. Na linguagem comum, a Yoga entende-se como exercícios especiais que compreendem posturas determinadas, ajustes da respiração e a meditação. Há método para desenvolver a clarividência, "abrindo o terceiro olho." A clarividência supostamente cria possibilidades de ver aquilo o que acontece à distância e também , — os acontecimentos do passado e do futuro. Num determinado momento dos seus exercícios o discípulo enxerga uma face radiante de um "mestre" que doravante será seu mentor.

Na medida dos avanços dos exercícios da Yoga, o homem chega a vários degraus da revelação dos seus sentidos. Por exemplo, — seguindo a receita da agni-yoga ("Yoga ígnea" de E. Rerich) ele pode alcançar a "visão das estrelas do espírito" — os pontos cintilantes de várias cores. Este estado pode ser atingido também através da leitura de livros ocultos. Depois vem a vez da "contemplação de fogos dos centros purificadores," os chacras, que supostamente são os responsáveis pela recepção do mundo invisível e possibilitam a sua influência sobre o homem. Na próxima fase o devoto começa a ouvir a "voz do seu mestre invisível" que desvenda os mistérios ocultos para ele. (E. Blavátskaya e E. Rerich escreveram muitos volumes ditados por estas vozes). No mais alto degrau ocorre a revelação da "chama externa" que une a consciência pessoal com a cósmica. Esta fase corresponde à total "abertura" dos sentidos habilitando para a união com o mundo dos espíritos. O Hinduismo considera isso como uma iluminação mística.

O Mantra-Yoga (o método dos krishnaitas, do Budismo tibetano e da meditação transcendental) tem por finalidade uma visão e relacionamento diretos com a "divindade" do mantra e com isso — a bem aventurança, a felicidade e a aquisição dos dons sobrenaturais.

Todo tipo de yoga é perigoso porque, por assim dizer, — abre antes do tempo à força o botão ainda verde, não maduro da sua essência espiritual. Estes exercícios mutilam na pessoa aquele centro da vida espiritual, cujo desenvolvimento Deus destinou somente em outra vida, quando ele estará livre da malignidade do pecado. Ao observar os resultados nefastos dos exercícios da Yoga, várias autoridades no assunto advertiram contra eles.

Assim, Gopi Krishna fez esta observação: "Todos os sistemas da Yoga tem por finalidade produzir alterações psico-físicas no homem, necessárias para a transfiguração da sua consciência." Estas alterações são conseguidas por determinadas posturas do corpo e através das técnicas de respiração, — o que leva ao surgimento da energia oculta do homem e forças psíquicas que causam mudanças dramáticas na sua consciência — de tal potência, que a maioria fica com a psique alterada para sempre.

Apesar de nos nossos dias, muitos recorrerem à yoga apenas para exercitar-se e movimentar-se eles não estão a par de onde ela poderá levá-los. São conhecidos casos quando os mais inocentes exercícios da yoga tiveram como resultado a demência e o endemoninhamento. Mas, o mais funesto, é que estas alterações psíquicas que a yoga causa (até os acessos de loucura) são tidos por alguns como uma experiência positiva, que é capaz de levar à iluminação mística.

Não é de se estranhar o fato de que a prática da yoga possa destruir o intelecto e o corpo, — já que a sua verdadeira meta é a aniquilação da personalidade (esta "falsa ilusão") para chegar a sentir o "verdadeiro Eu" do impessoal Brahman. Moti Lal Pandit afirma "o objetivo da yoga — é livrar o homem do seu estado comum." Para realizar isto diversos meios devem ser usados: psicológicos, físicos, mentais e místicos. Todos estes meios são anormais e anti-sociais, pois a yoga prescreve o modo de vida que corresponde à sentença: "A minha existência mortal não merece vida."

