Festa da Santíssima

Trindade

(Pentecostes).

- dia da descida do

Espírito Santo sobre os Apóstolos

Bispo Alexander (Mileant).

Traduzido por Olga Dandolo/ Elizabeth Petrenko

 


Conteúdo: O nascimento da Igreja. O acontecimento da descida do Espírito Santo. A importância da graça de Deus na vida do cristão. Ofício de Pentecostes. O cânone matinal. O "dom das línguas" contemporâneo.


 

O dia do nascimento da Igreja

A Festa da Santíssima Trindade, também chamada de Pentecostes, é consagrada à descida do Espírito Santo sobre os apóstolos no qüinquagésimo dia após a Ressurreição de Cristo. Com a descida do Espírito Santo edifica-se no mundo a fé cristã e inicia-se a existência da Igreja de Cristo. Na festa de Pentecostes, a Igreja traz seus filhos às portas de sua vida espiritual e os chama para renovar e reforçar em si o dom do Espírito Santo, recebido por eles no mistério do Batismo. Sem a graça de Deus é impossível existir vida espiritual. Esta força misteriosa renova e transforma todo o mundo interior do cristão. Tudo de mais caro, elevado e valoroso que cada um pode desejar - lhe é dado pelo Espírito Santo. Eis porque a festa da Santíssima Trindade é celebrada tão alegre e majestosamente pelos cristãos ortodoxos.

Gradualmente Deus revelava-Se às pessoas: nos tempos do Antigo Testamento as pessoas somente sabiam a respeito de Deus Pai; desde o nascimento do Salvador as pessoas conheceram Seu Filho Unigênito; no dia da descida do Espírito Santo as pessoas souberam a respeito da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, e com isto aprenderam a crer e glorificar a Deus, o único na essência e Tríade em Pessoas - Pai, e Filho e Espírito Santo - Trindade consubstancial e indivisível.

Nesta brochura relataremos a respeito da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, explicaremos sobre o significado da graça de Deus na vida do cristão, relataremos a respeito dos ofícios do Pentecostes e traremos o cânone das Matinas e esclareceremos a relação ortodoxa com o "dom de línguas" contemporâneo.

 

A descida do Espírito Santo

A descida do Espírito Santo sobre os apóstolos no dia de Pentecostes é descrita pelo Evangelista Lucas, no início dos capítulos de seu livro "Atos dos Apóstolos." Era a vontade de Deus fazer este evento como um ponto de volta na história mundial.

Pentecostes - ou seja, o qüinquagésimo dia após a festa da páscoa hebraica - era um dos três festejos mais importantes do Antigo Testamento. Esse festejo significava a adoção da legislação de Sinai no tempo do Profeta Moisés, quando aos pés do monte Sinai , o povo judeu libertado do Egito, entrou em aliança com Deus, 1500 anos antes do nascimento de Cristo. Os judeus prometeram obediência a Deus, e Ele lhes prometeu Sua misericórdia e bênçãos. Pelo tempo do ano a festa de Pentecostes coincidia com o final da colheita e por isto era celebrada com enorme alegria. Muitos judeus, espalhados por diversos países do vasto império Romano, esforçavam-se para virem a Jerusalém para essa festa. Muitos dos que nasceram em outros países já encontravam dificuldade em entender seu idioma natal, porém se esforçavam em observar seus costumes nacionais e religiosos e pelo menos de vez em quando peregrinar para Jerusalém.

A descida do Espírito Santo não foi um acontecimento inesperado para os apóstolos. Há alguns séculos antes do nascimento do Salvador, o Senhor Deus começou a preparar as pessoas para o dia de seu renascimento espiritual e prometia através de Seus profetas: "depois disto, acontecerá que derramarei o Meu Espírito sobre todo ser vivo"; ... "Vós tirareis com alegria água das fontes da salvação.".. Porque derramarei água sobre o solo sequioso, fa-la-ei correr sobre a terra árida, "Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um Espírito novo; tirar-vos-ei um coração de carne. Dentro de vós manterei Meu Espírito, fazendo que obedeçais as minhas leis.".. (Joel 3:1; Is.44:3; 12:3; Ezequiel 36:26-27).

Preparando-Se para retornar ao Seu Pai Celestial, o Senhor Jesus Cristo antes da crucificação em sua conversa de despedida com os Apóstolos, informou-lhes a respeito da iminente descida do Espírito Santo. O Senhor explica aos Seus discípulos, que o Espírito Santo - Consolador - deverá vir logo, para concluir a missão da salvação das pessoas. "Eu rogarei ao Pai, - diz o Senhor aos Apóstolos, - e Ele vos dará um outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não vê nem O conhece - "quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, o Qual procede do Pai, dará testemunho de Mim" (João 14:16,17-15:26).

