Seleção da

Vida dos Santos

II

Março – Abril

Bispo Alexandre Mileant

Traduzido por Tatiana Zyromsky

 

Março.

Santa Mártir Eudoxia. Santa Mártir Antonina. Os Santos Mártires Paulo e Juliana. Quarenta Mártires da Cidade de Sebástia. O Piedoso Rostislav, Duque de Kiev. Santo Alexis, o Homem de Deus. Santos Mártires Crisanto e Dária. A Santa Mártir Lídia e Sua Família. Santas Mártires Alla e Larissa. Arcanjo Gabriel.

Abril.

Santa Maria do Egito. Santo Mártir Vadim. Santas Mártires Agápia, Irene e Queonia. Santos Mártires Vitória (Nika), Leonidas, Galina, Vassilissa e outros. São Vitali. São Jorge, Megalomártir. Santa Mártir Alexandra. Santo Mártir Anatólio. Santo Estêvão, Bispo da Cidade de Perm.

O Significado dos Nomes e a Sua Tradução

 

Santa Mártir Eudoxia

14 de março (1 de março do estilo velho).

A santa Eudoxia era samaritana de nascimento. Ela morava em Heliopolis da Fenícia (à leste das montanhas do Líbano e ao norte da Palestina no tempo do imperador romano Trajano (anos 89-117). Como na sua juventude ela era de uma beleza extraordinária, ela levava uma vida devassa e liber-tina. Houve muitos noivos e admiradores muito ricos, que vieram de outros países conhece-la, de modo que com o tempo ela ficou muito rica e gozava de respeito por parte das autoridades locais.

Deus, querendo salvar a alma da Eudoxia da eterna condenação, fez com que um velho monge chamado Herman visitou a localidade onde morava a Eudoxia. Herman tinha o costume de ler em voz alta as Sagradas Escrituras e por acaso a Eudoxia ouviu o trecho das profecias sobre a Segunda Vinda do Nosso Senhor e o Juízo Final.

Esta leitura impressionou a Eudoxia e perturbou o seu espírito, pois ela compreendeu, que todos estes castigos mencionados na Bíblia serão aplicados a ela, pecadora. Ela visitou o monge Herman que contou a ela sobre o cristianismo e sobre a vida eterna. As palavras do monge ficaram plantadas no coração da Eudoxia. Ela acreditou no Cristo e foi batizada, após o que distribuiu todos os seus bens aos pobres e entrou no convento.

Eudoxia viveu muitos anos naquele convento consagrando a sua vida inteiramente ao jejum, orações e purificação da alma. Com o tempo ela alcançou a maturidade espiritual e foi nomeada a madre do convento. Entrando no exercício desta função, ela direcionou todas as suas forças para a ajuda aos necessitados. Ela fornecia roupa e comida aos pobres e peregrinos que visitavam o seu convento e curava os enfermos com as suas orações.

Assim, durante 56 anos, Eudoxia levava esta vida de ajuda aos outros, rezando e jejuando. No ano 152, durante o reinado do imperador Antônio, ela terminou a sua vida como mártir. Por causa da disseminação da fé cristã, ela foi acusada de bruxaria e fraude. Sem julgamento ela foi decapitada.

Assim, a santa Eudoxia, pela sua vida austera, pela sua bondade e pela sua morte como mártir, foi digna de receber uma coroa tripla no Reinado dos Céus.

Tropário:

Com a tua sabedoria ataste a tua vida ao amor de Cristo, viveste esquecendo-se das coisas fúteis, atraentes e provisórias, como uma verdadeira discípula de Cristo. Primeiro, jejuando aniquilaste as paixões, depois com os teus sofrimentos humilhaste o inimigo. Assim Cristo te coroou com uma coroa múltipla, santa mártir Eudoxia: para que nós nos livrarmos de enfermidades espirituais e recebermos o milagre da graça.

 

Santa Mártir Antonina

14 de março (1 de março no estilo velho).

O tempo apagou os vestígios e detalhes da vida cristã da santa Antonina. Sabemos somente que ela viveu na cidade de Nicéia, na região de Bitínia (na costa noroeste da Ásia Menor, a Turquia de hoje). No ano de 302, durante a perseguição dos cristãos no reinado do imperador Diocleciano, a santa Antonina foi torturada por ter se negado de adorar os ídolos pagãos. Após longas torturas, ela foi presa num saco e afogada num lago próximo.

Tropário:

Jesus, a Tua cordeira Antonina está clamando em voz alta: amo Te, meu Esposo, e ao procurar-Te, sofro e me crucifico e me sepulto com o Teu batismo, sofro por Tua causa, para que também possa reinar em Ti, morro por Ti para que possa viver junto com Ti, portanto, aceita-me como uma oferta pura, que se sacrificou por Ti com todo o amor: por orações dela, salve as nossas almas, ó Misericordioso.

 

Os Santos Mártires Paulo e Juliana

17 de março e 30 de agosto (4 de março 17 de agosto no estilo velho).

Os santos mártires Paulo e sua irmã Juliana (junto com eles — Quadrado, Acácio e Estratônico) sofreram durante o reinado do imperador Aureliano — por volta do ano 273, na cidade de Ptolemaida. São Paulo estava presente durante a solene cerimonia de recepção do imperador e ao ver Aureliano entrar na Ptolemaida, fez um sinal de cruz. Por causa disto ele foi preso e barbaramente torturado.

A sua irmã Juliana presenciava todas as torturas e começou a acusar os torturadores de crueldade, e por isto foi também torturada. Mas os mártires, por graça de Deus, ficaram milagrosamente curados dos ferimentos. Ao presenciar tal milagre, os seus três torturadores: Quadrado, Acácio e Estratônico acreditaram em Cristo. Todos eles foram decapitados.

Tropário:

Senhor, os Teus mártires, nos seus sofrimentos receberam de Ti, nosso Senhor, as coroas eternas: pois tiveram a Tua força que venceu os torturadores e aniquilou os débeis assaltos dos demônios. Salve as nossas almas por suas orações.

 

Quarenta Mártires da Cidade de Sebástia

Valério, Cláudio, Leoncio, Teófilo, e outros

22 de março (9 de março no estilo velho).

No ano de 313, o imperador Constantino assinou o decreto sobre a liberdade da profissão da fé. O seu co-regente, imperador Licínio, também assinou este decreto, mas na realidade, nas províncias a ele subordinadas continuaram as perseguições dos cristãos. Por volta do ano de 320, na cidade de Sebástia, na Armênia, estava aquartelado o exército romano, onde 40 soldados eram cristãos, naturais da Capadócia (hoje, Turquia). O comandante Agrícola queria obriga-los a adorar os ídolos, mas os soldados se recusaram.