Já que a idéia da Yoga baseia-se no oculto, não é de se admirar que a dedicação a ela leva a irreparáveis deslocamentos das funções psíquicas e às doenças. Isto acontece justamente devido à sua natureza oculta e não porque a yoga foi praticada incorretamente. Muitos, (até médicos) cometem um erro pensando que a Yoga é inofensiva. Os fatos provam que grande número de doenças mentais, e até casos de morte foram provocados pela Yoga. Swami Prabhananda, por exemplo, escreve: "Deixem-me prevenir vos de que todos estes exercícios respiratórios podem tornar-se muito perigosos. Isto é especialmente válido para os casos em que não são executados corretamente. Aqui existe uma grande probabilidade de lesar a mente. Os que praticam tais técnicas respiratórias sem a devida supervisão podem adoecer de uma maneira que nem a ciência, nem os médicos podem curá-los. Mais do que isso, — eles não serão capazes de estabelecer o diagnóstico correto."

Comentando "Pantanjali Yoga" Sutras Shree Purohit Swami adverte: "Na Índia e Europa eu encontrei cerca de 300 pessoas que sofreram por causa da técnica falha. Os médicos ao examiná-los não constataram nenhum distúrbio no organismo, e assim não puderam receitar nada." Outra autoridade em Yoga, Hans Ulrich Rieker, autor da "The Yoga and Spiritual Life" vem com esta admoestração; "A Yoga não é uma simples diversão, levando em conta que o seu exercício pode levar à morte ou insanidade, particularmente na kundalini Yoga, se a respiração (prana) for retirada antes do tempo. Aí surge o perigo iminente de morte para o yogo.

O já citado conhecedor da Yoga Gopi Krishna adverte sobre os perigos dos exercícios porque estes podem provocar uma forte reação do sistema nervoso central e levar à morte.

O clássico compêndio do Hatha Yoga, "The Hatha Yoga Pradipica" no seu segundo capítulo adverte: "Da mesma forma como se deve acautelar-se dos leões, elefantes e tigres, é mister ter sob controle o prana (esta "divina" energia da respiração), senão ela pode matar o praticante. Swami Pranbhavananda ("Yoga and Mysticism" inclui no rol das possíveis conseqüências da prática errada da Yoga, as doenças do cérebro, moléstias incuráveis e insônia. Podemos acrescentar também o estado de espírito sombrio, o transe e a loucura, — tudo isso devido a um "pequeno erro." Deduz-se então que, se os mestres da Yoga fossem mais francos em relação aos recifes que ela encobre, muitos escapariam da catástrofe.

Meditação Transcedental.

Na segunda metade do século XX, nos Estados Unidos começou a propagar-se um ensinamento oriental — a "meditação transcendental," conhecido pela sigla "TM." Ele foi oferecido como autoterapia simples, ao alcance de todos e que levaria ao afrouxamento da tensão interna, favorecendo também a concentração da atenção. No início, os resultados pareciam tão promissores, que a TM começou a ser empregada nas forças armadas, escolas, prisões, hospitais a até em algumas comunidades cristãs.

Na realidade, a TM não passa de uma forma simplificada do mantra-yoga. A técnica da TM resume-se na pessoa ficar sentada no chão, numa determinada pose, fechar os olhos, procurar respirar lentamente, num ritmo constante, concentrando-se mentalmente na palavra do mantra que repete meio cantado. Recomenda-se fazer este exercício duas vezes ao dia, — cerca de vinte minutos cada vez. De imediato, pretende-se ajudar o homem a livrar-se da sobrecarga no interior, acalmar-se e ganhar forças internas, — coisas que indiscutivelmente todos precisam, já que estão vivendo nas condições aceleradas do tempo atual. Mas, os pregadores da TM são cautelosos com o lado religioso e filosófico desta, e até escondem dos novatos o fato que os exercícios ligam o homem às idéias panteístas hindus e ao ocultismo. O "apóstolo" deste ensinamento, o hindu Maharishi Yogi, para tornar a sua propaganda nos EUA mais eficiente, limpou bastante a TM dos termos hindus, substituindo-os parcialmente pelos usados na psicologia e outras ciências atuais. O sentido, porém, permanece o mesmo.

 

O Movimento da “Nova Era.”

Tradução de Rafael Resende Daher.