Preparando-se para receber o Espírito Santo após a ascensão do Senhor ao Céu, os discípulos de Cristo, juntamente com a Virgem Santíssima e algumas mulheres piedosas e outros fiéis (cerca de 120 pessoas), encontravam-se em Jerusalém por ocasião de Pentecostes na chamada "Sala de Sion." Era provavelmente aquela sala enorme, onde pouco antes de Seu sofrimento o Senhor realizou a Última Ceia. Os Apóstolos e todos presentes aguardavam o momento em que o Salvador lhes enviará a "Promessa do Pai" e os fortalecerá com Seu Divino poder, embora eles não soubessem em que consistirá a chegada do Espírito Consolador (Lucas 24:49) Como o Senhor Jesus Cristo morreu e ressuscitou no período da Páscoa do Antigo Testamento, então a festa de Pentecostes do Antigo Testamento acontecia naquele ano no 50o dia após Sua Ressurreição . E eis que às 9:00 hs da manhã, quando o povo normalmente se reunia no templo para oferendas e orações, repentinamente, sobre a Sala de Sion ouviu-se um barulho, como se fosse um vento de temporal. Esse barulho encheu a casa, onde se encontravam os Apóstolos, e ao mesmo tempo, acima das cabeças deles surgiram muitas línguas de fogo, as quais começaram a descer sobre casa um deles. Essas línguas possuíam uma propriedade peculiar: elas iluminavam, porém não queimavam. Porém mais incomum ainda eram as dádivas espirituais que estas línguas comunicavam. Cada um sobre o qual descia a língua, sentia dentro de sí um enorme fluxo de forças espirituais e ao mesmo tempo uma felicidade indescritível e forte entusiasmo. Ele começava a se sentir como se fosse outra pessoa: cheio de paz, de vida e um amor cálido por Deus. Essas modificações internas e sentimentos novos jamais vivenciados foram exprimidas pelos Apóstolos com alegres exclamações e com sonora glorificação a Deus. E aí foi descoberto que eles não falavam seu idioma hebreu, e sim em outros idiomas desconhecidos. Assim se realizou sobre os Apóstolos o batismo pelo Espírito Santo e o fogo, tal qual foi profetizado por João Batista (Mt. 3:11).

Entretanto, o barulho que lembrava ventania tempestuosa, trouxe muitas pessoas até a casa dos Apóstolos. Ao verem o povo vindo de todos os lados, com orações de louvor e glória a Deus os Apóstolos subiram no telhado da casa. Ouvindo essa torrente de alegres orações, os que rodeavam a casa estavam assombrados com a aparição incompreensível para eles: os discípulos de Cristo descendentes galileus na maioria, pelo visto pessoas sem cultura, das quais não se poderia esperar que conhecessem outro idioma, além do seu idioma natal, de repente começaram a falar em diversos idiomas estrangeiros, assim que, a multidão era de pessoas diferentes, vindas a Jerusalém de diversos países, todos ouviam seu próprio idioma. Porém aconteceu de haver alguns cínicos dentre a multidão, os quais não se envergonharam de rir dos pregadores inspirados dizendo que os Apóstolos, já tão cedo se embriagaram com vinho.

Na realidade a força do Espírito Santo se manifestou, além das modificações interiores, e nos dons de línguas justamente para que os Apóstolos pudessem propagar o mais rápido possível, o Evangelho entre os diversos povos, não havendo a necessidade de estudar e aprender idiomas estrangeiros.

Vendo a perplexidade das pessoas, o Apóstolo Pedro avançou para frente e proferiu seu primeiro sermão, no qual explicou aos presentes, que com esse maravilhoso evento da descida do Espírito Santo cumpriu-se a profecia de Joel, do Antigo Testamento, que dizia, em nome de Deus: "Depois disto, acontecerá que derramarei o Meu Espírito sobre todo ser vivo. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões; naqueles dias derramarei também o Meu Espírito sobre os meus servos e servas. Farei aparecer prodígios no céu e na terra" (Joel 3:1-3). O Apóstolo explicou que através desta descida do Espírito Santo deveria cumprir-se a salvação das pessoas. Para fazer as pessoas merecedoras da graça do Espírito Santo, o Messias Senhor Jesus Cristo sofreu a morte na Cruz e ressuscitou dos mortos.

Esse sermão foi curto e simples, porém as palavras entraram profundamente nos corações dos ouvintes, pois, era o Espírito Santo Quem falava através dos lábios de Pedro. Muitos dos ouvintes se comoveram no fundo de seus corações e perguntaram-Lhe: "O que então devemos fazer?" - Arrependam-se, - respondia o Apóstolo Pedro, - e que cada um de nós seja batizado em nome Jesus Cristo." E vós não somente sereis perdoados como recebereis a graça do Espírito Santo.