Daí os soldados foram presos e amarrados levados até um lago perto da cidade de Sebástia. Era inverno e a noite já estava quase caindo. Os soldados foram colocados nus no lago, que já estava coberto por gelo. Devido ao frio rigoroso, os mártires ficaram com o corpo completamente duro. Para aumentar o sofrimento deles, perto do lago foi colocada uma sauna quente. Quem deles quisesse salvar a vida, devia avisar ao carcereiro que renegava a Cristo e só depois ele podia sair do lago e entrar na sauna para se aquecer. Mas os soldados ficaram no lago a noite inteira, animando um ao outro e cantando hinos a Deus. De madrugada, um dos soldados não agüentou mais a tortura. Ele saiu do lago e correu para a sauna. Mas, no momento, em que ele entrou no ar quente, ele caiu morto. Logo depois disso, o carcereiro Aglaio viu por cima dos mártires uma luz Divina. Aglaio ficou tão chocado com isto, que disse ser também cristão, despiu-se e se juntou aos 39 mártires no lago. Quando chegaram os torturadores, eles perceberam, que os mártires não só não morreram congelados, mas até pareciam aquecidos. Daí os torturadores quebraram com um martelo as pernas deles e os jogaram na fogueira e depois os seus ossos carbonizados jogaram num rio.

Passados 3 dias, os santos mártires apareceram ao bispo Pedro da Sebástia e contaram-lhe tudo. O bispo Pedro juntou os seus ossos e os sepultou com grande honra. Os nomes dos santos mártires são: Círion, Candido, Domno, Issiquia, Heráclio, Smaragdo, Eunoico, Valento, Viviano, Claudio, Prisco, Teodulo, Eutikhio, João, Xantio, Iliano, Sissinio, Agueu, Aécio, Flávio, Acácio, Ecdecio, Lisimaco, Alexandre, Elias, Gorgônio, Teofilo, Domiciano, Gaio, Leoncio, Atanásio, Cirilo, Saquerdon, Nicolau, Valério, Filictimon, Severiano, Hudion, Meliton e Aglaio.

O dia dos 40 mártires pertence aos mais festejados dias. Neste dia o jejum da Quaresma é menos rigoroso e é oficiada a missa litúrgica dos Dons Pré-santificados.

 

O Piedoso Rostislav, Duque de Kiev

27 de março (14 de março no estilo velho).

São Rostislav, duque de Kiev (com o nome de batismo Miguel), era neto de Vladimir Monomakh, filho de Mstislav 1o e irmão do duque Vsevolod. Quando Mstislav herdou o trono de Kiev, ele mandou o seu terceiro filho, Rostislav para governar a cidade de Smolensk. Rostislav governou lá por mais de 40 anos, fundando uma série de cidades, construindo muitas igrejas bem como a fortaleza (kremlin) de Smolensk. Durante o governo dele surgiu a diocese de Smolensk.

Nos anos 50 do século XII, ele foi envolvido na luta pelo Kiev, empreendida pelas famílias rivais. Em 1159, Rostislav se tornou duque de Kiev. Ele se destacou por suas qualidades cristãs: amor e condescendência aos subordinados, desejo de fazer bem a todos, perdão e esquecimento de ofensas. Sabemos, que Rostislav queria ser monge, mas não pude concretizar este seu desejo. O seu confessor era Policarpo, abade do mosteiro de Kievo-Pechersk. O povo amava o Rostislav. No ano de 1167, quando voltava da batalha com a cidade de Novgorod, ele adoeceu e faleceu. Ele foi sepultado em Kiev, no mosteiro de Feodorov, fundado pelo pai dele.

 

Santo Alexis, o Homem de Deus

30 de março (17 de março no estilo velho).

No século IV, na Roma, vivia um casal rico, Eufimiano e Aglaída, que eram conhecidos na cidade toda por sua misericórdia e bondade. Diaria-mente eles acolheram em sua casa os pobres, os órfãos, as viúvas e peregrinos. Nos dias em que poucos pobres sentaram na mesa deles, Eufimiano dizia com tristeza: "Eu não sou digno de viver na terra do meu Deus."

Todos gostavam do Eufimiano e de sua esposa, mas o casal não tinha filhos. Eufimiano e Aglaída estavam muito tristes por causa disto e diariamente pediram a Deus que lhes mande um filho para o consolo da velhice deles. Até que Deus ouviu a prece deles e lhes nasceu um filho que eles batizaram com o nome de Alexis. Os pais se empenharam muito para que o filho deles crescesse bondoso e piedoso.

Alexis, educado e direcionado pelos pais, desde a infância amou Deus. Ele jejuava rigorosamente, se vestia com moderação e freqüentemente rezava. Quando Alexis ficou adulto, os pais acharam uma noiva para ele o casaram.

Logo após o casamento, quando os jovens noivos ficaram a sós, Alexis chegou à sua esposa-virgem, entregou-lhe a aliança, um cinto precioso e disse: "Guarda isto, e que Deus esteja entre tu e mim até que a Sua graça não produza algo novo dentro de nós." Após estas palavras, Alexis saiu.

Tirando a sua rica roupa de casamento, ele se vestiu como um simples camponês, levou um pouquinho de dinheiro e saiu da casa dos pais. Alexis queria seguir as palavras de Cristo: "E todo aquele, que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou esposa, ou filhos, ou fazendas, por amor do Meu nome, há de receber o cêntuplo e possuirá a vida eterna" (Mat. 19:29). Podemos pressupor, que antes de sair da casa dos pais, santo Alexis consentiu casar somente para garantir o futuro da sua noiva.

Passando por muitos lugares, enfim Alexis chegou até a cidade de Edessa, onde havia o ícone Aqueropita do Nosso Senhor. Aqui, ele distribuiu entre os pobres as últimas moedas que lhe ainda restavam e começou viver como um pobre nos degraus da igreja de Nossa Senhora, se alimentando exclusivamente daquilo, que alguém piedoso lhe deu. Alexis rezava dia e noite, e todo domingo comungava. Assim ele passou l7 anos na pobreza, aperfeiçoando-se espiritualmente.