O movimento da "Nova Era" está bastante popular. Alguns o enxergam como uma nova religião, outros acham que é apenas uma nova compreensão para a vida. Em primeiro lugar, quem pensa que há algo de novo neste movimento está errado. Na esfera religiosa e filosófica da "Nova Era" não há nada De novo, há uma mistura de vários ensinamentos ocultos que ficaram perdidos por muito tempo. A novidade da "Nova Era" é sua maneira de comercializar seus materiais ocultos para atrair trapaceiros de diversos interesses e gostos. Neste ponto, a "Nova Era" é um espécie de loja espiritual, um shopping center, onde qualquer um pode achar algo interessante ou útil.

História.

O movimento da "Nova Era" começou a se desenvolver rapidamente nos E.U.A durante os anos 70, como uma alternativa fascinante ao lado do "humanismo" secular.

A "Nova Era" nunca foi um movimento organizado. Mas possui uma rede crescente de grupos independentes, que compartilham diversos interesses ocultos. O sucesso do movimento da "Nova Era" ocorre devido a sua habilidade para adotar e assimilar as mais variadas doutrinas, prometendo melhorar o bem-estar do indivíduo e da sociedade. O movimento da "Nova Era" não rejeita nada, absorve qualquer coisa de interesse místico ou práticas similares.

Por isso o movimento da "Nova Era" só apareceu recentemente, mostrando suas influências nas diversas esferas da vida privada e familiar da sociedade, atingindo milhões de pessoas nos E.U.A, na Rússia e em diversas partes da Europa e do mundo. O movimento da "Nova Era" engana quando afirma não ser contra o Cristianismo, tentando apenas "completá-lo" com "novas" idéias. Quando um grupo de religiosos da Universidade de Princeton fez uma pesquisa entre os Cristãos dos E.U.A no começo de1992, perguntando "qual a influência da ‘Nova Era’ em suas crenças," quase 1/3 dos entrevistados responderam que não vinham conflito entre o Cristianismo e os ensinamentos da "Nova Era." A resposta dos católicos foi mais surpreendente: 60% achavam que o Catolicismo e a "Nova Era" estavam em perfeita harmonia. Eles poderiam responder que sabem menos sobre os ensinamentos da fé católica do que sobre os ideais ensinados pelo movimento da "Nova Era." Isto não é tão surpreendente, considerando que livrarias católicas estão cheias de livros ocultos como Joshua, No Other Name, Turning Point, Nizam Ad-Din Awliya, The Web of the Universe, The Unity of Reality, Beyond Patching ... Até membros do clero, como monges e freiras começam a se interessar pelos ensinamentos da "Nova Era."

Um livro popular chamado A Course in Miracles é estudado por jovens cristãos como um guia para entender facilmente os ensinamentos de Jesus Cristo e como aplicá-los facilmente na vida moderna. Este livro de 1200 páginas parece a Bíblia em sua aparência externa e sua divisão de capítulos. Algumas paróquias católicas oferecem diversos cursos sobre este livro. Estudantes americanos estão sendo influenciados pelos ensinamentos da "Nova Era" sobre a concentração nos estudos e fortalecimento de energia, sobre como atingir maior sucesso na vida, como descobrir habilidades e significados para a vida.

Ensinamentos.

A filosofia da "Nova Era" traz diversas confusões e idéias inconexas juntas. Nascimento e morte, médiuns e curandeiros, paranormalidade e metafísica, realidade e ilusão, Bíblia e lendas, vidas passadas e futuras reencarnações — tudo isso vem junto com a "Nova Era." Neste movimento você pode achar um panteísmo ordinário, karma, transmigração de almas, e diversos fatores do misticismo oculto, refeito para atrair a atenção do consumidor contemporâneo.

Idéias de holística contemporânea e métodos para cura não-tradicionais ocupam um lugar especial na "Nova Era." O medicamento científico é considerado ineficaz. A idéia fundamental é de que a pessoa deve ser curada, e não apenas o órgão. Então, é prescrito diversos métodos holísticos de tratamento, como acupuntura, cristais, bio-regressão, massagem (com tensão especial para reorientar o campo de energia da pessoa), uma dieta hindu ou vegetariana, ervas medicinais e diversos métodos para melhoria física e espiritual. Não se pode negar que alguns deste métodos foram benéficos por algum tempo, embora o uso de cristais para concentrar energia cósmica é seguramente uma charlatanice. Infelizmente, todos os métodos de cura não-tradicionais foram estragados pela contaminação ocultista da "Nova Era." A "Nova Era" oferece diversos exercícios para desenvolver a auto-confiança e descoberta do potencial interno, buscando liberação de bio-energia, e levar ao mesmo tempo o leitor para predições astrológicas e de adivinhação com cartas.