Muitos dos ouvintes passaram a crer em Cristo após as palavras de Pedro, e alí mesmo se arrependeram publicamente de seus pecados, foram batizados, e ao anoitecer a Igreja de Cristo cresceu de 120 para 3000 fiéis. Com este miraculoso evento, começou a existência da Igreja de Cristo - a comunidade abençoada de fiéis, na qual todos são chamados para salvar suas almas. O Senhor prometeu, que a Igreja será invencível contra os portões do inferno, até o final da existência do mundo!

É preciso pensar que não foi por um acaso que nesse dia coincidiram dois acontecimentos significantes - a descida do Espírito Santo e o Pentecostes judeu. O Pentecostes do Antigo Testamento marcava a libertação dos judeus da escravidão egípcia e o início de uma vida livre em aliança com Deus. A descida do Espírito Santo sobre os fiéis em Jesus Cristo realizava a libertação do domínio do demônio, e era o início da nova e grata aliança com Deus em Seu Reino Espiritual. Assim, a festa de Pentecostes ficou sendo o dia em que a antiga teocracia, vinda de Sinai e por muito tempo dirigindo a sociedade, através de uma lei rigorosa, foi substituída por uma nova teocracia, a qual é dirigida por Deus, no espírito de liberdade e amor (Romanos, cap. 8).

Tendo sofrido profundamente com as injúrias, com a morte e ressurreição de Cristo, os Santos Apóstolos, na época de Pentecostes cresciam espiritualmente, sentiam profundamente muitas coisas e amadureceram para receber os dons do Espírito Santo. Foi então que a plena graça de Deus desceu sobre eles, e foram eles os primeiros a provar dos frutos espirituais do feito de salvação do Filho de Deus.

 

A importância da Graça de Deus

na vida do cristão.

Dentro de cada pessoa existe a semente do bem. Porém, assim como uma semente comum não consegue se desenvolver sem umidade e luz, também a alma das pessoas fica estéril enquanto não for regada pela graça de Deus. Sentindo dentro de sí a carência do sentimento piedoso, um devoto, do Antigo Testamento rogava a Deus: "Minha alma, como terra árida, tem sêde de Ti" (Salmo 142:6). E todas as pessoas sinceramente sedentas da verdade, entendem que sem a ajuda de Deus, sem Seu apoio dirigindo-as, é impossível qualquer vida espiritual. A graça de Deus renova nossa alma, purifica a consciência, ilumina a mente, fortalece a fé, conduz nossa vontade para o bem, aquece o coração com amor a Deus e ao próximo, eleva os pensamentos no sentido de querermos viver de interesses espirituais. A graça de Deus purifica e ilumina toda nossa existência. O testemunho de muitas pessoas que alcançaram a iluminação espiritual, nos revelam que a graça de Deus proporciona tamanha paz e alegria em nossas almas, que todos os bens terrestres e prazeres físicos tornam-se inúteis e sem sentido.

Desde o dia da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, cada um que é batizado no mistério do Sacramento da Crisma, recebe, como os apóstolos, a graça do Espírito Santo. O poder desse sacramento é tão imenso e indelével , que, assim como o batismo, nunca é repetido. Os Sacramentos posteriores da Igreja, como por exemplo: confissão e comunhão e também as celebrações na Igreja, orações particulares, jejum, obras de caridade e vida virtuosa, tem por objetivo reforçar e fortalecer no cristão as dádivas divinas recebidas na Crisma.

A força renovadora da Graça de Deus manifesta-se nas mudanças benéficas interiores e exteriores das pessoas que abriram seu coração para Deus. Essas mudanças foram especialmente evidenciadas nos discípulos de Cristo. Eles, conforme é do nosso conhecimento, antes da descida do Espírito Santo eram pessoas simples, sem instrução, e de todo não dominavam a palavra. Então, quando o Espírito Santo desceu sobre eles, eles enriqueceram em sabedoria espiritual e com sua palavra inspiradora, começaram a atrair para a fé não apenas o povo simples, mas até filósofos e pessoas nobres e famosas. Suas palavras inspiradas pela Graça de Deus, penetravam nos corações mais duros, impelindo os pecadores ao arrependimento e confissão, e os egoístas à justiça, à bondade. De tímidos e medrosos, como eram os Apóstolos durante a vida do Salvador, após a descida do Espírito Santo eles tornaram-se valentes e corajosos. Como resultado dos dons divinos recebidos por eles, foi o surgimento de muitas comunidades cristãs, ainda durante a vida do Apóstolos e não apenas em várias partes do império Romano, como fora dele: na África do Norte, Índia, Pérsia e sul da Scythia. E assim, graças aos incansáveis esforços dos Apóstolos, o cristianismo foi se propagando por todo mundo, e junto com isto começou também o renascimento da sociedade humana.