Aos poucos, os habitantes de Edessa ficaram conhecendo o pobre da igreja e apreciaram os seus altos méritos espirituais. Um dos servidores da igreja viu num sonho Nossa Senhora Que lhe disse: "Leva para a Minha igreja o homem de Deus: pois a sua oração chega à Deus, e igual à uma coroa na cabeça de um rei, repousa sobre ele o Santo Espírito." O servidor ficou muito maravilhado com este sonho refletindo sobre quem seria este homem, mas o sonho se repetiu e Nossa Senhora lhe mostrou o mendigo, sentado perto do portão da igreja.

Desde aquele momento o respeito pelo Alexis aumentou ainda mais, muita gente começou a elogiá-lo e abertamente apresentá-lo como exemplo. Em conseqüência disto, fugindo da fama do mundo, Alexis saiu da Edessa. Chegando até o mar Mediterrâneo, ele entrou num navio para fugir da fama para um outro país. No mar começou uma terrível tempestade e após alguns dias navio danificado foi levado pelas ondas até a Itália — a um lugar perto da casa de seus pais.

Na terra, Alexis estava se dirigindo até a sua casa e no caminho encontrou o seu pai, que estava voltando da igreja. Alexis se inclinou diante dele e disse: "Tenha piedade de mim, mendigo, e me dá um pequeno lugar na tua casa. Deus te abençoará e te dará um lugar no Reino dos Céus e se por acaso tiveres alguém da sua família, que está longe de ti, Deus te devolverá esta pessoa." Estas palavras lembraram a Eufimiano que o filho dele desapareceu há muito, ele chorou e mandou dar ao mendigo uma pequena casinha no jardim dele.

Assim, Alexis começou morar na propriedade do pai, sem ser reconhecido por pessoa alguma, porque após tantos anos de ausência, passados na absoluta pobreza, ele mudou muito fisicamente. Mesmo após a sua volta para casa, Alexis levava a mesma vida como antes em Edessa: constantemente rezava, comungava todo domingo, suportava miséria, se contentando com o mínimo. Para Alexis era muito difícil viver perto dos pais e esposa e ver a tristeza deles pelo filho e marido desaparecido. Assim se passaram mais 17 anos.

Quando Alexis sentiu a proximidade da morte, ele escreveu uma carta relatando toda a sua vida, a começar pela separação e começou a preparar-se para a morte.

No domingo seguinte, dom Inocêncio, bispo da cidade de Roma, estava celebrando a liturgia na presença do rei Honório. Houve muitas pessoas na igreja. Durante a missa ouviu-se uma voz dizendo: "Procurai um homem de Deus na casa de Eufimiano." O rei perguntou ao Eufimiano: "Porque tu não disseste a nós, que na tua casa mora um homem de Deus?" Eufimiano respondeu: "Em verdade te digo, não sei que quem se trata."

Daí o rei Honório e o papa Inocêncio resolveram visitar pessoalmente a casa de Eufimiano e conhecer o homem de Deus. Chegando lá, eles souberam dos criados que na casinha lá no fundo mora um mendigo, que está constantemente rezando e jejuando.

Quando entraram lá, acharam um homem extenuado, prostrado no chão e sem vida. O seu rosto resplandecia e o corpo exalara um maravilhoso aroma.

O rei, vendo a carta na mão do Alexis, pegou-a e leu a voz alta. Só depois, Eufimiano e todos os presentes souberam, que o mendigo, que morava aqui por muitos anos, era o filho desaparecido. Os pais ficaram muito entristecidos, que não souberam antes que o mendigo era o seu filho amado, mas ao mesmo tempo se alegraram, porque ele alcançou tamanha santidade.

Tropário:

Ao alcançar a virtude e purificar a razão, chegaste ao máximo e ao almejado: embelezando a tua vida com a impassibilidade, e jejuando rigorosamente com a consciência pura, permaneceste em orações igual a um anjo e resplandeceste como um sol no mundo, o bem-aventurado Alexis.

Santos Mártires Crisanto e Dária

1 de abril (19 de março no estilo velho).

Santos Crisanto e Dária, (e junto com eles Claudia, Hilária, Jason e Mauro) foram martirizados em Roma no ano de 283. São Crisanto era filho de um rico senador, recebeu a melhor educação e desde a juventude se interessou pela leitura. Ao adquirir o Evangelho e as Epístolas dos Apóstolos, ele os leu com grande interesse e ficou fascinado pela grandeza de ensinamentos contidos no Evangelho, mas muita coisa ele não conseguiu entender.

Pela providencia Divina, Crisanto conheceu um sacerdote, que lhe explicou a fé cristã. Ao se aprofundar nos ensinamentos do Evangelho e se compenetrar pelos ideais cristãos, Crisanto renegou o paganismo, que era a religião da família dele, e se batizou. Crisanto teve um desejo ardente de converter também os outros pagãos para o cristianismo e começou com grande empenho e sem medo propagar o Evangelho.

Quando o seu pai, que era um ferrenho pagão soube do batismo do filho, então para dissuadi-lo da fé cristão, meteu-o na prisão e começou a torturá-lo com fome e frio. Mas os sofrimentos fortificavam a fé do Crisanto, Daí, o pai, esperando devolve-lo ao paganismo, tirou-o da prisão e uniu em matrimonio com uma moça de nome Dária, que era uma sacerdotisa no templo de Atena. Mas, num curto espaço de tempo, Crisanto converteu a sua esposa para o cristianismo.

Após a morte do pai de Crisanto, a casa do jovem casal se transformou no abrigo dos cristãos. Após um certo tempo, o tribuno Cláudio recebeu uma denúncia, que Crisanto e Dária professam cristianismo. Cláudio os prendeu e mandou torturar, mas ao ver a firmeza e os milagres dos mártires, ele mesmo, junto com a sua esposa Hilária e seus filhos Mauro e Jason, abraçaram o cristianismo.

Por isso, por ordem do imperador, Cláudio foi afogado com uma grande pedra atada no pescoço dele, e seus filhos foram decapitados. A sua esposa Hilária morreu no túmulo deles antes de ser torturada. Crisanto e Dária, após terríveis torturas, foram enterrados vivos. Mais tarde, no dia onomástico dos santos Crisanto e Dária, muitos dos cristãos romanos se juntavam no seu túmulo e lá oravam. Quando os pagãos souberam disto, fecharam a gruta com pedras e todos que naquela hora se encontravam lá morreram de fome. A tradição diz, que entre eles se encontrava também o padre Diodoro e a diaconisa Mariana.

Tropário:

Senhor, os Teus mártires, receberam nos sofrimentos coroas eternas de Ti, nosso Deus: eles tiveram a Tua força de vencer os torturadores e esmagaram os débeis ataques dos demônios. Por suas orações, salve as nossas almas.