Para estes místicos, a "Nova Era" oferece diversas práticas ocultas, como meditação hindu, exercícios psicológicos, espiritualismo, adivinhação, Ioga e projeção astral. A ideologia da "Nova Era" aceita qualquer prática e convicção religiosa, não importando o quanto estranho e fantástico esta possa ser. O movimento da "Nova Era" emprestou da filosofia Oriental a crença na existência de diversas energias invisíveis, dentro e fora do organismo humano. Isto é chamado de chi pelo chinês, de ki pelo japonês e de prana no Ioga. A holística se espalhou pelo mundo, com sessões em que seus participantes imergem em uma transe, entrando em contato íntimo com a natureza. Também é muito popular a crença em UFOs, na vida das plantas e nos significados místicos dos números (oriundo da Cabala). A "Nova Era" assimilou idéias da parapsicologia, ufologia, antroposofia, Rosacruz, astrologia e psicanálise. O movimento convida as pessoas para entrar em estados alterados da consciência. Sua meta em desenvolvimento é apagar o limite entre o mundo material e espiritual e sentir o "cosmo."

A idéia sobre esta "iluminação" tem um grande papel no movimento da "Nova Era! Ao atingir esta iluminação, a pessoa deve muda seus valores e sofre uma mudança psicológica. A velha visão sobre o mundo deve ser substituída por uma nova visão, algo como a "Era de Aquário." Este estado é atingido por uma experiência mística na qual o discípulo da "Nova Era" se ente como um espírito cósmico, ele e o mundo viram um.

Uma famosa discípula da "Nova Era" na América, a atriz Shirley MacLaine, descrevendo sua experiência mística enquanto tomava um banho quente: "Eu sentia que de repente meu corpo estava planando no espaço... Lentamente, me transformei em água... Poderia sentir minha unidade interna respirar com uma energia que me subjugou. Na verdade, me tornei o ar, o céu, as paredes, as bolhas de sabão, as velas e o mármore molhado e até mesmo o som do rio." Este senso de unidade com a natureza de sua própria "divindade" ocorre no êxtase, e parece que possui uma "energia divina" inesgotável.

A iluminação da "Nova Era" deve ser buscada por um caminho que consiste em quatro fases: 1) "entrada," onde é eliminada toda idéia comum sobre o mundo; 2) "exploração" quando começa a tentativa para atingir um novo nível de consciência com a ajuda de técnicas psíquicas; 3) "integração," quando a percepção racionalista da interconexão do fenômeno é debilitada pelo método intuitivo; e 4) "o feitiço" a fase na qual a identidade descoberta difere da própria pessoa, em diversas fontes de energia para "trazer o bem para a humanidade." Meditação, Ioga, seções espíritas, hipnose, talismãs mágicos e cristais, feitiçaria, e até mesmo narcóticos de todos os tipos são utilizados como ajuda para esta iluminação mística. Em um estado de total esclarecimento místico a pessoa parece virar o mestre absoluto do corpo e da alma, em contato com a "energia" divina da pessoa, que se torna um "deus-homem."

A idéia de uma religião universal é parte integrante do movimento da "Nova Era." Como é típico do sistema oculto hindu, o movimento da "Nova Era" adere o princípio que todas as religiões são iguais em sua essência, ensinam a mesma coisa, só que de maneiras diferentes. A pessoa tem que se livrar que qualquer preconceito particular. O movimento da "Nova Era" não possui seu próprio sistema doutrinal, mas abraça várias idéias ocultas das religiões Orientais. Em todos os lugares, criam filiais, com diversas células que se espalham pelo mundo inteiro. Apesar de seu pluralismo, exibe um preconceito anti-cristão, embora não rejeite Cristo ou o Evangelho abertamente. Os "apóstolos" da "Nova Era" ensinam que o Cristianismo está antiquado e não responde as necessidades espirituais do homem contemporâneo. Para estas pessoas, Cristo é simplesmente uma das muitas encarnações de Vishnu. O homem não precisa de Cristo, ele tem a divindade dentro dele, e pode aperfeiçoar a consciência e tornar pessoa do cósmico Absoluto.