Pode-se ficar convicto na força do renascimento da graça do Espírito Santo, lendo o livro "Atos dos Santos Apóstolos," no qual é descrita a vida dos cristãos nos primeiros dez anos após o Pentecostes. Realmente, muitos pecadores, de pouca fé e pessoas que viviam só de interesses materiais, ao receberem o Espírito Santo, tornavam-se profundamente devotos, sinceros, plenos de fervor e amor ardente por Deus e pelas pessoas.

"Eles (os novos batizados) - conforme está escrito no livro "Atos," - perseveravam na doutrina dos Apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e os seus bens, e os dividiam por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração, freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo... A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía: mas tudo entre eles era comum... nem havia entre eles nenhum necessitado" (Atos: 2:42-44-45-46-47;4:32-34). Resumindo, os interesses espirituais e a aspiração pelo divino, expulsaram deles toda maldade e infâmia.

Conforme nosso Salvador nos ensina, a vida espiritual é impossível sem a ajuda do Alto: "Em verdade, em verdade te digo, quem não renascer da água e do Espírito , não poderá entrar no Reino de Deus... O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é Espírito" (João 3:5-6). O Salvador também ensinou a respeito do Espírito Santo, que instrui o cristão para a verdade, consola nas aflições, sacia sua sêde espiritual (João 16:13-17;4:13-14). O Apóstolo Paulo denomina de "frutos do Espírito" todas as dádivas e méritos do cristão, dizendo: "O fruto do Espírito é o amor, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança" (Gal. 5:22-23). Freqüentemente o crescimento do interior espiritual e o aperfeiçoamento do cristão passam desapercebidos para ele próprio, conforme o Senhor explicou na parábola sobre a semente invisível que brota e cresce sem ele perceber (Marcos 4:26-29). Sobre o mistério da ação do Espírito Santo sobre a alma das pessoas, o Salvador dizia: "O espírito sopra onde quer; ouves-Lhe o ruído, mas não sabes donde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito" (João 3:8).

Além dos dons espirituais, indispensáveis a cada cristão em sua vida pessoal, o Espírito Santo ainda dá aos devotos dons especiais, os quais são necessários para o bem da Igreja e da sociedade cristã. A respeito desses dons especiais, o Apóstolo Paulo escreve: "A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz" (1 Coríntios 12:7-11). Mais adiante o Apóstolo compara a Igreja ao corpo, no qual cada parte tem seu significado: "A uns Ele constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa a construção do corpo de Cristo" (Efésios 4:11-12).

O cristão, ao receber a graça, torna-se templo vivo do Espírito Santo. Eis porque ele deve se proteger contra qualquer pecado, conforme aponta o Apóstolo Paulo: "Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós" (1 Cor. 3:16-17).

Em sua parábola sobre as dez virgens, O Senhor fala sobre a necessidade do recebimento dos dons espirituais. Sem eles a pessoa fica igual a uma lamparina sem óleo, ou, palha carbonizada (Ma. 25:1-13).

Explicando esta parábola, S. Serafim de Sarov ensina que o principal propósito de nossa vida é a aquisição da graça de Deus.

Embora a força benéfica do Espírito Santo seja dada ao crente não pelos seus méritos e sim pela misericórdia de Deus, como resultado dos sofrimentos do Filho de Deus, essa força cresce dentro dele na proporção de sua assiduidade na vida cristã. O Santo Isaac Sirineu escreve: "Da mesma maneira que a pessoa se aproxima de Deus em suas pretensões, do mesmo modo Deus se aproxima da pessoa, com Suas dádivas." O Apóstolo Pedro ensina os cristãos da seguinte maneira: "O poder Divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer Aquele que nos chamou por Sua glória e Sua virtude. Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas a fim de tornar-vos por este meio participantes da Natureza Divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo. Por estes motivos, esforçai-vos quanto possível por unir a vossa fé à virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o amor fraterno, e ao amor fraterno a caridade" (2 Ped. 1:3-7). O Apóstolo Paulo convence os cristãos para atraírem a graça de Deus através de uma vida virtuosa e da oração, dizendo: "Comportai-vos como filhos da luz. Ora o fruto da luz é bondade, justiça e verdade... Enchei-vos do Espírito. Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais. Cantai e celebrai de todo o coração os louvores do Senhor" (Efé. 5:8-7, 18-19).