 

A Santa Mártir Lídia e Sua Família

5 de abril (23 de março no estilo velho).

São Filito, a sua esposa Lídia e seus filhos: Macedônio e Teoprepido foram perseguidos durante o reina-do do imperador Adriano (118-138). Filito era conselheiro do imperador. Sabemos muito pouco dele e de sua família. Só e conhecido que os sofrimentos deles começaram em Roma e terminaram na Illirica. Eles foram jogados no óleo fervente e ficaram ilesos. Desejando se juntar a Deus o mais rápido possível, eles mesmos pediram a sua morte e morreram orando.

Ao ver a fé inabalável do Filito e de sua família, o comandante Amfilóquio e o carcereiro Cronido acreditaram em Deus e também sofreram como mártires.

Tropário (igual aos santos Crisanto e Dária):

Senhor, os Teus mártires, receberam nos sofrimentos coroas eternas de Ti, nosso Deus: eles tiveram a Tua força de vencer os torturadores e esmagaram os débeis ataques dos demônios. Por suas orações, salvem as nossas almas.

 

Santas Mártires Alla e Larissa

8 de abril (26 de março o estilo velho).

Santas mártires Alla e Larissa morreram, junto com outros mártires, na metade do século IV, quando o rei Unguerico, rei dos godos, mandou queimá-las vivas na igreja, durante a missa.

Santa Gaata, esposa de um outro rei godo, junto com a sua filha Duclida, juntaram os restos mortais (relíquias) dos mártires e com estas relíquias seguiram para Criméia. Quando a Gaata voltou para o seu país, os enfurecidos pagãos a apedrejaram. A filha dela, a santa Duclida, morreu pacificamente na Criméia.

Tropario (igual aos santos Crisanto e Dária):

Senhor, os Teus mártires, receberam nos sofrimentos coroas eternas de Ti, nosso Deus: eles tiveram a Tua força de vencer os torturadores e esmagaram os débeis ataques dos demônios. Por suas orações, salve as nossas almas.

 

Arcanjo Gabriel

8 de abril (26 de março no estilo velho).

No dia seguinte após a festa da Anunciação comemora-se a sinaxe (uma reunião religiosa em homenagem ao santo) do arcanjo Gabriel, que anunciou à Virgem Maria o nascimento do Savador do mundo.

O arcanjo Gabriel é um dos sete principais anjos, os quais, de acordo com o livro de Tobias "assistem e têm acesso à majestade do Senhor" (Tobias 12:15). O nome Gabriel significa em hebreu a força de Deus.

O arcanjo Gabriel é mencionado várias vezes nas Escrituras Sagradas como mensageiro de Deus enviado por Ele para anunciar aos homens os Seus planos a respeito da salvação do mundo.

Assim, o arcanjo Gabriel apareceu várias vezes a profeta Daniel, explicando a ele os mistérios da vinda do Messias, as perseguições do anticristo e do fim do mundo (Daniel 8:16, 9:21). Antes do nascimento de Jesus Cristo, o arcanjo Gabriel apareceu ao ancião Zacarias anunciando a concepção milagrosa do são João Batista.

Seis meses mais tarde ele apareceu à Virgem Maria em Nazaré, anunciando a Ela ser a eleita por Deus para se tornar a Mãe de Cristo-Salvador (Lucas, capítulo 1).

De acordo com os ensinamentos de alguns padres da Igreja, o arcanjo Gabriel foi enviado à Getsemani para dar força à Jesus na oração Dele, e depois também à Nossa Senhora para avisa-la do dia de Sua morte. Por isso, nos livros religiosos, a Igreja chama o arcanjo Gabriel de "servidor de milagres."

Mas, uma vez que o arcanjo Gabriel é o mensageiro de mais importantes acontecimentos no Velho e no Novo Testamento, ele deve ser especialmente próximo a Deus. Nos ícones, o arcanjo Gabriel é muitas vezes representado com um ramo do paraíso (um lírio branco) na mão, o qual, conforme a tradição ele trouxe à Virgem Maria no dia da Anunciação.

Sobre os anjos, sua natureza, sua vida e seu serviço à Deus, o leitor encontrará mais informações na brochura "Anjos, mensageiros abençoados de Deus."

Tropário:

Comandante das forças celestiais, peçamos te sempre nós, indignos, nos proteger por tuas orações, com a proteção de tuas asas de tua glória imaterial, preservar-nos, que estamos te pedindo fervorosamente e clamando: guarda nos de todo o mal, pois tu és o comandante de forças celestiais.

 

Santa Maria do Egito

14 de abril (1 de abril no estilho velho).

Santa Maria do Egito viveu em meados do século 5 e começo do século 6. A sua juventude não era nada promissora. Ela tinha somente 12 anos, quando saiu de sua casa em Alexandria, e ficando livre do controle dos pais, jovem e inexperiente como era, ela se envolveu com a vida devassa. Não havia ninguém quem podia dete-la, e tinha muitos sedutores e muitas tentações em volta dela. Assim, ela passou 17 anos nesta vida que leva à perdição, até que Deus misericordioso providenciou a sua penitencia.

Aconteceu isto assim: Por força das circunstancias, Maria se juntou a um grupo de peregrinos, que estavam se dirigindo para a Terra Santa. Durante a viagem no navio, a Maria não parava de seduzir os romeiros e a pecar. Ao chegar em Jerusalém, ela se juntou a um grupo de pessoas que iam para a igreja de Ressurreição.

Todos homens entravam livremente na igreja, porém a Maria foi parada por uma mão invisível e não conseguia entrar de jeito algum. Aí ela compreendeu, que Deus não deixa ela entrar num lugar santo por causa da sua devassidão.

Ela ficou possuída de um grande temor e de um grande desejo de penitencia, e começou a pedir a Deus o perdão dos pecados, prometendo se regenerar. Ela viu logo na entrada o ícone de Nossa Senhora e começou a pedi-La interceder por ela perante Deus. Logo ela sentiu um grande alívio e entrou livremente na igreja. Chorando muito no Santo Sepulcro, ela saiu da igreja completamente transformada.

Maria cumpriu a sua promessa de mudar a sua vida. Ela se retirou de Jerusalém para o deserto de Jordão e lá viveu quase meio século em solidão, rezando e jejuando. Assim, com estes atos de penitencia ela se livrou completamente de todo desejo pecaminoso e purificou o seu coração para que este se transformasse num templo do Espírito Santo.