Entre os muitos tipos de atividades sobre qual o movimento da "Nova Era" se ocupa, há as que interessam ao mundo inteiro, como melhorias ecológicas, resolução dos problemas sociais, busca por unificação política das nações e estabelecer uma unidade completa de todo o gênero humano.

O movimento da "Nova Era" tenta dirigir as atividades dos indivíduos para difundir suas idéias e implantar nas esferas do negócio, da arte, filosofia e cultura. Seminários de treinamento são utilizados para isso. A transformação pessoal do homem busca uma renovação do planeta inteiro, desde que tudo é um. O movimento da "Nova Era" também busca uma mudança política para resolver os problemas comuns da terra. Considerando que somos cidadãos do mundo, precisamos de um mundo unificado, e também de uma espiritualidade universal. Antes do fim deste século, todos líderes religiosos devem trabalhar de uma maneira conjunta para fazer leis universais que seriam as mesmas para todas as religiões. "Considerando que nós todos, cidadãos do mundo, precisamos de um mundo unificado, e precisamos de uma espiritualidade universal. Eles deveriam se comunicar com líderes políticos, de forma que eles saibam o que Deus, os deuses e o cosmo esperam da raça humana... Um único sistema político mundial é exigido para provocar a harmonia global. Nosso planeta está em um estado de grande confusão. Devemos começar a agir."

Os líderes do movimento da "Nova Era" trabalham em bancos internacionais e cooperam com empresas financeiras cuja meta principal é estabelecer um sistema de governo único no mundo. Afirmam que tal sistema unirá todos os grupos políticos, econômicos e religiosos para terminar as guerras, evitar catástrofes ecológicas, resolver as crises financeiras momentâneas e parar com a instabilidade política. O movimento da "Nova Era" proclama a vinda da gloriosa "Era de Aquário" que é um reino de Deus sem Deus e sem Cristo. Esta próxima era é concebida como sendo uma nova fase do desenvolvimento da sociedade, na qual o ser humano adquirirá uma nova consciência planetária. Para maiores detalhes veja os livros escritos pelo Secretário Geral das Nações Unidas: New Genesis: The Shaping of a Global Spirituality, by Robert Muller (New York: Doubleday 1984); also The Global Brain: Speculation on the Evolutionary Leap to Planetary Consciousness, by Peter Russel (Los Angeles: J. P. Tarcher 1983.).

O movimento da "Nova Era" é particularmente perigoso porque soma uma busca em arruinar o mundo com uma mistura de idéias ocultas que são empacotadas com receitas práticas para alavancar a saúde da pessoa e o sucesso na vida. Se uma super-religião, unindo pessoas de todas as raças e culturas emergir, será algo parecido com o movimento da "Nova Era."

 

Outros Movimentos Ocultos em Voga.

Cabala.

Cabala significa "tradição oral," é um sistema teosófico judeu que começou no início da Era Cristã, mas foi aumentando gradualmente, juntando idéias pitagóricas, gnósticas e neo-platônicas. A Cabala parece ser uma reação contra o ritualismo e formalismo do Judaísmo.

A principal meta da Cabala é descobrir um ensinamento oculto que estaria supostamente escondido na Tora (os primeiros cinco livros da Bíblia, escritos pelo Profeta Moisés), e também idéias místicas que foram transmitidas oralmente. Com a finalidade de descobrir os ensinamentos escondidos na Tora, os Cabalistas trabalham com um complexo método de computação e numerologia, combinando-as com os textos das cartas bíblicas.