As orações da manhã, da noite e outras orações costumeiramente são iniciadas dirigindo-se ao Espírito Santo, com as palavras: Ó Rei Celestial. Nesta oração nós pedimos ao Espírito Santo que renove em nós Sua graça. A oração "Rei Celestial" é magnífica pois consiste em palavras ditas pelo Próprio Senhor Jesus Cristo, e contem tudo que devemos saber sobre o Espírito de Deus e aquilo que devemos Lhe pedir. Eis a oração:

Rei Celestial, Consolador, Espírito da verdade, Que estás em toda parte e preenches todas as coisas, Tesouro dos bens e Doador da vida, venha e habite em nós, e nos purifique de toda impureza, e salve, Oh Bondoso, nossas almas.

Aqui o Espírito Santo é denominado de "Rei Celestial," pois, Ele é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. É denominado "Consolador" - pois Ele consola, conforta e alegra os devotos. É denominado "Espírito da Verdade" - pois Ele revela aos devotos a realidade da vida espiritual e os ajuda a ver e amar a verdade. "Ele é Onipresente" - por Sua natureza Divina que não tem fronteiras e nem obstáculos. "Tesouro dos bens" - tesouro de todos bens e de tudo de maior valor que alguém possa desejar procurando a perfeição. "Doador da vida" - pois Ele reanima toda natureza e particularmente dá uma vida espiritual elevada para as pessoas e anjos.

Nos dirigindo ao Espírito Santo desta forma, nós Lhe pedimos, Misericordioso, que nos purifique de todo mal pecaminoso, o qual é germinado em nós por diferentes paixões ou gruda em nós ao nos contactarmos com o mundo. Nós Lhe pedimos que permaneça em nós e dirija nossa vida para a salvação da alma. Portanto, ao nos dirigirmos ao Espírito Santo, é necessário humildemente reconhecermos que somos pobres e indignos porque: "Deus resiste aos soberbos, mas dá Sua graça aos humildes" (Tiago 4:6).

 

Ofício litúrgico de Pentecostes

Na celebração de Pentecostes, em sinal do poder vivificante do Espírito Santo, as Igrejas são enfeitadas com folhagens e flores, e os sacerdotes usam vestimentas verdes. Nas preces, nos kondaquions e troparions dessa festa os fiéis agradecem ao Filho de Deus pelo envio do Espírito Santo.

 

Troparion

Abençoado és Tu, Ó Cristo nosso Deus, Que fizeste os pescadores sábios, lhes enviando o Espírito Santo e com isso ajudando-os a conhecer o universo (atraindo para a fé). Glória a Ti, Protetor da humanidade.

Kondaquion

Quando o Altíssimo desceu para misturar as línguas (Gen.22), Ele separou os povos. Quando, porém, enviou as línguas de fogo, chamou todos para a união. E, por isso, nós glorificamos unicamente o Espírito Santíssimo.

Nas Matinais são cantados dois cânones dos festejos. O primeiro deles foi escrito por São Cosme de Monk . O cânone de São Cosme é em honra à Santíssima Trindade e, em particular, honrando o Espírito Santo. Nesse cânone é lembrada a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, conforme as profecias do Antigo Testamento e a realização das promessas do Salvador sobre o envio do Espírito Santo sobre todos frutos, e glorifica-se Deus Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que em tudo se iguala a Deus Pai e Deus Filho. No cânone também são expostos os momentos principais da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e revela-se a importância desse acontecimento.

 

Cânone de Pentecostes

Cântico 1

Eirmos: Os inimigos, o faraó e seus carros foram aniquilados, sendo lançados ao mar. Cantemos ao Senhor, porque Ele manifestou Sua glória (Êxodo 14).

Na verdade enviou aos discípulos o Espírito Consolador prometido, conforme antes Cristo prometera; Tu iluminaste o mundo com a luz, Ó Amigo dos homens.

O que foi profetizado no Antigo Testamento pelos profetas foi cumprido: pois a graça do Divino Espírito foi derramada sobre todos os fiéis (Exo.28:3; Num. 11:17; Joel 2-3:1; Miq. 3:8).

 

Cântico 3

Eirmos: "Fiquem em Jerusalém, enquanto não vos revestirdes com a força superior, - Tu, Cristo, disseste aos discípulos: - Eu vos enviarei outro Consolador semelhante a Mim, o Espírito Meu e do Pai, no Qual vós vos afirmareis."

Quando o poder do Divino Espírito desceu, uniu divinamente em uma só consonância as línguas (dos povos) divididas na antigüidade em concordância para o mal; tomaram conhecimento da veracidade da Trindade, na Qual nós nos afirmamos (Gen. 11:7; Atos 2:4-8).

Num ruído ardente em Sion surgiu a Luz Onipotente e Inesgotável, surgindo da Luz infinita. Por intermédio do Filho, Ela até hoje envia a todos a luz do poder do Pai.