O ancião Zossima, no mosteiro do Profeta João o Precursor, por providencia de Deus, encontrou a santa Maria no deserto, quando esta já era uma anciã. Ele foi maravilhado com a sua santidade e seu dom de prever as coisas. Uma vez ele viu a Maria, quando durante a oração ela se levantou acima da terra, levitando, e uma outra vez, quando ela atravessava o rio Jordão como uma terra firme.

Na despedida do velho Zossima, Maria pediu-lhe que ele voltasse dentro de um ano, para dar-lhe a comunhão. Zossima voltou para o deserto conforme combinado e lhe deu a Santa Comunhão. Depois, após um ano voltando mais uma vez, ele achou ela morta.

O velho Zossima enterrou as santas relíquias lá mesmo no deserto e na sua tarefa lhe ajudou um leão, que com as suas garras cavou a cova para o sepultamento do corpo da justa. Santa Maria faleceu em 521.

Assim, de uma grande pecadora, a santa Maria se transformou, com a ajuda de Deus, numa grande justa, numa das maiores santas e nos deixou um grande exemplo de penitencia. Ela é lembrada pela igreja em 1 de abril e no 5o domingo da Quaresma.

Tropário:

Fugindo da penumbra do pecado, e iluminando o teu coração com a luz de penitencia, chegaste, ó Maria gloriosa, ao Cristo. Trouxeste contigo a Santíssima e Puríssima Virgem Mãe Dele, como a tua intercessora misericordiosa. Assim, recebeste o perdão dos pecados e te alegres com os anjos pela eternidade.

 

Santo Mártir Vadim

22 de abril (9 de abril no estilo velho).

São Vadim nasceu numa cidade persa, chamada Viflapet. Ele era de uma origem nobre. Após distribuir toda a sua riqueza, ele construiu um mosteiro fora da cidade, onde se refugiou e onde mais tarde era arquimandrita. Às vezes ele se retirava para a montanha vizinha, deserta, para levar uma vida mais contemplativa e se aprofundar mais na oração e uma vez aqui foi digno de uma visão Divina.

Durante o reinado do rei Sapor II (376) são Vadim foi encarcerado junto com seus discípulos. Durante quatro meses eles foram torturados para renegar Cristo. Mas os santos confessores, mártires pela fé, agüentaram tudo com grande heroísmo. Na mesma prisão foi encarcerado um certo Nirsan, prefeito da cidade de Aria. Nirsan teve muito medo de torturas, renegou Cristo e prometeu ao rei cumprir qualquer ordem. Daí Sapor mandou Nirsan matar o arquimandrita Vadim. Com mãos trêmulas Nirsan começou bater no são Vadim com a espada, mas só após muitos golpes conseguiu decapitá-lo. Após Vadim, os outros mártires também foram decapitados.

Nirsan não agüentou os remorsos e em breve após isto se suicidou.

Tropário:

Ó padre, salvaste-se servindo de exemplo: aceitaste a cruz e seguiste à Cristo, e com os teus próprios atos ensinaste a desprezar a carne, pois a carne passa, mas ensinaste a se preocupar com a alma, coisa imortal. Portanto, a tua alma, são Vadim, se alegra junto com os anjos.

 

Santas Mártires Agápia, Irene e Queonia

29 de abril (16 de abril no estilo velho).

As mártires Agápia, Irene e Queonia eram irmãs e moravam perto da cidade de Aquiléia, no norte da Itália, no final de seculo III. Ainda meninas, elas ficaram órfãs, decidiram não casar e levavam uma vida piedosa. Quando o imperador Diocleciano visitou a Aquiléia, ele começou a perseguir implacavelmente os cristãos, de modo que todas as prisões eram superlotadas por eles.

Naquela época foram também presas as três irmãs e torturadas. Na missa dedicada a elas, é feita menção de que elas não tiveram medo nem de feras, nem de mutilações, nem de outras torturas. Durante as torturas delas, aconteceram vários milagres, mas os torturadores não prestaram atenção a isto. No final, Agápia e Queonia foram queimadas vivas, e Irene perfurada por flechas. Isto se deu em 304. Santa Anastácia, chamada de Livradora dos Acorrentados, porque ela aliviava as dificuldades dos prisioneiros cristãos, sepultou as santas relíquias.

Estas três irmãs tinha a fé em Deus tão grande, tão inabalável, que não tiveram medo das torturas e ofereceram a sua juventude a Cristo, sofrendo por Ele. Elas Lhe entregaram a sua vida na terra, para receber a vida eterna no Céu. Agora elas se alegram no Reino da luz eterna. Por suas orações, que Deus no dê a força necessária para levar uma vida cristã.

Tropário:

Irene, reforçaste a tua alma pela fé, humilhando o demônio, e levaste uma enorme multidão de homens à Cristo, bem-aventurada, vestiste as vestes de sangue, e agora te alegras junto com os anjos.

 

Santos Mártires Vitória (Nika),

Leonidas, Galina, Vassilissa e outros

29 de abril (16 de abril no estilo velho).

Os santos mártires Vitória (Nika), Leonidas, Khariessa, Galina, Kalissa, Nunekhia, Vassilissa e Teodora sofreram durante a perseguição dos cristãos no reinado do imperador Décio (249-251), na cidade de Corinto, Grécia. Os pagãos jogaram-nos no mar, mas eles não afundaram e andaram por cima da água como se fosse terra. Os torturadores os alcançaram no barco, ataram-lhes pedras no pescoço e os afundaram por volta do ano 251.

Tropário: (igual como aos Paulo e Juliana):

Senhor, os Teus mártires, nos seus sofrimentos receberam de Ti, nosso Senhor, as coroas eternas, pois tiveram a Tua força que venceu os torturadores e aniquilou os débeis assaltos dos demônio. Salve as nossas almas por suas orações.

 

São Vitali

5 de maio (22 de abril no estilo velho).

São Vitali nasceu na segunda metade do século VI. Ainda na adolescência ele entrou no mosteiro do são Serido perto da cidade de Gaza, na Terra Santa e aqui viveu durante muitos anos, levando uma vida muito austera. Aos 60 anos, Vitali deixou o mosteiro e se mudou para Alexandria. Naquela época, o patriarca da Igreja de Alexandria era João, conhecido por sua vida piedosa, cognominado Misericordioso.