A doutrina Cabalística está em diversos livros de diferentes épocas. Os principais são Sefer Yezirah (Livro da Criação), que foi provavelmente escrito no sexto ou sétimo século, e o Zohar, escrito por Moses Leon por volta de 1300. O Sefer Yezirah está relecionado com o estudo da natureza da Deidade, o “infinito" que se revela por meio das emanações e nos processos de criação do mundo. Este processo corresponde aos dez números (sefirot) e as vinte e duas letras do alfabeto hebraico, que compõem os trinta e dois caminhos místicos para a "sabedoria." Os sefirots revelam as "criaturas" visíveis e aos anjos descritos pelo profeta Ezequiel (Ezequiel 10). As letras do alfabeto correspondem os três mundos paralelos do homem, as esferas planetárias e os meses do ano. Os detalhes deste sistema oculto, que traz revelações místicas e sobrenaturais com números e letras, é profundamente confusa e contraditória. A base da religiosidade Cabalística é a doutrina oculta que traz uma idéia panteísta de Deus.

Na prática, a Cabala trabalha com métodos de "magia branca," predizendo o futuro, evocando espíritos, exorcismos, quiromancia (adivinhação utilizando as linhas da mão) e amuletos que trazem iluminações místicas. Antigos mestres da alquimia e astrologia na antiguidade eram considerados cabalísticos. A Cabala designa grande importância para os significados místicos dos números e das letras, e crê no poder mágico dos nomes Bíblicos de Deus.

O século XVI foi um período que teve um grande interesse pela Cabala. A Cabala teve grande influência em vários sistemas ocultos ocidentais, inclusive na Maçonaria, Teosofia e Antroposofia. Entre os pensadores que estudaram a Cabala estão: Pico della Mirandola, Reichlin e Paracelso . Também serviu como base para a fundação de movimentos messiânicos de Shabbatai Zevi e Jacob Frank e mais tarde para Hasidism.

Gnose.

As Seitas gnósticas, (do grego gnosis — conhecimento) surgiram no começo do Cristianismo. No tercerio século formaram um grande obstáculo contra a Igreja. O ensinamento destas seitas busca "elevar" o Cristianismo e acrescentar diversos fundamentos da cultura pag㠗 antigas crenças ocultas orientais e filosofia grega. Esta tentativa distorceu o Cristianismo de diversos modos inimagináveis.

Os mestres da Gnose são classificados como orientais, sírios, ocidentais ou Alexandrinos. O primeiro grupo teve Ophites, Saturnilus, Basilides, Cerdo e Marcião. O segundo teve - Carpocrates e Valentinus. A escola oriental da Gnose teve influência do dualismo Persa, que ensinava dois princípios: o Deus bom, Criador do mundo espiritual, e o Deus mau, criador do mundo físico.

A Gnose ocidental teve muita influência do platonismo e dos neo-pitagóricos, com seus diversos graus das emanações da Deidade. Os gnósticos acreditam que acima de tudo há um Ser Supremo, que possui vários nomes que denotam seu poder absoluto: o mais Alto, o Todo-Poderoso, o Incomparável, o Infinito, o Auto-Suficiente. Mas quando viram que o mundo é desordenado e caótico, e tiveram que explicar suas origens, e parecia impossível que este mundo fosse criação do Deus todo Poderoso, pois então, toda a fonte do mal emanaria dele.

Ao invés disso, os gnósticos acreditam que o mal deste mundo é uma emanação do Absoluto, que seria como um fantasma. Porém, é óbvio que esta partícula da divindade tenha construído o mundo. Portanto, todas as seitas gnósticas acreditam que o mundo é feito de partículas da luz mergulhadas na escuridão da matéria.

Para resolver estes problemas, os gnósticos inventaram um sistema complexo de eons, seres que emanam ou fluem do Absoluto, como uma cachoeira. Em algumas crenças gnósticas, o número de intermediários entre o Grande Desconhecido e o mundo material é trinta e dois, um número mágico, derivado da Cabala.

O eon mais distante do Absoluto, e mais fraco, colocou tudo na escuridão da matéria. O primeiro eon emanado do Absoluto é chamado de Demiurgo. Seria Demiorgo o criador do mundo, composto de elementos espirituais aprisionados na matéria. A matéria é considerada o mais baixo eon, e má. Todos que buscam uma vida espiritual ficam presos na matéria, pois foram presos no mundo pela matéria, considerada má. O desejo do gnóstico é voltar a se unir com o Absoluto. Tal união é atingida pelo conhecimento dos mistérios da existência — gnosis.