Cântico 4

Eirmos: Contemplando a Tua vinda Ó Cristo nos últimos tempos, o Profeta exclamava: eu ouví sobre Tua força, Ó Deus, que Tu vieste salvar a todos Teus ungidos (Hab. 3:2-19).

Ele, que anteriormente falou aos homens através dos Profetas e foi anunciado através do Antigo Testamento, Ó Consolador, Deus verdadeiro, surge hoje aos servidores e testemunhas da Palavra.

Tendo todas evidências da Divindade, o Espírito dirigiu-se hoje em fogo e apareceu para os Apóstolos em línguas maravilhosas, pois Ele é o poder Divino e absoluto, emanado do Pai.

Cântico 5

Eirmos: Espírito da Salvação, pela veneração a Ti, Senhor, concebido no interior dos Profetas e surgido na terra, purifica os corações dos Apóstolos e renova os dos devotos com veracidade; pois Tuas ordens são luz e paz (Isa. 26:18; Sal 50:11).

Esse poder que desce hoje - é o Espírito do Bem, Espírito da Sabedoria de Deus, Espírito procedente do Pai e aparecido aos devotos. Através do Filho Ele manifesta àqueles nos quais Ele habita, a natureza de Sua Santidade, através da qual Ele é contemplado (Isa. 11:2; Efé. 1:17).

Cântico 6

Eirmos: Navegando na tempestade das preocupações da vida, afogando-se nas ondas dos pecados e sendo arremessado à besta corruptora das almas - clamo a Ti, ó Cristo, assim como Jonas, arranca-me do abismo da morte.

Tu derramaste em abundância do Teu Espírito sobre toda carne, conforme predisseste, Senhor, e todos se encheram de Teu conhecimento - que Tu foste concebido sem pecado, e o Espírito Indivisível provém do Pai (Joel 3:1; Joã. 7:38; Isa. 11:1-2).

Ó Onisegurador, renova em nossos corações o verdadeiro Espírito, justo, para que O tenhamos eternamente, proveniente do Pai e indivisível com Ele queimando a matéria depravada e purificando as mentes da imundice.

Cântico 7

Eirmos: Tendo sido precipitados na fornalha ardente, os três jovens transformaram o fogo em brisa e louvavam cantando: "sê bendito, Senhor Deus de nossos pais" (Dan. Cap.3).

Quando os Apóstolos ensinavam os grandes feitos de Deus, os descrentes interpretavam como embriaguês os efeitos do Espírito, no qual é revelada a Trindade - o único Deus de nossos pais (Atos 2:12).

De maneira ortodoxa proclamamos a Essência indivisível: Deus, o Pai eterno e infinito, e a Palavra e Espírito, exclamando: Bendito seja Tu, Deus dos nossos pais.

Cântico 8

Eirmos: No Sinai envolto em fogo, o arbusto que não queimava trouxe Deus até o lento e inarticulado Moisés; e o fervor a Deus fez com que três crianças que cantavam hinos não fossem queimados pelo fogo: toda obra de Deus, glorifiquem o Senhor e O exaltem por todos os séculos.(Exodo 3-20).

Quando o Vivificante sopro forte do Espírito, corria do alto com clamor sobre os pescadores em forma de línguas de fogo, eles então propagaram sobre as grandes obras de Deus: toda criação, glorifiquem a Deus e O exaltem por todos os séculos.

Não temendo o fogo assustador, como que escalando uma montanha intocável, chegemos e fiquemos no Monte Sião, na cidade de Deus vivo, cantando com os discípulos: toda criação, glorifiquem a Deus e O exaltem por todos os séculos. (Exodo 19:12, Hebr. 12.18-23).

Cântico 9

Eirmos: Nós Te glorificamos, A Tí, que não sofreste no nascimento e que encarnaste o Verbo, Oh Mãe sem marido, Virgem Mãe de Deus, receptáculo do que não pode ser contido e morada do Teu Criador.

O severo Elias, flamejante, tendo subido, na antigüidade, ao Céu, em um carro de fogo, profetizou com isto o sopro que desceu hoje sobre os Apóstolos, os quais revelaram a Trindade para todos (2 Reis 2:11).

Contrário a lei da natureza, ouvia-se um maravilhoso sermão dos discípulos; posto que, quando se evidenciava a voz do Espírito, os povos, tribos, e idiomas ouviram sobre os grandes feitos de Deus, - tomaram conhecimento da Santíssima Trindade (Atos 2:6-11).

Katavássia: Alegra-Te, Oh Rainha, Glória das mães e virgens. As bocas mais hábeis na eloquência, não estão em condições de Te louvar com dignidade, e qualquer mente é confusa na busca de entender Teu parto (de Cristo). Por esta razão nós unanimemente Te glorificamos.