Na Alexandria Vitali empreendeu uma tarefa muito difícil: salvação das prostitutas da cidade. Morando numa casa particular, o monge Vitali trabalhou como operário, e às noites visitava os prostíbulos. Entrando no quarto de uma prostituta, ele entregava à ela o dinheiro que ele ganhou no dia e tentava persuadi-la deixar esta vida pecaminosa. Depois disto Vitali se ajoelhava e rezava até a madrugada, enquanto a mulher estava dormindo na sua cama. Muitas vezes, a mulher, sensibilizada por suas palavras, e vendo como ele estava rezando a noite inteira, se arrependia e também se ajoelhando, começava a rezar. De manhã, antes de sair para o trabalho, Vitali fazia as mulheres jurarem que elas não iriam divulgar nada sobre a visita dele. Vitali tinha um caderno, onde ele anotava os nomes destas mulheres e sempre rezava por elas.

Vitali levava esta vida excepcional durante vários anos. Os moradores da cidade eram indignados com este modo de viver, que lhes pareceu indigno de um monge, e o insultavam. Uma vez, um moço revoltado lhe bateu gritando: "Tu desonras os monges e os cristãos!" Mas são Vitali suportava tudo com humildade, ainda pedindo aos insultores de não o censurar. Até que enfim, o clero de Alexandria apresentou a sua queixa ao patriarca João, insistindo nas medidas cabíveis contra Vitali. Mas o patriarca deixou a queixa sem efeito.

Neste meio tempo, as boas palavras, as orações e a vida justa de Vitali tiveram um efeito positivo sobre muitas pecadoras. Umas se retiraram para o convento, outras casaram, e outras ainda começaram a trabalhar honestamente.

São Vitali morreu ajoelhado na frente de um ícone. Ele segurava em mãos uma carta com os seguintes dizeres: "Moradores de Alexandria! Não julguem o próximo, mesmo que ele lhes parece muito, muito pecador. Não julguem ninguém antes do Juízo de Deus." Antes do seu enterro, as mulheres salvas por ele se juntaram e contaram para o patriarca João e também para outras pessoas sobre a vida justa do monge Vitali. Depois disto, muitos se envergonharam de terem ofendido uma pessoa justa. O próprio patriarca oficiou o sepultamento das relíquias do são Vitali. Tanto durante o enterro, como depois muitas pessoas se curavam ao tocar as relíquias do são Vitali.

Assim esta vida justa e incomum de são Vitali ensinou a muitos de não julgar os outros. Realmente, nos vemos o aspecto externo de uma pessoa, mas não sabemos nada do seu coração. Por isto foi dito: "Não julgueis, para não serem julgados."

Tropário:

Ó padre, é conhecido que muitos se salvaram com o teu exemplo: aceitando a cruz, seguiste a Cristo, e com os teus atos ensinaste a desprezar a carne, pois ela passa, mas zelar pela alma, que é imortal. Por isso, o teu espírito, são Vitali, se alegra junto com os anjos.

 

São Jorge, Megalomártir

6 de maio e 16 de novembro (23 de abril e 3 de novembro no estilo velho).

São Jorge, megalomártir, era filho de pais nobres e ricos, e foi educado dentro dos preceitos da fé cristã. Ele nasceu na cidade de Beirute (antiga Berit), perto das montanhas de Líbano.

Ele entrou para o exército e se destacava entre os outros militares por seus conhecimentos, sua coragem, sua força física, seu porte e sua beleza. Ele rapidamente avançou para o posto de comandante de mil soldados e se tornou favorito do imperador Diocleciano. Diocleciano foi um hábil governador, mas ele era um defensor fanático de paganismo romano. A sua meta era ressuscitar o paganismo no Império Romano que já estava ultrapassado e por isso entrou na história como um dos mais cruéis perseguidores do cristianismo.

Uma vez, são Jorge ouviu no tribunal uma sentença desumana sobre a perseguição dos cristãos e ficou tomado por compaixão por eles. Ele já estava prevendo que ele também seria martirizado e por isso distribuiu todos os seus bens entre os pobres, libertou todos os seus escravos, e chegando ao Diocleciano, lhe anunciou que ele também é um cristão e começou a culpá-lo pelas atrocidades e injustiça. O discurso de Jorge era repleto de argumentos fortes e persuasivos contra as perseguições dos cristãos.

Após muitas tentativas de convencer Jorge a renunciar a Cristo, o imperador mandou tortura-lo. São Jorge foi jogado na prisão, onde deitado, teve os pés acorrentados e no peito lhe foi colocada uma enorme pedra, muito pesada. Mas são Jorge agüentava tudo com grande coragem, louvando a Deus. Daí os torturadores começaram a aumentar as torturas, batendo-o, quebrando-o numa roda gigante, jogando-o na cal virgem, obrigando-o a correr usando botas com pregos aguçados por dentro. O mártir agüentava tudo com grande paciência. No final das contas, o imperador mandou decapita-lo. Assim, este santo mártir morreu na Nicomidia, no ano de 303.

Por sua coragem e por sua vitória espiritual sobre os torturadores, e também pela sua ajuda aos que se encontram em dificuldades, o grão mártir Jorge é ainda chamado de Vencedor. As relíquias de são Jorge foram trazidas para a cidade palestina Lidda e se encontram na igreja, que leva o seu nome — a Igreja de São Jorge. A sua cabeça se encontra em Roma, também numa igreja consagrada a ele.

Muitos ícones mostram o são Jorge sentado num cavalo branco e com uma lança na mão, vencendo um dragão. Esta imagem se deve a uma tradição, baseada nos milagres póstumos do santo. Dizem, que perto da cidade natal de são Jorge, Beirute, num lago vivia um dragão, que devorava as pessoas daquela localidade. Não sabemos hoje, que animal era este dragão — uma jibóia, um crocodilo, ou um enorme lagarto.

Os habitantes supersticiosos começaram a regularmente fornecer ao dragão um moço ou uma virgem, para aplacar a sua fúria. E chegou a vez da filha do governador daquela província. Os habitantes levaram a pobre moça até o lago amarrando-a lá, onde ela, apavorada, esperava pela aparição da fera.

Quando a fera começou a se aproximar à virgem, de repente apareceu um cavaleiro montado num cavalo branco, matou o dragão com uma laça e assim salvou a moça. Este cavaleiro era o são Jorge, megalomártir. Assim, com esta aparição milagrosa ele interrompeu a matança de todos os moços e moças nos arredores de Beirute e converteu ao cristianismo os moradores daquele país, que até então eram pagãos.

Podemos supor, que a aparição do são Jorge montado num cavalo para a salvação dos moradores do dragão, bem como o caso com o camponês, cujo único boi ele ressuscitou, casos estes narrados na hagiografia dele, contribuíram para que seja considerado protetor dos rebanhos e defensor dos que estão ameaçados por feras.