Considerando que os Gnósticos acreditam que a matéria é má, eles não aceitam a Encarnação do Messias. Para eles, é impossível um ser espiritual como Cristo entrar em contato com a matéria. Conseqüentemente, apareceu a heresia docetisma (de dokeo — aparecer), pregando que Cristo parecia um homem, mas era na realidade um espírito.

No fim do século III, as seitas gnósticas começaram a desaparecer, mas suas idéias influenciaram muitos movimentos ocultos, como a Maçonaria, Teosofia, Antroposofia e também as escolas filosóficas de Jacob Boehme, Schopenhauer, Swedenborg, Paracelso, Schelling e outros.

A gnose apresenta diversos seres intermediários entre os eons e Deus, o Absoluto. Em algumas seitas, o demiurgo é um intermediário, em outras é o Logos ou Sofia, a alma do mundo, ou o "princípio" feminino, ou até qualquer outra coisa parecida. Todas estas doutrinas são contraditórias e confusas, eles possuem em comum apenas a idéia da emanação da Deidade — em outras palavras, mais uma variação do antigo panteísmo ocultista.

Notamos que, lamentavelmente, a tentação de criar uma ponte entre o Criador todo-perfeito e a criação afetou também a teologia russa, devido aos escritos filosóficos de Vladimir Soloviev. Vários escritores russos, inclusive o Arcebispo Paul Florensky, Arcebispo Sergius Bulgakov, Prof. Nicholas Berdiav e alguns teólogos de Paris, apanharam idéias gnósticas, e escreveram diversos livros sobre Sofia, a alma do mundo, e o "aspecto feminino de Deus."

Em um apêndice, mostraremos um pouco mais dos outros movimentos ocultos, como a Antroposofia, Rosacruz, Hare Krishna, Eckankar e a Ioga de Agni Rerikh, etc... Devemos lembrar, que apesar das diferenças externas, todos estes ensinamentos são baseados na idéia panteísta de um Deus impessoal.

Conclusão.

Percebemos que cada vez mais os ensinamentos hindus e ocultos florescem, entrando até nos meios cristãos mais tradicionais da sociedade. O autor do livro Revelação registra uma visão sobre os últimos tempos:

"Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios... Abriu, pois, a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os habitantes do céu. Foi-lhe dado, também, fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação, e hão de adorá-la todos os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos desde a origem do mundo no livro da vida do Cordeiro imolado" (Revelação 13:1 6-8)

Não faz parte do nosso trabalho lidar com os aspectos políticos destes assuntos, ou os meios que serão utilizados em um governo mundial, mas devemos estudar o lado espiritual deste assunto. Em primeiro lugar, notamos que o dragão tem muitas cabeças. Se a cabeça é utilizada para significar um símbolo de sabedoria e conhecimento, uma multidão de cabeças correrá até a base ideológica que formará esta Babilônia futura.

Nem o Cristianismo, nem qualquer outra religião conseguirá satisfazer os desejos e o gosto de todas as nações. Algo como o movimento da "Nova Era," com seu método de marketing e sua habilidade para assimilar tudo aquilo que é "melhor" de diferentes religiões, levando a humanidade para uma "panela" com uma religião universal. Enquanto não descobrirmos todas as particularidades desta religião futura, podemos afirmar por enquanto, que ela terá este conceito de Deus impessoal, presente em todas as seitas hindus e ocultas. Este conceito é a coluna vertebral que une as cabeças, o corpo e o rabo monstro infernal.

A referência que o livro da Revelação faz para a "adoração da besta," não significa a aceitação de um sistema político específico, mas sim a aceitação de uma ideologia anti-cristã. Não que o Deus pessoal seja rejeitado formalmente, e mais provável que Ele seja ignorado, como se não existisse. E provavelmente, Cristo será visto apenas como um dos muitos mestres do homem.

Um famoso conto da mitologia grega nos conta a história da vitória de Hercules, sobre um dragão de nove cabeças. Nesta heróica batalha, Hercules só derrota o dragão quando corta todas suas cabeças. Claro que isso é apenas uma história, as cabeças do dragão da Revelação não é tão fácil de cortar. Em uma análise espiritual, o dragão representa os ensinamentos hindus e ocultos que arruínam milhares de almas, com suas idéias pseudo-religiosas. O Apocalipse descreve o monstro de várias cabeças como feroz e sanguinário, tendo em vista seus efeitos espirituais. Por fora, este monstro parece bastante inofensivo, até mesmo amigável e sorridente, enganando as pessoas sobre seu verdadeiro aspecto. Caso contrário, como seria possível um monstro do inferno obter tanto sucesso destruindo almas humanas?