A principal particularidade da missa no dia de Pentecostes é composta na leitura de orações especiais, de joelhos, de São Basílio. Essas orações são lidas logo após a liturgia.

 

Suplemento

O "dom de línguas"

contemporâneo

Na metade do século 20, nos E.U.A. surgiu o chamado movimento "carismático," tendo como objetivo fazer renascer na sociedade contemporânea a graça dos dons recebidos pelos Apóstolos no dia de Pentecostes, e em particular, "o dom de línguas," - a habilidade repentina de falar em diferentes idiomas. Aderiram a este movimento as igrejas batistas e metodistas. O movimento "carismático" poderia ser esperado no meio protestante, pois o protestantismo, não possuindo seguimento Apostólico, é privado da força abençoada dos santos mistérios, através dos quais são dados os dons do Espírito Santo. As reuniões de oração das diversas seitas não podem dar ao cristão a satisfação espiritual necessária.

O movimento "carismático," prometendo derramar um jato espiritual fresco na vida das igrejas protestantes, tornou-se popular, e em pouco tempo, em várias partes dos E.U.A começou a surgir a unificação dos "pentecostais." Esse movimento tocou também algumas igrejas mais tradicionais. Em comparação, há pouco tempo comunidades de pentecostais começaram a aparecer na Europa e na Rússia.

Os pentecostais e "carismáticos" semelhantes a eles, tentam de modo artificial despertar neles mesmos a habilidade de falar em novo idioma, do que eles se orgulham e valorizam muito. Porém, o que acontece com eles, é algo grotesco e horrível e não tem nenhuma relação com a manifestação dos dons abençoados nos tempos do Apóstolos.

Nos primeiros capítulos do livro "Atos dos Apóstolos" eles narram a respeito do dom milagroso e autêntico recebido no dia da descida do Espírito Santo sobre eles. Sobre a essência e o significado do dom de línguas, o Apóstolo Paulo narra nos capítulos 12-14 de sua epístola aos Coríntios.

Conforme já dissemos, o dom de línguas foi necessário aos Apóstolos para o êxito da propagação do Evangelho. Tendo recebido a faculdade de falar em diversos idiomas, os Apóstolos podiam pregar ao povo, não perdendo tempo em aprender o idioma necessário, e graças a isto a Igreja de Cristo se propagou rapidamente. De acordo com o que sabemos sobre a história subsequente da Igreja, o dom de línguas não durou muito tempo. A medida que em diversos países surgiam vários pregadores cristãos regionais, que dominavam perfeitamente seu idioma, a necessidade do dom sobrenatural de línguas foi diminuindo. E assim, nos tempos de Irineu de Lion, na metade do 3o século, o dom de línguas tornou-se um acontecimento raro.

Da carta enviada aos Coríntios pelo Apóstolo Paulo, pode-se concluir que justamente nesta Igreja o dom de línguas foi mais propagado, do que em outras igrejas. Naquela época o dom de línguas era em dos presentes espirituais, o qual alguns cristãos recebiam após o batismo pela imposição das mãos dos Apóstolos. Nem todos Coríntios cristãos sabiam usar corretamente o dom de línguas, e o Apóstolo Paulo advertiu-os contra e mau uso dele. Acontece que nas reuniões de oração os Coríntios cristãos começaram a falar em diversos idiomas, quando na realidade não havia necessidade disso. Evidentemente eles faziam isso por vaidade para superar um ao outro. O Apóstolo Paulo explica, que o dom de línguas "é necessário não para os crentes e sim, para os descrentes"- para atraí-los para a fé.

Além disto, o dom de línguas possuía ainda uma influência negativa nas reuniões de oração, quando era usado inoportunamente. Quando, por exemplo, durante a missa algumas pessoas começavam a falar em vários idiomas, todos ao mesmo tempo, incompreensíveis para a maioria dos presentes; com isto, formava-se um barulho e perdia-se a concentração de oração. Para evitar o uso inoportuno do dom milagroso recebido em falar em novos idiomas, o Apóstolo Paulo explica aos Coríntios que o dom de línguas é o menor da série de outros dons espirituais mais necessários ao homem. Os Coríntios cristãos agirão mais corretamente, se em lugar do dom de línguas, pedirem a Deus que os enriqueça na fé, na abstinência, paciência, amor, sabedoria e outras qualidades interiores.