Na Rússia, antes da revolução, os camponeses levaram pela primeira vez, depois do inverno rigoroso, os seus rebanhos para o pasto no dia do são Jorge, mas não antes de rezar uma missa para o santo com aspersão com água benta das casas e dos rebanhos. Este dia também é chamado "Dia de Jorge," pois neste dia, antes do século XVI, os camponeses puderam passar de um fazendeiro para outro.

São Jorge é também protetor dos militares. A imagem do são Jorge encima de um cavalo simboliza a vitória sobre o diabo — "a antiga serpente" (Apocalipse 12:3, 20:2), e foi incluído no brasão da cidade de Moscou.

Tropário:

Sendo o libertador dos prisioneiros e defensor dos pobres, médico dos doentes, vencedor dos reis, são Jorge, megalomártir vitorioso, interceda por nós perante Cristo Deus para que se salvem as nossas almas.

 

Santa Mártir Alexandra

6 de maio (23 de abril no estilo velho).

Santa Alexandra, esposa do imperador Diocleciano, era uma cristã escondida. Quando ela viu o estoicismo do são Jorge durante os sofrimentos dele, ela resolveu declarar abertamente que também era cristã. Ela foi até o lugar onde estavam torturando o são Jorge, se ajoelhou nos seus pés e declarou perante todo mundo que também era cristã.

Diocleciano ficou furioso e sentenciou a rainha a morte. Santa Alexandra ouviu a sentença calmamente e se direcionou ao lugar do suplício, rezando e olhando para o céu. Durante o caminho ela sentiu muito cansaço e pediu aos soldados uma pequena pausa para descansar. Ela se apoiou no muro de um prédio e aí e morreu. A sua morte sem sofrimentos se deu em 21 de abril de 303, mas ela é lembrada junto com o são Jorge no dia 23 de abril, do estilo velho.

Tropário:

Jesus, a Sua cordeira Alexandra está clamando com voz alta: a Ti, meu Esposo, amo, e Te procurando, estou sofrendo, cocrucificando-me junto a Ti, me sepultando a Teu batismo, sofrendo por Ti, para que possa reinar em Ti, estou morrendo por Ti para que possa viver junto, mas, como uma hóstia imaculada me aceite, que se sacrificou por Ti: por orações desta santa, salve as nossas almas, ó Misericordioso.

 

Santo Mártir Anatólio

6 de maio (23 de abril no estilo velho).

Os santos mártires Anatólio e Protoleón são lembrados no mesmo dia dos santos mártires Jorge e rainha Alexandra. Eles eram soldados e quando viram, a fé e a coragem do são Jorge, eles acreditaram no Cristo e abertamente declaram a sua fé. Eles foram imediatamente decapitados.

Tropário:

Senhor, o Teu mártir Anatólio recebeu durante os seus sofrimentos uma coroa eterna de Ti, nosso Deus. Ele teve a Tua força de vencer os seus torturadores e aniquilar os débeis ataques dos demônios. Salve as nossas almas por orações dele.

 

Santo Estêvão, Bispo da Cidade de Perm

9 de maio (26 de abril no estilo velho).

Santo Estêvão nasceu na cidade de Ustiug em meados do século XIV. Ele era uma criança muito talentosa e sedenta de conhecimentos. Perto da cidade natal dele moravam os "zyriane" (uma tribo pagã). Observando sempre os zyriane na praça, onde tinha uma feira, Estêvão ficou entusiasmado com a idéia de pregar o cristianismo no país deles. Para isto, ele entrou num dos mosteiros da cidade de Rostov (mosteiro de são Gregório Teólogo), onde tinha uma vasta biblioteca. Ele estudou as Escrituras Sagradas, o grego, e depois também a língua dos zyriane. Depois disto, ele criou um alfabeto para eles com base de letras eslavas e gregas, e traduziu para eles alguns livros sacros e alguns missais e em 1379 empreendeu a sua viagem de missionário.

Durante 17 anos ele trabalhou lá, primeiro como padre e depois como bispo, pregando a fé entre eles e sofreu muitas tentações e dificuldades. Mas devido a sua humildade e sua paciência, ele conseguiu converter muita gente. Ele queimou um famoso templo pagão deles, junto com todos os ídolos que estavam colocados lá, e com a ajuda dos habitantes locais construiu uma igreja dedicada à Anunciação à Virgem Maria no povoado principal deles. Ao mesmo tempo ele alfabetizava os novos cristãos, ensinando os princípios do catecismo, e conforme o sucesso de cada um deles, ordenava-os, uns — sacerdotes, outros — diáconos, terceiros — leitores.

O inimigo mais perigoso do santo Estêvão era Pam, um ancião, o mais velho de todos os sacerdotes pagãos. Ele exercia uma forte influencia sobre os zyriane impedindo que muitas pessoas se convertessem, e os convertidos desviava do cristianismo. Santo Estêvão muitas vezes discutia com ele abertamente, na frente de muitas pessoas, e suas discussões se prolongavam por vários dias e várias noites, mas Pam ficava inflexível. Até que uma vez, Pam convocou santo Estêvão passar pelo fogo, parta verificar, qual a fé é melhor. Ele não esperava que o bispo aceitasse o desafio. Mas santo Estêvão mandou imediatamente a colocar fogo numa casa, que estava num lugar deserto e pegou Pam na mão, para passar junto com ele pelo fogo. Mas Pam se recusou de aceitar este desafio, não obstante das exigências do povo que estava lá.

Daí os zyriane queriam matá-lo, mas santo Estêvão salvou o Pam, exigindo tão somente que ele saísse daquele lugar para sempre.

Após disto, muitos zyriane se converteram, construíram várias igrejas e fundaram vários mosteiros. Santo Estêvão, como um bom pastor, cuidou também do bem-estar material deste povo. Durante a fome, ele muitas vezes conseguia o pão na cidade de Vólogda e o levava para a cidade de Perm, para distribuição gratuita entre os necessitados. Ele também conseguiu do duque vários privilégios para os zyriane, e os protegia contra os abusos por parte dos nobres. Ele viajou para a cidade de Novgorod, pedindo que os habitantes não atacassem as terras indefesas de Perm.

Durante uma das suas viagens para Moscou santo Estêvão ficou doente e morreu em 26 de abril de 1396. As suas relíquias foram sepultadas em Moscou, numa igreja.