Não é necessário que um cristão lute contra cada uma das cabeças desta besta — refutando toda idéia hindu e Teosófica. Para derrotar o monstro, é necessário vigiar seu próprio coração, este "coração" é o ponto cardeal do ataque das doutrinas ocultas — a rejeição de um Deus pessoal. Um cristão só pode ter em seu coração a crença de que há um Deus pessoal, Que criou o mundo, Que nos ama, Que deseja nossa salvação como um Pai solícito e que espera a nossa fidelidade, fazendo isso, todas as doutrinas ocultas desapareceram como fumaça.

A batalha não é um combate visível e mundial, mas sim individual, onde cada cristão deve superar a decepção deste falso misticismo oculto. Como está escrito, quem supera a besta é merecedor da vida eterna. Felizmente, não estamos a sós neste combate. Em nosso lado temos Nosso Deus Jesus Cristo, que prometeu que ninguém roubará um fiel de sua mão (João 10:28).

Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nos salve da besta do inferno, para que possamos o glorificar eternamente, junto com o Pai, que sempre existiu, com o Espírito da Vida. Amém.

 

 

O Credo Niceno.

Creio em Um Só Deus, Pai Onipotente, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em Um Só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Luz de Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro; gerado e não criado, consubstancial ao Pai, por quem tudo foi feito. O qual, por nós homens e para nossa salvação, desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo na Virgem Maria e se fez homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. E ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu aos Céus e sentou-se à direita do Pai. E novamente virá com glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. E no Espírito Santo, Senhor Vivificante, que do Pai procede e que, com o Pai e o Filho, juntamente é adorado e glorificado, e que falou pelos profetas. E na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica. Professo um só Batismo, para remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos. e a vida do século futuro. Amém.

Bibliografia.

Priest V. Eliseyev, The Orthodox Path to Salvation. Moscow: Danilovski blagovestnik 1995.

John McDowell, Deceivers. Edited by D.S. Utamishi. Moscow 1993.

M. Yu. Medvedev, Five Days in Orchus. Perm 1995.

The Radonezh Society, Have No Fellowship With the Works of Darkness. Moscow 1990.

Orthodox Church, Roads Which Lead to Hell. St Petersburg: Satis Press 1996.

Orthodox Church, Contemporary Heresies and Sects. St Petersburg: Pravoslavnaya Rus 1995.

S. Radhakrishnan, Indian Philosophy (two volumes), edited by Makarov. St Petersburg 1994.

John Ankerberg, The Facts on Astrology, Oregon: Harvest House Publishers 1988.

John Ankerberg, The Facts on Hinduism in America. Oregon: Harvest House Publishers 1991.

John Ankerberg, The Facts on the New Age Movement. Oregon: Harvest House Publishers 1988.

Keith Gerberding, How to Respond to Transcendental Meditation. St Louis: Concordia Publishing House 1977.

J. D. Douglas (General Editor), The New International Dictionary of the Christian Church. Michigan 1978.

Bob Larson, Cults. Illinois: Tyndale House Publishers 1982.

Philip H. Lochhaas, How to Respond to the New Age Movement. St Louis: Concordia Publishing House 1988.

George A. Mather and Larry A. Nichols, Dictionary of Cults, Sects, Religions and the Occult. Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House 1993.

Walter Martin, The Kingdom of the Cults. Minneapolis: Bethany House Publishers 1985.

Father Seraphim Rose, Orthodoxy and the Religion of the Future. Platina, California: St Herman of Alaska Brotherhood 1990.

 

 

Missionary Leaflet # P69

Copyright © 2004 Holy Trinity Orthodox Mission

466 Foothill Blvd, Box 397, La Canada, Ca 91011

Editor: Bishop Alexander (Mileant)

 

(dragon_p.doc, 02-19-2005)