Comparando o dom de línguas dos tempos do Apóstolos com o "verbalismo" contemporâneo, é necessário reconhecer uma diferença substancial entre eles. Nos tempos dos Apóstolos os cristãos recebiam a habilidade de falar no verdadeiro e único idioma existente naquela época. Aquele era o discurso humano correto articulado, indispensável ao pregador. Em contraste ao autêntico dom de línguas dos tempos dos Apóstolos, o "falar em línguas" contemporâneo dos pentecostais é meramente um amontoado de sons incoerentes e absurdos, tomando a forma ora de murmúrios, ora gritos histéricos. Esse fato é reconhecido pelos próprios pentecostais, entretanto eles explicam que esse idioma é a língua dos "habitantes celestiais. Entretanto é impossível reconhecer esse ruídos absurdos como um milagre de Deus. Eles são o resultado da exaltação nervosa, entrada em transe e alucinações, à beira da loucura. Por isso os fanáticos manifestam sua extrema ignorância espiritual e até blasfemam quando atribuem à inspiração de Deus os ruídos inarticulados e a exaltação artificial..

Em geral, a tendência para qualquer sensação aguda é característica para sociedade contemporânea, atraída por música turbulenta que estimula sentimento maliciosos e eróticos, - corrupção sexual, abusa de substâncias que excitam, narcóticos; se entusiasma com filmes impregnados de crimes e assassinatos terríveis e monstros demoníacos. Todas estas perversões surgem como sintomas do mal da sociedade contemporânea.

De modo semelhante, também a procura do entusiasmo e êxtase cristão na oração é um sinal da direção ardente e altiva da alma. Nos carismáticos sucede a substituição dos autênticos dons do espírito Santo, artificialmente invocados pelos sofrimentos da alma. Ignorando a experiência espiritual, acumulada pelo cristianismo no decorrer de dois mil anos e anotada nas criações dos Santos rejeitada por Deus e sacerdócio estabelecido e os Santos Mistérios, os fiéis contemporâneos se esforçam para provocar dentro deles o estado de graça com diversos procedimentos duvidosos e perigosos. E o que acontece é uma ilusão ou "encantamento," (daqui "seduzir"), contra os quais advertem os santos Padres da Igreja Ortodoxa. Tal situação de êxtase não tem nada em comum com o cristianismo e ela era conhecida pelos pagãos da antigüidade e os indús contemporâneos (uma profunda investigação dos dados em questão, é possível encontrar nos livros do sábio protestante, Dr. Kurt Koch: "Entre Cristo e Satã," "Escravidão Oculta e Libertação" "O Renascimento na Indonésia" (Kregel Publications, Grand Rapids, Michigan, USA, e outros).

O cristão ortodoxo deve por todos os meios, afastar-se de semelhantes perversões no sentido religioso. Ele tem acesso aos autênticos tesouros de graças nos Mistérios da Igreja, em sua Missas e em sua prece particular e sincera. Em comunhão com Deus é preciso procurar a renovação de nossa alma pecadora e não o entusiasmo e sensações agudas. A renovação por sua vez chega através da humildade, arrependimento e reparação de cada um. Em proporção à renovação de sua alma o cristão irá receber também a autêntica graça de Deus, a qual irá lhe dar a paz celestial e uma alegria pura, que em comparação com o entusiasmo terreno torna-se algo barato e lamentável.

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Na agitação das preocupações cotidianas, o cristão ortodoxo às vezes se esquece dos tesouros da graça de Deus, que são dados aos fiéis na Igreja de Cristo, e mergulha num mar turvo em perseguição de bens terrenos, engasga nas ondas da agitação, pecado e diferentes vícios. Aí então a esperança da vida eterna afasta-se dele, turva-se sua meta de vida em sua consciência, a alma endurece, e a pessoa torna-se descontente, irritável.

A Festa da Santíssima Trindade tem por meta inspirar o cristão a viver com interesses espirituais. Pentecostes é o dia do novo encontro do Santíssimo Consolador com a alma das pessoas, sedenta de conforto, a qual pode novamente beber da fonte da água viva e encher-se dos mais nobres e elevados sentimentos. Nesse dia a graça do Espírito, tal qual o fogo, incinera nossos pecados; tal qual o bálsamo, amolece nosso coração; tal qual a luz, aclara nossos pensamentos; tal qual o mundo recendente, ilumina toda sua existência. A graça nos dá força espiritual, para vivermos controladamente, em abstinência, fazermos o bem, amarmos a Deus e ajudar ao próximo. Ela transforma o tumulto e raiva anteriores, em paz e alegria internas, conforme testemunha a este respeito o Monge Siluan por sua própria experiência: "É fácil viver tendo a graça de Deus, tudo torna-se bom, tudo é bonito e alegre, a alma tem a paz em Deus e caminha como num belo jardim onde vive o Senhor."

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Folheto Missionário número P05

Edição da Igreja da Proteção de Nossa Senhora

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Holy Protection Russian Orthodox Church

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Editor: Bishop Alexander (Mileant)

 

(pente_p.doc, 06-12-2000)