Tropário:

Sábio Estêvão, desde a tua juventude desejaste as coisas Divinas, aceitaste o jugo de Cristo, e conforme o Evangelho deste ajudaste às pessoas, cujas corações, empedernidas em paganismo, ressuscitaste, semeando neles as sementes Divinas: por isso, homenageamos a ti e pedimos: ora por nós a Deus por ti professado, para que Ele salve as nossas almas.

 

O Significado dos Nomes e a Sua Tradução

Adriano — morador de Adria, país dos venetos [latim]

Alexis — defensor [grego]

Alexandre — defensor dos homens [grego]

Alla — charmosa [godo ? ]

Ambrósio — imortal, divino [grego]

Anastácia — ressuscitada [grego]

Anatólio — oriental [grego]

Angelina (Angela) — mensageira, angelical [grego]

André — viril [grego]

Anísia — êxito [grego]

Ana — graça [hebreu]

Antônio — valioso, notável [latim]

Antonina — valiosa, notável [latim]

Arcadio — morador de Arcadia [grego]

Atanásio — imortal [grego]

Borís — soldado [eslavo]

Vadim — [ ]

Valentino — forte, saudável [latim]

Valentina — forte, saudável [latim]

Valério — disposto, forte [latim]

Benjamim — filho da mão direita [hebreu]

Barbara — forasteira [grego]

Basílio — régio [grego]

Basilissa — rainha [grego], (Erica — escandinavo).

Vera — tradução russa da palavra grega "pistis" — fé

Verônica (ou Virinéia, Berenice) — a imagem verdadeira — [latim]

Vítor — vencedor [latim]

Vitoria — vencedora [latim]

Vitali — vital [latim]

Vladimir — que domina o mundo [eslavo]

Vsévolod — que domina tudo [eslavo]

Viachesláv — de muita glória [eslavo]

Gabriel — homem de Deus [hebreu]

Galina — calma, silêncio [grego]

Gennadi — nobre [grego]

Gregório — disposto [grego]

Jorge (Iegór, Iuri) — agricultor [grego]

Gleb — (Gutleib) — que ama a Deus [escandinavo]

Herman — irmão [latim]; soldado generoso [escandinavo]

Davi — amado [ hebreu]

Damião — consagrado à Damia [grego]

Daniel — juiz de Deus [hebreu]

Dária — vencedora [persa]

Dimitri — fértil, da Demeter — deusa da agricultura [grego]

Eugênio — nobre [grego]

Eugênia — nobre [grego]

Eudôxia — benevolência [grego]

Eufrosínia — alegre [grego]

Catarina — sempre limpa [grego).

Helena (Eleonora) — tocha [grego]

Elisabeta (Isabel) — que honra Deus [hebreu]

Zenaide — divina (filha de Zeus) [grego]

Zóia (Zoé) — vida [grego]

Jacó — que fecha, calcanhar [hebreu]

Inácio — ardente [latim]

Ígor — heroi [escandinavo]

Ilarión — alegre [grego]

Elías — fortaleza de Deus [hebreu]

Joaquim — Deus colocou [hebreu]

João — a graça de Deus [hebreu], popular — Ivan

Ina — abreviatura de Agripina [grego, búlgaro], antigamente nome masculino

Inocência — inocente [latim]

Irene — plácida [grego]

Juliana (Uliána, Juliania) — que pertence a Júlio [latim]

Cira — senhora [grego]

Cirilo — filho de um nobre [persa], comandante [grego]

Cláudia — sobrenome, proveniente da palavra "mancar" [latim]

Constantino — estável, firme [latim]

Cosmo — que cuida da beleza [grego]

Xenia — visita, estrangeira [grego]

Xenofonte — que fala língua estrangeira [grego]

Larissa — uma ave marítima, gaivota

Leo — leão [latim]

Leonilla — do leão [latim]

Leonidas — descendente do leão [latim, grego]

Leonida — leonina [latim]

Leôncio — leonino [latim]

Lidia — cultural [grego]

Liubov — amor, tradução russa do grego "agápi"

Liudmila — querida dos homens [eslavo]

Máximo — o maior [latim]

Maria — amada, querida [hebreu]

Marina — marítima [latim]

Marcos — que nasceu em março (?) [latim]

Militsa — ... [eslavo]

Mitrofan — apresentado pela mãe [grego]

Miguel — Quem é como Deus [hebreu]

Nadejda — esperança, tradução russa da palavra grega "elpis" — eslavo

Natalia — natalina [latim]

Nikita — vencedor [grego]

Nicolau — vencedor do povo [grego]

Nícon — que vence [grego]

Nina — deusa do mar [babilônio]

Nonna — consagrada a Deus, pura santa [egípcio]

Oleg — assim como Olga — sacro [escandinavo]

Olimpíada — olímpica [grego]

Olga — (Helga) — sacra [escandinavo]

Paulo — pequeno [latim]

Paula — pequena [latim]

Panteleimon — todo misericordioso [grego]

Parasceva — preparação, sexta-feira [grego]

Pelagueia — maritima [grego]

Pedro — pedra [latim]

Procópio — que sai na frente, que consegue chegar [grego]

Pinna — do Destina — senhora [grego, búlgaro], (antigamente nome masculino).

Raissa — leve, pronta [grego]

Rimma — do Romano [latim, búlgaro], (antigamente nome masculino).

Roman — romano [latim]

Svetlana — clara (de Fotinia) [grego]

Serafim — ardente [hebreu]

Sergio — do latim [sobrenome romano]

Simeon (Simão) — que ouve [hebreu]

Sofia — sabedoria [grego]

Estêvão — (Stepan) — guirlanda [grego]

Estefanida — coroada [grego]

Susanna — lírio de água [hebreu]

Taíssia — pertencente a Isis (deusa egípcia) [copto, grego]

Tamára — ramo de palmeira [hebreu]

Tatiana — do nome de um lendário rei de Saba

Tito — honrado [grego]

Tikhon — Deus da felicidade [grego]

Teodoro — dádiva de Deus [grego]

Filaret — amante do bem [grego]

Filipe — amante de cavalos [grego]

Tomas — gêmeo [aramaico]

Crisanto — da cor de ouro [grego]

Cristina — pertencente a Cristo [grego]

Cristoforo — que leva Cristo

Folheto Missionário número PA2

Copyright © 2001Holy Trinity Orthodox Mission

466 Foothill Blvd, Box 397, La Canada, Ca 91011

Editor: Bishop Alexander (Mileant)

(saints_2_p.doc, 07-25-2001)

 

 

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